O Irã não está prestes a entrar em colapso

ARSHIN ADIB-MOGHADDAM
DO “GUARDIAN”

Há duas narrativas centrais que presumem que o Estado iraniano tenha a probabilidade de desabar sob a pressão de sanções e/ou ameaças de guerra. Em minha opinião, as duas narrativas são falhas.

A primeira delas alega que o dinheiro do Irã está acabando e sua economia se encontra à beira do desastre. Esta versão vem sendo apresentada repetidas vezes como argumento em favor de sanções ou como exemplo da incompetência do Estado iraniano.

Mas essa narrativa não corresponde aos fatos. O Banco Mundial avaliou o crescimento econômico do Irã em 3,0% em 2010, e o FMI diz que o PIB nominal do país cresceu de US$330,5 bilhões em 2009 para UD$360 bilhões em 2010.

Recentemente o FMI concluiu uma visita ao Irã e elogiou o governo por seus êxitos precoces com o programa de reforma de subsídios e os avanços conquistados no setor financeiro, que é animado por um mercado acionário dinâmico.

O argumento de que o Irã estaria economicamente isolado tampouco se sustenta. De acordo com o relatório mais recente da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento), os investimentos externos diretos no país aumentaram exponencialmente, de US$1,6 bilhão em 2008 para US$3,6 bilhões em 2010.
Isso não quer dizer que não haja problemas econômicos sérios no país; existem muitos, e eles variam desde a corrupção até a ineficiência estrutural. Significa que existe um outro lado da história do Irã que é minimizado por motivos ideológicos. Em última análise, os EUA e, em grau menor, a Europa estão se desqualificando do mercado iraniano em um período de calamidade econômica intensa. Já a China e a Rússia dizem “obrigado”.

Há também vários fatores “soft” que alimentam a relativa estabilidade da economia iraniana. O país já se garantiu um lugar entre os inovadores tecnológicos da região, principalmente graças a investimentos sistemáticos em infraestrutura funcionante de pesquisas e desenvolvimento. O número de publicações científicas no Irã aumentou de 736 em 1996 para 13.238 em 2008. É o crescimento dessa natureza mais acelerado no mundo.

Como parte do plano abrangente para a ciência, o Irã pretende criar um centro de nanotecnologia e direcionar 4% de seu PIB para pesquisas e desenvolvimento. Graças a essas políticas, o país tornou-se uma potência nas pesquisas com células-tronco na tecnologia de satélites. Algumas semanas atrás o Irã lançou com êxito o satélite Rassad, e em fevereiro enviou ao espaço sua primeira biocápsula de seres vivos, usando o transportador Kavoshgar-3 (Explorador-3). Até 2019 o Irã pretende enviar seus primeiros astronautas ao espaço.

A segunda narrativa dominante, que está estreitamente interligada com a anterior, prevê a derrocada iminente da república islâmica. É comparável às previsões semelhantes feitas sobre a queda dos irmãos Castro, que estão no poder em Cuba há quase seis décadas. No entanto, a ideia de que o Estado iraniano estaria prestes a cair é ideologicamente oportunista e está distante da realidade política do país.

Existem, a meu ver, várias razões interdependentes pelas quais o Estado iraniano permanece relativamente estável, pelo menos no curto e médio prazo:

– Não há governo abrangente por um partido único que sufoque a dissensão política por completo.

– Não há ausência absoluta de responsabilidade perante a população.

– Não há setor militar e de inteligência que não esteja ideologicamente comprometido com o Estado/sistema.

– Há uma base engajada que apóia o Estado e não há movimento real em favor de uma revolução no país, nem mesmo por parte da oposição reprimida.

O que é mais importante é que não há dependência excessiva do Ocidente que possa produzir uma crise de legitimidade (como foi o caso no Egito de Hosni Mubarak, na Tunísia sob Zine al-Abidine Ben-Ali e no Irã sob o xá) e não há subserviência às exigências de Israel. A forte ênfase do governo iraniano sobre a “independência nacional” continua a lhe valer apoio na sociedade iraniana. Logo, o confronto em torno do dossiê nuclear é alimentado repetidamente para intensificar as chamas do nacionalismo iraniano.

Estas são conclusões que são em grande medida postas em segundo plano em muitas análises sobre o Irã. Ao invés disso, existe toda uma literatura de especialização instantânea que está vinculada à política do momento. Se a análise feita de um país é incorreta, as prescrições políticas só podem ser erradas também. O Afeganistão e o Iraque são exemplos muito bons da relação entre a ausência de conhecimentos corretos sobre um país e fracasso estratégico. TRADUÇÃO DE CLARA ALLAIN

Fonte: Folha de S.Paulo

27 Comentários

  1. o irã com um pib R$ 330,05 bilhoes de dolares, vai investir mais em pesquisa que o brasil com um pib R$ 2,05 trilhoes de dolares, R$ 3,65 TRILHÕES DE REAIS em 2011

    VAI BRASIL

  2. “Até 2019 o Irã pretende enviar seus primeiros astronautas ao espaço.”
    Já sei alguém aqui vai dizer:Mentira bandos de safados Irã adora mentir menti mais do que os EUA que dizem que foram para Lua etc etc bla-bla-bla!!
    Mais o Jornal que fez essa publicação não é qualquer um respeitem isso!!

