Autor de best-seller acusa bancos de gerirem dinheiro do crime

O jornalista e escritor italiano Roberto Saviano, autor do best-seller “Gomorra: A História Real de um Jornalista Infiltrado na Violenta Máfia Napolitana” (2009), acusou os bancos europeus e norte-americanos de terem envolvimento com a gestão dos capitais provindos do crime organizado.

Em palestra a cerca de 400 pessoas em um auditório na Universidade de Nova York, ele alertou para o “imenso” fluxo de capitais provindos da criminalidade em meio à crise econômica global.

“Existe um tesouro que deve ser atacado”, afirmou Saviano, que observou, porém, que a crise dificulta esse trabalho.

Ele citou números de relatórios oficiais a que teve acesso. E avisou: “Os bancos europeus e norte-americanos lavam entre US$ 500 e US$ 1 bilhão de dinheiro sujo todos os anos”. O dado citado é de um relatório secreto que acabou vazando e foi produzido pela Drug Enforment Administratio (DEA).

Saviano também acusou os bancos de terem um “poder excessivo” na crise internacional. “O sistema financeiro baixou a guarda e foi infiltrado pelo capital criminoso” porque talvez tenha apenas “o objetivo de ganhar a qualquer custo”, opinou o escritor durante a palestra intitulada “A Itália e os EUA: duas perspectivas sobre a crise econômica” que dividiu com o economista Nourirel Roubini.

Saviano ainda alertou para a “a necessidade no plano internacional de um encontro formal, profundo, não apenas entre as polícias, que fazem um ótimo trabalho, mas também entre os governos, que devem esclarecer o papel deste sistema financeiro”.

O escritor se infiltrou na Camorra napolitana para escrever o best-seller Gomorra, que documenta a atuação das máfias italianas e sua relação com as instituições do país. O livro virou filme campeão de bilheterias.

No final de 2010, o máximo responsável da ONU pelo combate ao crime e ao tráfico de droga, o italiano Antonio Maria Costa, acusou o sistema financeiro de, no auge da crise econômica mundial, ter recebido dinheiro sujo, sem origem coinhecida, como forma de resolver os problemas de liquidez que enfrentava. “Perto de 240 bilhões de euros em dinheiro sujo evitou um colapso ainda maior”, disse à época

Fonte: Vermelho

2 Comentários

  1. Rumo à Ditadura da Injustiça?
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    A presidenta Dilma Dynamite teve pelo menos dois sérios motivos para não detonar (ainda) seu amado amigo brizolista Carlos Lupi – apesar das evidências com irregularidades em convênios com ONGs e da ilegal acumulação de cargo nas esferas federal e municipal, entre outros problemões.

    Primeiro, Dilma não quis ficar refém da ala sindical petralha, ligada à CUT, que queria o lugar do pedetista no Ministério do Trabalho ocupado pela rival Força Sindical. A petralhada ajudou a vazar coisas ruins contra Lupi na mídia – no mesmo esquema autofágico de fritura de outros ministros derrubados neste primeiro ano da gestão Dynamite.

    Segundo, Dilma identificou que Lupi foi também implodido por um lobby empresarial que ficou contrariado com a obrigatoriedade do ponto eletrônico. Esta simples medida permitiria ao governo identificar as empresas que não recolhem o pagamento do FGTS e INSS aos Cofres Públicos referentes às horas extras. Como a sonegação é bilionária, mais barato fica derrubar o ministro que a implantou.

    O Caso Lupi é emblemático no País em que o errado se traveste de certo, e vice-versa, o certo se transmuta no errado. Aqui, o justo paga pelo pecador. E o pecadorusufrui da boa vida do justo. Coisas do Império da Injustiça, onde a impunidade colabora para o injusto porém perfeito funcionamento do Governo do Crime Organizado: a associação criminosa, com fins delitivos, entre servidores públicos e bandidos para usurpar a coisa pública. E a situação tende a se agravar, com aspectos ainda mais autoritários e corruptos.

    Nossa mídia amestrada e abestada pouca importância deu ao conteúdo profundo de uma entrevista dada à famosa página amarela da revista Veja (de 30 de novembro de 2011) por um professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – especialista em Código Civil. Antônio Cláudio da Costa Machado advertiu que a reforma do Código de Processo Civil, em tramitação no Congresso Nacional, pode nos conduzir a uma ditadura do Judiciário. Ele critica que a mudança concentra poderes nos juízes de primeira instância, tirando da sociedade o direito pleno aos recursos e a apresentação de questionamentos e provas antes do julgamento final.

    Antônio Machado explica seu temor: “Hoje, enquanto um recurso está sendo julgado, a sentença não é executada. Esse é um princípio do nosso Direito que tem como objetivo garantir que nenhuma ação seja julgada por um único homem – porque os homens são falíveis. Se a reforma do Código de Processo Civil for aprovada, cada juiz de primeira instância aplicará a lei ao seu modo e ninguém poderá recorrer a tempo de evitar um equívoco. Não vejo vantagem em ter um Judiciário (supostamente) mais rápido se ele é mais propenso a cometer injustiças”.

    Machado atribui nossa lentidão da Justiça a um problema gerencial – e não por culpa do Código de Processo Civil que os instintos autoritários, em moda no Brasil-Corrupto-Capimunista, desejam alterar. Além da capacitação dos servidores e da modernização da gestão do Judiciário, Machado recomenda um “estímulo à conciliação” para que as partes de um processo cheguem a um acordo justo sem precisar da sentença de um magistrado. Tal medida conciliatória desafogaria o Judiciário – onde atualmente tramitam nada menos que 83 milhões de processos. Detalhe: já existem 2500 câmaras de conciliação no Brasil…

    O Conselho Nacional de Justiça divulgará, até o fim do ano, o balanço final da sexta edição da “Semana Nacional de Conciliação”. Os números parciais indicam que, em apenas cinco dias, em 158.327 audiências, ocorreu uma formalização de 78.702 acordos. Os valores homologados totalizaram R$ 559,9 milhões.

    Ou seja, pela via mais rápida e democrática da conciliação pode-se desafogar o Judiciário e fazer Justiça de verdade. Portanto, não existe necessidade de o Congresso Nacional mexer no Código de Processo Civil – que é bastante democrático em seu conteúdo – só porque a legislação foi formulada durante o governo dos presidentes militares – época comumente definida como “ditadura”.

    Eis mais um perigo institucional para o Brasil – que a maioria ignora, por falta de visão ou por cacoete anti-democrático. Não precisamos de mais leis – e sim da simplificação objetiva e do estrito cumprimento delas, na ordem democrática. É juridicamente inviável um País em que vigoram mais de 180 mil normas legais. Assim não tem como haver Democracia.

    Os segmentos esclarecidos da sociedade precisam reagir contra vários movimentos do Governo do Crime Organizado para nos conduzirem a uma ditadura da injustiça e do controle social. No Brasil, precisamos de Democracia (Segurança do Direito) e espírito de conciliação e Justiça para superar o Estado anti-democrático de Impunidade.
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    Artigo no Alerta Total – http://www.alertatotal.net
    Por Jorge Serrão

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