Mais perto do submarino nuclear

Com parceria francesa, Brasil já inicia produção de nova frota de embarcações. Veículo movido a urânio enriquecido deve estar pronto em 2023

Julio Cabral

Não é de hoje que o Brasil deseja submarinos montados e projetados no país. O primeiro equipamento desse tipo incorporado à Marinha remonta a 1914, mas levou quase 80 anos até que o primeiro navio com capacidade de submergir fosse construído em território nacional. Tratava-se do Tamoio, um IKL-209 de tecnologia alemã, produzido em1993. Agora, passados mais 18 anos, finalmente chegam à superfície os planos de produção de um submarino projetado no país, graças ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) — parceria estratégica entre os governos brasileiro e francês firmada em 2008 e aprovada pelo Senado somente em abril deste ano.

Os franceses dominam a tecnologia de produção de submarinos convencionais e nucleares. A transferência de tecnologia a ser feita diz respeito à classe Scorpène, do estaleiro Direction des Constructions Navales Services (DCNS). O projeto prevê a construção de quatro submarinos convencionais (S-BR), movidos a motores diesel-elétricos, e um nuclear. Todos serão feitos em novo estaleiro da Itaguaí Construções Navais, criada a partir de uma parceria entre a DCNS e a Norberto Odebrecht. O estaleiro e as demais instalações — que incluem uma base naval, a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem) e a planta da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), estatal que fará as seções cilíndricas do casco — ficarão prontos em 2015. O custo total do programa está orçado em 6,7 bilhões de euros, o equivalente a R$ 16 bilhões, quase o triplo estimado para o reequipamento completo da Marinha brasileira.

O primeiro casco começou a ser feito em 16 de julho, mas os submarinos vão para a água de maneira escalada, sendo que o primeiro entrará em serviço em 2015. O último será finalizado em 2025, sendo que a conclusão do navio nuclear está prevista para 2023. Na prática, é o final da novela do submarino nuclear, cujo programa ficou praticamente em hibernação entre 1994 e 2006 e voltou à tona graças a descoberta de novas reservas de petróleo, o pré-sal, o que demandará novas exigências da Marinha.

No passado, o afundamento do cruzador argentino Belgrano, em 2 de maio de 1982, pelo submarino nuclear britânico Conqueror, na Guerra das Malvinas, reforçou a necessidade de o Brasil ter armas desse tipo — foi o único ataque de um submarino do tipo a uma embarcação até hoje. Quatro embarcações parecem pouco, mas, segundo a Marinha, com o parque formado e a nacionalização de componentes, será mais fácil fazer outros submarinos. O programa espera capacitar 140 fornecedores locais, que serão responsáveis por cerca de 20% das peças, o equivalente a 36 mil itens, como quadros elétricos, bombas hidráulicas, sistema de combate e de controle e baterias de grande porte. Contudo, todas as empresas serão escolhidas pelos franceses, em razão da experiência do estaleiro.

Brasileirinhos

Os Scorpènes nacionais serão alongados em relação ao original CM-2000, de 62m, projetado em conjunto com a empresa espanhola Izar. O peso vai até as 2 mil toneladas, contra 1.500 do Scorpène original. A propulsão usa quatro geradores movidos a diesel para recarregar as baterias, responsáveis por entregar a energia usada pelos motores elétricos para impulsionar a embarcação. Submerso, o novo submarino brasileiro (S-BR) chega aos 20 nós, o equivalente a 37km/h, que caem para 22km/h na superfície. Em ritmo de cruzeiro, o alcance chega a 12 mil quilômetros, o que diminui para pouco mais de mil quilômetros em navegação submersa, sendo que a profundidade de operação chega aos 350m. Os Scorpènes ainda podem ficar até 50 dias debaixo da água. A tripulação terá pelo menos 32 homens, contingente pequeno em razão da automação dos sistemas de controle e armas. Para se ter ideia, os antigos submarinos da Classe Oberon exigiam 74 tripulantes. Na América do Sul, o Chile já tem duas embarcações do tipo Scorpène, usadas também por outros países, como a Índia e a Malásia.

