OrbiSat vai entregar nove radares para o Exército

Radar SABER M60

Virgínia Silveira | Para o Valor, do Rio

A OrbiSat, empresa controlada pela Embraer Defesa e Segurança, está se preparando para entregar ao Exército Brasileiro, até o fim do ano, nove radares do tipo M60 Saber, para vigilância aérea e terrestre de aviões a baixa altura. Os radares, que custaram R$ 26 milhões, foram desenvolvidos em parceria com o Centro Tecnológico do Exército para atender ao projeto Amazônia Protegida, que prevê o reaparelhamento das brigadas antiaéreas e postos de fronteira existentes na região.O M60, de acordo com o presidente da OrbiSat, Maurício Aveiro, é considerado o mais moderno e preciso radar de busca e vigilância de baixa altura do mundo, desenvolvido com tecnologia 100% nacional. Apenas cinco países no mundo dominam esse tipo de tecnologia, considerada estratégica.

O Comando da Aeronáutica também assinou uma carta de intenção de compra de quatro unidades do equipamento para ser utilizado nas bases aéreas de Canoas (RS) e de Manaus (AM), onde deverá compor os sistemas de artilharia antiaérea do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Sisdabra). O valor dos quatro radares está estimado em cerca de R$ 18 milhões a R$ 20 milhões.

O radar da OrbiSat identifica o alvo em um raio de até 60 quilômetros e as informações podem ser transmitidas em tempo real a um Centro de Operações de Artilharia Antiaérea do Sisdabra. O Brasil, segundo a OrbiSat, não possui radares que operem a baixa altura (até 5 mil metros). Em termos de aplicação, o M-60 é ideal para ser utilizado na proteção de áreas sensíveis, como indústrias, usinas, instalações governamentais e em eventos de grande porte.

A área de radares para sensoriamento remoto representa atualmente cerca de 35% do faturamento da OrbiSat

Por ser portátil e de baixo peso, o radar pode ser transportado para qualquer lugar no território nacional ou empregado em missões de paz no exterior. A instalação dura menos de 15 minutos. O M60 pode ainda ser integrado a sistemas de mísseis ou canhões antiaéreos.

A OrbiSat, segundo o diretor técnico João Moreira Neto, já está em fase final de desenvolvimento de dois outros radares, de médio alcance, o Saber M200, para defesa área num raio de até 200 km e o Sentir M20, para defesa terrestre com um alcance de até 20 km. Os novos produtos também foram contratados pelo Exército Brasileiro, que mobilizou uma equipe de onze oficiais engenheiros para trabalhar junto com a OrbiSat. “O custo de desenvolvimento do M-200 é da ordem de R$ 24 milhões e o Sentir, R$ 4 milhões”, explicou o diretor.

No fim do próximo ano, a OrbiSat pretende concluir o projeto de um radar meteorológico de curto alcance, que está sendo desenvolvido em parte com recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), através do seu programa de subvenção econômica. O valor total do projeto, de acordo com Moreira Neto, é de R$ 2,5 milhões e a Finep arcará com 50% dos custos.

“O Brasil opera radares de longo alcance, na faixa de 300 a 400 quilômetros, mas também precisa de um radar de menor alcance, com maior sensibilidade para detectar a evolução das nuvens causadoras de tempestades com algumas horas de antecedência”, explicou o direto. Segundo Moreira Neto, existe um grande mercado para esse tipo de radar no mundo, com aplicação em áreas industriais, na agricultura e em cidades, como São Paulo.”

A área de radares para sensoriamento remoto, segundo o executivo, representa hoje cerca de 35% do faturamento da OrbiSat. Os demais 65% estão vinculados à área de radares de defesa. Para este ano, segundo Moreira Neto, a OrbiSat prevê faturar R$ 57 milhões.

Desde março a OrbiSat integra a Embraer Defesa e Segurança, que adquiriu 64,7% do capital social da divisão de radares da companhia, pagando R$ 28,5 milhões. Na época as duas empresas informaram que o acordo estratégico foi firmado para garantir a continuidade das atividades da OrbiSat, que ganharia mais fôlego financeiro com a entrada da Embraer.

“A Embraer sempre importou radares para seus aviões. Com a OrbiSat a ideia é começar a desenvolver estes sistemas no Brasil para uso próprio”, disse. O objetivo das duas empresas é buscar uma sinergia entre o que a OrbiSat faz e o que a Embraer precisa, completou o diretor. A OrbiSat, segundo ele, já tinha uma participação no mercado de defesa nacional, mas precisava expandir seu leque de atuação e se capacitar para atender às necessidades das três Forças Armadas.

