Populismo contra o pragmatismo

Venezuela encara a Rússia como parceiro para a diversificação de sua economia.

O vice primeiro-ministro do governo russo, Ígor Séchin, regressou de uma visita à Venezuela onde vistoriou o andamento das obras da joint venture russo-venezuelana PetroMiranda, estabelecida para a exploração do bloco Junin-6 da faixa petrolífera do Orinoco.

Durante a viagem do governante russo, foram assinados ajustes bilaterais no valor de US$ 8 bilhões, dos quais US$ 4 bilhões são um crédito concedido à Venezuela para a compra de armas russas. Foram também celebrados acordos sobre a cooperação no setor agrícola e bancário e o aumento do capital estatuário do banco russo-venezuelano para US$ 4 bilhões.

Mas o destaque da visita não foi o montante do crédito para a compra de armas russas, mas sim uma nova declaração polêmica do presidente venezuelano. Hugo Chavez propôs ao ministro da Energia russo, Serguêi Chamtko, integrado à comitiva de Ígor Séchin, criar uma aliança de petróleo, similar à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que agrupe quatro ou cinco países líderes mundiais na produção de petróleo, entre os quais a Venezuela e Rússia.

A Rússia não está entre os apoiadores da ideia de um cartel  de petróleo internacional (possuindo um monte de empresas petrolíferas privadas que não são obrigadas a cumprir metas de redução da produção do petróleo), mas a proposta do líder venezuelano pareceu interessante ao governante russo. Serguêi Chmatko concordou com a tese de Chávez de que a Rússia e a Venezuela são duas potências petrolíferas e que delas depende muito o futuro da produção mundial do petróleo.

O presidente venezuelano não avançou mais no tema da criação de um novo cartel petrolífero, observando, contudo, que essa questão exige uma discussão mais profunda e que a criação de um cartel petrolífero não afetará, em nenhuma circunstância, os interesses dos 12 países membros da Opep da qual a Venezuela também faz parte. De qualquer maneira, a proposta do líder venezuelano de criar um “concorrente à Opep” poderá ser acolhida de sobreaviso pelos demais países exportadores do petróleo.

O governo de Hugo Chávez visa diversificar suas relações econômicas internacionais e se livrar da dependência dos EUA, realizando, para isso, intensos esforços diplomáticos tanto dentro quanto fora da OPEP com vistas à fixação de uma política de preços comum e à manutenção dos preços dos hidrocarbonetos no atual patamar elevado. No entanto, a declaração do presidente venezuelano sobre a eventual criação de uma aliança petrolífera estratégica tem também uma conotação política.

Já que a “Revolução Bolivariana” e o “socialismo do século XXI” proclamados por Hugo Chávez têm como fundamento o antiamericanismo, o governo venezuelano procura reforçar suas relações com países capazes de servir de contrapeso aos EUA, entre os quais a Rússia.

Não é difícil supor que a futura aliança agrupará não tanto as maiores potências petrolíferas quanto os aliados e parceiros tradicionais da Venezuela. Isso poderá ter como consequência a deterioração das relações entre os vizinhos da região e aumento da tensão internacional.

A iniciativa de uma aliança petrolífera com a Rússia não passa de uma tentativa da Venezuela de se fazer passar por um ator internacional importante fora da região sul-americana.

A Venezuela sob Chávez conduz uma política externa ativa que já lhe rendeu dividendos sob a forma de aumento de sua  influência na região e no mundo. Todavia, as repetidas escapadas populistas do líder venezuelano provocam a polarização e divisão das alianças e associações internacionais cujos Estados-membros se norteiam pelos princípios do pragmatismo e conveniência econômica.

A própria Venezuela dança na corda bamba entre o populismo e o pragmatismo, combinando, às vezes, seus motivos ideológicos com sua  política econômica. Uma boa ilustração desse fato foi a adesão da Venezuela ao Mercosul como membro associado. Já na cerimônia de adesão, Hugo Chávez disse: “Que o Mercosul morra e nós possamos construir um novo”. Será que a nova iniciativa do presidente venezuelano significa que chegou a hora de construir uma nova OPEP?

