Celso Amorim afirma que Brasil deu prioridade a solucionar questão nuclear iraniana

Eliane Oliveira (elianeo@bsb.oglobo.com.br) e Evandro Éboli (eboli@bsb.oglobo.com.br)

BRASÍLIA – Convidado pela presidente Dilma Rousseff a assumir a pasta da Defesa, o embaixador Celso Amorim, ex-chanceler no governo Lula, só disse sim após consultar a mulher, Ana. Amorim fez uma defesa da abertura dos documentos secretos e disse que não pode haver sigilo quando se trata de violações aos direitos humanos. Em seu primeiro dia de despacho nesta terça-feira como ministro, se autodefiniu como nacionalista, comentou o fato de ser filiado ao PT e afirmou que o projeto para a compra dos caças para a Aeronáutica não está congelado.

AMORIM: “Uma coisa é ter convicções políticas, outra é partidarizar a pasta. Não vou fazer isso aqui”‘

Até agora, que necessidades cada Força apresentou?

CELSO AMORIM: São projetos específicos. A Marinha tem, sobretudo, o programa do submarino nuclear. A Força Aérea tem a questão dos caças, que tem de ser resolvida. O Exército tem os blindados. Há, também, grande preocupação com a manutenção. A tendência da área econômica é cortar custeio. Só que Forças Armadas, em grande parte, são custeio também. Temos de ter fardas para os militares, comida da cantina para os recrutas, e os pilotos têm que ter horas de voo, para poderem continuar a pilotar.

Qual a sua opinião sobre a presença do Brasil no Haiti, desde 2004?

AMORIM: Disse aos comandantes a minha visão e pretendo conversar com o ministro Patriota (Antonio Patriota, Relações Exteriores). A decisão é política, mas defendo uma estratégia de transição. O Brasil não pode se eternizar, mas também não pode sair de forma que prejudique os resultados obtidos.

A aproximação do governo Lula com o Irã, quando o senhor era chanceler, foi criticada por alguns setores. Isso pode incomodá-lo como ministro?

“É uma bobagem pensar que o Brasil ficou amiguinho do Irã.”

AMORIM:O Brasil não deu prioridade ao Irã. Deu prioridade, sim, em parte até motivado por pedidos, para resolver um problema que é muito grave no mundo, que era o programa nuclear iraniano. Achamos que podíamos ajudar, mas só tivemos um defeito, uma falha: nós conseguimos. Não temos acordo de parceria estratégica com Irã. Defendemos o direito de todos os países terem energia nuclear para fins pacíficos, e isso é um direito assegurado pelo Tratado de Não Proliferação, do qual o Brasil é membro, e o Irã também.

Quem estava certo, o Brasil ou os membros permanentes do Conselho de Segurança?

AMORIM: Não inventamos o acordo. Apenas, junto com a Turquia, procuramos viabilizar algo já proposto. Antes de irmos a Teerã, o presidente dos EUA, Barack Obama, enviou-nos uma carta dizendo que o acordo estava de pé. Mas isso é página virada. Minha posição é a mesma. Na época, o Irã deveria ter 1.800 quilos de urânio enriquecido. Hoje, está como mais de 3 mil. Se o acordo fosse mantido, 1.200 quilos teriam sido retirados de lá.

Este ano, o senhor escreveu um artigo criticando o voto do governo Dilma sobre a decisão da ONU de enviar um relator de direitos humanos para o Irã. O que mudou agora?

AMORIM: Não estava no governo. Agora que voltei, sou solidário às posições do governo. Mas, se pedirem minha opinião, a darei.

Como o senhor dará sequência à discussão sobre a Comissão da Verdade?

AMORIM: A proposta que existe (no Congresso) resolveria muita coisa.

Os militares resistem, sob o argumento de que só se ouve o pessoal da esquerda.

AMORIM:A Comissão da Verdade é a verdade. Verdade não tem dois lados. Verdade é verdade. Sejam dois, três, quatro lados, quantos lados forem.

Qual a sua opinião sobre o fim do sigilo eterno dos documentos secretos?

