Sudão do Sul, o novo aliado de Israel

Por Daniel Pipes

Publicado no The Washington Times – Original: South Sudan, Israel’s New Ally -Tradução: Joseph Skilnik

A nova república representa um exemplo animador de uma população não muçulmana resistindo ao imperialismo islâmico através da sua integridade, persistência e dedicação. Nesse sentido, o nascimento do Sudão do Sul ecoa o nascimento de Israel.

Não é todo dia que o líder de um país completamente novo realiza a sua viagem inaugural, como chefe de estado, para Jerusalém, capital do país mais sitiado do mundo, no entanto, foi exatamente isso que Salva Kiir, presidente do Sudão do Sul, acompanhado pelos seus ministros das relações exteriores e da defesa, fez no final de dezembro. O presidente de Israel Shimon Peres saudou a sua visita como um “momento comovente e histórico”. A visita provocou comentários de que o Sudão do Sul iria estabelecer a sua embaixada em Jerusalém, tornando-o o único governo do mundo a fazê-lo.

Esse raro desdobramento é o resultado de uma história incomum.

O Sudão de hoje tomou forma no século XIX quando o Império Otomano controlava as regiões ao norte e tentava conquistar as regiões ao sul. Os britânicos, governando a partir do Cairo, estabeleceram as linhas gerais do estado moderno em 1898 e governaram pelos próximos cinquenta anos separadamente o norte muçulmano e o sul cristão e animista. Entretanto, em 1948, sucumbindo à pressão vinda do norte, os britânicos fundiram as duas administrações em Cartum sob o controle do norte, tornando os muçulmanos dominantes no Sudão e o árabe o idioma oficial.

Dessa forma, a independência em 1956 trouxe a guerra civil, com os sulistas combatendo para rechaçar a hegemonia muçulmana. Felizmente para eles, a “estratégia de periferia” do primeiro ministro David Ben-Gurion traduziu-se em um apoio israelense para os não árabes no Oriente Médio, incluindo o sul sudanês. O governo de Israel serviu de sustentáculo por toda a primeira guerra civil sudanesa, que persistiu até 1972, como sua principal fonte de apoio moral, ajuda diplomática e de armamentos.

O Sr. Kiir reconheceu essa colaboração em Jerusalém, observando que “Israel sempre apoiou o povo sudanês do sul. Sem vocês, não teríamos conseguido. Vocês lutaram ao nosso lado com o objetivo de criar o Sudão do Sul”. Respondendo, o presidente Peres lembrou que esteve presente no início dos anos de 1960 em Paris, quando o então primeiro ministro Levi Eshkol e ele começaram a primeira ligação com os líderes sulistas sudaneses.

A guerra civil do Sudão continuou intermitentemente de 1956 até 2005. Com o passar do tempo, os muçulmanos nortistas tornaram-se cada vez mais cruéis para com seus compatriotas, culminando com massacres, escravidão e genocídio nas décadas de 1980 e 1990. Dadas as muitas tragédias da África, problemas dessa natureza talvez não tivessem impressionado os ocidentais já cansados de compaixão, com exceção de um esforço extraordinário liderado por dois abolicionistas americanos da era moderna.

Começando em meados de 1990, John Eibner do Christian Solidarity International libertou dezenas de milhares de escravos no Sudão enquanto Charles Jacobs do American Anti-Slavery Group liderou a “Campanha do Sudão” nos Estados Unidos que reuniu uma ampla coalizão de organizações. Como todos os americanos abominam a escravidão, os abolicionistas formaram uma aliança única com a direita e com a esquerda, incluindo Barney Frank e Sam Brownback, o Congressional Black Caucus e Pat Robertson, pastores negros e evangélicos brancos. Em contrapartida, Louis Farrakhan ficou exposto e constrangido pelas suas tentativas de negar a existência de escravidão no Sudão.

O empenho abolicionista atingiu o ponto culminante em 2005 quando a administração de George W. Bush pressionou Cartum em 2005 a assinar o Acordo Abrangente de Paz terminando a guerra, dando aos sulistas a oportunidade de votar pela independência. Votaram entusiasticamente em janeiro de 2011, quando 98 porcento votou pela separação do Sudão, levando a formação da República do Sudão do Sul seis meses depois, um acontecimento saudado pelo presidente Peres como “um marco na história do Oriente Médio”.

