DO “FINANCIAL TIMES”
Protestos estudantis não constituem novidade no Chile. Mas as manifestações que vêm tomando conta do país –associadas a uma greve geral de dois dias e à sexta semana de greves de fome– não são meras perturbações da ordem juvenis. Neste país largamente visto como modelo, elas trazem à tona uma crise profunda de legitimidade.
A educação é há muitos anos uma mancha na história de sucesso econômico do Chile. Se o crescimento quase ininterrupto visto desde que a ditadura de Augusto Pinochet chegou ao fim vem beneficiando a todos, praticamente não modificou a disparidade insuportável no país. A promessa era que, por meio da educação, os jovens pobres poderiam ter acesso às oportunidades que foram negadas a seus pais.
É uma promessa que o sistema de ensino chileno, notoriamente deficiente, está longe de cumprir. Não devido à forte dependência do sistema sobre instituições privadas, mas porque o Estado gasta menos com o ensino superior, quer seja público ou privado, que qualquer outro país membro da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. O resultado é que uma grande parcela dos estudantes acaba endividada, enquanto as falhas na supervisão permitem que instituições particulares e públicas ofereçam ensino de baixa qualidade que traz poucas recompensas no mercado de trabalho.
O que foi dito até aqui é indiscutível. O governo do presidente Sebastián Piñera vem anuindo à maioria das reivindicações de mais verbas para a educação e ensino de qualidade mais alta. Mas o fato de os protestos não terem sido acalmados antes de chegarem ao atual ponto explosivo revela a incompetência política de Piñera: desde sua popularidade recorde após o resgate dos mineiros no ano passado, seus índices de aprovação caíram para um nível mais baixo que o de qualquer presidente chileno eleito que o antecedeu.
Mas Piñera não é o único culpado por essa situação. A classe política chilena, como um todo, vem deixando de cumprir sua função a contento. O chamado fatídico por um referendo sobre política educacional feito pelos manifestantes –e apoiado por legisladores irresponsáveis– revela a existência de uma crise de representação política. O país continua a ser governado por elites –da direita e da esquerda– cuja capacidade de canalizar as prioridades públicas é vista por muitos com descrédito.
E com boa razão. A política chilena se encontra travada institucionalmente por normas eleitorais que instituem um impasse entre dois blocos; psicologicamente, por ódios que vêm desde o golpe de 1973. Essa fossilização, criada com o objetivo de proteger o programa social e econômico de Pinochet, vem esvaziando a representatividade das instituições do Estado.
Esta crise não vai terminar quando os estudantes voltarem às aulas. Resolvê-la vai exigir uma reforma eleitoral, talvez até mesmo um processo constituinte mais amplo. Os problemas do Chile revelam que a transição no país ainda não está completa; um crescimento econômico constante e regular não é o bastante para pôr fim a divisões sociais.
Tradução de Clara Allain
Se ele ainda ñ tem democracia plena , então ,o q diremos da nossa?
Bom.
Agora sim está aí um país que interessa ao Brasil e toda a América do Sul.
Estabilidade econômica/social/educacional, etc,interessa ao bloco américa do Sul.
Essas fragilidades institucionais não se justificam sob qualquer pretexto, ainda mais quando se fala em democracia, coisa que o Gorbachev reclama pra Rússia e que não existe em lugar nenhum do mundo.
fatos como esse no Chile ou a crise Venezuelana são um prato cheio para interesses escusos internacionais, que podem aí entrujar um papo ideológico, comprar autoridades e pronto, estaca zero.
Atenção os que estão em volta, alerta.
100% StadeuR. Chile é exemplo a ser seguido. Estão começando a plantar informações afim de desestruturar a região.
Desde a queda de Pinochet, todos os governos chilenos foram da “Concertación de Partidos por la Democracia”, de centro esquerda, más o modelo neo liberal implantado não foi alterado.