  3. Muitos dizem que Irã não pode isso nem aquilo,por culpa das sanções,mais as sanções só foram colocadas ha poco tempo por isso que eles estão muito ha frente do Brasil.

  4. Ficar fora da globalozação parese um santo remedio, é o caso do irã,turquia,e varios outros não pegaram o viros da crise,os globalizados estão se ferrando.

  5. Este texto so reforça que os inimigos do Iran não aceitam o seu desenvolvimento, alias tem países que não suportam o crescimento de outro país e quer neocolonizar.

  6. Ta dito. Não há mais necessidade de acrescentar. Irã investe 4% do PIB em tecnologia. E nós Brasil? hahahahahah…
    acho que o carnaval movimenta mais. Publicações científicas de 936 para 13.238 em 12 anos. E como vai nossas escolas? hahahaha…
    Presídios gastam muito mais (bom também são escolas, só que do crime). Nas eleições que vem agora para prefeito, vamos começar a faxina no nosso quintal. Nada dos mesmos. Se for incopentente, não mostrou serviço, rua, até acertar. Quem ja passou e também não fez nunca mais.

  7. Eu assisti um documentário esse ano que foi feito por um grupo independente, e nele foi mostrado todas essas faces citadas no documento, mostrou o grande apoio popular ao estado, a miséria no interior do país (inclusive um garoto com câncer e não tinha onde se tratar, ahmadinejad estava na casa da pobre família em reunião com eles e outros) e o progresso acontecendo nos centros urbanos, a pequena contestação ao estado que é mais pelo fato de ser um governo teocrático, enfim, a situação do Irã não é muito diferente da situação brasileira a cerca de 10 anos atrás.

  8. Olha ai!! Até q enfim alguém teve coragem de mostrar a verdade!. Parabéns ao jornal, e ao editor da matéria. Se você for acreditar em tudo que chega ao Ocidente pela mídia relacionado ao Irã; vai pensar que lá só tem camelo, maluco barbudo, homem-bomba, e petróleo..hahahah… Já desisti de me informar pela TV faz mais de 10 anos, e até hoje não me arrependo.

  9. Resumindo: os iranianos são mais nacionalistas que nós brasileiros.

    É um povo milenar centrado numa única crença e portanto mais próximo da homogeneidade que nós, com 511 anos e formado por etnias tão diversas, quanto antagônicas. Ás vezes dá a impressão que nossa cultura é baseada no exterior(afro-brasileiro, cultura alemã, italiana, lusitana, etc), o que compromete uma identidade genuinamente nacional onde até mesmo a religião é fator de desagregação.

    Não sofremos ameaças diretas e estivemos envolvidos em poucos conflitos, ou seja, não existe senso de inimigo comum. E o mais importante: eles tem uma mídia que trabalha para o governo. Se não é um exemplo de *democracia, pelo menos não está nas mãos de grandes corporações estrangeiras.

    *Democracia deveria ser estendida ao direito de acesso às verdadeiras e imparciais informações para que o povo possa fazer melhor suas escolhas.

    Por isso, o Irã caminha a passos largos na nossa frente, mesmo com embargos e dispondo de menos recursos naturais que nós.

  10. PLANO BRASIL, E PRA VCS NOTICIA DA HORA
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    Avanço da China no Pacífico vai forçar EUA
    a gastarem mais com defesa submarina
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    Pequim anunciou hoje manobras navais no oceano após aumento de tensão com EUA
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    ..A expansão da Marinha chinesa pelo oceano Pacífico deve forçar os EUA a investirem mais em equipamentos de proteção submarina. Nem mesmo a crise econômica ou os recentes cortes de gastos com Defesa devem impedir esse cenário. A opinião é do diretor do maior fornecedor mundial de detectores de sonar, entre outros equipamentos de segurança, a empresa Ultra Electronics.

    Em entrevista à agência de notícias Bloomberg, Rakesh Sharma afirmou que o Pentágono (Comando de Defesa americano) e seus aliados devem concentrar seus gastos em equipamentos que detectam a presença de submarinos para garantir os fluxos de navegação comercial.

    A tensão entre China e EUA no oceano Pacífico aumentou nos últimos dias desde que o presidente norte-americano Barack Obama anunciou o aumento da presença militar do país na Austrália. A medida irritou as autoridades de Pequim.

