Aviões de traficantes driblam radares em território brasileiro

Por Denise Paro

Com voos em baixa altitude para desviar de radares, traficantes e contrabandistas conseguem entrar no espaço aéreo brasileiro para arremesar drogas e armas trazidas de países vizinhos. As rotas mais visadas pelas aeronaves ilegais passam pelos estados fronteiriços da região Centro-Oeste e Norte do Brasil. No Paraná, a Polícia Federal (PF) não tem registro de apreensão de aeronaves, até porque a geografia é propícia à prática do contrabando fluvial e terrestre.

Dependendo do nível de voo, podem existir alguns espaços sem cobertura de radar, onde o controle é feito de modo convencional, por meio da comunicação de rádio entre controladores e pilotos. O estado do Mato Grosso é um dos focos das aeronaves rasantes. Pon­­to de entrada e armazenamento de drogas, a região tem monomotores e bimotores apreendidos todos os anos pela PF. Só em 2011 foram retidas quatro aeronaves. Outro estado com frequentes movimentações ilegais de aviões é São Paulo. A cocaína é o entorpecente mais visado pelo tráfico aéreo.

O delegado de Combate ao Cri­­me Organizado na PF do Mato Grosso, Eder Rosa de Ma­­galhães, diz que são comuns os casos de “arremessos” em áreas rurais. Ae­­ronaves sobrevoam o espaço aéreo brasileiro, em áreas de 50 a 100 quilômetros da fronteira, lançam entorpecentes em pontos preestabelecidos e retornam ao país de origem.

Outra prática presente é a descarga da droga em pistas clandestinas. Cada aeronave leva, em mé­­dia, entre 250 e 500 quilos de cocaína por viagem. Em alguns aviões são encontradas armas.

Origem

A maior parte da droga sai de regiões produtoras da Bolívia, como Chapare, para ser distribuída em vários estados brasileiros. Apesar de ter um custo elevado, o tráfico aéreo

é um recurso recorrente do crime organizado, porque as chances de a droga chegar ao Brasil são grandes. “Até mesmo fornecedores bolivianos e brasileiros radicados na Bolívia que tradicionalmente faziam rotas terrestres e fluviais, empregando mulas [indivíduos que, conscientemente ou não, transportam drogas], agora têm optado pelo transporte aéreo”, diz Magalhães.

Com a disseminação da prática, o delegado afirma que municípios matogrossenses distantes da fronteira, incluindo Tangará da Serra, Campos de Júlio, Campo Novo do Parecis e Sinop, também já entraram na rota do tráfico aéreo. As ci­­dades são usadas quando a chegada ao destino final implica em reabastecimento da aeronave. Os estados do Mato Grosso do Sul, de Rondônia e São Paulo são os mais usados como rota pelo tráfico aéreo.

Depois que entram no Brasil por aeronaves, as cargas de contrabando e entorpecentes chegam ao destino final por rotas terrestres. As malhas rodoviárias preferidas são as dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

No dia 16 de março de 2011, a Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou uma aeronave boliviana que voava a 500 metros de altitude em Rondônia. Caças A-29 chegaram a efetuar o tiro de aviso. A Polícia Militar e a PF apreenderam a aeronave com 176 quilos de pasta base de cocaína.

Voos ilegais

Paraná é rota de passagem

Apesar de não ter registro de apreensão de aeronaves nos últimos anos, o Paraná é usado como rota de passagem para os voos ilegais. O delegado da Polícia Federal em Curitiba Marco Smith diz que já foram mapeadas movimentações de aeronaves ilegais em um aeródromo de Foz do Iguaçu e em Londrina. Mas hoje o território pananaense é usado mais como ponte para outros estados.

Muitas das aeronaves que chegam a Ribeirão Preto saem do Paraguai e sobrevoam o Paraná, diz Smith. Ciente do esquema, a PF rastreia o itinerário e aguarda o melhor momento para fazer a abordagem. A aeronave apreendida em outubro na cidade paulista de Pontal passou pelo Paraná, segundo a PF.

