Exército Brasileiro apresenta a torreta não tripulada UT30BR

Escrito por Kaiser Konrad

No dia 11 de outubro o Exército Brasileiro apresentou oficialmente seu veículo blindado de transporte médio sobre rodas (VBTP/R) Guarani, equipado com a torreta não tripulada de 30mm UT30BR, de fabricação da AEL Sistemas. O evento foi realizado no Centro de Avaliações do Exército, no Rio de Janeiro (RJ), e teve a presença do ministro da Defesa, Celso Amorim, do comandante do Exército, general Enzo Peri, e de observadores do Exército Argentino.

Com o aumento das operações militares em áreas urbanas e a crescente participação em missões de paz das Nações Unidas, Exércitos de diversos países têm se deparado com a dificuldade no emprego de veículos blindados nessas áreas. Em conflitos na África, Iraque, Afeganistão e no Haiti, pôde-se identificar que os artilheiros que estavam sobre os veículos militares e sua tripulação, poderiam ser alvos fáceis de franco atiradores escondidos sobre lajes e prédios. Da mesma forma, o emprego de forças regulares e a operação de blindados nesses locais, onde geralmente há forte presença de população civil e de não combatentes, fez com que as regras de engajamento se tornassem cada vez mais rigorosas, buscando diminuir os danos colaterais das operações de guerra.

A necessidade da identificação do alvo e do seu engajamento controlado, ao evitar rajadas numa área confinada, foi como as outras, as razões para o desenvolvimento de sistemas especiais, que aumentam a precisão e o poder de fogo dos veículos, garantam a proteção balística a seus operadores enquanto que diminuam eventuais danos não desejados nessas situações.

Para estar preparado para futuras operações com blindados em tais condições, o Exército Brasileiro selecionou e contratou a UT30BR para equipar seu novo veículo Guarani, produzido pela IVECO. O módulo de observação do atirador é um sistema estabilizado de dois eixos que consiste basicamente de uma câmera de visão diurna tipo CCD colorida, uma câmera de visão noturna de imageamento térmico infravermelho (IRT) e telêmetro Laser (LRF). Este sistema de torreta não tripulada é fabricado pela empresa brasileira AEL Sistemas e é o primeiro do tipo em operação na América Latina.

A estação do comandante é um sistema com visão panorâmica n x 360º, protegido por blindagem, estabilizado em dois eixos, contendo uma câmera de visão diurna tipo CCD colorida, uma câmera de visão noturna de imageamento térmico infravermelho (IRT) e que opera independentemente do movimento da torre. O sistema permite que o comandante tenha plena capacidade de assumir o controle, sobrepondo-se ao atirador. A UT30BR inclui dois sistemas de rastreamento automático de alvos; um para o comandante, e o outro para o atirador, oferecendo um sistema no “estado-da-arte” em termos de capacidades operacionais e de tomada de decisão.

O armamento da UT30BR consiste de um canhão de 30mm e uma metralhadora coaxial de 7.62mm. O canhão principal é um ATK Bushmaster Mk.44, com carregamento independente, tendo a possibilidade de realizar tiro simples, automático ou rajadas de cinco disparos. A metralhadora coaxial, certificada de acordo com as especificações padrão OTAN, é uma arma de 7.62mm montada à esquerda do canhão em um reparo ajustável.

O compartimento da munição do canhão vem preparado com 200 projéteis, divididos em dois compartimentos blindados (um de 150 e outro de 50). A munição para a metralhadora, pronta para uso, é armazenada em um compartimento blindado e desmontável, com capacidade para 690 projéteis. A UT30 inclui um sistema de visão eletro-óptica diurna/noturna, estabilizado em dois eixos e com visão panorâmica para o comandante e um sistema de visão eletro-óptica diurna/noturna para o atirador, estabilizado em dois eixos, com telêmetro laser integrado, computador balístico, capacidade de operação hunter-killer e de rastreamento automático de alvos – ATT (Automatic Target Tracking), sistema de detecção de incidência de laser ELAWS-45, além de monitores coloridos tipo LCD militarizados, botoeiras e manoplas multifuncionais. Trata-se de um sistema de controle de tiro completo, estabilizado em dois eixos, eletricamente comandado para os movimentos de elevação e rotação (azimute).