AMORIM: No que diz respeito aos direitos humanos, não pode ter sigilo. Mesmo sob sigilo, a Comissão da Verdade vai ter acesso (aos documentos), se não não chega à verdade. As operações que ocorreram nos anos 60, 70 ou 80 ficaram para trás.

Os militares de hoje não são mais como os de ontem?

AMORIM: Não. E mesmo naquela época, vivíamos um processo de abertura. Mas abertura tem altos e baixos. O filme “Prá frente, Brasil” ficou pronto pouco depois do episódio do Riocentro (um atentado de militares durante um show no Rio). O sistema estava nervoso. Nove meses depois que eu saí (por ter liberado o filme, que fala de um cidadão torturado na ditadura), o filme foi liberado, sem cortes, no governo Figueiredo.

O senhor é filiado ao PT…

AMORIM: Uma coisa é ter suas convicções políticas. Agora, partidarizar a pasta e as atividades é muito diferente. Não vou fazer isso aqui como não fiz no Itamaraty. Por exemplo, na eleição de Lula, não perguntei aos meus colaboradores em quem votaram. Escolhi por competência. As pessoas dizem: “ah, fulano é de esquerda!” Ser nacionalista é ser de esquerda?!

Quais são os seus principais desafios?

AMORIM:De imediato, manter os recrutas alimentados e equipados. Isso é absolutamente necessário para que as Forças tenham credibilidade. E há projetos de longa duração e que precisam de recursos estáveis.

O processo da aquisição dos caças foi congelado?

AMORIM: Não. Estamos em agosto e, embora as despesas que os caças venham implicar não ocorram imediatamente, pois ainda leva muito tempo para acertar todos os detalhes do contrato, o assunto continua em pauta. Vou reler o parecer que foi entregue, vou ver direitinho. Tem relatórios, considerações de preço, recomendações.

17 Comentários

  1. blablabla se fosse serio o SU ja estaria aqui no FX1 e se fosse imparcial e segundo a avaliação oficial daqueles que vão pilotar e mantener o Gripen NG seria o ganhador do FX2.Chega de pilantragens e maracutais.So tem safado que so pensa em dinheiro e lobby.O Gripen NG encaixa-se a PEDRONIZAÇÃO que tanto viviam dizendo ser essencial alem de ser adequadisimo a nossa realidade e as nossas necessidades.É um projeto que so nós teremos pois o compraremos completo.Não existe segredo ou tecnologia sensivel que não possa ser adiquirida (olhem o SIPAM-SIVAM que goje rende muitos frutos)Basta dar a grana que os caras repassam ate o segredo da microfibra das calcinhas das mães deles.Poderemos evoluirmos muito mais em um versatil projeto exclusivo nosso.Temos envolvimentos profundos com Sulafricanos e com Israelenses que tambem se beneficiariam muito do nosso programa NG.So teremos a evoluir…Amorim Terninho de Tergal embora eu saiba que és fiel nacionalista COMO NUNCA ANTES NA HISTORIA DESTE PAIS EU ESTOU CONVENCIDO que sua permanencia no MD é TRANSITORIA rsrs rsrs uma embaixada para voce no Irã,Siria,Afeganistão ou Paquistão seria para ti um presente dos Deuses…KD o Iraniano que chegaria ao Brasil segunda-feira passada?Veio congratular Amorim ou tratar de negocios heim!!!Em breve aeronaves cargueiras decolaram cheias de Tamaras Tupyniquins com destino a Teerã BUMMMMM…

  2. eu gostei da sinceridade do ministro, em todos os quesitos. no meu ver ele foi o melhor ministro da RE de muitos anos, contudo m reservo a assitir oq ele fará. e bem, tenhamos paciencia, ele acabou de chgar; mas com eu sempre digo, em politica e em defesa, so acredito vendo.
    abraços!

  3. Uma coisa essencial é manter a sua palavra:AMORIM: “Uma coisa é ter convicções políticas, outra é partidarizar a pasta. Não vou fazer isso aqui”‘

  4. O ministro Amorim é sério. Um brasileiro honrado. E ouso acreditar que a decisão sobre a compra dos caças sairá ainda este ano.