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Chile foi o laboratório neo liberal dos “Chicago Boys” e Milton Friedman ,
todos elogiam o Chile, más as reformas radicalmente neo liberais, que foram impostas a ferro e fogo por Pinochet durante a ditadura, promoveram um estado que tem uma assistência mínima aos chilenos sem recursos, serviços pũblicos como saúde, educação e previdência foram privatizados…
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“Os defensores do neoliberalismo apelidaram esse período de “milagre chileno”. Mas as estatísticas frias mostram números pouco milagrosos: durante o regime Pinochet, entre 1972 e 1987, o PNB per capita do Chile caiu 6,4% em dólares constantes, caindo de US$ 3.600 em 1973 para 3.170 em 1993 (dólares constantes). Apenas cinco países da América Latina tiveram, em termos de PNB per capita, um desempenho pior que o do Chile durante a era Pinochet (1974-1989).”Além disto, neste período houve um grande aumento na desigualdade e distribuição da renda e riqueza do país…
(Wikpédia)
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E a partir da fim da ditadura de Pinochet
esta desigualdade se manteve:
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*”Se analisarmos o crescimento econômico do Chile desde os anos 90, houve um aumento de riqueza brutal, mas o índice Gini, que mede a desigualdade, não sofreu alterações. Há mais emprego, mas os salários dos mais pobres não aumentaram. E isso gerou uma sensação de descontentamento geral.”
*(Carta Capital)
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Piñera, o primeiro presidente de direita neo liberal, eleito desde 1990, tentou voltar a implementar e aprofundar uma agenda seguindo sua ideologia neo liberal, más os chilenos querem justamente o contrário…
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Que ninguém se engane, os chilenos tem seus motivos, especialmente econômicos, para estarem há 3 meses promovendo greves!
“O Chile de Pinochet seguiu a risca o corolário neoliberal propagandeado pelos organismos internacionais para educação. Em 1981, a reforma educacional extinguiu a gratuidade da educação, reduzindo os investimentos nas Universidades Estatais que não são mais gratuitas e estimulou a criação das universidades privadas associadas aos créditos educativos que tem juros de mercado para financiar a educação superior.”
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Em 30 anos de aprofundamento, o neoliberalismo educacional chileno fez com que 43% das escolas sejam gerenciadas através da iniciativa privada, através de empresas ou organizações religiosas.
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Somado a esse quadro de privatização brutal da educação ainda temos a desigualdade da qualidade da educação: as escolas da periferia são de péssima qualidade com debilidade na formação educacional.
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“Apenas 26% da população apoio o governo, 56% desaprova. Rejeição histórica no Chile. Além disso, apenas 17% confiam na Consertación apesar de Blachelet estar bem localizada na pesquisa. De qualquer forma a consciência de que a direita tradicional e a Consertación são iguais esta presente em todas as análises dos jovens universitários e secundaristas que entrevistei e conversei.”
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(Por Fernanda Melchionna)
Desconfio, de que o populismo incompetente e corrupto latino-americano tomou conta do Chile. Só vejo um regime decente e eficiente no mundo: O Regime da China. Os chineses sabem escolher muito bem os seus políticos, e eliminar os corruptos e assassinos. Esse é o caminho do sucesso.
O povo ignorante não tem condições de discernir entre o bom e o mau político.
Que isto! Dandolo. Exemplo o governo da China?.. Lá blogs como este são censurados!
O Chile é um modelo a ser seguido em muitos aspectos, principalmente democracia. este artigo para ser mais contrainformação do que outra coisa.
Aliás sou a favor de privatizar as universidades do Brasil também, é um enorme cabide de empregos, onde só entra quem estudou em escola particular boa, a grande maioria da população que quer cursar o nível superior tem de pagar. Com programas como o FIES, por exemplo, todos teriam acesso a educação a custos baixos.
Mas sei que vão falar que sou de direita, que isso é um absurdo, etc…
Por mim só estudaria em universidades públicas os que vem da educação pública……o resto, se tem dinheiro para bancar estudo particular, que pague uma universidade privada…..
digo o mesmo caro amigo carlos argus.