Intenção dos Estados Unidos com o Irã ainda é obscura

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Reza Marashi
Deborah Weinberg
International Herald Tribune

Após semanas exortando os dados de inteligência sobre aspectos militares do programa nuclear iraniano, as declarações públicas do governo Obama em relação ao recente relatório da Aiea (Agência de Internacional Energia Atômica) foram curiosamente moderadas. Não oficialmente, as autoridades norte-americanas dizem que nem todos os dados de inteligência dos EUA foram incluídos no relatório –que tenta refletir um consenso internacional. Esse fato demonstra um desafio maior –ou seja, que os EUA enfrentam um problema de credibilidade. Países importantes não compartilham a avaliação de Washington em relação ao Irã, e assim é improvável que os EUA revelem informações mais substanciais.

Alguns membros do governo gostariam que as evidências mais duras viessem a público –no mínimo para embasar sua proposta de sanções mais “duras” contra o Irã. Mas as agências de inteligência norte-americanas não querem fazer revelações mais detalhadas por medo de ameaçar suas fontes e mecanismos de obtenção de informações. Assim, é provável que os EUA não consigam obter sanções mais robustas da ONU quando defender sua posição no Conselho de Segurança.

O que é mais importante, mas menos compreendido, contudo, são dois problemas institucionais antigos e cada vez mais danosos dentro do governo dos EUA que este caso trouxe à tona: a super-dependência em dados de inteligência e a subutilização de fontes diplomáticas na formulação da política para o Irã. Ao tratar a diplomacia como uma recompensa a ser conquistada em vez de um instrumento de segurança nacional vital, os políticos americanos vêm atingindo a si mesmos.

As recentes alegações contra o Irã mostram o papel crítico que a inteligência pode ter em ajudar os políticos a reunirem informações e tomarem decisões nas questões mais desafiadoras. Contudo, os dados de inteligência não devem ser tomados isoladamente –e no que concerne a política dos EUA para o Irã, quase sempre são.

Quando trabalhei no Escritório de Assuntos Iranianos do Departamento de Estado, aprendi a regra dos 10%: a inteligência deve compor aproximadamente 10% de todas as informações usadas para analisar questões estratégicas. Os 90% restantes devem vir dos relatórios da embaixada e de informações de fontes abertas.

Como um todo, esse processo simbiótico deve fornecer um contexto equilibrado mais amplo aos tomadores de decisão. A inteligência deve ser a peça que falta no quebra-cabeça e não a única peça. A dependência exagerada na inteligência para embasar importantes decisões políticas resulta em análises incompletas ou tendenciosas, sem o contexto maior necessário para uma decisão sólida. Com o tempo, esse vácuo de informações se amplia, assim como a probabilidade de enganos, falhas de cálculo e erros graves.

A inteligência não é substituta para o trabalho crítico de diplomatas em terra –e talvez nenhuma questão de política externa demonstre isso mais claramente do que o Irã. Em outras palavras, um processo de segurança nacional vital está quebrado há mais de três décadas, e os políticos americanos o estão exacerbando, em vez de o concertarem.

A presença diplomática em Teerã é crítica para garantir que os EUA não repitam os erros de seu passado recente. Limitações inerentes à inteligência deixam o status quo insustentável. No Iraque, a dependência exagerada em dados de inteligência e a carência de relatórios diplomáticos permitiram que membros do governo Bush tomassem decisões com impunidade. Eles alegaram que dados altamente sigilosos de inteligência embasavam sua política, mas não conduziram o processo de integração desses dados em um contexto mais amplo, com outros relatórios. Assim, dados de inteligência que não foram adequadamente confirmados levaram a uma análise desequilibrada e a uma decisão desastrosa.

Os EUA fecharam a embaixada em Bagdá e cortaram laços diplomáticos com o Iraque em 1991. Nos 12 anos seguintes, o governo norte-americano operou em um vácuo de informação cada vez mais nocivo. A incapacidade de complementar seus dados de inteligência com relatos diplomáticos levou os políticos a escolherem dados a esmo, fora de um contexto maior. Com o crescimento desse vácuo de informação, também cresceram os erros de percepção e de cálculo de Washington –ao ponto de se lançar em uma guerra custosa. Essa receita comprovada para o desastre tem paralelos alarmantes com a crise do Irã. A única peça que está faltando é o erro de cálculo catastrófico do final.

