Possibilidade de defasagem desperta discussão sobre os R$ 450 milhões investidos pela União

http://t2.ftcdn.net/jpg/00/04/60/81/400_F_4608142_6THojqjtrRRw4wTvhFOjnz4EdLjlOBYK.jpgSugestão: SantaCatarina BR


Flávio Ilha | flavio.ilha@zerohora.com.br

Mais de 11 anos depois da assinatura do primeiro contrato de parceria, a Ceitec SA – estatal que inaugura o ingresso do país no seleto grupo de fabricantes de semicondutores – vai começar em outubro a testar de forma comercial os primeiros chips made in Brazil. O componente está presente em todo o tipo de aparelho eletrônico, como celulares, TVs e computadores.

Os chips, entretanto, já surgem com defasagem tecnológica – admitida pelo próprio governo – e colocam o projeto da primeira fábrica de chips da América Latina no centro de uma discussão: afinal, os R$ 450 milhões investidos pela União no projeto trarão algum benefício real ao país?

Os problemas que cercam o funcionamento da empresa, estatizada em 2008, são três:

1. A capacidade instalada da fábrica, incapaz de reverter a dependência externa do país.
2. A tecnologia utilizada no projeto, que ameaça a competitividade da Ceitec.
3. E o tempo excessivamente longo para desenvolvimento da unidade, que sofreu com a falta de uma política clara do governo federal em relação ao tema.

Projetada para processar cerca de mil wafers (semelhante a um disco de CD, onde são impressos os semicondutores) por mês, a fábrica poderá produzir perto de 120 milhões de chips ao ano quando estiver funcionando com sua capaci dade máxima – e se tiver demanda. Mas, por enquanto, nenhum contrato comercial foi anunciado pela companhia, o que não melhora a situação desfavorável do país em relação ao mercado externo.

Só no ano passado, a importação de componentes eletrônicos que usam semicondutores integrados, como smart cards e cartões de memória, chegou a US$ 10 bilhões. Sozinha, a compra de chips – dos mais simples aos mais sofisticados – gerou um déficit de US$ 4,5 bilhões para a balança comercial brasileira. Ou seja, o país é totalmente vulnerável nesse campo. A entrada em operação da Ceitec não vai resolver o problema, mas pode ser positiva para setores específicos da economia que, hoje, contribuem para o quadro de dependência.

– Mesmo com tecnologia desatualizada, construir e operar a empresa é uma prova de competência e de mudança de paradigma. Mas é correto afirmar que a planta da Ceitec não está especificada para a fabricaçà £o de microprocessadores ou de memórias – reconhece o coordenador-geral de microeletrônica do Ministério da Ciência e Tecnologia, Henrique de Oliveira Miguel.

FONTE: ZERO HORA DATA: 20/08/2011

23 Comentários

  1. Se alguém aqui acha que essa empresa pode algum dia dar algum lucro – por menor que seja – pode esquecer. Se há uma área em que é impossível competir com os China é esta, até os EUA já são meio dependentes deles e como não há jeito de fazer sanções contra os Chinas o jeito é aceitar mesmo. Porém nem tudo é perdido, é extremamente importante que o Brasil mantenha essa fabrica de semicondutores, mesmo não tendo-se condições de sanar a dependência de todo o mercado de chips, pode-se gastar uma graninha nas áreas mais importantes, como a militar, telecom, etc…

  2. Pra quê criar uma estatal para produzir componentes eletrônicos ?

    Se querem uma queda no déficit comercial de eletrônicos, que deêm condições para as empresas brasileiras produzirem localmente os chips. Através de incentivos fiscais e qualificação de mão-de-obra.

    Será o pessoal que o governo faz tudo pelas bordas e nunca resolve problema nenhum !?

