O “colapso” da União Soviética e o escândalo da privataria russa

Entrevista –  Evgeny Primakov, Russia Today

Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

O ex Primeiro-Ministro russo Evgeny Primakov é um dos poucos que assistiram, por dentro dos corredores do poder em Moscou, ao desenrolar do “colapso” da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), e o consequente processo de privatizações, há exatamente vinte anos. Aqui, a entrevista que concedeu há dois dias, a Russia Today.

Russia Today: O senhor com certeza lembra-se de que disse, uma vez, que nunca entendeu o quê impediu o presidente da URSS, Mikhail Gorbachev, de usar força militar para impedir que se assinasse o tratado que determinou a dissolução da URSS, em 1991. O senhor ainda acha que a URSS deveria ter sido preservada a qualquer custo?


Evgeny Primakov: De fato, nunca pensei que fosse necessária alguma força militar. O que poderia ter sido feito – e é minha opinião, outros têm outras ideias… Mas eu penso que os policiais do distrito militar da Bielorrússia poderiam ter cercado aqueles três políticos em Belovezhskaya Pushcha[1], que lá estavam, bêbados, mal se segurando sobre as pernas, e que só pensavam em assinar logo os documentos daquele tratado, e, simplesmente, tê-los levado, no camburão, cada um para sua casa. Bastaria prendê-los, tirá-los de lá, apreender aqueles documentos e levar os bêbados para casa. Mas isso não foi o mais importante.
O mais importante – e Gorbachev sabia que havia essa proposta, porque eu, pessoalmente, falei-lhe sobre isso, na presença de outras pessoas – é que, naquele momento, o que se deveria assinar seria um tratado econômico.
Se tivéssemos assinado um simples tratado econômico, que criasse um único espaço econômico [como depois fez a Europa e hoje a América Latina procura fazer], acho que teríamos dado o passo oportuno e necessário, naquele momento, na direção de preservar uma União Soviética aprimorada, modernizada, que, adiante, teria os meios necessários para livrar-se das partes necrosadas do seu próprio legado. Um dia depois de termos apresentado a ele essa ideia e esse projeto, Gorbachev fez uma declaração pública, em que disse que não acreditava que um tratado econômico devesse ser assinado antes dos demais, porque tinha certeza de que o tratado econômico poria em risco a assinatura do tratado político que ele supunha que já estivesse negociado e acertado.
Por isso, não se chegou a considerar adequadamente a ideia de que, uma vez criada uma zona econômica comum, criar-se-iam as condições para que se desenvolvessem as importantes estruturas supranacionais indispensáveis. E elas surgiriam, seria inevitável. Por isso deveríamos ter começado por um tratado econômico. Muitos estavam já convencidos disso e dispostos a trabalhar nessa direção. Até os estados do Báltico estavam dispostos a trabalhar sobre a ideia de preservar um espaço econômico comum.


RT: Se se considera a história, todos os grandes impérios acabaram por fragmentar-se, mais cedo ou mais tarde. O senhor acredita que uma zona econômica comum bastaria para impedir a fragmentação?


EP: É claro que não bastaria. Mas teria sido passo importante para impedir a fragmentação. E é claro que não se pode comparar aquele momento e o que temos hoje, são situações completamente diferentes. Naquele momento, na União Soviética, tudo era centralizado e tudo era dirigido por um único sistema. Mas ninguém ganhou coisa alguma com a dissolução. Ninguém. A Rússia talvez se tenha saído melhor que os demais, porque é maior e mais forte e tinha economia mais desenvolvida. Mas no plano geral, ninguém ganhou coisa alguma. Isso é indiscutível. Hoje, as repúblicas estão convertidas em estados soberanos, que trilharam um duro caminho e já desenvolveram conexões e relações com outros estados no ocidente, e com a China, etc. O quadro hoje é completamente diferente.
Mas mesmo hoje, já se vê a importância de criar uma zona econômica comum. Se a coisa é feita adequadamente, na escala adequadamente ampla – e, de fato, a Rússia já tem acordos com a Bielorrússia e com o Cazaquistão e é possível que o Quirguistão logo se una, também –, se tudo for conduzido adequadamente, o que se está vendo é que a formação de blocos econômicos – não a dissolução dos blocos existentes – é um dos pilares indispensáveis à segurança e ao desenvolvimento locais.


RT: O senhor acha possível restaurar alguma coisa semelhante à União Soviética, com uma Comunidade Econômica Eurasiana que reúna várias das repúblicas pós-soviéticas?


