Será que o bloco terá a mesma perspectiva americana de 1947?
Para muitos, a História sempre se repete. E muitas vezes de forma triste. A atual crise financeira e econômica que ataca o mundo, e principalmente corrói a Europa, é muito preocupante, pois traz ao mundo um conjunto de incertezas em relação a investimentos de longo prazo e à solidez do processo de desenvolvimento mundial.
O BRICS – bloco Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – tem uma missão muito importante no desenlace desta crise, pois além de mercados potenciais para o desenvolvimento comercial do mundo, os mesmos hoje concentram riquezas necessárias para uma nova recuperação mundial, claro que em um momento histórico distinto de outras épocas, o grupo tem força para organizar um novo movimento estratégico em prol da economia internacional, mas claro considerando ressalvas de princípios econômicos e estratégicos de cada país, principalmente quando falamos de China e toda sua política de comércio internacional, e também suas estruturas cambiais.
A nova cúpula do G-20 que se reúne agora em novembro tem a grande missão de estabelecer as novas formas de financiamento e dissolução desta crise internacional, e o BRICS neste momento tem um papel fundamental, pois a própria pressão do bloco junto ao FMI traz um alento no processo de desenvolvimento econômico, considerando a força econômica que os países têm demonstrado em todo o período de crise.
No pós-Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos deram sua contribuição (claro que discutidas as vertentes) através do Plano Marshall para reconstrução de uma Europa toda destruída pela mazela da guerra. Além da reconstrução estrutural, a reconstrução econômica foi de fundamental importância, para equilibrar inclusive o processo econômico mundial e também o fomento das novas rotas de comércio e desenvolvimento.
Neste ponto o BRICS se coloca como um novo Plano Marshall do século 21? O bloco é convidado a ampliar sua participação no FMI para a recuperação da economia europeia, mas será que o bloco terá a mesma perspectiva americana de 1947?
Claro que não devemos nos ater a comparações, mas que de fato é importante enaltecer o grande valor que o BRICS hoje tem na economia mundial, e do mesmo modo, o impacto da crise atrapalha o desenvolvimento dos países do bloco.
O problema são os riscos inerentes para os países, principalmente na segurança do capital aplicado, minimizando os efeitos de uma nova crise, a questão de interdependência, e também a segurança de contrapartida na manutenção das rotas comerciais. Brasil e África do Sul podem ter um impacto maior, considerando o nível de desenvolvimento econômico recente, mas o principio de pensamento em bloco fortalece o conjunto, e favorece o desenvolvimento de um novo resgate europeu. Mas fica uma nova pergunta: até quando o mundo suportará novos Planos Marshall?
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