Um dos projetos em estudo, segundo o diretor, é o desenvolvimento de um radar secundário com módulo de comunicação militar e cobertura global. “No sistema atual, quando uma aeronave militar se identifica, todo mundo fica sabendo, pois o transponder de localização e identificação dos aviões só possuem código civil”. O novo radar terá um sistema de identificação que só poderá ser acessado pelos militares. O mesmo sistema também está sendo pensado para o Exército Brasileiro.

A OrbiSat possui 150 funcionários distribuídos em duas unidades: uma Campinas e a outra em São José dos Campos, ambas em São Paulo.

Fonte: Resenha – Exército Brasileiro


17 Comentários

  1. Excelente noticia. Porem, resta analisarmos uma situação real.
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    – Sargento! Lá vem um f-16 à frente, vai passar por nos em 5 minutos.
    – Ok, avise a aeronautica.
    – Mas Sargento, todos os avioes ja foram abatidos ou estão em missão.
    – Ok, reze. Você tem 5 minutos…
    ————

    Quero deixar claro que parabenizo a bravura no desenvolvimento do radar. Mas ele não vale nada se o exercito ficar refem da eficiencia da aeronautica.

    É necessário ter um sistema de defesa aerea em camadas, com misseis de curto, medio e longo alcance, alem das vetustas baterias de defesa de ponto.

    Sem isso, radar pra que? Pra saber quem vai mandar o missel em nossas cabeças?

  2. Ótima notícia! Esse é o caminho para o Brasil. Mas como bem falaram acima. Sem mísseis de defesa anti-aérea, ficaremos sempre “desdentados”. Gostaria muito que o Brasil adquirisse os S-400 e Tor-M1 da Russia. Se não der, que seja algo similar Chinês ou outros qualquer.

  3. louvavel a iniciativa do exercito comprando 09 radares saber m60 e futuramente comprando mais 04 saber m-60 só não entendi a matematica vamos compra 09 radares por 26 milhões de reais correto. Depois vamos adquirir o mesmo radar saber m60 por 20 milhões de reais so que 04 unidades não entendi o aumento de preço. alguem pode explicar?

  4. Boa notícia,temos que desenvolver ainda mais este sistema 100%(o que garante nossa independência tecnológica neste segmento).
    Iran,este radar poderá ser acoplado a um sistema de defesa anti-aéria nacional,claro que ainda é cedo,mas uma tecnologia puxa a outra.Primeiro é preciso enxergar o alvo,para depois atirar.
    Dizem que o éxército está interessado no sistema de defesa aérea S-300,temos que rezar para que esta compra se concretize.
    Acho ótima a notícia,só espero que a Embraer compre a Avibrás para desenvolver ainda mais este sistema.

  5. Parabéns p/ OrbiSat e ao exercito.
    M60-Saber + Iglas bem posicionados… para quem não tinha quase nada esta ficando bom,
    Espero para o futuro algo como um M100 ou um M200, seria muito interessante aumentar um pouco o tamanho e a potência…

  6. O “Iran” está correto !

    O trocadilho fica por minha conta !

    E ainda tem gente que critica a aproximação do Brasil com o “Iran” .

    Se fizéssemos como o Iran , já seríamos a 3ª maior potência militar do planeta e teríamos meios de dissuasão nuclear havia muito tempo !

    Bom “Iran” !

  7. Prezado Jose Maria,
    Os valores expressos na matéria supra, não são os de aquisição destes sistemas, mas sim o custo total de desenvolvimento dos mesmos (ex: projetos, desenvolvimento tecnológico, simulações em tunel de vento, fabricação e teste dos protótipos, pessoal, etc).