Em relação ao Scorpène original, com mais de 100m de comprimento e deslocamento de até 6 mil toneladas, a variante nuclear será amplamente modificada em razão do espaço superior exigido pelo núcleo do reator. No caso, o Scorpène servirá apenas como base para o desenho final. Estratégicos, os submergíveis nucleares fazem parte de poucos arsenais no mundo: apenas de China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia. Surgidos em 1954, quando o norte-americano USS Nautilus foi lançado, os submarinos nucleares são objeto de desejo do Brasil desde 1978, quando também se desenvolveu o programa nuclear nacional. O responsável pela propulsão nuclear do submario é o Centro Tecnológico da Marinha em Iperó, interior paulista, que desenvolve o circuito primário da propulsão, sendo que o combustível (urânio enriquecido) já foi desenvolvido pela instituição.

Ação

Os equipamentos a serem produzidos no Brasil serão de ataque, usados para combater submarinos, embarcações ou outros alvos de superfície. Entre os armamentos, estão seis tubos de torpedos que podem levar 18 torpedos (12 reservas), mísseis antinavio Exocet ou até 30 minas. Toda a manipulação de armas é automatizada. Para diminuir a chance de ser atingido, o casco tem baixo índice de detecção por sonares. A despeito da capacidade de fogo, a dissuasão é o ponto de principal de importância estratégica. A introdução dos S-BRs não tirará os antigos de serviço — quatro submarinos da classe Tupi (IKL-209) e um Tikuna, que ficarão baseados em Itaguaí.

Cada submarino terá aplicações diferentes. Enquanto os convencionais se encarregarão de patrulhar um ponto sempre próximo da costa, o nuclear usará suas vantagens de maior autonomia e capacidade de manter altas velocidades para se deslocar. Algo ideal para a grande extensão de litoral, como destaca a Marinha.

Fonte: Correio Braziliense via Notimp

22 Comentários

  1. Parabéns a MB,
    Alguém sabe me dizer se poderiam ser incorporados aos subs o AV/MT-300?? (sei que o alcance é ridículo, mas seria útil em bombardeios a defesas litorâneas)

  2. “Os equipamentos a serem produzidos no Brasil serão de ataque, usados para combater submarinos, embarcações ou outros alvos de superfície.” Beleza!..
    Vai que carrega também um míssil balístico intercontinental! =b heheh

  3. Outra coisa que quero destacar amigos é a Bateria do submarino,algo de suma importancia e que será transferido tb,cabe lembrar que quando o submarino estiver submerso caladinho no fundo do oceano é a batéria que dá energia necessaria para o sub funcionar e manter seus sistemas e os tripulantes vivos,vamos ter acesso a cada parte do sub,seus sistemas,outra coisa que eu li me parece que o scorpene tem todos os seus equipamentos não presos no casco mais uma tecnologia na qual ficam acho que suspensos para evitar atrido e consequentemente ruidos,só o básico fica preso no casco,fora o acesso aos fontes do subtics.
    Agora espero que a turma dos contra supere essa fase infantil de falar mal da frança e das compras.

  4. .
    .
    Os Franceses são tão ruins e infames que transferem tecnologia de Submarino Nuclear… imagina de um caça que é bem mais simples!!
    .
    Lembrando que o Reator é Nacional, ainda bem!
    .
    Enfim, quem gosta de acreditar em falsidades continue acreditando!!

  5. Os franceses não querem que os EUA dominem o planeta !

    E sabem que apoiando o Brasil eles podem ser recompensados !

    Sabem que o Brasil é amigo e não é invasor nem tem tal pretensão e pode ajudar os interesses comuns da França na Amazõnia !

    Fizeram o mesmo com Israel ajudando com a bomba atõmica e certamente farão com o Brasil

  6. Eu gostaria de fabricar um submarino, que atingisse 6 km de profundidade,e se deslocasse a 600 km / h submerso e a 1000 km / h na superfície.
    Vamos construir um pequeno protótipo ?
    Ele será dotado de um sistema anti-atrito e de uma blindagem de contra-pressão. Propulsão nuclear, mas por jato de vapor.

