Uma guerra por vez para os EUA

US Defense Budget Cuts

Com novos cortes militares, americanos serão incapazes de enfrentar dois conflitos terrestres

Por JORNALISTAS

Elisabeth Bumiller e Thom Shanker, do New York Times

O secretário da Defesa americano, Leon Panetta, deve revelar nesta semana sua estratégia para guiar o Pentágono no corte de centenas de bilhões de dólares de seu orçamento. Isso deve revelar a visão do governo de Barack Obama sobre as forças militares de que os EUA necessitam contra as ameaças do século 21.

Em uma mudança de doutrina provocada pelo aperto fiscal e por um acordo que evitou que um calote dos EUA, Panetta deve delinear planos para reduzir cautelosamente as forças militares. Deixará claro que o Pentágono não manterá a capacidade de travar duas guerras terrestres simultaneamente. Ele dirá que as forças militares serão capazes de combater e vencer um grande conflito, podendo também “prejudicar” as ambições de um segundo adversário em outra parte do mundo enquanto conduzem outras operações menores – como dar ajuda de emergência em catástrofes ou implementar uma zona de exclusão aérea.

Enquanto isso, autoridades do Pentágono decidem sobre cortes potenciais em virtualmente cada área dos gastos militares: arsenal nuclear, navios de guerra, aviões de combate, salários, aposentadoria e planos de saúde. Com o fim da guerra no Iraque e a retirada do Afeganistão, Panetta está avaliando em que medida reduzir as forças terrestres.

Existe um entendimento amplo de esquerda, direita e centro de que um corte de US$ 450 bilhões ao longo de uma década – a soma que a Casa Branca e o Pentágono acertaram – é aceitável. Isso representa cerca de 8% da orçamento básico do Pentágono. Mas há debates sobre um corte adicional total de US$ 500 bilhões. Panetta e os falcões da Defesa dizem que uma redução de US$ 1 trilhão, cerca de 17% do orçamento básico do Pentágono, seria ruinosa para a segurança nacional. Os democratas e alguns republicanos dizem que seria dolorosa, mas manejável. Eles acrescentam que houve cortes militares mais radicais após a Guerra Fria e as guerras na Coreia e no Vietnã.

“Se permitirmos a continuação da tendência atual, vamos transformar o Departamento de Defesa em uma companhia previdenciária que ocasionalmente mata um terrorista”, disse Arnold L. Punaro, membro de um grupo de consultoria do Pentágono, o Defense Business Board, que defendeu mudanças no sistema de aposentadoria militar.

Os cortes iminentes inevitavelmente forçarão decisões sobre o escopo e o futuro das forças militares americanas. Se, por exemplo, o Pentágono economizar US$ 7 bilhões em uma década reduzindo o número de porta-aviões de 11 para 10, haveria forças suficientes no Pacífico para se contrapor a uma crescente ousadia da China? Se o Pentágono economizar cerca de US$ 150 milhões nos próximos 10 anos reduzindo o Exército de 570 mil para 483 mil soldados, os EUA estariam preparados para uma guerra terrestre prolongada e desgastante na Ásia? E que tal economizar mais de US$ 100 bilhões e aposentar militares em idade economicamente ativos? Isso não quebraria uma promessa aos que arriscaram suas vidas pelo país?

Os cálculos excluem os custos das guerras no Iraque e Afeganistão, que cairão na próxima década. Mesmo após o fim das guerras e os cortes de US$ 1 trilhão na próxima década, o orçamento anual do Pentágono, hoje em US$ 530 bilhões, encolheria para US$ 472 bilhões em 2013, o tamanho aproximado do orçamento de 2007.

Tal como está, o Pentágono gasta US$ 181 bilhões por ano, quase um terço de seu orçamento básico, em despesas com pessoal militar: US$ 107 bilhões em salários e pensões, US$ 50 bilhões em assistência médica e US$ 24 bilhões em pagamento de aposentados. Um analista independente, Todd Harrison, calculou que se os custos com o pessoal militar continuarem a subir no ritmo da última década, em 2039 todo o orçamento da Defesa seria consumido por gastos com pessoal. Algumas propostas pedem o estabelecimento de tetos para o aumento de salários militares, que tiveram aumentos de dois dígitos desde o 11 de Setembro.