  8. Não sabia do desenvolvimento do Sentir M20, para defesa terrestre com um alcance de até 20 km.
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    Como não tinha conhecimentos sobre este tipo de radar , fiquei curioso:
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    Um texto básico sobre radares de vigilância terrestre, de uma publicação da MB:
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    Guerra Eletrônica no Assalto Anfíbio
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    A utilização do espectro eletromagnético por equipamentos que visam a detecção de alvos, é cada vez mais usual nos dias de hoje. Nas Operações Anfíbias, como em qualquer outra operação militar, não se deve subestimar a potencialidade de tais meios na localização e condução de fogos, seja sobre a tropa em deslocamento no terreno, ou seja, contra baterias de artilharia desdobradas realizando tiro, utilizando-se para este fim os radares de contra-bateria e os radares de vigilância terrestre.
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    O radar de Contra-Bateria é um equipamento que, em questão de segundos, pode localizar o sítio de uma peça ou de uma bateria de artilharia inimiga, fornecendo dados precisos para a realização de um rápido contra-ataque. Normalmente, este tipo de radar está associado a uma unidade de artilharia, e através de data link, informa à central de tiro a localização do alvo.
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    Os radares de Vigilância Terrestre são, em geral, equipamentos portáteis utilizados para detecção, aquisição, localização e reconhecimento de tropas à pé, veículos leves e pesados e aeronaves voando a baixa altitude. Podem ser utilizados em apoio a operações ofensivas ou defensivas, em qualquer condição meteorológica e sob condições de visibilidade reduzida.
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    Por ocasião do planejamento de uma operação anfíbia, o setor de inteligência levantará os meios de que dispõe o inimigo para que seja feita a comparação dos poderes combatentes e estabelecidos os fatores de força e fraqueza, tanto para as nossas forças como para o inimigo. Uma vez constatado que o inimigo possui a possibilidade de empregar os radares de Contra-Bateria e/ou os radares de Vigilância Terrestre, ficará evidenciada a necessidade de utilização de meios que neutralizem tais radares ou que minimizem seus efeitos.
    .
    Pode-se imaginar que bastaria enviar elementos de Operações Especiais (Comandos Anfíbios) para, momentos antes do desembarque, neutralizar estes radares. Porém, a presença destes elementos em terra poderia ser detectada por estes sensores, o que acarretaria na quebra do sigilo da operação e o seu possível fracasso. Pode-se imaginar também, que bastaria atacá-los com Fogo Naval ou Aéreo, porém, estes radares são dotados de grande mobilidade e, dependendo do terreno, pode ser muito difícil neutralizá-los apenas com estes fogos.
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    Conclusão
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    O Estado-da-Arte em qualquer operação de guerra pressupõe o domínio do espectro eletromagnético, tendo seu detentor grande vantagem tática sobre o oponente. Para conseguir este domínio, é fundamental que haja investimento na área de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que permitam a fabricação de equipamentos nacionais de Guerra Eletrônica, visando minimizar a influência dos radares inimigos nas Operações Anfíbias.
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    Enquanto não possuirmos esta tecnologia, é necessário que se adquira, no mercado externo, estes equipamentos, para propiciar um acréscimo na capacidade de combate e de sobrevivência das tropas de Fuzileiros Navais.

  9. Parabéns , ótimo, + qdo teremos os M200? o q o Iran falou procede, e temos de ter um sistema de defesa anti área tipo S400, e lógico, caças à altura p fazer frente ao invasor, pode até ser os rafales e mt bem equipados, pq senão de nada vão valer e p ontem.

  10. Muito importante o domínio dessa tecnologia 100% nacional, é o que eu digo sempre aqui, é um quebra cabeça que o Brasil está mostrando conhecimento de várias peças, quando dominar tudo vai monta-lo e ai não precisaremos de ninguem, calculo de 10 a 15 anos para atingirmos estado de arte em VLS, Radares de todos os tipos, míssieis de todos os tipos, subs, caças, satélites etc.. Quanto aos F22 do Xtreme é preciso primeiro que eles saiam do chão, urubu pelo menos voa,kkkkkkkkk

  11. Já disseram isso aqui nos comentários, mas não custa reforçar: Vamos abatê-los com que?
    O Exército conta com pouquíssimos conjuntos de Igla (russos), e um punhado de canhões Oerlikon 35mm herdados da Segunda Grande Gerra.
    A FAB conta com os F5 (que surpreenderam depois da modernização), mas em pouco número e com armamento deficitário, além dos patéticos Mirage 2000, que sem aviônica e armamento decentes, servem apenas para que os pilotos treinem (quando há combustível) para que não percam seus brevês.
    A defesa anti-aérea é o Calcanhar de Aquiles brasileiro já há décadas. E não vi nenhuma ação até o momento para mitigar esse risco.
    É de chorar…

  12. Ao meu ver, através de capacidades próprias, devemos ter o seguinte.

    AAA

    Baixa Altura + Baixo Alcance
    RADAR SABER M60 + MAA1-B Piranha + Veículos AVIBRAS.

    Média Altura + Médio Alcance
    RADAR SABER M200 + A-Darter + Veículos AVIBRAS.

    Longa Altura + Longo Alcance
    S300

  13. No caso de um cenário Terra Terra, podemos ter.

    Curto alcance.
    RADAR SENTIR M20 + HAWK (Avibras)+ VANT Nacional

    Médio Alcance.
    VANT nacional de médio alcance + ASTROS III

    Longo Alcance.
    VANT nacional de Longo Alcance ORBISAT com radar de sensoriamento remoto + ASTROS 2020

  14. Iran.
    Disse tudo rsrsrsr…
    Mas já é um ótimo comeso esses radares. Só baste continuar o desenvolvimento e conjugar com os novos vants criados aqui tamben.
    RL disse:
    è por aí mesmo.

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