  5. ” Ser nacionalista é ser de esquerda?!”
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    E como tem “agentes do norte” fazendo esta ilação…
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    Se alguém, ainda que capitalista convicto, defende os interesses nacionais colocando-os em 1º lugar, a frente daqueles do “norte”… É imediatamente tachado de “vermelhuxo”, esquerdopata e outras idiotices!
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    Ou por outras palavras, capitalismo nacional é “esquerdismo”! Capitalismo “virtuoso” é somente aquele que promove os interesses do norte!

  6. “AMORIM:O Brasil não deu prioridade ao Irã. Deu prioridade, sim, em parte até motivado por pedidos, para resolver um problema que é muito grave no mundo, que era o programa nuclear iraniano. Achamos que podíamos ajudar, mas só tivemos um defeito, uma falha: nós conseguimos. Não temos acordo de parceria estratégica com Irã. Defendemos o direito de todos os países terem energia nuclear para fins pacíficos, e isso é um direito assegurado pelo Tratado de Não Proliferação, do qual o Brasil é membro, e o Irã também.”
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    “AMORIM: Não inventamos o acordo. Apenas, junto com a Turquia, procuramos viabilizar algo já proposto. Antes de irmos a Teerã, o presidente dos EUA, Barack Obama, enviou-nos uma carta dizendo que o acordo estava de pé.”
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    Pois bem, pois bem e aí, o ministro afirma mais uma fez que os EUA concordavam com a proposta levada ao Irã. As línguas são afiadas para os protegerem contra mentiras serão afiadas para condená-los pelos seus erros?
    Felizmente o ministro deixou claro que não apóia nem apoiou o regime iraniano e sim o direito dessa e qualquer outra nação de usar a radioatividade para fins pacíficos.
    E a pergunta que ele fez é ótima: “As pessoas dizem: “ah, fulano é de esquerda!” Ser nacionalista é ser de esquerda?!” e aí é?

  7. Rss… eu me considero Nacionalista, mas com certeza não Esquerdista. Aliás, no mundo em que vivemos, tirando os extremismos que são sempre danosos, sejam políticos, ideológicos, ou religiosos, o resto está de boa.

    []’s

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    Olha ai o que os detratores, que se dizem contra o empenho brasileiro na questão iraniana, esquecem de mencionar, que o “”””o presidente dos EUA, Barack Obama, enviou-nos uma carta dizendo que o acordo estava de pé.””” E Depois os Próprios “amigos Yankees”, que alguns assim os consideram, disseram que não era assim e não aceitariam mais o que eles mesmos disseram que “Estava de Pé” anteriormente, esperavam em um fracasso do Brasil e da Turquia, chegaram até a falar que “Era a Ultima tentativa” com o Irã… lembrando que o acordo proposto pelo o Brasil e a Turquia era uma copia exata do que os USA propunham ao Irã alguns meses antes, mas fracassaram!
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    Para se “Estabilizar” a situação do médio Oriente nada mais justo que os dois lados possuírem bombas atômicas, pois se um lado possui e o outro não, nunca teremos uma paz duradoura!
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    Então se o Irã conseguir igualar o poder geo-Politico militar de Israel o Oriente Médio vai mudar, os dois lados terão que dialogar forçadamente, e a paz poderá surgir.
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    E o Irã não é estupido, sabe que atacar primeiro seria burrice, pois as centenas de Bombas Atômicas de Israel e dos USA varreriam o Irã do Mapa, então voltamos à velha máxima da defesa militar: A Destruição Mutua Assegurada, e a paz forçada derivando desta.
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    Amorim e o Brasil fizeram muito bem com os tratados do Irã, pois no papel que os iranianos assinaram o TNP tem as mesmas clausulas que nós assinamos também, então se os grandes Ocidentais fazem isso com eles, podem fazer o mesmo conosco amanhã se assim for o interesse dos potentes, quem garante que não, a Globo, A PIG, o Obama, os Filo-Americanos presentes aqui??
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    A coisa que devemos fazer é copiar a Índia integralmente quando se trata de defesa, depois faremos os nossos sistemas militares, mas dada a urgência que o Brasil tem em perder o atraso, serve comprar muito por ai, mas com a exceção de que não devemos ter nada de Yankee pois ficaríamos muito passiveis de embargos, boicotes, etc.
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    Valeu!!