    Segundo o anúncio de Obama, 2.500 marines (fuzileiros navais) americanos devem ser destacados para o norte da Austrália para ampliar a presença estratégica dos EUA no Pacífico ocidental.

    Pequim classificou a medida como inoportuna e disse que todos os países devem se preocupar mais para sair da crise econômica.

    A resposta chinesa veio nesta quinta-feira. O Ministério da Defesa anunciou a realização de exercícios militares navais em águas do oceano Pacífico nos próximos dias.

    O ministério chinês esclareceu que os exercícios anunciados serão manobras de rotina, “não dirigidas contra nenhum país ou alvo em particular”, mas os analistas destacam a coincidência temporal dessas ações com as crescentes tensões da China com os Estados Unidos.

    O Ministério da Defesa chinês não especificou o local exato das manobras, nem quantos navios participarão. A emissora de televisão japonesa NHK informou que seis navios da Marinha chinesa, entre eles um destróier antimísseis, foram detectados perto das ilhas de Okinawa, em direção ao Pacífico.

    De acordo com o principal executivo da Ultra Electronics, mesmo em tempos de crise econômica, o mercado de detectores de sonar continua em expansão.

    – Suprimentos minerais e commodities (como petróleo) são transportados pelo mar. Portanto, é extremamente importante proteger as rotas marítimas.

    Para Rakesh Sharma, Austrália, Singapura, Malásia, Filipinas e Estados Unidos vão começar a investir em proteção antissubmarina contra uma possível ameaça vinda do crescimento chinês.

  11. Tem muita gente nos foruns por ai e que tem conhecimento, que metem o pau no irãm, por puro preconceito…
    .
    Só digo uma coisa é elogiável um país que vive com sanções, fazer o que eles fazem, um exemplo a se comparar é o programa espacial brasileiro, com o do Irãn que tem sanções, é vergonhoso VERGONHOSO isso que chamam de AEB!!

  12. ”O número de publicações científicas no Irã aumentou de 736 em 1996 para 13.238 em 2008. É o crescimento dessa natureza mais acelerado no mundo.”
    O BRASIL deveria seguir o exemplo do Irã nesse setor, a todo momento vemos os frutos que o Irã colhe por ter investido em educação e tecnologia e porque não dizer em soberania !

  13. Sem comentários.. a matéria disse tudo..
    Vou só ficar esperando o comentário já conhecido de alguém de olho azul:
    “de que adianta isso? manda quem pode obedece quem tem juíso”
    hahahahah

  14. Radares dos EUA podem ter afetado Phobos-Grunt, diz especialista. Ex-comandante-em-chefe russo ressaltou que a Rússia deveria se preocupar com a presença de radares americanos na Noruega e no Alasca. Ele ressaltou que a Rússia deveria se preocupar com a presença de radares americanos na Noruega e no Alasca. Rodionov sugeriu ainda as autoridades de seu país a usarem menos componentes eletrônicos estrangeiros na fabricação de mísseis e equipamentos espaciais russos.
    “A qualquer momento (os fabricantes estrangeiros) poderiam enviar alguns sinais, ativar chips para deixar fora de serviço um míssil ou uma nave espacial”, explicou.

    E o Brasil? Nada de fabricar chip..processader, nem peças simples. Eta país do nada: exporta um cargueiro de minério e troca por um “Note Book”.

    O Cientec no RS não sai do chão…

  15. VaiQueDá disse:
    .
    E o Brasil? Nada de fabricar chip..processader, nem peças simples. Eta país do nada:
    kkkkkkkkkkkkkkkkk

    obrasil so fabricar politicos corrompidos

  16. U.S. military works to get troops home faster from Iraq(CNN.

    Ta parecendo um “vamo sai daqui antes que agente fique no fogo cruzado”.
    rsrsrsrsrsr

  17. Falou e disse Gustavo… nada a acrescentar em seu ultimo paragrafo, exceto que juizo é com Z… saudações…

  18. É impressionante o que um país pode fazer e crescer; quando se liberta dos juros!!!! — Não resta mais dúvidas.
    .
    Parabéns aos Persas pela coragem e determinação. ( Queria que o Brasil tivesse só metade dessa vontade…)

  19. Por que meus comentários com referências não estão sendo aceitos? Há algum problema em postar links externos? Se tiver, me avisem.

  20. VaiQueDá disse:
    24/11/2011 às 18:44
    <>

    ————–
    Que droga; pensei que já estavam pesquisando…a Dilma é uma demagoga que nem o Mulla..assim não dá. Temos é que fazer Copa e ficar chutando bola mesmo, não tem mais jeito. Essas coisas me irritam…
    1 Irã vale 10 Brasil em iniciativa! Que vergonha!!

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