A UT30 permite ao atirador e/ou comandante (somente um membro da tripulação é necessário para operar a UT30BR) controlar, de forma remota, o sistema de armas de dentro do veículo e adquirir alvos terrestres e/ou alvos em grandes altitudes com o veículo estacionado ou em movimento, durante o dia ou à noite, em qualquer condição climática, e a distâncias curtas ou longas. A torre pode ser controlada em giro por nx360° (número de voltas ilimitado) e em elevação de -15° a +60°. O controle de tiro possui um sistema duplo de rastreamento automático de alvos, com o objetivo de melhorar a probabilidade de acerto e o processo de aquisição.

A proteção STANAG 4569 da UT30, Nível 2, garante proteção mecânica e balística de todos os subsistemas da torre. Apresenta blindagem básica com proteção contra tiros de 7,62x51mm AP, a uma distância de 30 metros, em 360° de azimute e de 0° a 30° em elevação, para todos os subsistemas da torre (instrumentos ópticos, cofre de munição, etc). A torre pode ser colocada em uma posição retrátil, o que diminui a altura total do VBTP, facilitando o transporte aéreo, terrestre e marítimo. A altura da torre, em relação à plataforma, na posição retrátil, é de 655mm.

A UT30BR poderá ter provisões para a integração e instalação de sistema de lançamento de mísseis guiados anticarro ATGM (Anti-Tank Guided Missile), equipado com designador laser e integrado no sistema de observação do atirador, telêmetro laser integrado ao sistema de observação panorâmica do comandante, estação de controle remoto (controle total da torre, incluindo movimento e tiro) para operação de dentro ou fora do VBTP. A interface com a plataforma do veículo será projetada de modo a otimizar o ângulo de depressão de tiro.

Fonte:  AEL

36 Comentários

  1. Meio alta de mais, ao meu ver .Poderia ser mais discreta ou protegida .Qualquer disparo contra aquela correia de munição e o mecanismo já pode dar problema ou até um vento forte com areia pode complicar todo o funcionamento .

  2. Ao invés de se adiquirir o Gepard o exército deveria colocar uma versão otimizada da UT30BR inclusive c/ 2 canhões e misseis (manpads de preferência versão nacional) aproveitando um chassis dos próprios Leopard.

  3. Postei, anteriormente, que esta torre era inadequada para o Guarani e agora, sabendo que a blindagem é apenas para 7.62mm perfurante tenho a mais absoluta certeza de que é um absurdo. Não sei quanto, mas com a mais absoluta certeza alguém ta recebendo bola. Este canhão é para enfrentar outros VBTPs, todos armados com 12.7 (amamento padrão de VBTPs em campos de batalhas, salvo urbanos em contra-insurjencia israelense). Adivinha para que servirá a blindagem da torre?… Com a altura do VBTP e da torre qualquer artilheiro de bazoouka ou canhão sem recuo vai emboscar estes veículos a distancia. Analise o equipamento e o perfil de um combate em Gaza ou contra os palestinos e verá que é ótimo… Transporte para a Amazônia, Pantanal, Caatinga, Pampas ou qualquer dos nossos cenários e verá que a taxa de sobrevivência deste veículo e da torre vão cair drásticamente. []´s

  4. Eu também acho marcelo. e uma .50 não é difícil de um pequeno grupo levar consigo. O Brasil precisa investir pesado em blindagem. Nanotecnologia pra isto. Minimizar o peso aumentando a eficiência da mesma.
    Mas tem é que dar graças a Deus de estarem fazendo algo. Trocentos anos de descaso, não tem como resolver o abismo com as referências bélicas modernas atuais assim tão rápido. Mas também, Para 2050 o P de modernizaçao das forças, é porque o Brasil não confia mesmo no seu taco. Ou já está acordado alguma coisa com os ‘gringos’. E enquanto isto… tem de ter saídas mais baratas. Dilma está entregando a defesa do país para a ONU! Onde ja se viu isto?.. Logo a mafiosa mundial.

