Unasul debate ‘FMI regional’, e Brasil se opõe a Venezuela e Equador

Crise econômica global acelera discussão na União Sul-Americana de Nações sobre instituição financeira regional para auxiliar país em crise sem ortodoxia do FMI. Brasil defende ampliar fundo já existente, enquanto Venezuela e Equador desejam criar um super organismo. Não há prazo para discussão ser concluída.

André Barrocal

O sonho do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de ter no Banco do Sul uma opção continental ao FMI não vingou, mas o debate sobre uma instituição regional que possa socorrer país em crise financeira está vivo na União Sul-Americana de Nações (Unasul). A discussão no bloco ganhou fôlego este ano, depois da instalação do conselho de ministros da Fazenda e de duas reuniões recentes sobre a crise econômica global.

Hoje, há duas propostas na mesa – uma brasileira, outra de Venezuela e Equador –, as quais se distinguem basicamente por suas ambições.

O Brasil defende aproveitar um organismo que já existe, o Fundo Latino Americano de Reservas (FLAR), abri-lo para novos sócios e capitalizá-lo. Criado em 1978 para ajudar gerir as reservas de dólares dos sócios e apoiar o que estiver com problemas financeiros, o fundo tem sete membros – Venezuela, Uruguai, Peru, Equador, Costa Rica, Colômbia e Bolívia – e US$ 2,3 bilhões em caixa.

Na proposta brasileira, o país entraria no FLAR junto com Argentina, Paraguai e Chile, que fariam aporte equivalente ao caixa atual, dobrando o fundo de tamanho. “Manter a região como uma região estável [financeiramente] tem um valor importante para o Brasil”, disse à Carta Maior o secretário de Assuntos Internacionais do ministério da Fazenda, Carlos Cozendey, ao justificar por que o assunto interessa ao Brasil.

Já equatorianos e venezuelanos sonham mais alto. Defendem criar uma super entidade, com volume de recursos e poderes bem maiores do que FLAR ampliado proposto pelo Brasil. Gostariam de uma gestão coletiva de todas as reservas de dólares sul-americanas – só Brasil e Argentina têm mais de US$ 400 bilhões. Imaginam, até, que a instituição poderia dar origem, no futuro, a uma moeda continental, que permitiria aos países não precisar mais de dólar, ao menos em transações regionais.

O motivo? “Eliminar a intermediação dos Estados Unidos”, disse Pedro Páez Pérez, que dirige comissão ligada ao presidente do Equador, Rafael Correa, e que discute uma nova arquitetura financeira na América do Sul.

Segundo Pérez, que esteve no Brasil há duas semanas participando de seminários sobre a crise internacional, esse grande “FMI regional” teria hoje pelo menos US$ 720 bilhões (metade do Brasil) e poderia proteger, de fato, o continente e fazer frente ao ‘FMI original’.

Apesar de o assunto ter ganho corpo na Unasul recentemente e fazer parte do plano de trabalho do conselho de ministros da Fazenda do organismo, não há perspectiva de prazo para que seja tomada uma decisão.

Fonte: cartamaior

33 Comentários

  1. Quem deixaria seu dinheiro nas mãos de Hugo Chavez, Rafael Correa, Cristina Kirchner etc.? Você deixaria?
    A proposição do Brasil é interessante, dá folego ao FLAR, não aumenta riscos, cria uma reserva interessante de US$ 4.6Bi, não cria um conflito político com o FMI.
    Certamente seriam previstos mecanismos de novos aportes etc.
    Lembrem-se da finalidade desse tipo de reserva – solução de problemas conjunturais.
    A Venezuela e o Equador querem um fato político e um banco de fomento. Ora, para isso já existe o BID, o próprio BNDES.
    Não há por quê pulverizar recursos, que o Brasil pode utilizar melhor de outras maneiras.
    E mesmo para problemas conjunturais, além do FMI o BID e o Banco Mundial têm tranches para esses casos.

  2. Não acredito que haja maturidade suficiente, ainda, para uma super união como quer Venezuela e Equador, mesmo por que, quem tem o dinheiro mesmo está com a agenda repleta.
    Até entendo que Venezuela e Equador, vendo o Brasil abrir o cofre para ajudar na Europa queiram essa dinheiro aqui na América do Sul, é o lado positivo.
    Os mais inteligentes perceberam que vai entrar dinheiro em caixa no Brasil, querem sua carinha.