EP: Não. Não penso, de modo algum, em alguma coisa semelhante à União Soviética. Nada mais, hoje, pode, sequer remotamente, ser semelhante à União Soviética, de modo algum. Mas a integração é uma das forças mais ativas da globalização. Isso, precisamente, é o que se vê hoje, em todo o mundo. E se nos pusermos a andar a favor dessas forças… Hoje, pode-se dizer que o que se vê em todo o mundo é a tendência à transnacionalização nos negócios e no comércio. E também há transnacionalização e integração dos processos no plano dos estados. Portanto, se conseguirmos andar a favor dessas tendências, para chegar aos fóruns planetários, para promover neles nossa agenda… A verdade é que esse tipo de movimento em nada difere do que o Ocidente está fazendo! A vantagem, no nosso caso, é que nós, desse lado do mundo, sempre teremos de nos focar mais nos interesses de cada um dos estados-membros da Comunidade Econômica Eurasiana. Acho que essa será uma grande vantagem.


RT: Como o senhor disse, é fato sabido que os problemas econômicos foram o principal fator que levou à dissolução da URSS. Hoje, se se veem EUA e União Europeia sacudidos por graves crises econômicas, deve-se esperar que a Europa ou o bloco norte-americano dividam-se, de algum modo, como a URSS dividiu-se?


EP: Não, não acho. Claro que algum impacto sério nessa direção é inevitável, no caso da Europa. Lembro de uma conversa que tive com um homem a quem respeito muito, o ex-Chanceler [Helmut] Schmidt, da Alemanha Ocidental, que está hoje com 92, 93 anos e, continua como sempre foi, muito brilhante. Ano passado, tive uma conversa interessantíssima com ele. Para o Chanceler Schmidt, sim, os eventos na eurozona terão, sim, um impacto. Para ele, esse impacto pode empurrar, por um lado, para integração maior de vários estados dentro da União Europeia, em termos de política exterior, defesa e outras questões. Mas, por outro lado, os mais “velhos” da União Europeia, os que estão integrados há mais tempo, os que terão de fazer concessões, serão forçados a ver com outros olhos os mais ‘novos’, os que se uniram mais recentemente à União Europeia. Haverá impacto também nessa direção.


RT: Agora, uma questão hipotética. Anos depois do colapso da URSS, a OTAN bombardeou a Iugoslávia. Sem o colapso da URSS, o senhor imagina que a OTAN teria prosseguido nas operações contra a Iugoslávia, o Afeganistão, o Iraque, a Líbia?


EP: Sobre o envolvimento da OTAN na Iugoslávia, acho que aconteceria mesmo que a URSS estivesse ainda viva, porque a Aliança agiu sem autorização do Conselho de Segurança da ONU. Mas a questão é muito mais complicada que isso.
Nos primeiros anos depois da dissolução da URSS, ainda na primeira metade dos anos 1990s, nossa política exterior nada fazia senão mostrar apoio às posições dos EUA, seguir exatamente as pegadas dos EUA. O ministro das Relações Exteriores, ele próprio, disse o seguinte: “Precisamos desesperadamente nos incorporar ao mundo civilizado, custe o que custar. O resto é perfumaria”. Evidentemente, o ocidente via esse sentimento na Rússia pós-soviética. E esse sentimento, me parece, ainda prevalece em alguns círculos. Por isso, a OTAN age como sempre agiu, sem tomar conhecimento, nem da União Soviética nem da Rússia.


RT: Que preço a Rússia teve de pagar por essa política exterior sem espinha dorsal, quando, como o senhor disse, seguia as pegadas dos EUA?


EP: O preço foi tremendo. Em termos econômicos, a Rússia pagou mais caro pelo fim da URSS, que durante toda a II Guerra Mundial. O custo alcançou essa escala. Tremendo. Todos veríamos mais claramente o que a Rússia pagou pelo fim da URSS, se todos pudessem assistir às audiências, em Londres, dos processos em curso, aos quais respondem Boris Berezovsky e Roman Abramovich, e se todos ouvissem as histórias horrendas de como os empresários gozavam da proteção de funcionários do Kremlin.
Ou se todos conhecêssemos os detalhes dos processos de privatização, na Rússia. Se se sabe daqueles crimes, ninguém, em sã consciência, jamais dirá que o país obteve qualquer ganho, qualquer avanço, do que se fez nos anos 1990s.


RT: Uma última pergunta. A URSS promovia uma determinada ideologia. Estados fortes precisam de ideologia. O senhor acha que a Rússia, hoje, tem algum pensamento próprio?