O congelamento de 30 anos de relações diplomáticas com o Irã produziu um governo norte-americano que desconhece um país vital para seus interesses de segurança nacional, inclusive os de não proliferação, terrorismo, Afeganistão, Iraque, segurança energética e o conflito árabe-israelense.

Ainda assim, as relações diplomáticas são uma via de mão dupla. Como o governo iraniano opera uma Seção de Interesse em Washington, quase certamente teria que aprovar um pedido americano para estabelecer uma presença diplomática similar em Teerã. De outra forma, os líderes do Irã pareceriam ainda mais obstinados, e eles se preocupam com sua imagem internacional, pois querem evitar um consenso mundial maior contra eles.

Durante meu mandato no Departamento de Estado, tentamos duas vezes levar adiante a ideia de enviar diplomatas norte-americanos para Teerã. Tanto o governo Bush quanto o Obama foram contra.

Meus antigos colegas do Departamento de Estado hoje estão montando um quadro de diplomatas focados no Irã, para uma eventual representação diplomática. Ainda assim, a regra dos 10% continua precariamente desequilibrada, porque os EUA estão tentando medir as intenções de um país com o qual têm pouco contato direto –uma situação que raramente adota em outros países.

As coisas não têm que ser assim. As relações diplomáticas não são um presente para a República Islâmica, que vai reforçar um governo que tem cada vez menos apelo popular. Os críticos não precisam ir muito longe em busca de evidências para isso. A diplomacia perspicaz do embaixador Robert Ford na Síria perseguiu firmemente os interesses nacionais norte-americanos, envolvendo-se com o governo sírio enquanto também demonstrava apoio aos manifestantes que defendiam seus direitos universais –uma abordagem comprovadamente mais eficaz do que qualquer quantidade de ameaças ou sanções que Damasco inevitavelmente ignoraria.

Os políticos gostam de opinar sobre política externa, mas eles vêm e vão com os ciclos eleitorais. Os diplomatas de carreira e membros da inteligência muitas vezes ficam para limpar a bagunça que as autoridades eleitas ou nomeados políticos deixam para trás. Nenhuma questão de política externa demonstra esse princípio nocivo melhor do que o Irã. O Executivo e o Legislativo precisam parar de politizar a diplomacia em relação ao Irã e deixar os diplomatas fazerem seu papel. Mais do que novas sanções, é assim que os políticos podem agir verdadeiramente em busca dos interesses de segurança nacional vitais aos EUA.

Fonte: UOL

9 Comentários

  1. Os americanos são muito perigosos, pois nunca pararam de lutar até hoje, desde 1492. É uma guerra atrás da outra, sem trégua. É um povo doente,neurótico de guerra. A hipocrisia é a regra nos EUA. Por outro lado, acredito que a decisão de intervir no OM foi acertada, não pelos interesses dos EUA, que deve ter havido, mas para ajudar o povo dessa região, que vem sendo iludido há anos por reis e ditadores. Não se pode impor uma crença e matar em nome de Deus. Isso vai contra a vontade do Criador. Os judeus também são teocratas. Parece que há um conflito entre religiões no OM, que vai contra a vontade de Deus. Deus não vai interferir na próxima Guerra Mundial, que será nuclear. Os seres humanos é que terão que se acertar. Eu sou o Profeta da Dinamização, por isso estou aqui. A nova crença universal será a Dinamização, em que Deus e a Ciência se unirão. Tenho a fórmula da paz.

  2. É impossivel ciencia e religião chegarem a um acordo!

    Ae gente em alguns post meus comentarios estão sendo bloqueados na mensagem dizia alguma coisa sobre pronx e spam.

    se alguem me der uma ajuda sobre o problema serei muito grato.

  3. Dandolo
    .
    A matriz produtiva da indústria americana está sendo, há décadas, direcionada de produtos de consumo, para produtos bélicos.
    .
    Os presidentes John Kennedy e Johnson já advertiram que a democracia seria subvertida pelo complexo militar-industrial. Empresas que possuem ações na bolsa precisam vender para ter lucros. Guerras precisam serem feitas para que haja consumo.
    Paulatinamente o dinheiro que deveria ser empregado na educação e em projeto sociais, mas que é empregado em armas vai enfraquecendo a malha social da nação.
    Impérios nem sempre desmoronam sob ameaça de inimigos externos. Ás vezes, ocorre pelo incoerências e enfraquecimento que o próprio sistema produziu.