  5. Gostei da torreta, mas o Guarani me parece frágil para atuar junto aos Carros de Combate. Temos de desenvolver um IFV , mais pesado.

    []’s

  6. Eu já disse isso algumas vezes mas vou repetir sob pena de ser considerado ranzinza.
    O único fator de sobrevivência de um veículo de combate não é sua blindagem.
    Há de se ter em mente sua mobilidade, discrição, consciência situacional, poder de fogo, contr- medidas (ex: cortina de fumaça, lançador de granadas fumígenas, et).
    Sem falar que a blindagem é modular e pode ser acrescida de placas adicionais, inclusive de blindagem reativa, gaiola, etc, ou de sistemas de proteção ativos, muito em voga hoje em dia.
    Quando se fala que uma blindagem é capaz de deter um projétil perfurante de 7,62 mm, padrão OTAN, não quer dizer que ela não possa deter uma “ponto 50”, disparada por exemplo a 1500 m. Talvez não o faça a curta distância, mas pode fazê-lo a grande ou média distância.
    Para que uma ponto 50 ou um canhão de 20 ou 25 mm possa se aproximar a ponto de neutralizar o Guarani, ele se colocará dentro do alcance de seu canhão de 30 mm e também se colocará em risco de ser neutralizado (destruído).
    Todos os veículos de combate de infantaria ou veículos de transporte de pessoal hoje em dia adotam blindagem similar.
    Os únicos veículos que suportam projéteis de canhões (20 mm para cima) são os carros de combate (MBT), que em geral pesam mais de 40 toneladas.
    A blindagem é apenas um componente do complexo sistema que compõe um veículo de combate, que em geral fica vulnerável à infantaria desmontada e a fragmentos de projéteis que explodem nas proximidades.
    Uma “ponto 50”, tem que se aproximar, e nisso se expõe e se torna alvo de contra-ataque da torreta que incorpora um alto nível de sofisticação na detecção e aquisição dos mais diversos alvos no campo de batalha, em 360º, inclusive podendo disparar contra um alvo enquanto o comandante procura novas ameaças com um sensor independente.
    Quanto à sua blindagem não ser inclinada, ela não precisa ser para deter munição 7,62, e em relação a munição mais pesada, o Guarani contará com outros recursos que antes não estavam disponíveis, fazendo com que a blindagem fosse o principal componente para a sobrevivência do veículo.
    No Guarani é diferente.

  7. Só to achando essa blindagem da torre pequena de mais. qualquer arma de calibre um pouco maior como a de um helicoptero de ataque vai inutilizala. Não só a torre como o blindado devia ter uma blindagem maior, se possivel com blindagem reativa pra resistir ate a misseis.

  8. E nunca é demais lembrar que esse veículo não irá operar sozinho, e sim junto co outros Guaranis, com a infantaria desmontada, carros de combate, Gepards (???), etc, com apoio de fogo de canhões e morteiros e provavelmente helicópteros e caças/aviões de ataque.
    Todos apoiando-se mutuamente e cada um cobrindo o outro.

  9. querem testar?leva no Afghnistao e coloca a prova. quantas vezes os americanos ja mexeram no design do Hummer. Ate mesmo quase todas as viaturas tiveram que ser modificadas ua vez que os Iraqis estavam fazendo sabao delas no comeco da guerra do Iraq.
    So queria saber quem vai testar no Afghanistao.

  10. So to achando essa blindagem fraquinha de mais. Vamos investir neste ponto. E ja que so tem um canhao, Vamos colocar alguns misseis de suporte da MECATRON…. seria otimo…

  11. Muito bom equipamento, israelense em cima de um carro italiano…

    Rest In Peace – Ares – REMAX – LAAD 2009

    Viva para sempre na memória dos patriotas engenheiros do CTEX que bravamente a projetaram e desenvolveram.
    Morta pelos políticos e generais não tão patriotas assim…

    Segue o barco…

  12. Agora sim, temos um blindado sobre rodas para combater a bandidagem nos Morros do Rio – quanto ao uso em situação de guerra tera que ser testado como foi o cascavel da EE, engesa.