  3. É possível sim.
    O fado dos chips serem defasados significa apenas que não conseguirão processar tão rapidamente ou não terão um consumo otimizado, mas ainda são processadores.
    Podem por exemplo servir de base para tablets de baixíssimo custo (e com funções limitadas) para o ensino em nossas escolas. Pode servir também como base para novos modelos de urnas eletrônicas e para centenas de equipamentos que, valendo-se de algum poder de processamento, venha a melhorar seus resultados. Processadores são somadores de números e muitas tecnologias ainda estão atreladas em velhos modelos, como o nosso rádio que ainda é analógico. Quero dizer, o surgimento de uma infinidade de equipamentos de baixo custo e subsidiado pelo governo pode sim dar rumo promissor a essa fábrica, mas na minha opinião, o maior risco é interno, dentro da empresa, e cultural, com pessoas de setores interessados em manter a nossa dependência, como importadoras (geralmente pertencentes a políticos) e outras grandes empresas do setor. Digo isso pois quem tem boas idéias e luta pelo próprio desenvolvimento, criando e aperfeiçoando métodos de gerência e implantação de sistemas mais eficientes de desenvolvimento e, por consequência, competitividade (com eu e vários amigos meus), sempre encontra um superior tentando tirar vantagem da situação através de esquemas baseados no desinteresse de seu subordinados ou nos resultados “satisfatórios” na visão do patrão.
    Que tem chances tem. Toda ideia tem! Resta saber se os covardes de “cima”, e os “espertos” de baixo terão poder para descreditar e afundar várias ótimas ideias que com certeza surgirão a partir de uma atitude pioneira e revolucionária.

  4. Orlov, falou tudo… contundente… analise pragmatica e realista… alguns acham que o governo tem que se meter em tudo… dá no que deu… governo é para governar e não produzir bens de consumo…

  5. Mas que materia mais reacionaria. O pais esta 50 anos atrasado em determinadas tecnologias, como motores aeronauticos, motores foguetes a propelente liquido, e por ai vai. E quer dar salto quantico com apenas 450 milhoes? Sejamos realistas….So de colocar essa fabrica para funcionar ja trouxe algum know-how e capacitou gente em solo nacional para fabricar chips em escala industrial. Projeto, testes e producao. Conhecimento leva tempo a se adquirir. Nao e da noite para o dia e com pouco dinheiro, mas mto tempo e mto dinheiro! Se contunuarmos investindo, em uns 30 anos, talvez, consigamos acompanhar e competir no mercado.

  6. Não vai dar lucro, mas é melhor do que nada. Aprendemos a fabricar chips. Parabéns.
    Eu estava precisando fabricar um Chip para desenvolver a anti-gravidade. Será que poderiam fabricá-lo ?

  7. Só vejo vantagem em uma empresa dessas, se for para desenvolver aqui, chips específicos de aplicação militar.
    Teria de ser uma fábrica voltada para pequena escala.

    No mais não tem como competir com a China na fabricação, Coréia do Sul, na produção, e algumas gigantes como Intel ou AMD no design.

    []’s

  8. Já ajuda na produção de chips para areas como militar…medica e telecomunicações, más deixar de importar é praticamente impossivel,não vamos ter essa industria com um leque tão amplo.

  9. Não se pode esperar que, com tão pouco tempo, esta fábrica esteja em pé de igualdade com os dois líderes mundiais. Há décadas e dominando muito mais da metade do mercado de chips, o que garante recursos a toque de caixa para às pesquisas. Más a vantagem de se ter uma linha desses produtos não tem preço. Aplicações que não exigem tanto processamento existem aos milhões. E se estes chips forem baratos e robustos, confiáveis, vão fazer sucesso nestes casos. Dominando a fabricação de chips baratos de menor capacidade se ganhará experiencia e capital para avançar mais. É um começo, nossos cientistas tendo onde trabalhar e aplicar suas novas teorias, na física dos transistores, no mínimo não vão ter de migrar. Já é uma vantagem só de manter pessoal capacitado em nossas fronteiras. Na área defesa de defesa, representa um grande salto, não ficaremos sujeitos a embargos de tecnologias criticas de processadores, e nosso programa de satélites/foguetes será beneficiado, pra citar um exemplo, entre muitos. E se for gerada a demanda por chips, primeiro pelo governo nos projetos de defesa, educação, sat’s, etc consequentemente os avanços virão e atrairá o setor privado gerando demanda por chips para produtos de consumo…

  10. Calma ai ne galera…
    Já é algo. De lá sairão futuros empreendedores, sairá cohecimento e tecnologias nacionais.
    estamos indo devagar mas estamos indo….