Em nenhum outro ponto a questão de equilibrar orçamento e estratégia é mais desafiadora que na decisão do tamanho das forças de combate terrestres. O chefe do Estado-maior do Exército, general Ray Odierno, ex-comandante no Iraque, assinala que o Exército tinha 480 mil pessoas uniformizadas antes dos ataques de 11 de Setembro, e esse número era supostamente capaz de travar duas guerras ao mesmo tempo. Mas o Exército se mostrou pequeno demais para sustentar as guerras no Afeganistão e no Iraque, e foi aumentado para 570 mil. O Exército deve cair para 520 mil soldados a partir do início de 2015. A realidade é que os EUA podem não ser capazes de travar duas guerras simultaneamente.

O tamanho das forças militares é determinado não só para vencer guerras, mas também para dissuadir adversários de iniciar hostilidades. Isso salienta a lógica americana de manter uma presença de combate em bases no exterior e realizar patrulhamentos aéreos e marítimos regulares por todo o globo. Embora a manutenção no dia a dia das ogivas nucleares americanas seja relativamente barata, as três pernas da tríade de ataque nuclear – submarinos, aviões bombardeiros e mísseis baseados em terra – estão chegando ao fim de sua vida útil praticamente ao mesmo tempo. TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

Fonte: Estadão

22 Comentários

  1. Uma coisa é fato e o artigo não comenta sobre isso, o fator economia, é fato visível a qualquer um que acompanha as tendências e os acontecimentos que a economia dos EUA irá cair vertiginosamente e não haverá como sustentar uma máquina militar deste tamanho, e esse será o fator que levará outros países a se equipararem aos EUA, eles não tem mais como crescer, com o crescimento de outras 4 super-potências econômicas (Brasil, Rússia, Índia e China) e mais algumas nações na África e outras em toda a Ásia, não haverá possibilidade alguma dos EUA manter sua economia em níveis atuais, logo, tenha certeza que esse corte até 2010 será maior que 1 trilhão como número real, com tendência a crescer.

  2. É FÁCIL RESOLVER ISSO!
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    É simples,parem de fabricar guerras,deixem de fazer apologia a violência gratuita pelo mundo e arrogante pretensão de serem a polícia do mundo.
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    Se assim o fizer,irão continuar com a excelência nas forças armadas e com um orçamento que o cidadão americano não seja penalizado e nem correr o risco de terminar ir para um saco,literalmente falando.

  3. Felipe augusto, Os Estados Unidos nao teriam condicao de sustentar esse gasto militar se a ouro fosse a moeda internacional. Se o Padrao Ouro estivesse operando. Mas desde 1971, os Estados imprimem papel moeda sem nenhum lastro que o mundo aceita como moeda reserva internacional. Enquanto esse sistema operar Os Estados Unidos poderao continuar imprimindo ou digitando dolares para pagarem suas despesas publicas. Ou melhor, o resto do mundo paga essa essa despesa.



  4. felipe augusto..

    vejamos por outro angulo…

    os EUA atualmente são hegemônicos militarmente… nada os afronta…

    resumindo cresceram muito … se reduzissem sua máquina de guerra pela metade..continuariam com uma força a ser temida.

    menos não é sinonimo de fraqueza militar neste caso e sim amplitude política…

  5. Bom, mais que provado que o Brasil não pode ser exportador de matéria-prima (comodites). Acorda, valor agregado nos nossos produtos. Imposto para exportar matéria-prima inatura e isenção para produtos manufaturados. O mundo brigará por matéria-prima, pois dela é que se desenvolve, mas o quanto antes tivermos o poder de transformá-la menos dependentes ficamos, pois a matéria-prima, em si ja a possímos. Ou seremos o Oriente Médio da vez, como Irã, que não é autosuficiente em gasolina?

  6. Eu acho que os Americanos(EUA)vão ficar cada vez mais acuados isso vai fazer com que eles comecem mais Guerras é não menos como muitos acham, eles vão ficar cada vez mais com medo de perder poder principalmente para países do Sul das Américas do Oriente médio!!

  7. Quero saber o que os analistas dizem sobre o custo e os gastos dessa nova “aventura”(Irã) que os EUA estão provando no OM?