A estratégia mais comum no estado é a passagem de drogas, mercadorias e armas pelos 170 quilômetros de extensão do Lago de Itaipu, entre Foz do Iguaçu e Guaíra. Em uma segunda etapa, o contrabando e tráfico é feito via terrestre.

Canaviais paulistas atraem criminosos

Os canaviais existentes no interior paulista tornaram-se atrativo para tráfico e contrabando aéreo. Um dos focos das ações do crime organizado é a região de Ribeirão Preto, a 300 quilômetros da capital paulista.

Nos últimos cinco anos, a Polícia Federal (PF) apreendeu 12 aeronaves na região, das quais oito ligadas ao tráfico de drogas e quatro ao contrabando. “É uma região propícia por ser plana e ter grandes plantações de cana”, diz o delegado da PF em Ribeirão Preto Edson Geraldo de Souza.

A existência de carreadores – corredores ou pequenas ruas existentes nos canaviais da região – é um dos motivos que levam as quadrilhas a se estabelecerem na região. Alia-se a isso a presença de uma malha rodoviária com ramificações para Minas Gerais e Rio de Janeiro, propícia para a distribuição de drogas e produtos contrabandeados.

As aeronaves, segundo o delegado Souza, em geral são monomotores com capacidade para suportar uma carga de 500 quilos. Entre os veículos apreendidos há aviões brasileiros e paraguaios – alguns com prefixos falsificados, como se fossem brasileiros, para ludibriar os radares instalados em território nacional. Após as apreensões, a justiça decreta perdimento da aeronave, que é encaminhada a leilão.

Em outubro deste ano, em uma ação cinematográfica, a PF interceptou um avião carregado com produtos eletrônicos em um canavial de Pontal, município a 320 quilômetros de São Paulo. A aeronave transportava 114 computadores portáteis, impressoras e câmeras avaliados em R$ 200 mil. Um agente jogou uma caminhonete contra a asa esquerda do avião, propositalmente, impedindo a decolagem de cinco criminosos.

Defesa

Força aérea diz manter vigilância

Quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta), localizados em Brasília, Curitiba, Recife e Manaus, vigiam o país. Sob responsabilidade da Força Aérea Brasileira (FAB), os Cindacta têm radares suficientes para cobrir todo o espaço aéreo brasileiro.

Com caças F-5EM, F-2000 e A-29, que operam a partir de bases aéreas ou deslocadas em aeródromos civis, a FAB intercepta, não só aeronaves ilegais, mas também irregulares.

As ações no espaço aéreo brasileiro são estabelecidas segundo a Lei 9.614/1998, a Lei do Abate. A legislação tem diretrizes para a interceptação de aeronaves suspeitas, incluindo a identificação a distância e até o tiro de destruição. As missões, segundo a FAB, são coordenadas pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Conambra) a partir de troca de informações com a Polícia Federal.

Fonte: Gazeta do Povo

22 Comentários

  1. IMPRESSIONANTES OS RADARES DO GOVERNO BRASILEIRO !!!! NADA PRESTA, NEM OS RADARES !!! DEVEM SER TÃO ANTIGOS !!!

  2. NÃO A INTERRE-SE DO GOVERNO BRASILEIRO EM DETECTAR ESSES AVIÕES, POIS ACABARIA COM O TRAFICO DE DROGAS !!!! ESSE TRAFICO DA MUITO DINHEIRO !!!!

  3. cavalothoya disse:
    09/01/2012 às 20:08
    IMPRESSIONANTES OS RADARES DO GOVERNO BRASILEIRO !!!! NADA PRESTA, NEM OS RADARES !!! DEVEM SER TÃO ANTIGOS

    .
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk boaaaaaa cavalothoya .
    .
    brasil potencia de RADARES ooooooooooo meu deus

  4. E o Radar Saber M60,que é nacional e adequado a interceptação desse tipo de aeronave,que executa voos em baixa altitude ?
    Não o estão usando ?

  5. Vamo para de fala mau gente, esses radares de longa distancia nao conseguem captar alvos em baixa altitude, é por isso que fizeram o saber m60 justamente por isso, para posicionarem em locais estrategicos pois eles sim conseguem vizualizar em baixa altitude.