O investimento de longo prazo de Israel compensou. O Sudão do Sul se encaixa em uma estratégia de periferia renovada que inclui Chipre, curdos, berberes e, quem sabe um dia, um Irã pós-islamista. O Sudão do Sul proporciona acesso a recursos naturais, principalmente petróleo. Seu papel nas negociações sobre a água do Rio Nilo proporciona influência em relação ao Egito. Além dos benefícios práticos, a nova república representa um exemplo animador de uma população não muçulmana resistindo ao imperialismo islâmico através da sua integridade, persistência e dedicação. Nesse sentido, o nascimento do Sudão do Sul ecoa o nascimento de Israel.

Se a visita de Kiir a Jerusalém for verdadeiramente o assinalamento de um marco, o Sudão do Sul terá um longo caminho a percorrer, de um protetorado internacional paupérrimo, com instituições fracas até a modernidade e independência genuína. Este caminho requer que a liderança não se valha dos recursos do novo estado nem sonhe em criar um “Novo Sudão” com a conquista de Cartum, e sim lançar a pedra fundamental para obter a condição de estado bem sucedido.

Para os israelenses e outros ocidentais, isso significa tanto ajudar na agricultura, saúde e educação e instar Juba (N. do E.: capital do novo país) a permanecer centrada na defesa e no desenvolvimento ao mesmo tempo, evitando optar por guerras sem necessidade. Um Sudão do Sul próspero poderá no final das contas tornar-se uma potência regional e um forte aliado não apenas de Israel mas do Ocidente.

Fonte: MídiaSemMáscara

24 Comentários

  1. Que dicotomia, os judeuSS apaoiaram , nas terras dos outros, a luta pela independência do Sudão do sul, ótimo, parabéns, por outro lado ñ dá aos Palestinos a liberdade p ter o seu próprio Estado,( eles estão atrás de alguma outra coisa, saberemos no futuro)…no dos outros e refreco.Sds.

  2. Resumindo: Israel e os Ocidentais batem palmas pela criação de mais um estado-escravo livre de muçulmanos e que permita a exploração de suas riquezas.

  3. QUE DICOTOMIA!…Sr.Carlos; E BOTE DICOTOMIA NISSO!
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    Bem lembrado Sr.Carlos Argus e genialmente colocado os dois casos como espelho…bem lembrado!
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    Isso mostra a desfaçatez e a hipocrisia com que é feita a politicagem externa dos ocidentais e seus criados,como a ONU.
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    abraços.

  4. Eu gosto muito de ler as noticias postadas nesse site, e adorava mais ainda ler os comentários… mais hoje so fico nas noticias mesmo, os comentários estao ficando absurdos, tristes, pobres carregados de odio e preconceitos….

  5. Cubanos tbm lutaram na Angola , naníbia , guiné-bissáu. Contigente de até 50 mil soldados cubanos atuaram na independência de Países Africanos e foi de fudamental apoio p/ o fim do racismo Imperial da Africa do Sul.
    Nesse assunto concordo com Israel. E acho tbm o q vai acontecer na Nigéria , Cristão não tem nada a perde com a divisão , os “izlamistas-terrorystaz” q vão fica com a parte pobre do Páis.

  6. FIN GAL, olhando o historico, pelo jeito vc ainda lê os comentários, entretanto a tristeza lhe cai quando vc percebe que estas errado….

  7. Caro Carlos. Tem muita gente lutando contra Deus e não sabe. Não seja mais um,leia a Biblia.
    Eis que, naqueles dias e naquele tempo, em que mudarei a sorte de Judá e de Jesuralem, congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali entrarei em juízo contra elas por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam por entre os povos,repartindo a minha terra entre si. JOEL 3:1~2

  8. Já faz alguns séculos que a maioria das guerras do planeta se dá por iniciativa e/ou entre os membros das 3 seitas irmãs, a mais velha é o judaismo, a irmã do meio o cristianismo e a caçula o islamsmo, brigam umas com as outras e em suas diversas correntes, entre sí também..

    todas se julgam donas da verdade e buscam o poder(ou converter/subjugar/exterminar) sobre os outros.

    Só variam os métodos,
    os judeus mais sutís, gostam de manipular os cordeis dos seus bonecos, através do poder da mídia, do dinheiro e tm armas , os cristãos, desde as cruzadas ,sempre foram mais diretos com suas forças militares bem organizadas… os muçulmanos quando não tem força militar, são mais orgânicos,enquanto são minoria ficam quietos,depois que crescem em número se impõe sobre as antigas maiorias
    que os aceitaram em seu seio…

    já os chineses e hindus não tem esta tradição de impor pela força suas religiões e cultura. e neste ponto , são mais evoluídos que as três irmãs nascidas nos desertos do O.M. , que sobrecarregam a humanidade com suas brigas sem fim…

  9. mas dessa vez israel esta certo se aliou aos caras do sudao do sul os mulsumanos tambem nao sao nenhum santo e nao se esqueçam que nos somos os ocidentais quando eles os mulsumanos falam que nossa cultura é uma decadencia resumindo os arabes não sao nenhum santinho ate parece que eles amam o brasil com sua decendencia dos que espulsaram os mouros a maior naçao crista do mundo acorda esquerda e direita quem gosta de nos somos nos mesmos .