  11. Para viabilizar a independência tecnológica temos de remar muito e creio que devemos colocar esses valores citados na conta de investimentos e não de custos. A parceria da Motorola com o Ceitec não pode ser agregada à parceria com o EB?
    Acho que o grande problema é de escala, precisamos produtos que possam ser vendidos globalmente, precisamos de inovação, se este é o custo, paciência.

  12. Por que não dá pra competir com os Chinas? Quando a fábrica funcionar é só aplicar a lei – IPI, ICMS e etc… – quero ver o produto chines ficar baratinho! É só ter vontade e comprometimento com o Brasil, alias o que falta é comprometimento com o desenvolvimento tecnológico do país.
    Grande abraço a todos os leitores!

  13. essa fabrica é essencial ao nosso país.
    pouco me importa q eles fabricam pc tao velozes quanto um 486, para um país q depende de commodities para sobreviver é um grande salto.
    quem diria q a China com suas copias de mig-21 estaria hoje prestes a fabricar um caça stealth? quem diria q a emb seria a 3º maior empresa da aviação civil mundial, depois do AMX? o começo é assim, aos tropeços. mas depois de se rastejar, e engatinhar, o progresso da conta do andar. abraços.

  14. Isso mesmo
    Brasil invetir em areas desse tipo da resultado agora
    para a padrinhada de políticos que desviaram o cascalho
    vou te contar quem tava fiscalizando isso ae investiram até o ultimo centevo so agora a empresa presta conta depois que pagou tudo, cade o produto e ainda sai desatualizado hora conta outra.

  15. Excelente noticia, estamos cada vez mais perto de nossa autosuficiencia, mais uns 15 anos e seremos uma potencia.

  16. Mesmo sendo defasado é importante o governo comprar e subsidiar,para que o produti seja evoluido e que as novas versões seja superiores.

  17. Concordo com todos que acham que é melhor que nada…
    Antes pingar que minguar.
    Essa pode ser uma fábrica destinada apenas a aplicações restritas, pois concorrer com as internacionais é mesmo quase impossível.
    E é importantíssimo saber algo sobre o assunto, ainda que um pouco defasado.
    Melhor andar se arrastando que sentar e somente lamentar a dureza da caminhada.

  18. O Ceitec teve que ser estatizado para que o investimento JÁ realizado não se perdesse. Para VIABILIZAR a empresa o governo vai ter de “incentivar” sua produção, apesar de defasagem da sua tecnologia atual, funcionaria assim:

    O primeiro projeto de chip identificador de animais vai virar obrigatório para cumprir as exigências de rastreio de rebanhos de comércio internacional e uma taxa de importação bem salgada para chips importados garante o mercado.

    Outros projetos de massa baseados no conceito de “chipão integrado” em tv digital e numa nova geração de urnas eletrônicas garantiriam outro tanto de recursos.

    Um projeto de chip para comunicação digital criptográfica brasileiro(padrão de arquitetura/protocolo/software militar já desenvolvido) para forças policiais e militares poderia injetar mais recursos.

    Com as receitas obtidas com estas e outras iniciativas similares (e mais um novo aporte do governo via ministério da Defesa e/ou Ciência e Tecnologia) se investiria em novos equipamentos para produção de chips de padrão tecnológico mais atualizados diminuindo o gap atual e garantindo a viabilização tecnológica.

    Terá sempre de ser tratada como uma empresa estratégica e de nicho tecnológico para projetos específicos para necessidades brasileiras. Não é para concorrer com Japão, China e EUA !!!

  19. Esta empresa está nestas condições por causa da corrupção. Já saiu várias matérias dizendo que ela é um buraco negro de recursos para um partido. Até o Mercadante já falou que não vai se meter.

  20. O problema do Brasileiro é isso , não investe quase nada , e ainda por cima que se equipará aos grandes fabricantes mundiais. Não entendo muito de micro chip,s , mas acho que o Governo Federal , deveria baixar uma léi obrigando as empresas á incluirem os chips fabricados por essa empresa nacíonal, desde que esses tenham mesma capacidade dos importados.
    Uma boa opção , seria a fabricação do chip ant-radiação desenvolvido pela SMDH ( empresa nacíonal ) , e obrigação de inclusão em produtos produzidos aqui no país de outro chip desenvolvido pela mesma empresa.
    Só com capital , e investimento em pesquisa e desenvolvimentos que atingiremos os patamares extrangeiros.

Comentários não permitidos.