  4. DANOLO VC FALOU ALGO PARECE,NÃO É PARECE É REAL A UM CONFLITO ESPIRITUAL NAQUELA REGIÃO,E ISRAÉL NÃO MAIS SERA ARANCADO DAQUELA TERRA COMO EM OUTRAS EPOCAS,A TERRA É DELES E FOI DADA PELO CRIADOR,SERÃO ABALADOS ATACADOS ESBRANQUECIDOS,POREM TODAS AS NAÇÕES ESTÃO SENDO CONVIDADAS A SUBIREM CONTRA ISRAÉL, É INCRIVEL MAIS O ODIO ARABE POR ISRAÉL É IMENSO, GOGUE , MAGOGUE E OS QUE O QUISEREM SEGUIR ESTÃO CONVOCADOS,MAS SUBIRÃO PARA SUA DESTRUIÇÃO,POIS SERÃO TODOS DESTRUIDOS,DANOLO,ISSO É PROFETICO E VAI SE CUMPRIR O PIOR É QUE ESTA SE CUMPRINDO,QUER CREIAM OU NÃO MAS VAI SE CUMPRIR.

  5. Uma coisa é certa, ce uma guerra generalizada se inciar lá, ela só acabará quando um combatentes estiver completamente aniquilado….
    Quanto á interferencia dos EUA, nos bastidores desse futuro banho de sangue so digo uma coisa:
    Os estados unidos são como uma GIRAFA PESCOÇUDA. Ficam de olho em tudo, pescoçando em todos os cantos, comendo os brotinhos verdes que crescem na copa das árvores. Mas huma hora eles inevitavelmente terão de se esforçar ao máximo para abaixar aquele seu grande pescoço e beber água… e aí meu amigo, vira presa fácil…
    Se os estados unidos entrar nessa guerra, mesmo estando com sede(crise), pode acabar não podendo ajudar israel o suficiente. E se durante a batalha, não aguentar o tranco e abaixar a cabeça para beber água meu amigo….. vem um leão, um tigre ou um urso e abocanha a sua traqueia…. aí ja era…. bem na jugular….

  6. Dhou..onde vc leu isso?!?!Deus ñ é imparcial(Rom.2:11 ),
    deus ñ é burro de destruir os filhos do seu amigo abrão, e descumprir sua palvra dada ao mesmo,palavras suas,logo os Árabes são os filhos de Ismael q e filho de Abraão; logo, o apostolo Paulo, de origem judaíca, disse : Q Israel só “ESPIRITUAL”, e ñ + natural, vide Gal. 3:7,6:16, 29,Rom.2:28,29,Rom.8:15,Atos 15:14Rev.5:9,10(na biblia 3 e verdade absoluta..e tem mt +…

  7. Se a Rússia e a china se mantiverem no “Nâo” nada vai ocorrer, senão será outro crime internacional dos ianks..aliás, estão sem credibilidade mindial, vide o cado as armas do IRAK…mô mentira.Sds.

  8. Ação militar contra o Irã não está descartada, diz Obama
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    “(…)”-Não deixamos nenhuma opção fora da mesa”, declarou o presidente, quando indagado se a ação militar deve ser considerada em algum momento, como alguns candidatos presidenciais republicanos sugeriram.
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    Ele afirmou, porém, que prefere continuar a levantar a pressão internacional sobre o Irã e negociar uma solução “(…)”

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    http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,acao-militar-contra-o-ira-nao-esta-descartada-diz-obama,798454,0.htm

  9. Os EUA criaram a maioria deste homens que agora querem derrubar do poder foi assim com saadam, hosnin mubarak, o iatola khaminei emuitos outros a grande questão do OM não e opovo nem democracia e sim dinehiro pois todos os paises deixaram de receber o dolar como pagamento pelo petrolio estão sendo derrubados do poder pesquisem e vejam se não há uma coencidencia!!

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