Avião chinês será o terceiro mais vendido, diz Airbus

Por Assis Moreira | De Toulouse (França)

A China, e não o Brasil com a Embraer, será o terceiro grande competidor internacional no mercado de jatos nos próximos dez a vinte anos, só atrás da europeia Airbus e da americana Boeing. Essa pelo menos é a avaliação da Airbus, que projeta demanda de 26 mil aparelhos nos próximos vinte anos, sendo quase 18 mil (68% do volume e 40% em valor) de corredor único e com 120 a 180 assentos.

É nessa categoria que a China começa a produzir seu primeiro jato de passageiros, o C919, que planeja colocar no mercado em 2016 para competir com jatos regionais da Embraer e da Bombardier, além do Boeing 737 e do Airbus 320.

“O maior potencial está na China para se tornar o terceiro grande produtor de aviões”, afirmou o vice-presidente de comunicação da Airbus, Rainer Ohler, a um restrito grupo de jornalistas, na sede da companhia, em Toulouse. “A Embraer tem espaço, vemos seus bons aviões cada dia em todo lugar”, disse.

O governo chinês vem usando centenas de milhões de dólares de subsídios para desenvolver sua indústria aeronáutica e reduzir a dependência em relação a produção estrangeira, para atender a crescente demanda de seu mercado. Pequim exerce poder para atrair tecnologia nas negociações de aquisições de novos aparelhos.

Três dos quatro maiores atuais grandes construtores aeronáuticos têm acordos com a China. A Embraer tem uma fábrica em Harbin para produzir jatos regionais e também executivos. A Bombardier produzirá fuselagem em Sheyang para alguns de seus aparelhos. E a Airbus já montou 50 aparelhos A-320 em Tianjin.

Todos trabalham em associação com fabricantes chineses, o que significa transferir tecnologia e preparar especialistas para a China, na tentativa de garantir acesso ao segundo maior mercado de avião do mundo, depois dos Estados Unidos.

 

A Boeing adotou outra estratégia, preferindo importar dezenas de componentes produzidos por firmas chinesas, o que lhe garante em troca uma boa fatia do mercado na concorrência com Airbus.

Para Airbus, o futuro está na Ásia-Pacífico. A região será líder na demanda de aviões nos próximos vinte anos. As companhias, incluindo da China e Índia, transportarão um terço do tráfego mundial de passageiros até 2029, fazendo da região a mais importante em volume, bem distante da Europa (25%) e América do Norte (20%).

Nesse cenário, a imprensa chinesa diz que Pequim investirá US$ 232 bilhões para quase dobrar sua frota de aviões para quase cinco mil jatos até 2015. Mas ao invés de só comprar, a China decidiu produzir o C919, que poderá fazer o primeiro voo desde fim de 2014, pelo projeto original. Pequim diz estar desenvolvendo também motor para aviões. A civil Aviation Management Institute of China treina mais de 13 mil estudantes anualmente para trabalhar no setor.

O plano chinês é de atender a demanda doméstica, mas também conquistar fatias no exterior, mas precisará convencer compradores sobre a qualidade de seu avião. Simbolicamente, a primeira companhia europeia a assinar memorando de intenção (não ainda encomenda) para comprar aparelhos chineses foi a irlandesa Ryanair, famosa por suas passagens baratas.

Construtores aeronáuticos tradicionais, embora sócios dos chineses, estão preocupados com a nova concorrência, não só da China, mas da Rússia com o SuperJet da Sukhoi e o Mitsubishi, do Japão

Embraer e Bombardier já tiveram uma briga feroz por causa de subsídios a exportação, o que levou a Organização Mundial do Comércio (OMC) a dar o direito de retaliação ao Brasil e ao Canadá em diferentes decisões

Atualmente, Boeing e Airbus têm um conflito que já dura sete anos na OMC sobre subsídios bilionários para pesquisa e desenvolvimento de novos aparelhos, prática amplamente usada também na China, Rússia e Japão.

Para Rainer Ohler, da Airbus, o fato é que os construtores aeronáuticos precisam de “suporte” do governo, ou seja, de subsídios. Mas admite que hoje é preciso procurar um entendimento global para limitar essas ajudas.

“Se eu fosse romântico, acreditaria num acordo (global), mas na situação atual não vejo como”, afirmou o executivo da Airbus. Ohler acha que os EUA e a Europa tiveram a chance de estabelecer um acordo global sobre os subsídios, em 2005, mas a Boeing acabou recusando. Agora, há novos parceiros no jogo e a situação se complica.

