Acordo com Israel inclui fim do cerco à Faixa de Gaza, diz lider do Hamas

http://marcelokennevicente.files.wordpress.com/2010/06/palestina-israel2.jpgO líder do Hamas na Faixa de Gaza, Mahmoud al Zahar, afirmou em entrevista publicada nesta terça-feira que o acordo para a troca de 1.027 prisioneiros palestinos pelo soldado israelense Gilad Shalit inclui o fim do cerco imposto por Israel à Faixa de Gaza.

O cerco, que impõe fortes restrições à vida dos 1,5 milhão de palestinos residentes no território, foi decretado há mais de dez anos, mas se tornou mais rígido após a captura do soldado israelense Gilad Shalit, em junho de 2006.

Na entrevista, concedida ao jornal israelense Haaretz, Al Zahar diz que, além de incluir o fim ao cerco, o acordo firmado entre Israel e o Hamas também prevê o cancelamento das medidas tomadas pelas autoridades israelenses há alguns meses para endurecer as condições dos prisioneiros palestinos em cadeias israelenses.

O governo israelense ainda não se pronunciou sobre as declarações do líder do Hamas sobre o suposto fim do cerco à Faixa de Gaza.

Na entrevista, Al Zahar afirmou que “depois da libertação de Shalit, Israel não tem mais pretextos para continuar com o cerco à Faixa de Gaza”.

Mudança nas relações

Dias antes da libertação dos prisioneiros, Al Zahar já havia feito um pronunciamento sem precedentes, indicando uma mudança nas relações entre Israel e o Hamas, convidando o governo israelense a “realizar negociações pacificas sobre a libertação dos demais prisioneiros”.

Al Zahar, que já perdeu um filho e vários outros familiares quando o Exército de Israel tentou matá-lo bombardeando sua casa na Faixa de Gaza, é considerado um dos líderes mais radicais do Hamas.

O analista da rádio estatal de Israel Eran Zinger afirmou nesta terça-feira que “nos bastidores provavelmente se configura uma decisão estratégica de Israel de mudar sua atitude em relação ao Hamas”.

O Hamas não reconhece a existência de Israel, cuja posição tradicional em relação à organização militante islâmica é de que se trata de “um grupo terrorista que quer destruir Israel”.

Segundo a reportagem do jornal Haaretz, fontes oficiais israelenses disseram que o acordo de troca de prisioneiros representa uma “mudança” nas relações entre Israel e o grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza.

As fontes oficiais também disseram ao jornal que, após a libertação de Shalit, Israel deverá analisar formas de afrouxar o cerco à Faixa de Gaza, incluindo a permissão à passagem de palestinos para a Cisjordânia (através do território israelense) e à exportação de produtos da Faixa de Gaza para Israel e para o exterior.

Durante o último ano, as autoridades israelenses anunciaram um certo relaxamento do cerco à Faixa de Gaza, permitindo a entrada de uma quantidade maior de mercadorias no território palestino, principalmente alimentos e medicamentos.

Vitória do Hamas

De acordo com Ahmed Tibi, deputado árabe-israelense, o acordo de troca de prisioneiros “representa, sem dúvida, uma vitória do Hamas às custas do Fatah (grupo político rival, que controla a Cisjordânia)”.

Para Tibi, o acordo “envia uma mensagem para os palestinos de que só é possível libertar prisioneiros à força”.

Em entrevista ao canal 1 da TV israelense, Tibi afirmou que durante anos de negociações o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, não conseguiu o que o Hamas obteve com a captura de Shalit.

“Os palestinos recebem a mensagem de que o caminho das negociações não produz resultados”, afirmou o deputado.

Sofrimento

O deputado do Fatah no Parlamento palestino Fayez Saqqa disse à BBC Brasil que “não devemos esquecer que a captura de Shalit causou muito sofrimento à população de Gaza”.

“Independentemente de como foi feito o acordo, fico muito contente com a libertação de mais de mil combatentes pela liberdade palestina”, disse Saqqa. “Mas nós, do Fatah, criticamos a conduta do Hamas”.

“Milhares de palestinos morreram e 1,5 milhão sofreram com o bloqueio depois da captura de Shalit, além de toda a destruição causada pelos ataques israelenses à Faixa de Gaza”, afirmou.

“Capturando Shalit o Hamas deu a Israel um pretexto para agravar a agressão contra nosso povo”, observou.

Para o deputado palestino, o fato de o Hamas e Israel terem escolhido este momento para efetuar a troca de prisioneiros tem relação com o pedido de reconhecimento do Estado Palestino, que o presidente Mahmoud Abbas dirigiu à ONU em setembro.

“O governo israelense ficou isolado diplomaticamente e o Hamas ficou enfraquecido junto à opinião publica palestina e queria se colocar como protagonista na arena internacional”, concluiu Saqqa.

Fonte: BBC Brasil

2 Comentários

  1. >> “O analista da rádio estatal de Israel Eran Zinger afirmou nesta terça-feira que “nos bastidores provavelmente se configura uma decisão estratégica de Israel de mudar sua atitude em relação ao Hamas”.” <<

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    Israel ja esta planejando uma maneira de "nao pegar tao mal" quando arregar para a marinha Turca que vai aportar em Gaza…E como eu disse antes; Israel vai arregar!( so nao sabemos se vai ser de 4, de lado, etc)…So peitam paises e povos muito mais fracos que eles. Ate parece que ficar dando razante com cacas em navio de um membro da OTAN bota medo em alguem…rsrsr. Ve se sionistas tem coragem de fazer isso em navio de guerra??
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    Sem os EUA por tras Israel nao vai fazer e nada quando a Turquia aportar em Gaza! No maximo ficar olhando com cara de bunda…

  2. O cerco ao campo de concentração tranformasdo pelos judeus( sem os dois(2) êsses maiúsculos) ñ será cumprido pelos mesmos, dúvido.Eles nunca cumprem acordos com os |Palestinos , vide os de Oslo. sds.

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