De acordo com especialistas da revista Business News, a América Latina detém um terço das reservas mundiais de petróleo pesado, cuja maior parte se encontra na faixa petrolífera do Orinoco, na Venezuela.

Fonte:  Gazeta Russa

12 Comentários

  1. como fundamento o antiamericanismo, o governo venezuelano procura reforçar suas relações com países capazes de servir de contrapeso aos EUA, entre os quais a Rússia.
    .
    Postura Venezuelana e Louvavel.Se tivesemos a coragem que ese Pais tem hoje tariamos longe.

    Longe de que ?

    SIN E NAOS dos Yankes,
    .
    Programa Espacial. hoje ja taria bem melhor .
    .
    Programa Nuclear Brasileiro taria tao bem .
    .
    Poderimos ter Misses de longo alcance sem limete,
    .
    SERIAMOS UM PAIS NAO UMA COLONIA!!!!!
    .

    Indianos e Chineses,
    .
    programa Nuclear desenvolvido!!!!!!
    .
    China ja mando 1 homen ao espaco!!!
    .
    India nao ta muito longe!!!!!
    .
    Misses de longao alcace todas 2 tem !!!!!
    .

    Dizem a hora que querem nao aos Yankes,
    .
    China ja Intimido varias veses a presenca dos Yankes na Asia
    .
    Agora pense o Brasil tivese tomado atitude de Republica
    como estes 2 paise hoje onde tariamos,?????
    .
    Conserteza lhe digo nao tariamos MENDIGANDO coisas
    Pros Yankes!!!!!!.

    Agora PLEASE!!!! NAO ME VENHA COM DESCULPA DE BOI MORTO!!!!!!!!
    .
    De que o Brasil nao e pais serio e que tem corrupicao.
    .
    Entodo Canto tem, pode nao ser anives com ai no Brasil
    mais tem,
    .
    Tomando por exemplo os Yankes ,Politicos mentirosos!!!

    Colocarao EUA desda da guerra do Vietnam ate hoje em guerras
    atras de ROUBA E SE APOSSA DO QUE DOS OUTROS.IRAQ termina o Exemplo. veja QUAO SERIO ELES SAO!!!
    .
    Agora noten no Brasil o politico rouba ne? tem corrupicao ne?.
    .
    Mais nos EUA alem de ROUBO eles Matao,invaden . numero de mortos e nem se compara
    e ainda metem que e pela Paz,
    .
    BUSH&DICK ja matarao mais que Stanley.
    .
    Mais voltando a questao. O desenvolvimento Industrial
    Brasileiro tanto pra fins Belicos e Civis nunca foi
    WELCOME pelo BIG BROTHER DO BRASIL.
    .
    Sabe pq?
    .
    Pq AMERICA E PRA SER DO YANKES na doutrina deles,toda America como
    Colonia,
    .
    Quando vejo Hugo fazendo isso me pergunto como pode o
    Brasil fica nessa,
    .
    Por mais louco que o Hugo seja ele nao tem mendo e nem
    tao pouco ver o pais dele como COLONIA DOS YANKES.
    .
    China e India.Grande Alidos dos Russos vejao onde tao!.
    .
    Brasil GRANDE SUBALTERNO DOS YANKES veja a ONDE TA
    .
    AMERICANO E BONZINHO E SO QUE AJUDA eo que pensa o PATETA
    .
    .
    🙂

  2. Como sempre o Chavez, cheio de boas intensões, mas com pouco jogo de cintura na política internacional, as sua falta de compostura tem lhe rendido muitos desafetos pelo mundo afora.
    Subliminarmente o que o Chavez foi mandar um recado e uma proposta de adesão ao Brasil, pois se o assunto é petróleo, doravante o nosso país tem que participar das discussões e tomadas de grandes decisões. Não há mais como fugir disso.
    Particularmente e sem entrar no mérito, vejo a ideia do Chavez como bastante oportuna, é claro que isso vai gerar uma polêmica a nível mundial, pois imaginem se o Brasil resolve aderir ao grupo, bem como outros países africanos onde recentemente foram encontrados expressivos campos petrolíferos.
    O importante agora é saber o que o consumidor final ganharia com isso, quais as vantagens que teríamos nos produtos derivados de petróleo e mais especificamente nas bombas de gasolina? Com a palavra Hugo Chavez…