  13. .
    .
    Adaptar no ST não sei… mas pensei que nossos engenheiros poderiam adapta-los nos Helis EC-725 ou outro para proteçào e apoio de fogo aereo… pode ser viagem, mas na 2° GM a melhor arma era a adaptação de coisas loucas em veículos normais… o canhão 88mm é um exemplo, nasceu anti-aéreo e virou canhão de carro armado!!
    .
    Valeu!!

  14. Não foi ranzinza Bosco! Heuheh. Foi 100% sensato, respondeu a muitas questões. A blindagem, acabo por lembrá-la dela como única proteção em combate, quando não é verdade como sabiamente expos.

  15. Achei fraco de blindagem.
    Mas será um projeto coroado de exito como o avião Tucano e o ASTROS II.
    Bosco
    É isso mesmo, pois uma arma é para funcionar dentro de um sistema de combate.

  16. Caro Orlov a Ares foi COMPRADA pelos israelenses da AEL e os políticos e generais brasileiros só assistiram o barco indo para o brejo…
    Por causa disso a torre em cima do Guarani é israelense.

    Resultado a torre REMAX não mais existe pois a empresa que por anos colaborou com o CTEx e o EB e que por anos recebeu a transferência de tecnologia e desenvolveria a sua fabricação industrial agora é uma subsidiária israelense que “prefere” importar seu modelo pronto da terra prometida.

    Os israelenses da AEL SABIAM que o projeto do Guarani previa o uso de uma torre deste tipo e simplesmente adiantaram-se e com a OMISSÃO do governo brasileiro COMPRARAM a concorrência nacional e ficaram com a encomenda do Guarani. Afinal são mais de 2.000 carros em 10 anos…

    Culpa NOSSA e dos brasileiros ex-donos da ARES que venderam-se por ganância e/ou porque viram que nossos políticos/generais não importavam-se ou não são confiáveis… Sabe se lá…

    IMAGINO o que deve doer na alma dos técnicos e engenheiros militares brasileiros que desenvolveram a REMAX ver esta torreta israelense sobre o Guarani…

    🙁

  17. Bosco… O problema da combinação Torre/blindagem/blindado é que temos um blindado leve, com armamento pesado e perfil alto. Com uma torre tão alta, todo mundo sabe que ele está chegando, arma emboscada com 12,7mm perfurante a 500 metros e é um abraço para a torre antes mesmo que possa ser usada. Não é uma .50 em um veículo ou outro blindado, é uma emboscada, é um rifle anti-material. O Guarani com uma torre como esta é vulnerável demais e o armamento não pode ser usado em combates urbanos de imposição da paz (assim como as .50) por seu risco de danos colaterais. Não é interessante ou útil para o EB em qualquer das doutrinas existentes (conhecidas) no momento.[]´s

  18. Caramba, o braz falou uma coisa fogo. Em combate urbano que até sensores modernos não são tão eficientes… isto aqui: “arma emboscada com 12,7mm perfurante a 500 metros e é um abraço para a torre antes mesmo que possa ser usada” achei fogo, e foi literalmente também. =0 Deve ser por isto que os europeus estão com blindados de 8 rodas e motores mais potentes, pois suportam maior blindagem. Mas se o exército optou pelo o de 6, deve ter algum motivo louvável, não é possível!..

  19. Braz,
    Um franco atirador armado com um rifle antimaterial é realmente um grande problema, mas não só para o Guarani e sim para todos os veículos de combate existentes.
    Só tem um problema, uma .50 para ser eficiente contra essa blindagem não pode ser disparado a 2,5 km, há de se chegar mais perto, e nisso o sniper se torna cada vez mais vulnerável à escolta à pé do veículo.
    Sem falar que se for percebido o mesmo ser alvo de uma rajada de um canhão de 30 mm.
    Provavelmente esse canhão pode vir a ser dotado de munição que explode no ar baseado na telemetria laser, o que iria aumentar as chances do atirador ser atingido.
    O perfil alto é até interessante em guerra urbana, onde há vários “acidentes” no terreno que possibilitam o ocultamento do veículo mantendo os sensores à mostra.
    Em guerra campal é que se fazia grande alusão a que veículos de combate tivessem “silhueta baixa”.
    Mas é questão de opinião e eu aceito sua posição.
    Eu acho o Guarani uma arma fantástica e em estado da arte.
    Eu desconheço algum veículo de transporte de pessoal ou de combate de infantaria que tenha blindagem superior.
    Se na torreta puder ser integrado um míssil como o MSS-1.2 (em alguns veículos) ou outro, nem vejo necessidade de uma versão com canhão de 90 mm.

