Estudante do Ceará é escolhido para trabalhar na Nasa

Foto: Arquivo pessoal Ampliar

Daniel Aderaldo, iG Ceará

Eduardo Almeida estudou engenharia na Universidade Federal do Ceará e faz doutorado nos EUA. Ainda na sala de aula, conseguiu vaga na agência espacial.

A Agência Espacial Americana (Nasa) tem cerca de cinco mil funcionários. Um dos mais recentes a aportar por lá é o jovem engenheiro Eduardo de Brito Almeida, de 30 anos. Ele trabalha no Laboratório de Propulsão a Jato, na Califórnia, o centro tecnológico responsável pelo desenvolvimento de sondas espaciais não-tripuladas, uma das poucas áreas que devem continuar recebendo investimentos nos próximos anos – a agência entrou no pacote de corte de gastos do presidente Barack Obama.

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Eduardo se formou no curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC) em 2004 e atualmente é aluno de doutorado em Engenharia Elétrica na Escola de Engenharia da Universidade Brown, em Rhode Island, nos Estados Unidos. Pela universidade americana, ele ganhou uma bolsa de três anos do Projeto Harriett G. Jenkins, mantido pela Nasa. É a segunda vez que ele consegue trabalhar na mítica agência antes de sair da sala de aula.

Eduardo Almeida no laboratório da Nasa, na Califórnia: o seu trabalho é ajudar os robôs a andar na Lua, em Marte ou em um asteroide

Em 2009, Eduardo participou do Programa de Verão Space Grant e trabalhou no setor que cria modelos tridimensionais a partir das imagens aéreas. A pesquisa em que ele está empenhado agora desenvolve modelos matemáticos para que robôs reconheçam o ambiente tridimensional ao seu redor e tome decisões de forma autônoma – seja na Lua, em Marte ou em um asteroide. “O robô terá capacidade de se locomover sem interferência humana, escolhendo as melhores trilhas e evitando obstáculos com mais segurança”, explica o pesquisador.

Carreira

Eduardo tem dupla nacionalidade, já que nasceu em Nova York quando o pai cursava o doutorado. “Mas cresci e morei em Fortaleza até terminar a graduação”, destaca. Depois ele cursou mestrado no Laboratório de Circuitos e Processamento de Sinais (Linse) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com o doutorado, mudou para os Estados Unidos, onde está há cinco anos.

Nunca tive metas claras. Como todo mundo, sempre me questionei sobre o que faria após a conclusão do curso. Felizmente, as oportunidades surgiram e tomei decisões das quais hoje não me arrependo”

“Fui apresentado pela minha orientadora de iniciação científica da UFC a um membro do corpo docente da Divisão de Matemática Aplicada da Universidade Brown, que me estimulou a aplicar para o programa de doutorado em engenharia, onde fui aceito com bolsa integral”, conta ele. “A oportunidade de colaborar com o Laboratório de Propulsão a Jato em 2009 veio ao mesmo tempo que apliquei para uma bolsa de estudos da Nasa. Meu projeto foi aprovado em um processo de seleção extremamente competitivo. Logo em seguida, apliquei para um emprego de verão no laboratório e, como bolsista, fui selecionado para o Programa de Verão Space Grant”, conclui.

Ele diz que nunca fez planos de trabalhar na Nasa. Segundo ele, as coisas simplesmente aconteceram à medida em que avançava com os estudos. “Nunca tive metas claras. Como todo mundo, sempre me questionei sobre o que faria após a conclusão do curso. Felizmente, as oportunidades surgiram e tomei decisões das quais hoje não me arrependo”, conta. Na Universidade Brown, ele passou a estudar assuntos com nomes complicados, como “visão computacional e reconhecimento de padrões para reconstrução de superfícies 3D”, “interpretação probabilística de cenas” e “detecção de mudança automática de pontos de vista arbitrários”.

Apesar dos nomes enigmáticos, essas áreas tentam transformar tarefas complicadas – como a caminhada de um robô em Marte – em algo tão simples quanto um passeio pela Praia do Futuro, em Fortaleza. Mas, antes de o robô andar, ele precisa que alguém que pense por ele e o ensine a se comportar direitinho pelas crateras lunares ou pelos inóspitos terrenos de Marte. É ai que entram Eduardo e os seus colegas.

O dinheiro

Mesmo sendo um engenheiro com mestrado, cursando doutorado em uma das melhores universidades americanas e trabalhando na Nasa, a vida de bolsista não difere muito da que os estudantes brasileiros levam. “A realidade é um pouco mais favorável, mas não muito mais vantajosa, pois tudo é relativo. O custo de vida aqui, e principalmente nas grandes cidades, é muito caro”, pondera.