  3. A posição do Brasil é a melhor, e acredito que por ser a potência regional, a sua proposta vai ser a mais aceita (isso se o Brasil não se fazer de pequeno como faz as vezes perto dos vizinhos). FMI é uma máquina de destruir países dos EUA e submissa das grandes corporações, cuja economia é maior que da maioria dos países de hoje em dia.

  4. kkkk,o Brasil dá a maior parte dos recursos desse fundo!,está na cara que isso não vai dar em nada,seria melhor algo tipo o BNDES,e não essa loucura o Brasil não vai entrar nessa e nem a Argentina,Chile muito menos,melhor seria cada país dar uma contribuição tipo 1 bilhão de Dólares,isso já seria ótimo e esses recursos seriam aplicados em atividades produtivas.

  5. Acho a proposta brasileira muito boa, me parece mais sensata.
    Mas não se esqueçam… paises foram invadidos muito mais pelo fato de querer abandonar o dolar do que pelo proprio petroleo que possuiram….

  6. Salve meu amigo Blue Eyes,obrigado pelo poema,fica tranquilo amigo gosto de vc e considero vc um amigo do Blog,apesar das nossas visões contraditórias…rsrs mas fica o respeito.

  7. Parabéns à Presidente Dilma. Se ainda estivéssemos nos tempos do nosso ex-líder, guia dos povos e sol da humanidade, certamente teríamos endossado os delírios da corja bolivariana.
    .
    Só para descontrair: O que Hugo Chávez disse ao Megalonanico? “Já pra casinha!”

  8. o que o governo brasileiro escolher eu aprovo pois ja que temos participaçao no fmi verdadeiro nao seria ruim fazer um so para nos irmaos latinos coisa nossa de familia controlada pelo irmao mais velho que e o brasil mas se o governo decidir ficar so com aquele fmi que tem aqueles europesu e etc e tal junto tudo bem tambem suavi na nave

  9. Torço muito pelo sucesso da Unasul, mas acho que essa proposta venezuelana não pode prosperar, muito menos se pensar em uma moeda única – veja o exemplo europeu, num futuro distante – tipo 70 anos, quem sabe.

  10. O UNASUL deveria era criar um CARTEL de COMMODITIES (Petróleo, Gás, Soja, Café, Trigo, Laranja, Carne de Frango Boi e Porco, Cobre, Nióbio, Lítio, Ferro, Açúcar, Metanol…)



  11. ja nao gosto desta unaMeldas… e agora essa..

    devemos ter duas-caras…neste jogo… como os membros assim o fazem… e deixar que fiquem eternamente esperando …

  12. Isso de Chaves e Corrêa é coisa de politicagem. Esta certo que devemos nos proteger da economia estadunidense e européia pois eles entraram em um ciclo de endividamento, mas esse negócio de se isolar vai criar dívidas e desfalques aqui no sul tamben.

  13. Bem,suponho que o benevolente socorredor de cadentes seja as custas do contribuinte Brasileiro ja que essa RATAZANAS compactua e a corja gananciosa empresarial que a sustenta e da governabilidade endossa…O DINHEIRO DO CONTRIBUINTE BRASILEIRO NÃO É CAPIM E MUITO MENOS ESTERCO PORA ADUBAR AS HORTAS DELES…CAMPANHA 2012 A PROFECIA DO COMEÇO DO FIM,DEPURAÇÃO GERAL NO SISTEMA E MORALIZAÇÃO….ps:Moralizar e depurar este sistema imundo é a meta mas estejamos atentos tambem aos oportunistas que espreitam a convulsão da indignação insuflando a desordem para terem embasamento e assim abocanharem o filé pois a intenção tambem é gastronomica afinal de contas o Brasil é visto por muitos apenas como a abundante cabritinha onde todos buscam MAMAREM…MAMEM NO JUMENTO.

  14. parabéns meu Brasil..essa onda de ser o “pai da rua” não é uma boa para os esfolados contribuinte brasileiro!
    .
    Deixa essa para o maluco beleza….o bambam do petróleo.

  15. Isso é roubada e canoa furada para o Brasil!!!…temos que investir no comercio em moedas locais entre os BRICS! Para financiar nossos projetos, já temos o BNDES. Nossos “hermanos” da Unasul que criem seu próprio fundo comum. Sem mais.