  20. Cada vez mais os carros e viaturas de combate substituem ferro por chumbo, ou seja reduzem o peso da blindagem, e aumentam a capacidade de autodefesa com a introdução de sistemas inteligentes como o Troph israelense (entre outros) capazes de reagir a um ataque de RPG ou mísseis com o disparo de canhões ou metralhadoras(chumbo).
    Ou seja detectores de ameaças, posteriormente acionam sistemas de contraataque para a sua defesa e destruição dos artefatos inimigos.
    Muito bem lembrado pelo Bosco está a questão da modularidade da blindagem, se assim o desejar o veículo pode receber blindagens externas, nem sempre úteis em deteriminadas situações, desjáveis em outras.
    Pesa também a questão da aerotransportabilidade pelo fato do veículo ser “leve”, mobilidade.
    Sobre a “fraca” blindagem da torre, lembre-se, ela é desabitada, não requer proteção pesada. além do mais, acima destes calibres os adversários utilizariam RPGs, Misseis e outras armas de munições perfurantes ou cargas em tandem as quais não são paradas por nenhuma outra blindagem, portanto descartáveis neste caso. O grande feito está na torre desabitada, a proteção principal fica no veículo.
    em que pese as versões do Guarani, haverá um 8×8 com canhão de 105mm.
    As armas podem não ser as melhores, mas estão no patamar de estado de artee e não perdem para os modernos sistemas hoje em desenvolvimento
    sds
    E.M.Pinto

  21. Sobre CC e Blindagens,eu entendo, pois sou um cientista, embora não tivesse a oportunidade de desenvolver no Brasil, cetenas de projetos futurísticos que tenho em mente. Sobre blindagem, eu diria: Hoje, no mundo, há as blindagens compostas, 3 x mais resistentes que o aço. Elas são as solução ? Não são nem para coletes à prova de bala. Não vou dizer aqui como perfurar um colete à prova de balas com tiro de .22, para não destruir esse produto. Tiros de fuzil 7,62 mm podem perfurar meio metro de blindagem ? Sim, dependendo como será utilizado, e de sua velocidade. Mas essa é outra estória. Eu bolei alguns tipos de blindagens, cuja finalidade é neutralizar a energia cinética de todos os projéteis, dissipando tal energia. Até de uma explosão, creio que seja possível. Entrei para a Academia Militar aos 18 anos de idade, e aos 19 anos, no segundo ano, eu disse para o instrutor de lança-rojão – Eu neutralizo o efeito da carga-oca (Efeito de Monroe). O tenente instrutor e os colegas olharam para a minha cara surpresos. Como, perguntaram. É só colocar uma chapa de aço perfurada a 30 cm de distância da blindagem principal. Os oficiais instrutores da AMAN não foram feitos para criar, mas para aprender a usar os armamentos contra os inimigos. Depois eu fui para o curso de Material Bélico, pois tinha pendor para a área tecnológica. Ao visitarmos o projeto CC Tamoyo (um carro de combate brasileiro, desenvolvido pela empresa Bernardini em parceria com o Centro Tecnológico do Exército), eu disse para o engenheiro – Coloquem uma chapa perfurada de sacrifício, na lateral do veículo, para neutralizar a carga-oca, e parece que eles colocaram, mas não perfurada (não era um bom engenheiro). Na verdade, a blindagem gaiola é o que eu disse em 1972. É tão óbvia, que acredito que já tenha sido desenvolvida na IGM, mas que caiu no esquecimento.