As perspectivas de salários astronômicos também são quase inexistentes. Obama incluiu a Nasa no seu plano de corte de gastos. Com isso, os astronautas deixam o estrelato e as missões não-tripuladas ganham prioridade. Cada investimento agora tem de ser minimamente calculado, para trazer resultados práticos.

Isso tem provocado desemprego, claro. Hoje há 60 astronautas na Nasa. Nas década passada, era mais que o dobro: 149. O sonho de ser astronauta, realizado pelo coronel aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), Marcos Pontes, está cada vez mais distante. A esperança então é se dedicar à pesquisa, como faz Eduardo. No laboratório onde trabalha, há outros brasileiros, como os engenheiros Alberto Elfes e Marco Figueiredo e as astrônomas Duília de Melo e Rosaly Lopes. Se não dá para chegar ao espaço, ao menos é possível ajudar a explorá-lo. Nem que seja pelas câmeras de um robô.

Fonte: Último Segundo

14 Comentários

  1. Seria tão legal se o estado investisse nestas cabeças. dizendo: Olha! você aqui vai ficar rico, e ainda ser um dos heróis da nação. Montar um laboratorio na amazônia. Poxa adorariam este misto de coisa secreta + money e ainda por cima poder escolher sumir do mapa sem qualquer vestígio.

  2. Na UFC,no campus do pici,realmente existe convênios com os EUA e coma a França,alias geralmente os doutorados de Física,são feitos na França.
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    Há trabalhos do departamento de Física que tem como patrocínio a força aérea americana e trabalho com o instituto espacial brasileiro (projeto do satélite nacional).
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    Infelizmente a faculdade de Física do UFC padecem do mesmo mal que as demais faculdades do meu querido Brasil;de dinheiro e maus profissionais(professores),por falta de preparo mais adequado a estes;com tudo,cheios de boa vontade.
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    Esta ai um bom exemplo.

  3. Isso demonstra que nós temos talentos e que o Estado não pode negligenciá-los se quer ser potencia!Pois conhecimento transformado em tecnologia é a chave fundamental num mundo cada vez mais competitivo!Se o brasil quer deixar de ser mero exportador do commodities e agregar valor ao que produz tem que ter gente como esse jovem engenheiro trabalhando por nós; senão meus amigos, será mais uma chance perdida pra nós eqto pais e nação!O bom disso é que a Dona laranja, o mercadante é claro, estão focado em dar aos nossos jovens estudante, via bolsa no exterior, essa capacitação. E tem tudo pra dar certo.

  4. O pior é que a mídia dá pouco destaque para isso imagine se isso passa em todos os canais Brasileiros tem capacidade acima da média, mais o Estado é omisso ve iss é não faz nada era para esse jovem esta no programa espacial brasileiro ou tem algum oculto por lá so entra quem é apadrinhado dos políticos por isso não famos para frente é nosso programa espacial esta a 30 anos so no papel é bla,bla,bla, até quando vamos lança nosso fuguetes é sondas espaciais se misseros 30 milhões não paga nem 1/3 de matéria prima que eles usam lá. mais 50 bilhões para corta do orçamento é rapido agora para paga 50 bilhoes de diferença sálarial dos deputados é muito rapido. esse é o país da laranjas como diria os cantores antigos de nossos musicas.

  5. AS ESCOLAS E COLEGIOS DE ELITE DO CEARA SAO CONHECIDOS PELA QUALIDADE EM CIENCIAS EXATAS. POR ANOS OS CEARENSES FORMAM 2o CONTINGENTE DE APROVADOS NO ITA, APOS O ESTADO DE SAO PAULO E DISPADRADO EM RELACAO AOS DEMAIS ESTADOS.

  6. É de lá do Ceará que um fisíco brasileiro fez um livro desvendando a atual mais poderosa bomba atômica dos EUA, a W87.

  7. Quer dizer: o cara estou em faculdade pública e agora vai servir aos EUA… muito bom Brasil… nisso que dá aqueles “chupa-cabras” lá de Brasília… sugam o país e não deixam ele crescer. É incrível que mesmo após 500 anos de exploração, este país ainda tenha riquezas…

  8. É fod*,os melhores sai do pais e falta inteligencia no Brasil e sobra criminais e politicos corruptos,a nossa melhor arma é segredo,vamos colocar os nossos politicos nos governos espalhados pelo mundo e vamos arruinar os paises,a ver si a crisis mundial foi feita pelos nossos politicos colocados pelo mundo,jejejejejeje

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