  9. Fala kamaradas…

    O kamarada Francoorp tocou num ponto nevrálgico. O Brasil e TURQUIA tentaram costurar um acordo PACÍFICO com o Irã, diferentemente dos EUA, França, Inglaterra… . A grande maioria dos kamaradas esquecem q o acordo entre Brasil, Turquia e Irã usou como base as exigências dos EUA e AIEA. Estes pré-requisitos estavam inclusos em uma carta de OBAMA endereçada à Lula. Vejam alguns trechos:
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    “(20/04/2010)Gostaria de agradecê-lo por nossa reunião com o primeiro-ministro Erdogan, da Turquia, durante a Conferência de Cúpula sobre Segurança Nuclear. Dedicamos algum tempo ao Irã, à questão da provisão de combustível nuclear para o Reator de Pesquisa de Teerã (TRR), e à intenção de Turquia e Brasil quanto a trabalhar para encontrar uma solução aceitável. Prometi responder detalhadamente às suas ideias, refleti cuidadosamente sobre a nossa discussão e gostaria de oferecer uma explicação detalhada sobre minha perspectiva e sugerir um caminho para avançarmos.

    A proposta da AIEA foi preparada de maneira a ser justa e equilibrada, e para permitir que ambos os lados ganhem confiança. Para nós, o acordo iraniano quanto a transferir 1.200 quilos de seu urânio de baixo enriquecimento (LEU) para fora do país reforçaria a confiança e reduziria as tensões regionais, ao reduzir substancialmente os estoques de LEU do Irã. Quero sublinhar que esse elemento é de importância fundamental para os Estados Unidos. ” (by Obama)

    http://www1.folha.uol.com.br/mundo/741132-leia-integra-traduzida-da-carta-de-barack-obama-a-lula-sobre-acordo-com-o-ira.shtml
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    E foi justamente oq o Brasil e Turquia conseguiram!!!
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    Acordo ASSINADO com o Irã (17/05/2010)…Siiimmm… SOMENTE 1 mês depois:
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    “Irã vai entregar 1.200 kg de urânio e receberá em troca o material nuclear para reator de pesquisas médicas”

    http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,brasil-ira-e-turquia-fecham-acordo-sobre-troca-de-uranio-enriquecido,552806,0.htm
    Falow

  10. Devíamos copiar o Irã em muitos aspectos.Por exemplo: Ter armas nucleares, fabricar material bélico avançado, colocar na cadeia todos os políticos corruptos,e decretar pena de morte para os assassinos.

  11. Dentro assunto nuclear ,deu na Sinopse Diária da Marinha do dia 09 deste mês que a Hilary clinton ligou pra o Patriota pedindo adesão do Brasil ao Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares , isso dá direito à inspeções sensíveis, Patriota negou alegando soberania. A partir daí analisemos o Irã.
    Quanto a Amorim querer ou não partidarizar o Min. da Defesa , é um sério risco, esse é um ministério vigiado de perto por patriotas que amam a terra que vive, por isso a própria Dilma ter citado a palavra TENSÃO no discurso de posse de Amorim. Agora é só fazer conta de somar.
    Abs.


  12. Falando em Iran:
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    ENTREVISTA DA EURONEWS COM AHMADINEJAD
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    “Entrevista concedida à “euronews” pelo Presidente Ahmadinejad. Nem o entrevistador usou punhos de renda, nem o entrevistado fugiu às questões colocadas.”
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    Transcrição para o português:
    http://www.odiario.info/?p=2168
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    Fonte original, em inglês:
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    http://www.euronews.net/2011/08/04/ahmadinejad—the-full-exclusive-interview/

  13. O Irã está lutando contra o sionismo. O grupo mais poderoso do mundo. Aquele “véim” que aparece nas paradas militares do irã em posters foi um dos contra tal grupo. A religião baha-u-la o mentor foi um iraniano, que logo que o governo soube fuzilou sem pudor. Estava pregando a mesma coisa que a NWO prega. Aculturação, e um governo só mundial, “” em pró do amor e da paz””.

    A aproximação do Brasil com o Irã na minha visão leiga, é interessante, pois dá uma sobrevida de chance à soberania brasileira, contra todo este poder perverso.

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