  6. Um monomotor pousou em frente ao Kremlin, e vcs querem que o centro oeste seja mais vigiado, rsrrsrsrrsrs só USAmericanos de holywood são perfeitos, na vida real é 11 de setembro.

  7. Falta investimentos em recursos: Da DEA americana, porque a PF nao tem grana pra tanto.A Forca Aerea serve pra interceptar aviao de caca;;teco-teco passa em branco…sao pequenos, ageis e voam muito baixo..F-2000???F-5???..kkkk

  8. É este tipo de gente que mal escreve em portugues que me faz pensar que existem cavalos de tróia lançados no blog para esculhambar sem ter motivo para isso e sem saber da verdade dos fatos, sendo assim, espero que o blog não permite que pessoas sem a devida identificação faça comentários agressivos.



  9. Ferreira Junior..

    devida identificação… tipo cpf..rg…rsrsrsrs

    o que falta é interesse efetivo em acabar com o contrabando no Brasil… seja do que for…

    vejamos o caso do Paraguai…o contrabando por lá movimenta BILHÕES todo ano … posto da alfandega mambembe …faz controle por amostragem.. PASSA TUDO E TODOS… a fronteira … É A CASA DA MÃE JOANA …

    E O POR QUE ???

    É um negócio que favorece diretamente muitos políticos… indiretamente a todo tipo de funcionários públicos corruptos … FATO !!!

  10. gente voar em baixa altitude é tecnica classica para evitar radares — isso vem da epoca da 2º guerra. tecnica essa q nunca foi muito utilizada em guerra por deixar os caças a mercê d tiros feitos em terra — obvio. e creio eu, talvez erradamente, pode ser usada com certa eficiencia ate os dias d hoje.
    e como aq nao estamos em guerra…

    é de se notar 2 coisas:
    1 – esses pilotos tem conhecimento de radar e se arriscam voando baixo.
    2 – pelo menos eles nao sao stealth…foi quase!

    abraços!

  11. ISTO é brincadeira,os EUA tem a mais poderosa força militar do mundo,com os melhores radares,uma policia exemplar em termos de treinamento e equipamento,porem a droga entra no pais com facilidade,pois é um dos maiores consumidores de droga do mundo,todos os governos sabem como acabar com a violencia das drogas porem não é inreresante,e muitos deputados e senadores dependem dela para se eleger,éla da emprego a muita gente,varias impresas se sustenta do crime,quanto mais gente preza melhor, mais advogados juises,promotores,policiais,penitenciarias para contruir e quanto mais mais licitações para roubar,infelizmente é o sistema,liberem as drogas e verão o crime organizado levar um blecaute,a diminuição do crime e das licitações fraudulentas,droga usa quem quer não é o fator liberado ou não liberado que aumentara o consumo e o crime,o dinheiro que se gasta com traficante para lá e pra cá em helicoptero a vião viaturas,escoltas ,podem ser gastos em campanhas de esclarecimento aos jovens e tratamentos para quem quer se livrar do mal do seculo,é logico que teria que ter leis regulamentares, para não aver uma baderna total o respeito a quem não usa tem que ser maior do que a dos fumantes de cigarro,os ambientes tem que ser respeitados as residencias as portas das casas,caso contrario se empilham em nossas portas e não podemos faser nada,tem que ter limites,mais liberar provavelmente seria a melhor coisa para a sociedade ,quanto mais reprenção,mais atraente fica,o preço aumenta e aumenta a cobiça e mais jovens sendo atraido para virar traficante e usuario,digo mais uma vez usa quem quer pois em todas as cidades tem bocas de fumo e droga e é vendido em quase todas as esquinas das grandes cidadese usado jovens que são atraidos por ganhos faceis.

