Brasil tentou abrir exceções ao banir minas

Mina terrestre PMA-2

Telegramas diplomáticos mostram que Itamaraty defendeu o uso de minas terrestres para defender fronteiras. Documentos revelam influência dos EUA e modificação de postura brasileira antes da assinatura do tratado.

RUBENS VALENTE

FERNANDA ODILLA — DE BRASÍLIA

O Brasil procurou abrir “exceções” e criar uma “flexibilização” no texto final do tratado que previa o banimento de minas terrestres antipessoais, segundo revelam telegramas confidenciais do Itamaraty obtidos pela Folha.

Por meio do negociador brasileiro, José Viegas Filho, atual embaixador do Brasil em Roma e ex-ministro da Defesa do governo Lula, o Brasil tentou no primeiro semestre de 1997 permitir o uso dos explosivos em “áreas estratégicas”, como regiões de fronteira. Também procurou impedir inspeções “intrusivas” para checagem dos estoques.

Esta mina terrestre PMA-2 foi encontrada escondida sob a neve e a folhagem em Rajlovac, Bósnia

A posição brasileira favorecia os EUA, de olho na fronteira minada entre as Coreias, e contrariava o grupo de países que defendia a abolição completa desse tipo de arma.

As minas antipessoais explodem com o contato e matavam cerca de 26 mil pessoas por ano até então.

Em abril de 1997, o Itamaraty orientou sua embaixada em Washington a procurar os EUA para oferecer as exceções ao texto do tratado. Um telegrama revela que os EUA passaram a ver o Brasil como “seu aliado nesse processo”.

Nas intervenções que fez numa reunião em Bonn, Alemanha, para discutir a verificação dos estoques de minas, Viegas disse que os mecanismos “intrusivos” seriam “supérfluos” e sugeriu “a adoção de uma abordagem moderada a esse respeito”.

Ouvido pela Folha, Viegas disse que o Brasil, no começo das negociações, tinha de fato “uma posição relativamente conservadora”, mas que acabou abandonada até o final daquele ano.

Detalhe de uma mina bounding antipessoal sobre a areia de um deserto não identificado, exposta pela ação do vento.

“As correspondências de abril e maio revelam uma fotografia de um processo dinâmico. Houve uma evolução”, disse o embaixador.

Ao longo do ano, o Brasil foi mudando de posição e concordou com o banimento, no final de 1997.

Viegas contou que, na segunda metade de 1997, fez um périplo pela América do Sul para convencer os países vizinhos “da conveniência recíproca e mútua” da proibição das minas.

“Consegui que concordassem que, se a decisão fosse tomada coletivamente, todos a apoiariam.”

Detalhe de uma mina M15 antitanque

EVOLUÇÃO

Stephen Goose, diretor da Human Rights Watch e cofundador da Campanha Internacional pelo Banimento das Minas Antipessoais, ONG que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1997, disse à Folha que o Brasil chegou a propor uma emenda com as exceções tratadas nos telegramas, mas que essa posição “evoluiu muito bem” até o fim de 1997.

“A posição brasileira inicialmente foi muito lenta em abraçar o banimento, mas mudou até o final das negociações […] e desempenhou um papel positivo para garantir a proibição verdadeiramente abrangente”, disse.

Gustavo Oliveira, professor de direito no Rio Grande do Sul e representante brasileiro da campanha, se disse surpreso com o teor dos telegramas. “Não sabíamos que o Brasil queria abrir exceções. É muito contrário ao espírito de todo o processo. Parece haver um pragmatismo amoral nessas negociações.”

Cluster bombs


Goose e Oliveira disseram que os telegramas servem de alerta para outra discussão, o banimento das munições “cluster bombs”, ou bombas de fragmentação. O Brasil não aderiu ao tratado de banimento desses explosivos, segundo Goose.

“Queremos saber por que o Brasil se recusa a aderir a esse tratado, em desacordo com a sua posição sobre as minas”, afirmou Goose.

Fonte:  Folha, via Resenha  —  ExércitoBrasileiro

24 Comentários

  1. Simples de explicar o motivo de nao adrirmos ao tratado de cluster bombs, temos as tais bombas em grande estoque e nao vamos abrir mao de mais esta arma para a adefesa nacional!

  2. So lembrando senhores, o Brasil e um Grande produtor e exportador dessas tais bombas de fragmentação… Como ja disse, nao devemos abrir mão dessa “tecnologia” Ja que Russia, EUA, China e Israel tambem teriam vetado!

  3. “Queremos saber por que o Brasil se recusa a aderir a esse tratado, em desacordo com a sua posição sobre as minas”, afirmou Goose.
    É simples Sr Goose, daqui a pouco nossas forças armadas estarão munidas apenas de paus e pedras !
    Se formos fazer tudo que a Human Rights Watch determina estaremos a merce das potências com suas armas de destruição em massa!
    Me lembro do Iraque destruindo suas armas antes da invasão e hoje vejo o erro que foi dar ouvidos a entidades como a Human Rights Watch que fecha os olhos diante das potências verdadeiramente armadas !