  3. Se juntar o PETRÓLEO das NAÇÕES SUL AMERICANAS com o RUSSO dá IGUAL aos RESTO dos PAÍSES do MUNDO. Chávez, mais uma vez, está CORRETÍSSIMO!!

  4. O cruzador Pedro o Grande e outras escoltas da marinha russa, estão vindo para fazer exercícios conjuntos com a marinha venezuelana…

  5. .
    .
    Sou contra carteis… mas… mas… se é pra contrapor o extra poder da OPEP no mundo, aumentando a concorrência dos preços do petróleo no mercado internacional, que bem venha então, melhor que ficar nas mão de um ditador árabe qualquer.
    .
    O interessante é notar que a Venezuela faz parte a OPEP… quer criar outra por que, não está rendendo muito bem por que o Rei Abdullah tem mania de forçar a organização ao alinhamento dos interesses dos USA??
    .
    E o Brasil o que faria, ficaria fora de uma proposta dessa de poder aumentar significativamente seu poder no mundo entrando em um cartel??? Difícil responder, o mais provável é que não dê em nada essa proposta!
    .
    Valeu!!

  6. Hugo chaves é um soldado da resistência, quando ele surgiu assustou muita gente com sua lingua solta e sua coragem, não sabíamos de suas intenções, hoje vejo ele como um louco patriota, mas tem seus motivos.
    A venezuela parou, o mal do petróleo assolou-a, um povo sofredor que não tem direito à sua riqueza e uma elite conformista gordamente acomodada com seu padrão de vida.
    A América do Sul não é o local adequado para desestabilização, pra lá de Grenwich tá melhor.
    Supostas ameças veladas das potências na Amazônia, Malvinas e Venezuela é um jogo acertado para aquecer a indústria de armas. Haja vista os números a começar pela Venezuela, Chile e Brasil.
    Agora no futuro não sei como ficarão as coisas, temos que esperar e nos preparar, só isso. É o que a Venezuela faz.

  7. A Venezuela se encaminha pra ser a India da América do Sul em termos militares, pois já esta sendo apadrinhada pelos russos.
    O Brasil não vai conseguir evitar os efeitos disso.

  8. StadeuR
    Tu disse bem certo em que haverá uma guerra, de principio fria, entre Venezuela Chile Brasil e Colombia que tu esqueceu, para ter o controle da America do Sul.

  9. Hugo Chaves é um malandro oportunista como o Luis Ignacio… discurso e gogó… só mete medo em criancinha… e não é pela feiura… é que é comunista mesmo… rsrsrsr…

  10. Na verdade Adriano não acredito numa guerra entre nós, essa busca de armamentos é uma proteção básica contra países e LIGAS externas, o colega disse em outra página acreditar na anexação do México pelos EUA.
    Todos nós temos territórios suficientemente grandes e ricos em recursos naturais para cuidar, nenhum de nós precisa aumentá-los , significa aumentar os problemas. Também acredito que muito dos nossos países possuem pessoas infiltradas que trabalham nos bastidores do poder para fazer um jogo externo para desagregar e desunir.
    INTERESSES E INVESTIDAS EXTERNAS são nossos PROBLEMAS EM COMUM.Nisso eu acredito , mesmo.
    Ao mesmo tempo sou obrigado a me resignar no sentido que não devemos e não seremos uma ilha ideológicamente marionetada pelas “potências”.
    Independência diplomática, politica, econômica e tecnológica- Esse é o objetivo, andar com as próprias pernas e pensar com a própria cabeça, entende?

Comentários não permitidos.