Donald Rumsfeld, que deixou há pouco a poltrona do chefe do Pentágono, pode trocá-la por um lugar no banco dos réus. Nos EUA foi movido processo judiciário contra ele. Um veterano de guerra americano responsabiliza pessoalmente Ronald Rumsfeld pelas torturas, a que ele foi submetido durante os nove meses de prisão no território do Iraque.
O demandante, mencionado nos documentos da causa como John Doe, foi enviado para o Iraque em dezembro de 2004 para trabalhar na qualidade de intérprete da língua árabe numa unidade de inteligência de fuzileiros navais. Em novembro de 2005 ele foi preso sem que lhe fosse apresentada alguma acusação. Passou 72 horas algemado, com olhos vedados, numa cela solitária. Depois disso foi transferido para a base militar americana de Camp Cropper, nas proximidades de Bagdá. John Doe afirma que ali ele foi submetido várias vezes a torturas.
Semelhantes acusações, apresentadas a um dignitário tão alto, poderiam parecer demasiadamente corajosas, mas acontece que a esta altura a mídia estava avassalada por uma série de escândalos relacionados a numerosos fatos de torturas dos presos nas casas de detenção americanas. Note-se que à maioria dos presos não foi apresentada nenhuma acusação.
No intuito de agradar à opinião pública Barack Obama prometeu durante a sua campanha pré-eleitoral fechar no caso da sua vitória a prisão de Guantanamo.
Depois do pleito de quatro anos, o juiz Guin acabou por reconhecer a justeza de Doe. O juiz Guin declarou que os americanos estão sob a proteção da Constituição tanto na época de paz, como na época de guerra, seja qual for o local em que se encontram.
O diretor do Instituto Internacional de Peritagem Política Evgueni Minchenko analisa as razões que fizeram a justiça americana dar razão ao simples cidadão Doe.
Por que foi precisamente agora? É que Donald Rumsfeld é da administração anterior e agora é um momento muito conveniente para atribuir-lhe tudo que há de negativo. Tanto mais que Obama renunciou aos métodos de Bush, embora demonstrasse em alguns casos uma rigidez ainda maior. Mas agora são necessários precisamente bodes expiatórios e neste plano é muito conveniente acusar os dignitários anteriores.
É difícil de prever o resultado do processo – as paradas apostadas são demasiadamente altas. Caso o antigo soldado do exército americano Doe alcançar a vitória no tribunal sobre o ministro da defesa, pode ser aberto um precedente bastante perigoso para dignitários americanos. Tanto mais que a influente organização social não governamental “Human Rights Watch” já entrou com a iniciativa de mover processos contra os principais membros da administração anterior que preferiam fazer vista grossa a torturas. Na lista de acusados constam Jorge Bush, o vice-presidente Richard Cheney, o diretor da CIA Jorge Tennet e, certamente, Donald Rumsfeld.
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