  10. meu irmão henrique31415,falando de biblia não leia entre linhas pois o povo prometido não saõ mais os judeus ,lembra-se que o veu se rasgou e os judeus não aceitaram não leia a biblia entre linhas pois DEUS mandou o seu filho JESUS CRISTO,não aceitaram e hoje esta no meio de nos os gentios(filho de JÁVE, por messias JESUS CRISTO) enviado por DEUS leiam a biblia com cuidado ou se tornam fanatico,obs nada contra os irmãos judeus más isto é historia real de um homen(filho de DEUS O MESSIAS JESUS CRISTO)sds.

  11. A matéria só esqueceu de informar sobre as ricas reservas de petroléo existentes no Sudão do Sul que o “ocidente” está de olho!

  12. Pois é senhore, alguns estão esquecendo ou não sabem que ha entre o povo sudanes uma grande quantidade de gente com sangue judeu, os mesmos vindo da descendencia da grande e bela rainha de Sabá com o grande rei e sábio Salomão.E por essa que o tio jacó os aceitaram com grande naturalidade.

  13. O preconceito de muitos colegas contra Israel e EUA fala mais alto a ponto de já não importar se o que esses países fazem é certo ou errado, simplesmente não perdem a oportunidade de criticar. Se referem só “ocidente” como se também não fizéssemos parte dele. Talvez nossa missão no Líbano seja também uma oportunidade de “coloniza-los” no futuro?

  14. É triste ver. Algumas pessoas resumem os conflitos no oriente médio como uma profecia biblica!

    O que tem haver a mãe que teve o seu filho morto em uma guerra no OM com os erros das outras pessoas no passado, cometidos contra ISRAEL?

  15. Calheiros repetindo lendas criadas pela familia real da etiopia que diziam ser descendente de Salomao e Saba. Nao sao fatos historicos.

  16. Henrique 31415, o Felix falou e disse , isso e fato, lêia o q o Apóstolode Jesus Paulo disse em Gal.7,6?16.e 29…e Rev 5:9/10 Seria mt sacanagem de Deus ter um povo escolhido Deus tbm ñ é burro.(Isa.55:9.Exado 34:6/7,Sal.103:10 Tiago 2:13 e Mat 6:15 sds.

  17. PETROLEO !!! israel não pode confiar em nenhum pais arabe, nenhum !!! e precisa de uma fonte autonoma de combustivel, tai a razão, estrategia geopolitica e energetica.

  18. Meu caro jojo, ate aceito teu argumento como meia verdade;Explico! se não me falha a memória aproximadamente a uns quatro anos, foi descoberto alguns manuscritos que relatavam esse relacionamento entre ambos inclusive foram encontrados verdadeiros descendente, mas como não ha gente mais preconceituosa do que os sionistas essa estótia ficou meio que meia verdade. Abraços

  19. Calheiros, Nada existe sobre as lendas sobre Salomao e Saba fora dos textos biblicos. O que existe sobre o assunto no Koran e derivado da Biblia. O Kebra Nagast, poema epico nacional da Ethiopia, que narra essa estoria apenas desenvolve o que existe na Biblia. O Kebra Nagast foi escrito no seculo XIII, Nossa Era, durante o reinado de Yekuno Amlak, que foi o fundador da dinastia que regeu Etiopia ate a queda de Haile Salassie em 1974. Yekuno Amlak tomou o poder pela forca e ordenou seus escribas escreverem um poema epico que transformasse as lendas em historia. Dai a chamada Casa Real Leao de Juda. Os Manuscritos que voce se refere, os Envangelhos de Garupa, consistem de textos ilustrados do novo Testamento. Eles nao foram recentemente descobertos, mas novas tecnicas de avaliarem sua data calculam que foram escritos entre os Seculos IV e o seculo VII. Esses textos, escritos em Ge’ez, a lingua antiga da Etiopia, nao discutem a origem da familia real da Etiopia. Isso nao quer dizer que Etiopia nao seja uma civilizacao antiga, Eles conquistaram nao so o Egito e Oriente Medio mas aparentemente chegaram conquistar o Sul da Espanha no seculo VIII AC, mas simplesmente nao temos textos que confirmam essas lendas sobre Salomao e Saba. Um outro ponto, Etiopia era o nome que os Gregos usavam para denominar os povos que existiam no Sul do Egito.

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