EP: Ainda não há, articulada, coisa alguma que se aproxime do que se chama “ideia nacional”. Estamos todos trabalhando para melhorar a vida das pessoas, para que tenham vida melhor, mais segura. A situação demográfica precisa de atenção. O modelo econômico precisa de reforma geral, porque o que havia antes da crise de 2008 não servirá para o futuro. Esses desafios são evidentes. E todos eles, tomados em conjunto, manifestam a ideia nacional da Rússia.

Fonte: redecastorphoto

18 Comentários

  1. O comunismo fede. E o simbolo do fracasso desse sistema é o que nos vemos nas Coreias. Uma é prospera, desenvolvida e a outra é falida e miseravel.

  2. por pior que pareça na otan os paises pedem para entrar(inclusive paises esses escravos dos soviets0 ja no pacto de varsovia os paises particpantes eram obrigados a permanecerem aliados .
    um fiasco a russia.
    acho que era o momento certo da bielo russia,lituania,letonia ,estonia ucraniadarem um pau nos russos-o exercito russo está fraco ,sem tecnologia e arcaico.
    caso a russia apelasse com ogivas nucleares a otan deveria varrer os russos do mapa.
    grand finale

  3. Rafael…Interessante e estudar a historia da OTAN e o que simbolizou ate o ano em que a URSS se desmanchou. Nao existia preocupacao da OTAN com nada mais do que um ataque sovietico. Alguen duvida que a OTAN serviu uma funcao de proteger o “West” dos sovieticos escravotizantes. Os Sovieticos estavam prontos e decididos a dar o golpe certo na Europa Ocidental. A OTAN serviu muito bem sua funcao.
    Hoje e outra coisa e sua funcao causa desconforto com Russos e Chineses.Porque? Porque nao se pode confiar neles. A prova maior e o circulo sendo formado ao redor da Russia e China e a ideia e engarrafa-los de vez por todas.
    Todos os lugares onde os Russos ou Chineses tem influencia ou tiveram no passado estao sendo “mudados’, Afghanistao, Egito, Lybia, Syria e ate o Paquistao que repente esta prestes a ter um golpe de estado. ja deve saber porque. Estao pisando nos calos errados e esse “alinhamento” deles com a China nao vai ficar sem resposta.
    O Ira tamben esta na mira, mas o Ira e como um petroleiro grande: dificil de manobrar mas com tempo ele vira. Ele grita muito e fala bobagens mas no fundo os Ayatollah tem os dias contados.E uma questao de tempo.
    Nao concordo que os EUA sejam o maior criminoso do mundo; existem piores(China, Russia, Ira)mas nao tem chance de mostrar servico e realmente botar pra ferrar o mundo porque existe os EUA.Ou acha que o mundo seria um mar de rosas debaixo de uma bota Russa.

  4. Rafael, Boris Yeltsin está para a Rússia, assim como Boris Yeltsin está para a Rússia. Não há como comparar as situações vividas por ambos países – Brasil e Rússia – naquela época.
    Boris Yeltsin foi o cara certo para a Rússia naquela momento. Antes e logo depois já não era o cara.
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    No Brasil, a implantação do Plano Real, sob a égide do Itamar Franco, comandada pela equipe economica de Fernando Henrique, foi a nossa salvação.
    A continuação da política do Itamar pelo Fernando Henrique, por 8 anos, sedimentou e consolidou as conquistas daquele período, e pavimentou o caminho para Lula.
    A manutenção pelo Lula das premissas de política economica e social permitiu-lhe o sucesso do seu governo, inclusive mantendo os programas tipo Bolsa Família, agora com outro nome.
    Estabilidade economica é a expressão chave.

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    Voltando a questão russa:
    – a OTAN não é nazista, mas é parte da estrutura do imperialismo americano; antigamente fazia parte dos baluartes que equilibravam os poderios do Ocidente com o Pacto de Varsóvia;
    – como disse o Carlos Argus, quem ganhou com as privatizações russas, feitas de maneira açodada, mas que precisavam ser feitas naquele momento, foi a antiga Nomenklatura soviética.