  16. Isso tá acontecendo porque o Brasil é omisso em exercer seu protagonismo; esses paises precisam de recursos pra se desenvolverem e gerarem empregos pra seu povo, só assim se sai da miséria, então o Brasil deve financiar lá, diretamente, aquelas empresas complementar a nossa, ou então, construir um modelo de produçao conjunta, interdepende, pra que possamos caminhar juntos! Senão os estrangeiros virão e dominarão a região e nós vamos ficar de touca nessa! A China já tá chegando na Argentina no Paraguay; essa história de protagonismo de manchetes não dá certo, ou tomamos uma atitude e dizemos essa região do mundo é nossa ou o caminho é dar as costas e mandar as favas mercosul, unasul e tudo mais; tão pouco pode ser chamado de lider ou potencia quem se omite ou espera Deus e a gravidade pra resolver seus problemas! O desenvolvimento da america do sul e da africa é algo que devemos tomar como problema nosso se quisermos ser lider dessa região!

  17. O fato é que os 350 bi U$ que temos no caixa é mera ilusão, porque só serve de ancora para as relações de troca das transnacionais aqui no Brasil, em favor dos interesses hegemocinos de sempre, o seja, americano e europeu; no momento que começarmos a usar esse dinheiro pro nossos interesses legitimos acenderá aquela luz da desconfiança e todo o castelo cai; por isso que os sul americanos e africanos são importantes pra nós, podemos estabelecer com eles relaçoes de troca em moedas alternativas conferindo efetiva soberania ao nosso mercado e as relaçoes entre os paises do sul nos libertando das amarras e dependencia do hemisferio norte, que resultaria em escalas de produção que poderia superar a China a Europa e o propio EUA; agora, falta protagonismo de Estadista, que não temos!

  18. Sinceramente eu sou um amante deste site, mas junta cada um nesses comentários que tá loco.

    Gustavo G, excelente observação!

    Certamente o Brasil deseja criar um fundo próprio completamente desvencilhado do FMI, não o fazem pois sabem que isso levaria a uma conflito com os americanos.
    Como o Gustavo disse, a recusa do dollar como padrão, hoje é motivo da invasão e bombardeamento do país.
    Saddam foi o primeiro, Kadhafi foi o segundo.

    A guerra é econômica com viés de desdobramentos militares.

    Mas também penso que seria o declínio absoluto dos EUA mostrarem postura hostil a nós mundialmente.

    Acho que só conseguiriam algo contra Hugo Chavez, seja como for o governo Brasileiro vai sempre passar longe das possibilidades de conflito com americanos.

    Já é um milagre o Brasil se mostrar contrário a resoluções de conflito dos americanos no exterior.

  19. COM O EVO MORALES E O SUPER, HIPER, EXTRA, ULTRA PRESIDENTE, SENHOR DOUTOR E EMINENTE PESSOA ” huguito chaves”, num daria certo, certo??? quem iria querere GERENCIAR e ter dominio destes recursos???????????
    Isso mesmo, ehhehehe, tem com certeza brasileiro bonzinho mas….. nem talto né!!!

  20. Caro AJ.
    Correta analise quanto a proposta do Brasil de aumento de sócios e das reservas do já existe Fundo Latino Americano de Reservas (FLAR) com uma Função idêntica ao FMI, de supervisão do sistema financeiro dos países sócios de modo a evitar crises graves da economia dos países sócios ou países membros, ou mesmo se necessários empréstimos e como qualquer empréstimo cobra-se os juros e devolução do principal mais garantias do empréstimo e cumprimento de “carta de intenção” onde consta um programa visando saneamento da economia, mantendo-se assim a governabilidade do país em crise até troca ou não de governo em eleições.
    Esta certo também quando diz que a proposta do Brasil não é para um Banco de Fomento, para empréstimo de empreendimentos como o Faz o BNDS, visando o desenvolvimento econômico.
    Portanto é sim, uma decisão inteligente como diz Tirelees.
    A estabilidade econômica na nossa região com os nossos parceiros do Unasul só tende a nos favorecer política e economicamente dada o poder do Brasil.
    As criticas não tem fundamento pois estão viciadas com ideologia partidárias entre AZUL e VERMELHO E NÃO O QUE É MELHOR PARA O BRASIL.
    A critica quando a ter já um FMI, acho bom lembrarem que a crise na Europa, tem levado a França e Alemanha a tomar decisões o mais independente possível do FMI ou mesmo da ajuda dos países como os BRICS, essa é a intenção deles ( se vão conseguir é outra coisa ).
    O Brasil que busca liderança no América do Sul tem que buscar o mesmo.
    Quanto a Moeda Única para a Região, o presidente do Uruguai – Mujica – declarou na Europa que o exemplo da crise européia de moeda única nos sirva de lição.
    O Que o Brasil tem feito é criar e aperfeiçoar o mecanismo de compensação de saldo de comércio entre Brasil e Argentina sem a utilização do Dólar, pode ser ampliado para nossa America do Sul.
    O mesmo programa esta sendo embrionariamente implanto também com a China e com proposta de ser ampliado para os BRICS.
    SDS