  4. mimimimi

    ja ja vao querer que se faça guerra com o que.. tulipadas..rsrsrsrrs

    bombardeiro de perfume…rsrsrs

    em uma guerra para vencer….vale tudo ate Nuc ou os EUA e amigos pensam diferente ??? … FATO

  5. Minas terrestres e navais (para rios) resolveriam o problema nas fronteiras, só que o PT e outras ratazanas não querem que isso aconteça.

  6. Stephen Goose, diretor da “USAman” Rights Watch, faça a mesma pergunta aos países relacionados abaixo.
    —————————————
    Os países que têm estoques de bombas de fragmentação (cluster):
    …………….————————-
    * Algeria
    * Angola
    * Austria
    * Azerbaijan
    * Bahrain
    * Belarus
    * Bosnia and Herzegovina
    * Brazil
    * Bulgaria
    * Chile
    * China
    * Croatia
    * Cuba
    * Czech Republic
    * Denmark
    * Ecuador
    * Egypt
    * Estonia
    * Eritrea
    * Ethiopia

    * Finland
    * France
    * Georgia
    * Germany
    * Greece
    * Guinea
    * Guinea-Bissau
    * Hungary
    * India
    * Indonesia
    * Israel
    * Italy
    * Japan
    * Jordan
    * Kazakhstan
    * North Korea
    * South Korea

    * Kuwait
    * Libya
    * Moldova
    * Mongolia
    * Montenegro
    * Morocco
    * Netherlands
    * Nigeria
    * Oman
    * Pakistan
    * Peru
    * Poland
    * Portugal
    * Romania
    * Russia
    * Saudi Arabia
    * Serbia
    * Singapore
    * Slovakia

    * South Africa[71]
    * Spain
    * Sudan
    * Slovenia [72]
    * Sweden
    * Switzerland
    * Syria

    * Turkey
    * Turkmenistan
    * Uganda
    * Ukraine
    * United Arab Emirates
    * United Kingdom
    * United States
    * Uzbekistan
    * Yemen
    * Zimbabwe

  7. Stephen Goose pegue esta sua ONG e vá perguntar aos detentores de armas atomicas porque não aboliram totalmente as mesmas até hoje.
    Pegue esta sua ONG e vá perguntar aos paises que invadiram o Iraque e a Libia, porque mataram tantos inocentes com seus armamentos, ou o nome Human Rights é só fachada para defender interesses obscuros?
    Precisamos mesmo cobrar de nosso congresso um rigido controle destas ONGs com seus representantes em nosso país servindo apenas para “jogar contra” nossa soberania.
    Acorda Brasil.

  8. Nada de se restringir, enquanto todos não o fizerem…
    Inclusive quanto à possibilidade de armas nucleares.

  9. ah, novamente, apenas complementando…
    Restringir as atividades da maioria das ONG’s que se instalaram por aqui, isso sim seria ótimo…

  10. Realmente daqui a pouco querem que a o país se defenda só de estilingue…pediram pra acabar com as minas,depois bombas de fragmentação e depois onde vai parar?!..vão pedir para quer não se use mais fuzis,tanques,caças, ah tenha dó!Manda essa ONG parar de encher o saco!

  11. As cluster dão enorme capacidade de apoio aéreo aos nossos super-tucanos.. a-1.. f-5’s.. mirages! Tem que manter!! Qualquer armamento de saturação de fogo o Brasil não pode deixar de lado! Vai ser a arma contra a tecnologia avançada dos demais países!.. ‘Água mole pedra dura tanto bate até que fura!’ Hueheheheh

  12. Stephen Goose pegue esta sua ONG e vá perguntar A ISRAEL porque usaram bombas com fósforo branco sobra a população palestina que só tinha pau e pedra na mão?
    Cara, caga com teu “cu”, para de querer cagar com cu dos outros… (perdão pela palavra, é uma expressão)

  13. gostariamos de saber porque os eua e a russia não abrem mão de suas armas quimicas e nucleares ? vão se fu…

    eu pessoalmente acho minas terrestres armas de covardes !!!

  14. Guerra é guerra. Ninguém entra em guerra disposto a perder. Muito inocentes essas figuras que pensam em tornar a guerra ética e mais humanas. Minas são necessárias, principalmente para forças em menor número e menos equipadas. Seria muito fácil para a cavalaria e infantaria mais numerosas, se não fossem as minas anti-pessoal, incendiárias e as munições cacho. Lembrar que recentemente, Vietnã, Oriente Médio, vários países utilizaram munições de fósforo, incendiárias, etc. Servem para dissuasão com certeza. Aos humanistas, efeitos colaterais sempre irão existir em qualquer conflito.

  15. Human Rights Watch: Estão olhando o cisco em nosso olho e deixando passar a trave no olho dos países que possuem armas nucleares. Deveria ser da seguinte forma: quando todos os países deixarem seus armamentos de lado, sejam quais forem, nós então passaremos a deixar os nossos. Qualquer coisa além disso é inaceitável… afinal de contas, quem são os verdadeiros beneficiados neste papo da Human Rights Watch?

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