  5. Hi, Nelore, long time no see. Assim como estava desinformado quando refutou o que disse sobre Sarkozi ser um agente da Cia, voce se mostra desinformado na questao da OTAM e a questao da Uniao Sovietica.A politica interna e externa sovietica, foi desenvolvida por Stalin e se baseava na construcao do socialismo dentro das fronteiras da Uniao Sovietica (como se tal coisa fora possivel, razao que levou Stalin eliminar Trotsky que mantinha posicao critica a essa politica) e politica de coexistencia pacifica, com o mundo capitalista. Foi Stalin que aprovou juntamente com Roosevelt e Churchil o plano chamado YALTA, que dividia europa em esferas de influencias. O ocidente ficaria sob a esfera de influencias norte americana e o leste europeu sob influencia sovietica. Grecia, Yugoslavia, Italia, Franca, estaria e claro no mundo norte americano. Foi por isso que o partido comunista grego, que estava na frente do movimento guerrilheiro formado durante a ocupacao do pais pelos Nazistas, traiu esse mesmo movimento apos a segunda guerra mundial. Stalin tentou fazer o mesmo na Yugoslavia, mas Tito, o lider dos guerrilheiros yugoslavo, recusou obedecer Stalin, e quebrou com a Uniao Sovietica.Stalin tentou enviar emissarios para mata-lo, mas nao o conseguiu. Na Franca e na Italia e PCF e o PCI, sairam da segunda guerra mundial muito forte, por causa das suas liderancas no movimento de resistencia ao Nazismo. Faziam parte do governo nacional de cada pais. Havia uma forte agitacao das classes proletarias francesa e italiana que poderiam ser usadas pelos dois partidos comunistas para tomarem o poder. Nao o fizeram, porque obedeciam os ditados que vinham de Moscow. O mesmo ocorreu na China, Stalin nao queria que Mao, derrubasse o governo do do Marechal Chai Kan Chek, Mao prendeu os comunistas chineses que obedeciam ordens de Moscow e tomou o poder em 1949. A presenca da Uniao Sovietica foi util aos Estados Unidos, que usou essa presenca para impor sua dominacao sob o resto do mundo ocidental. Tambem foi util ao complexo militar industrial norte americano, que precisaria justificar o alto gasto com material belico, apos o fim da segunda guerra mundial. A Cia e os intelectuais pagos por ela para propagar seu programa politico, sempre exagerou o perigo do poder militar sovietico, precisamente por essas duas razoes.Dois livros sobre o assunto, Frank Furedi, The Soviet Union Demystified, publicado em 1986, e William Engdhal, Gods of Money. O primeiro mostra como a Uniao Sovietica estava estagnada economicamente e a ponto de colapso, alguns anos do implosao que ocorreu em 1889/90.Furedi tambem mostra como a CIA exagerava a perigo militar sovietico nas publicacoes dada ao publico, quando em documentos internos ela estavsa consciente da situacao real da URSS. O Segundo livro, Gods of Money, discute a politica interna e externa norte americana de um ponto de vista de um ex seguidor de Lyn Larouche. Este por sinal, tem publicados no Executive Intelligence Review, alguns estudos criticos da politica externa norte americana. Nao precisa ser esquerdista para ser critico da politica imperialistsa norte americana. Agora voce esta correto, quando diz, que que paises que no passado deixaram ser influenciados pelos Sovieticos e agora pelos Chineses, vao ser “mudado” Desde Truman os Estados Unidos tem plano de rolar o mapa mundial de volta ao que era antes de 1914. Um mundo onde o capitalismo imperialistsa imperava de modo absoluto. Isso foi o que levou os Estados Unidos radicalizar sua posicao contra a Uniao Sovietica apos 1947. Durante a administracao de Roosevelt, o principal pais que os EUA queria ser destruido era o imperio britanico. Creio que uma das grandes facanhas do imperialismo ingles foi conseguir fazer com que Truman, pudasse aquela atitude de hostilidade norte americana ao imperio britanico e se tornar hostil a Uniao Sovietica. O famoso discurso de Churchill, Iron Curtain, pronunciado num colegio em Fulton, Missouri, no dia 5 Marco de 1946, fez parte da campanha britanica de tentar influenciar a administracao de Truman. Foi comeco da Guerra Fria. Com a implosao da Uniao Sovietica, os Estados Unidos, percebeu, apos a primeira guerra do Golfo, em 1991, que a URSS, nao mais estava em condicao de defender militarmente seus interesses em paises aliados. Foi quando, os neoconserv ativos, na administracao do Bush, o velho, formulou os planos, de depor todos os governos que foram no passado hostil aos Estados Unidos. Recomendo que vao ao You Tube, e oucam o que o General norte Americano, ex comandante da OTAM, ex candidato a presidencia dos EUA diz a respeito desse plano. Google, US General Wesley Clark, The Plan, You Tube. Nao creio que esse general pode ser acusado de ser comunista.