  21. Quando enalteciam a União Européia e esta se espandia ainda diziam que deveriamos fazermos o mesmo aqui né enquanto eu chamava a atenção para uma associação que não iria muito a frente porque são apises e economias diferentes onde apenas alguns arcariam com o onus.Aqui no nosso caso ainda é pior pois so nós que arcaremos com o onus de tudo.Ninguem encherga isso seja por ideologia,euforia de momento ou ilusão de negocios.Depois não chorem na cama que é lugar quente.

  22. Isto mesmo! 1maluquinho.
    É Rothschild Rockefeller na veia mundial! Tá reclamando?! Vai peitar a OTAN/ONU então como fez Líbia, e está fazendo Irã.

  23. Obrigado, Nilo.
    O mecanismo de compensação existente entre Brasil e Argentina já existia na antiga ALADI, sucessora da ALALC. Isto é, valia para toda a América do Sul. Era o Convenio de Créditos Recíprocos-CCR, onde as compensações eram feitas trimestralmente ou quadrimestralmente, e os saldos devedores não quitados eram financiados a juros de mercado.
    Paraguai, Bolívia, Equador, as vezes Uruguai, davam um certo trabalho.
    E hoje?
    Será que a existencia do Mercosul mudou isso?

  24. Caro AJ.
    A resposta é não apesar de no final de 2008, quando o Equador ameaçou deixar de efetuar os pagamentos da dívida por serviço da Odebrecht na construção de uma hidroeletrica – o que se ocorrido afetaria a credibilidade do sistema, que é justamente garantir o pagamento.
    O que dificulta a ampliação do sistema é que cada banco central define a forma da operacionalização do CCR no seu país, podendo restringir, de acordo com suas políticas internas, as garantias, as operações e os instrumentos passíveis de curso.
    Mas veja você a última (que eu saiba he,he,..) notícia sobre o sistema CCR:
    Em 29/05/2009.
    Os presidentes do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, e da Argentina, Martin Redrado, anunciaram hoje (29), em São Paulo, a efetivação de convênio de crédito recíproco no valor de US$ 1,5 bilhão para o financiamento do comércio entre os dois países.

    Segundo Meirelles, o convênio deve “preservar a importância do comércio para ambos os países em um momento de retração do comércio internacional”.

    O termo de ajuste, para ampliar o limite do Convênio de Pagamentos e Crédito Recíproco (CCR) de US$ 120 milhões para US$ 1,5 bilhão, já havia sido assinado em 23 de abril, pelos presidentes dos dois bancos centrais. No entanto, a operação só foi aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, ontem (28).
    No ano passado, em 2010, o CCR movimentou um total de US$ 5,16 bilhões. O sistema continua sendo aperfeiçoando buscando abranger o maior numero de transações possiveis.
    SDS

  25. Criar uma moeda única para transação comercial ? Não há confiabilidade para isso. Se todos os países tivessem a mesma inflação, seria fácil. A não ser que se atualize diariamente as moedas de acordo com os parâmetros inflacionários. O problema, é que a medida da inflação não é confiável.
    Os países poderão ter 2 moedas. Aí daria para bolar algo interessante.

  26. Muito bom saber, Nilo. Valeu.
    Esse é um tema muito rico, que não aparece.
    Volta e meia aparece uma notícia sobre a invenção da roda, mas ela já está inventada há mais de 40 anos.
    Esse tipo de mecanismo é fundamental para a maior integração comercial entre os países participantes e uma mina de ouro para o Brasil.

  27. Deveriamos fazermos como o Chile fez comercializarmos diretamente com nossos interesses sem atrelamentos com invejosos falidos.

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