  7. As empresas brasileiras vão produzir 20% das peças,as 80% restantes vem da França!E o Brasil vai fabricar submarinos?NÃO MESMO ,O BRASIL SÓ VAI MONTAR MAIS UMA TRANQUEIRA FRANCESA.

  8. Ademar vila nova falou tudo…
    Nossos “colegas” comedores de croissaint estão realmente interessados em nos demonstrar respeito e proativismo…
    Temos de nos valorizar mais galera, axei até um milagre não ter vindo ninguem aqui comentar coisas como: “ah duvido, conversa fiada, nada anda nesse pais”.

  9. Ótima pergunta Guuh , essa é minha dúvida também , acho que a Avibrás já deveria está trabalhando numa versão submarino-superfície para equipar os SNBR.
    Também concordo que o alcance é pouco , mas vale lembrar que o míssil SCALP Europeu , tem o mesmo alcance e além do mais com a experiência de emprego dos MT-300 ( nova nomeclatura da Avibrás ), podemos a parti dele , desenvolver uma versão de maior alcance e capacidade .
    Só espero que até lá , já tenhamos nacionalizado ou desenvolvido grande parte dos equipamentos de ( Guerra eletrônica , armas , sensores etc.. ) , equipamentos vitais para independência nacional .
    Parabéns USP /CTMSP/MB

  10. Quero dar os parabens a marinha pela sua dedicação e patriotismo ao nosso PAÍS,afinal esse projeto já se arrasta há mais de 30 anos,enfrentando descaso de governos e contingenciamento de recursos.Quando o mesmo estiver pronto o BRASIL poderá patrulhar com facilidade toda a amazonia azul e pre-sal.Aproveito a deixa e queria perguntar pro nosso genio e CIENTISTA NAS HORAS VAGAS(DANDOLO)se seria possivel a marinha introduzir um mini- reator no nosso sub.nuclear ao invez desse reator no qual estão trabalhando e se o mesmo poderia ser aplicado aos outros subs convencionais!.Se houver relatos ou imagens de projetos de mini-reatores gostaria que fosse postado aqui no blog.Abraço a todos!!!!1

  11. “Os equipamentos a serem produzidos no Brasil serão de ataque, usados para combater submarinos, embarcações ou outros alvos de superfície.” Que eu saiba, submarinos servem exatamente para isso. A não ser que tenha mísseis de cruzeiro na jogada, ou ogivas nucleares, o que não é o caso. Nesse caso, poderia ser chamado um submarino nuclear de ataque. Se o objetivo é ter um submarino nuclear e deter a tecnologia, é justificável o projeto. É claro que alguém da MB deve ter pensado nisso. Mas ter um submarino nuclear sem capacidade de lançar pelo menos mísseis de cruzeiro?! Tá parecendo a India que lançou o submarino nuclear ao mar, mas sem reator. Seria interessante integrar um míssel de cruzeiro. Sei que existe uma parceira com a MBDA/MB/Avibras no sentido de absorver tecnologia do Exocet, e a própria Avibras está trabalhando no AV300MT para o Astros 2020. Se isso evoluir para uma arma de cruzeiro com alcance razoável, teremos uma arma de disuasão decente.

  12. Ninguém transfere tecnologia e sim vende!
    A MB estva “atrasada” em algumas partes em comparação as outras. um exemplo é o sistema fly-by-wire que a embraer está pesquisando, segundo eu sei está em 30% o que não significa que ela não possa fazer parcerias e comprar o restante do sistema.

  13. Tudo bem, ñ termos tempo p ter esse sub nucks ou outros, possivelemente seremos atacados, bem antes disso; esse matéria “Armagedon” for verdadeira, o q eu julgo ser. Espero sinceramente estar mt errados. sds.

  14. Carlos Argus, concordo, mas uma guerra generalizada demoraria alguns anos para acontecer…
    diante da piora do cenário, deus queira que nossos políticos tomem noção da gravidade da situação e resolvam destravar de vez nossa industria belica

  15. Em 2023????? Quá quá quá quá quá É TUDO QUE OS PIRATAS DA OTAN QUEREM…

    2023 Quá quá quá quá quá PRODUZIR no BraSil é DAR tempo para os PIRATAS da OTAN!!!!

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