Após 20 anos, integração no Mercosul é ‘decepcionante’, diz instituto parisiense


As presidentes da argentina, Cristina Kirchner, e do Brasil, Dilma Rousseff  (Foto: Roberto Stucker Filho/ PR)
Assimetrias entre países cresceu na última década, até entre Brasil e Argentina

O balanço das atividades do Mercosul, que completou 20 anos de integração econômica em 2011, é considerado “decepcionante”, segundo um relatório do renomado Instituto de Estudos Políticos de Paris sobre a América Latina, divulgado nesta sexta-feira.

“A história do Mercosul é pontuada por fases de progresso interrompidas por mudanças políticas ou crises econômicas, e seguidas de retomadas que suscitam um aumento das expectativas, rapidamente desapontadas”, diz o cientista político Olivier Dabène, presidente do Observatório Político da América Latina e do Caribe do instituto parisiense.

Segundo o especialista, o Mercado Comum do Sul (Mercosul), integrado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, ainda enfrenta, após 20 anos de existência, “duas fraquezas estruturais”.

A primeira delas é a assimetria entre os Estados membros, diz Dabène, autor do capítulo sobre o Mercosul do relatório.

“O Mercosul é um processo de integração debilitado por profundas assimetrias de desenvolvimento. O projeto neoliberal (nos anos 90) leva a crer que a integração regional permitirá uma convergência natural das economias”, afirma.

“Mas, durante a década de 90, as assimetrias se aprofundaram mais em vez de desaparecer, suscitando uma certa frustração do Paraguai e do Uruguai”.

Outra deficiência do Mercosul apontada pelo especialista é a falta de instituições capazes de levar em conta os interesses gerais do bloco.

Entre os exemplos citados, está o Parlamento do Mercosul (Parlasul), que possui “atribuições modestas” em relação à tomada de decisões.

Reticências

O protocolo constitutivo que criou o Parlasul apresenta “marcas de reticência a qualquer evolução supranacional de integração”, diz o relatório do instituto, conhecido como Universidade “Sciences-Po”.

“Na maioria dos casos, o Mercosul não foi além da coordenação de transferências de políticas públicas, geralmente da Argentina e do Brasil para o Paraguai e o Uruguai”.

“O Mercosul é um processo de integração debilitado por profundas assimetrias de desenvolvimento (…) Durante a década de 90, as assimetrias se aprofundaram em vez de desaparecer, suscitando uma certa frustração do Paraguai e do Uruguai.”

Olivier Dabène, Science-Po

A chegada da esquerda, na década de 2000, aos governos dos quatro países do Mercosul, não contribuiu para aprofundar a integração do bloco, diz o especialista.

“Iniciada por Fernando Henrique Cardoso em 2000, a guinada sul-americana da diplomacia brasileira foi acentuada pelo ex-presidente Lula”, diz o documento, citando o exemplo da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), formada em 2008 e a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac), criada em 2010.

Entretanto, prossegue, “a esquerda se mostrou tímida em termos de aprofundamento do Mercosul, seja no momento das reformas institucionais de 2002-2005 ou da ampliação da agenda com temas não comerciais (como educação, meio ambiente e tecnologia)”.

Segundo plano

O Brasil, de acordo com o cientista político, “dá menos importância ao Mercosul, a partir do momento em que o país se vê consagrado como potência emergente pela comunidade internacional”.

O documento ressalta ainda que a crise econômica mundial de 2009 causou uma crispação nas relações entre o Brasil e a Argentina, provocando inúmeros conflitos comerciais “que refletem a incapacidade crônica dos dois países de levarem em conta o interesse regional”.

Essa é a situação que ainda enfrenta hoje o bloco, diz Dabène, embora a eleição da presidente Dilma Roussef represente “uma garantia de relativa continuidade do engajamento do Brasil em relação ao Mercosul, apesar do desejo cada vez mais forte de um regionalismo sul-americano”.

O relatório lembra que o governo brasileiro anunciou em junho passado que o Mercosul deseja a adesão da Bolívia e do Equador ao bloco.

“Nesse período de crispação com a Argentina, a ampliação permitiria ao Mercosul seguir adiante. Mas com o risco de decepcionar mais uma vez”, afirma Dabène.

Fonte: BBC Brasil

17 Comentários

  1. o brasil deve aprender a ser potencia, e começa aplicando nos países em nossos vizinhos. em qualquer país da america latina há varios produtos de origem brasileira, seja cosméticos, culinario, industrial etc.
    O que dificuta para o brasil ser potencia regional, e a forma politica de “mundo multipolar”, isso só deve ser aplicado as grandes potencis mundiais, como bric e eua. não há como fazer isso com países pequenos, logo devermos nos impor sobre eles.

  2. Decepcionante???
    Hahahahahah…. vai tomar banho seu parisiense sujo…
    Visãosinha mais reacionária….
    CADÊ A CRISE? SE FOSSEMOS DEPENDENTES FINANCEIRAMENTE DELES LA DE FORA AINDA ESTARIAMOS ATOLADOS COMO ELES….
    .
    A velha e boa arrogância européia…
    HOJE NA MINHA CASA TEM PRODUTO MADE IN ARGENTINA(desodorantes, carros e etc) E LA NA ARGENTINA JA TEM MUITA COISA MADE IN BRASIL(carros tambem, havaianas rsrsr, cosméticos sem contar materias primas…)
    A 10 anos isso não existia….

  3. Melhor assim, devagarinho e sempre, senão vão nos acusarem de sermos imperialista!Desde que não venha sapo de fora coachar aqui, maravilha!

  4. Isso não é só união aduaneira… é união bananeira também… vivem se embananando… como de costume…

  5. Exato Regivaldo, se formos com sede demais ao pote, vamos virar o malvado da historia, temos que ir igual mineiro, com calma, devagar, calado, so comendo pelas beiradas. E como se a União Europeia fosse exemplo de alguma coisa…

  6. Estão certos, + eles mesmos ainda ñ conseguiram td q se propuseram ao longo desses + de 50 anos de UE.Dentro de 80 anos possivelmente estaremos na fase em q eles estão, só espero q c moeda única,assim td seremos forçados a ter integração + c td o + único..sds.

  7. E o que seria um sucesso para vcs aí em Paris?? – Bancos centrais aleijados? Soberania relativa? Sustentar metade dos povos do continente com o dinheiro e esforço do contribuinte brasileiro e argentino?, Virar uma “base gigante” dos EUA? Acabar com nossas moedas nacionais e depender de meia dúzia de banqueiros e maçônicos para pagar um pão?? Aceitar leis feitas no estrangeiro que valem mais que nossa CF e afetam nosso povo??
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    Falido não tem que abrir o bico!! Se não podem pagar suas dívidas que suas fábricas, tecnologias , monumentos, minas e mulheres bonitas..!!

  8. Francês é mesmo palhaço.. Como vai falar do Mercosul se a Comunidade Européia esta aquela merd@ lá? Estão sentando em cima do rabo e falando do rabo alheio.. rsrsr

  9. Obviamente que não daria ceto aos moldes do que está no papel, se o brasil vai bem a Al também vai, se não, todos se ferram, não tem jeito o brasil é o mercado consumidor sul americano, desde droga até a carros, produtos agricolas e etc… não há equilibrio,
    Assim como na DECEPCIONANTE UE que ja era ahahahhaa

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