  8. Jojo, claro, toda a economia dos EUA depende disso, e hoje o mundo foi tomado por esse vírus, se não me engano os bancos trabalham com o cálculo de 9 por 1 em sua maioria, montaram um império com dinheiro que não tinham e não tem, o problema é quando começar a faltar escravos, e eles já sabem que do BRIC só conseguem algo se subjugarem os mesmos militarmente, o que hoje é impossível para eles.
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    Xtreme, mas parece que você não está contando que outros países estão crescendo, e que um dia essas nações terão no mínimo um poder militar semelhante ao dos EUA, e se a uniões e aproximações políticas de hoje forem portadas para o futuro, os EUA estarão em maus lençóis pois nenhum desses gigantes é aliado incondicional deles, e dois são inimigos mortais. Enfim, todo cenário que se desenha hoje é da drástica diminuição do poder dos EUA e a equiparação deste com os de outros, ou em que mundo ilusório eles conseguirão sustentar essa máquina militar sem a máquina econômica!?
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    E na minha opinião, só existe “outro ângulo” se eles hoje acabarem com China, Rússia, Índia e Brasil, eles podem?

  9. Já se retiraram do Iraque , sendo assim estão preparados p/ uma eventual guerra com o irã , provavelmente tenha apoio d israel . Eles usasm hoje o afeguenistão mais como base militar .

  10. Caiu ,caiu caiu Babilonia a grande, e o ocaso de uma potência…e esperem, o pior está ainda p acontecer c FAs ianks, vai chegar a x dos judeus(SSem oSS 2 eSSeSS maiúSSculos )Mt Bom, salve Marte, q mudou a sua proteção.Quem viver verá.Sds.

  11. Ou os EUA fazem isso ou daqui a alguns anos eles não serão capazes nem de se manter nem em uma guerra muito menos em duas como já não vão, o 11 de setembro foi o estopim da crise financeira deles a herança maldita de Bush culminando na quebra do Lemam Brothers, Obama já havia excluído de vez o programa do Comanche no início do seu mandato se eu não me engano, agora resta saber o que vão fazer com os F-35 que já gastaram mais do que previam e os F-22 que estão apresentando falhas a FAA já tá que nem a FAB modernizando seus caças ou eles optam por esse caminho ou vão ruir de vez, numa crise nada melhor do que cortar gastos em excesso e manter somente o necessário pra manutenção do país, isso prova que nem pro tio Sam dinheiro dá em árvore

  12. PARA A ÁREA MILITAR OS EUA SEMPRE DÃO UM JEITINHO,ALÉM DO MAIS AS DESPESAS DE GUERRA IRÃO CAIR DRASTICAMENTE NOS PRÓXIMOS ANOS.EMBORA ELES REDUZIRÃO O EFETIVO MILITAR,ELES TERÃO À SEU FAVOR NOVAS TECNOLOGIAS QUE ESTÃO DESPONTANDO NO HORIZONTE E QUE IRÃO TORNAR OS EUA AINDA MAIS FORTE MILITARMENTE QUE QUALQUER PAÍS NAS PRÓXIMAS DÉCADAS.EMBORA AS ARMAS QUANTO MAIS AVANÇADAS MAIS CARAS SERÃO,O GOVERNO E OS FABRICANTES SEMPRE CHEGAM NUM ACORDO PARA O PAÍS MANTER A SUPREMACIA MILITAR.QUANTO AO EFETIVO DO EXÉRCITO,ELES TEM A OPÇÃO DE MANTEREM UM GRANDE CONTINGENTE DE RESERVISTAS BEM TREINADOS E QUE POSSAM SEREM MOBILIZADOS NUM CURTÍSSIMO ESPAÇO DE TEMPO,O QUE CUSTARIA BEM MENOS DO QUE MANTER UM EFETIVO MAIOR EM TEMPO INTEGRAL.O MESMO VALE PARA OS MARINES.QUANTO A FORÇA AÉREA E A MARINHA,COM O AVANÇO DA AUTOMATIZAÇÃO,OS EFETIVOS PODEM SEREM DIMINUÍDOS SEM MUITO PROBLEMA.SEMPRE CONTANDO ESSAS DUAS FORÇAS COM UMA FORÇA DE RESERVISTAS QUE TAMBÉM POSSA SER MOBILIZADA RAPIDAMENTE.ALÉM DO MAIS ESSA CRISE NÃO É PARA SEMPRE E A CHINA QUE TÁ SE ACHANDO SE CUIDE QUE SEU APOGEU JÁ ESTÁ COM HORA MARCADA,E EM BREVE ELA COMEÇARÁ A DESCER DEGRAU POR DEGRAU PORQUE OS DESCONTENTAMENTOS INTERNOS ESTÃO AUMENTANDO DIA A DIA NA ÁREA SOCIAL E POLÍTICA POIS EM 2012,ELA PODERÁ SER A BOLA DA VEZ.