  22. (continuando) Como Cadete, pensei também na Blindagem Reativa; estava registrada no meu pequeno arquivo de invenções (umas 350, se não me engano). Já havia bolado o mecanismo do fuzil alemão com ferrolho circular, entre outros. Tinha projetado um novo motor rotativo, um economizador de gasolina excelente,e uma ferramenta inédita. Os meus colegas na AMAN viviam memorizando para tirar nota alta, e eu lendo livros e revistas técnicas, e montando protótipos de mecânica e eletrônica nas oficinas, mas sempre gostei de estudar, mas sem memorizar. A memorização emburrece as pessoas, por isso deveria ser proibida nas nossas escolas,e principalmente dentro das Forças Armadas.
    Sofri muito por causa disso, mas era o meu pendor. Poderia estar entre os primeiros colocados da AMAN ? Sim, mas não me interessava, pois teria que passar todo o meu tempo memorizando (decoreba pura), para poder tirar uma nota acima de 8. Estava satisfeito tirando o meu 5, 6 e 7, mas fazendo o que mais gostava. Na tropa, tentei fazer alguma coisa em matéria de patentes e invenções, mas não tinha tempo e nem dinheiro. Entrei com 3 pedidos de patentes, mas não tive condições de acompanhá-las. Em 1976 tentei fabricar um fusca semi-elétrico, mas esse projeto parou, pois fui transferido para o RJ. Cursei Análise de Sistemas e Adm de Empresas em uma faculdade, pois os computadores me fascinavam. Depois, surgiram os micros, e todo o meu tempo passava em cima deles. Trabalhei em projetos de simuladores e pequenos jogos de guerra em computador, e de tiro com raio laser assistido por computador, inéditos nessa época. Não foi adiante, por falta de recursos e interesse dos chefes. É muito complicado trabalhar dentro das Forças Armadas, pois cada militar deseja aparecer, para poder ser promovido, e o sistema de avaliação vai depender de quem está lá em cima e da mentalidade de seus chefes imediatos. Se eles gostarem do que você faz, lhe dá MB, se não, lhe dá R. Vai depender dos interesses e discernimento do seu chefe. Um faz, e o outro destrói, e não há quase nenhuma mentalidade de pesquisa dentro do Exército, pela minha visão. Há alguns casos pontuais, mas de um modo geral, não se valoriza a intuição e a criatividade.

  23. Correndo o risco de ser ranzinza vou concordar com o Bosco, mas se a turma deseja um carro de transporte armado com um canhão 155 mm e pesando 100 toneladas fazer o que?
    sds Bosco ótimo comentário

  24. Vamos falar sobre a blindagem. Como capitão, intui uma blindagem bastante interessante, que neutralizava tanto a carga-oca, como a munição flecha e munições perfurantes, do tipo .50 e 20/30/ 40 mm. Poderá ser utilizada como sobre-blindagem, pois é leve. Em 2001 fui para a reserva, e comecei a realmente ter tempo para pesquisar, em todas as áreas do conhecimento humano. Eletrônica, Mecânica, Física, Química, Biologia, Astronomia, etc. Foi estudar a fundo as Teorias de Einstein, e cheguei a conclusão de que ele foi um grande enrolão. Comecei a ler os livros de física, e percebi que boa parte das teorias precisam ser refeitas. A nossa Física precisa duma reformulação geral. Há 4 ou 5 anos, tive um insight e vi na minha mente a blindagem perfeita. Eu a chamei de Blindagem Inteligente. É algo realmente fora de série. É como se eu pegasse qualquer tipo de material e aumentasse a sua resistência ao impacto em até 5000 x. Por exemplo: 1 mm de aço, equivaleria a 5000 mm = 5 metros.
    Essa blindagem, eu pensei em utilizá-la na Nave 1/3 C, para segurar os impactos das micro-partículas espaciais.

  25. E.M.Pinto, na minha opinião, o Guarani foi dinheiro jogado fora. Se tivessem me chamado, hoje teríamos o blindado mais avançado do mundo. Ele iria ser plagiado por todos os países, mas pelo menos teríamos prestígio, pois o Brasil nunca fez algo inédito, de 1960 para cá, pelo que eu me lembre.

Comentários não permitidos.