  12. O Saber 60 realmente e perfeito para detectar esses alvos a baixa altitude. Resolveria o problema mas tem um porém: ele tem um alcance efetivo de 60 km. Temos milhares de Kilometros de fronteiras. Quantos seriam necessários para cobrir esses “pontos cegos”?. Infelizmente a realidade e que dificilmente conseguiremos acabar com todas essas brechas no nosso território. O melhor acredito seria uma parceria com esses países vizinhos, fornecendo radares também por preços “camaradas” e tentar tornar mais efetivo o monitoramento dessas aeronaves ANTES de entrarem no Brasil.

  13. Ué, mas o SIVAN não era o supra sumo dos equipamentos de radar? Ou será que foi mais uma daquelas mamatas para muitos comerem e poucos se beneficiarem, tornada real pelos nossos “parceiros” americanos.

  14. Como o colega disse acima, o problema do contrabando de tudo quanto é tipo é culpa do governo que não tem comprometimento em acabar com isso, e para acabar com isso basta por o EB e aumentar o efetivo da PF nas fronteiras.
    .
    Todos vocês devem saber que quando vemos o EB em missões na fronteira, aquilo dura 1 Mês, após isso a verba $ acaba, e porque acaba?? porque o DESgoverno sabe que Paraguai, Bolívia, Equador, Peru estarão falidos…mesmo que isso signifique quase o fim do tráfico, de mortes relacionadas a ele, de roubos de veículos e etc, em nosso país.
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    Lembre-se senhores o inimigo não fala inglês ou chinês, o inimigo está lá na independente Brasília!!!

  15. Julio, SIVAM: Sistema de Vigilância da Amazônia. Existe amazônia no sul? A região citada não está sob vigilância do SIVAM. E quanto as radares Saber, os M60 estão sendo entregues agora, eles serão usados para proteger os pontos cegos, como atrás de montanhas, planaltos, etc… E o Saber é uma família de radares, também em breve vira o M200, com alcance de 200 km, que creio eu será usado na costa, em nossos navios, e na fronteira pra da uma vigiada nos vizinhos. O que a PF e a FAB fazem se chama enxugar gelo, não importa o quanto você tente, nunca vai resolver o problema. Existe muita demanda, e isso vai ser suficiente para fazer os traficantes continuarem tentando, e criando maneiras de burlar a fiscalização. Além do que, sem cooperação dos vizinhos em impedir que a droga e os aviões saiam de lá fica difícil, sem ajuda deles vai ser perda de dinheiro e tempo.

  16. acredito que isso aconteça por falta de vontade do governo em cobater de vervdade o trafico de drogas(tem muita gente por tras disso, muita gente(poderosos) ganhando dinheiro com isso).

  17. O tráfico de droga só vai acabar quando não houver mais mercado consumidor… toda “mercadoria” só vende se tem quem compre. Com a droga não é diferente, enquanto o playboy usar a heroína e cocaína, o pobre usar o crack/oxi e a maconha vai existir o tráfico e sempre vai rolar muito dinheiro. Coloquem o usuário na cadeia e bloqueiem qualquer contato dele com a droga e aí, sim, o tráfico acaba… enquanto tiver usuário terá tráfico. Prendam o usuário e o isolem, matem o traficante e o enterrem em qualquer lugar e só então teremos o fim dessa coisa…

  18. È um perigo, qualquer um poder meter uma aeronave a baixa altitude e fundo no território brasileiro. E se alguma nação tentar um ataque surpresa (já acorreu muitas vezes na história do mundo) com centenas de tropas aerotransportadas, naves de caça e ataque ao solo… todas viajando baixo. Até sabermos da invasão já foi metade do país. Não é?

  19. Tropas aerotransportadas não podem voar baixo, aviões de grande porte são lentos e pesados e sempre voam a grandes altitudes, voar baixo seria pedir pra levar chumbo, a chuva de artilharia que eles iam levar ia ser bizarra, além do que, como você pretende que os caras pulem de paraquedas a 100 metros do chão? Aeronave de guerra não voam baixo porque se o fizerem vão ser alvo faceis de qualquer artilharia no chão que ia fazer eles de queijo suiço. Eles só voariam baixo seguindo kennions e chapadas se usando do relevo para fugir do radar, se não, o chumbo come e caças supersônicos não são feitos pra suportar tiro.

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