  13. Todo imperio tem seu apice e declinio, estamos vendo o declinio americano agora, ainda bem, imagine a continuidade desse poder militar com essa politica antiterror! Está ficando insustentavel e nflamatória demais essa pretensão americana de ser policia do mundo!Felipe augusto tem razão qdo afirma que não é possivel o EUA manter-se indefinidamente como potencia com tantos concorrentes aos recursos naturais da terra, sendo efetivametne simplesmente impraticavel essa pretensão americana, ainda bem!Qto mais rápido eles afundarem melhor!

  14. Não acredito que uma intervenção no IRAN aconteça esse ano, lembre-se que é ano político então pouca coisa vai mudar no âmbito internacional. Mas esperem só para ver se um Republicano entrar no poder, meu amigo, eles já disseram com todas as letras que foram contra a retirada do Iraq, então podem esperar para ver o OM pegar fogo em breve se os republicanos voltarem ao poder…

  15. Eu aposto noutro paradigma.

    Os EUA vão superar esta (mais uma) crise económica e vão continuar (aliás coisa que ainda são) a mais pujante economia do Mundo, durante pelo menos mais 40/50 anos.

    Do mesmo modo, continuarão a comprar matérias-primas e produtos acabados aos países emergentes (BRICS e MIST), alavancando o seu crescimento e permitindo que estes desenvolvam projectos de crescimento sustendado, permitindo combater a miséria em que milhões dos seus cidadãos, nalguns a maioria da população, vivem e que tenham assim acesso pela primeira vez à educação, saúde, apoio social, justiça, e enfim… todos aqueles valores universais que o Ocidente exporta e que energúmenos condenam como doença genética.

    Outra curiosidade, é o facto dos EUA estarem habituados a reforçar os orçamentos de defesa a cada vez que precisam/justifica, e que tornam este tipo de notícia obsoleta.

  16. Não tenho bandeira ideológica…. Mas gosto de pensar: seremos nós?????????????????
    Acho que deveria mudar o meu nome para “TÔ DE SACO CHEIO”.
    Como cantava alguém…
    “TEM QUE PAGAR PRA NASCER
    TEM QUE PAGAR PRA VIVER
    TEM QUE PAGAR PRA MORRER
    TÁ TUDO ERRADO, TÁ TUDO ERRADO…”

  17. Blá blá e bla´blá… Início do fim da hegemonia americana 11 de setembro de 2001… FATO… Graficamente falando… só queda em vários aspectos… a velocidade da queda depende deles, mais ou menos rápido… FATO tb…A arrogância tem q ir na chão… e p ontem … KKK rs

  18. Os soldados que que voltarem da guerra e não são de carreira, eles voltam para seus antigos empregos nos EUA?
    Se não é melhor manter o contigente militar porque se não esses ex-soldados sem emprego em territorio Norte-Americano vão aumentar as estatistica de desemprego.
    Alias, para muitos Norte-Americanos principalmente os negros as forças armadas são uma das poucas oportunidades de carreiras, pelo menos no exercito, na força áerea e na Marinha é diferente.

  19. os estados unidos não entra em varias guerras pois esta acabando a grana mesmo eles podendo fabricar sua moeda ja se fala em outra moeda para fazerfrente ao dolar a possibilidade do brasil poder se levantar é imensa aos puxa saco de gringo de plantão todos os imperios do mundo um dia entraram em declinio e a hora dos americanos chegaram

  20. Política estúpida essa dos EUA, quem sofre é o americano comum, do povo, que é quem realmente financia essas guerras, parece que o governo americano não consegue viver sem uma guerra aqui e acolá, se pararem de gastar em guerras conseguirão arrumar sua economia, que diga-se de passagem, está quebrada, pois aquele calote com os credores externos não foi quitado, foi apenas adiado, uma hora a bomba estoura.

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