  6. Voces viram que por mais poder e conhecimento que se tenha não se consegue controlar tudo ou fazer com que as coisas saiam como se idealiza ou se planeja, o caos pode imperar por si mesmo e produzir seus próprios resultados!Estão chorando leite derramado, eu também lamento a queda do imperio russo, mas não se pode voltar no tempo, lametavelmente!

  7. É claro que os Russos foram os que mais sofreram com o fim da URSS, ora, o que esperavam eles depois de décadas de opressão, da cortina de ferro, do pacto de Varsóvia, do KGB, do gulag, etc etc etc.

  8. Desde os anos 60 a União Soviética estava estagnada.
    Não conseguia acompanhar os avançoes tecnológicos do Ocidente, não conseguia acompanhar a agricultura do Ocidente, e o dilema manteiga x canhões estava sendo ganho pelos canhões.
    O que o Reagan fez foi aprofundar o fosso, com um largo e maciço investimento em poderio militar, e, ao tentar acompanhar, a União Soviética abriu o bico.
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    Discordo do registro feito pelo Jojo, de que na administração Roosevelt o principal país que os “EUA queria ver destruído era o Império Britanico”.
    Descendentes dos ingleses,não queriam ver sua pátria-mãe destruída.
    Churchill, quando visitava os Estados Unidos, se hospedava na Casa Branca. Querem maior proximidade que essa?
    O que os Estados Unidos não queriam era ser levado para uma nova guerra, no front grego, por causa da pressão inglesa.
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  9. AJ, Os Estados Unidos tambem e constituidos por classes sociais com interesses proprios que as vezes chocam com os interesses dos outros. A clase capitalista nao forma excessao a esta regra. Tambem e dividida em setores com diferentes interesses. Na decada de 1920/30 havia setores financeiros, Wall Street, que realmente tinham preferencia por Londres, mas esse foi o grupo politico que perdeu com a eleicao de Roosevelt. A politica de Roosevelt era afirmar a hegemonia norte americana, que ainda na epoca estava limitada pela existgencia do imperio britanico, com sua Area de Preferencia, isto e area que concedia privilegios a Londres que que era fechada a penetracao livre do capital norte americano. O filho de Roosevelt, em sua Memorias, diz ter presenciado um dialogo Churchil com Roosevelt, onde aquele apor ter lido as condicoes que os Estados Unidos queriam impor apos a segunda guerra mundial, teria feito o seguinte comentario. Senhor Presidente, parece que o senhor deseja o fim do imperio britanico. Isto so ocorrer apos minha morte. Relato isso baseado em memoria de livros lidos alguns anos atras. Nao tenho o nome desse livro, pois meus livros estao encaixotados na Europa, aguardando minha mudanca, mas creio que li isso em documentos publicados por uma das organizoes de Lyn La Rouche, e eu creio que esta em PDF. Talvez, seja novidade para voce, mas William Engdhal, no seu livro Century of War, sobre a politica britanica e norte americana para dominar a exploracao do petroleo mundial, menciona que em 1929, Estados Unidos e Inglaterra estava a ponto de entrarem em guerra, por causa do petroleo mexicano. Inglaterra recuou e concedeu primazia para os EUA controlarem o petroleo no Mexico.

  10. AJ, um adendo, o principal defensor da politica que considerava a Uniao Sovietica como um adversario para u futuro, mas que naquela epoca, o periodo imediato ao fim da segunda guerra mundial, foi Dexter White, o economista norte americano adversario de Keynes na Conferencia de Bretton Wood. White, foi vitima de calunia, acusado de comunista, e ha suspeita que foi vitima do chamado “jogo sujo” do servico secreto britanico MI6. Renunciou do sua posicao na administracao de Truman para se defender, mas morreu logo apos. Foi nessa epoca que a Inglaterra trabalhava debaixo dos panos para alterar a politica norte americana de hostilidade ao imperio e foi sucedida nesse empreendimento, com o inicio da chamada guerra fria.A politica norte Americana durante a segunda guerra mundial inicialmente era de neutralidade por razao muito simples: Deixar Europa se destruirem. Se Inglaterra tiver vencendo, ajudar Alemanha, se este por sua vez estiver vencendo, ajudar Inglaterra. A chamada “ajuda” americana a Inglaterra, ao preco de desmantelar o imperio, ocorreu apos os desenvolvimento da guerra mostrou que Londres nao estaria em condicao de vencer essa guerra e Alemanha sairia vitoriosa.

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