Além de produtor, a China exercita sua influencia nas aquisições de aparelhos para frear o que lhe causa problemas. Ohler confirmou que Pequim suspendeu o anuncio de encomenda de aparelhos superjumbo A380 por causa da decisão da União Europeia de cobrar das companhias aéreas estrangeiras pela poluição que provocam quando voam para a Europa, a partir de 2012. O contrato era para compra de 10 A-380, valendo mais de US$ 3 bilhões pelo preço de catalogo.

“A China quis mandar uma mensagem para a UE e acabou punindo a Airbus”, disse o executivo.

 Fonte: Valor Online

13 Comentários

  1. Para piratear é preciso fazer. Fazendo pirataria se aprende a fazer. Estimulando e treinando pessoal (educação-ciência e não passa-tempo em sala de aula) se melhora o que se sabe fazer. Fiquem tranquilos ou não? A China vai fazendo o dever de casa. E nós?

  2. A EMBRAER irá quebrar. Nunca gostei dessa empresa, pois não possui pessoas criativas e intuitivas.
    A China é um grande exemplo para nós.

  3. Só resta a Bombardier e a Embraer fazerem uma sociedade para enfrentar os grandes que vem com tudo. Alias, ta na hora dos palhaços dos norte-americanos enxergarem que o mar não ta pra peixe de agua quente, se não houver uma união total das américas vamos ficar nas mãos dos orientais em menos de trinta anos. Agora são as Américas contra o resto do mundo, isso ja era para ser feito quando a europa se afundou em guerras, mas os espantalhos que moravam nos EUA resolveram se juntar a corja européia capitalista e deu no que deu. A China vai dar o troco e vai querer dominar por séculos…aí dos pobres errantes que viverem fora dos domínios chineses.

  4. A diferença entre um pais que sabe bem a potencia que já é e o que ainda pretende ser, e outros paises eternamente no bloco dos politicamente corretos, eternos produtores de batata, soja e paçoca de amendoim.

  5. O engraçado é que as gigantes do setor vão dando munição(tecnologia) em troca de participar no potencial de mercado chinês. Até a Embraer embarcou nessa.

    []’s

  6. Primeiramente não temos acesso as informações estrategicas da Embraer,então não dá para se fazer uma analise profunda do futuro da empresa e se ela contava com esse desenvolvimento aeronautico chines, más se fizermos uma analise superficial de que a China fez com a Russia era de se esperar que assim que tivessem dominio da tecnologia seria uma concorrente de peso, basta ver que acontece com o SU27 que os chineses fizeram o J-11 e o SU33 versão embarcada que se transformou em J-15

    abraços a todos

  7. A embraer e´o local aonde se pode encontrar parte dos melhores celebros do brasil,afirmar o contrario e´negar todos os sucessos de vendas e produtos desta empresa,mas infelizmente o avanço chines coloca em risco qualquer empresa que se encontra em paises aonde leis trabalhistas garantem bem ou mal os direitos dos empregados,com o nivelamento dos conhecimentos tecnologicos ,o custo de produçao vai ditar as regras.AERBUS e BOING terao os mesmos problemas de competiçao em um futuro medio (20 anos),a embraer e bombardier ja os terao nos proximos 10 anos,entao nao basta ser criativo e ter sexto sentido,as empresas dependerao de mao de obras semi-escravas(baixo salario)e enormes subsidios federais para competir de igual pra igual. (sera que os PHENONS e STUCANOS foram obras de sorte?)

  8. e simples gente vomas aconselho a Dilma paga uns bilhoesinho de subsidio para Embraer, ele cresce rapidinho,
    os chineses vao sofre boicote no futuro eu to ate vendo o avioes chineses competindo pra ser vendido nos EUA e EUROPA e a Boing e Airbus falando nao voa ai nao se nao ele cai pelo amar de deus, e copia da copia, as peças nao prestam, vai desmontar no ar rsrsrs depois desse batismo de fogo talves a China passe a Airbus e Boing mas ate la e so especulaçao.

  9. .
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    “Todos trabalham em associação com fabricantes chineses, o que significa transferir tecnologia e preparar especialistas para a China,”
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    Essa é a razão para o sucesso chinês, parar de comprar de prateleira e fazer colaborações… e o Brasil começa a fazer o mesmo com os SUBs e o FX2 e neguinho ja mete a ripa!!
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    Ser desenvolvido começa pela mentalidade!!
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    Valeu!!

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