Com apoio dos EUA, plano para reformas na Síria deixa Assad no poder

http://i0.ig.com/fw/1y/zg/r9/1yzgr9hzq5fx5uxc6i3lzdnti.jpgJornal britânico tem acesso a documento que prevê direito legal a manifestações, liberdade de imprensa e indicação de assembleia.

Os EUA estão promovendo um “mapa da estrada” para reformas políticas na Síria que transformaria o regime de Bashar al-Assad, mas o deixaria no poder por enquanto – apesar das reivindicações feitas por sua renúncia durante o levante de três meses do país, informa nesta quinta-feira o diário The Guardian.

Fontes da oposição sírias revelaram ao jornal britânico que o Departamento de Estado americano tem encorajado discretamente a discussão do esboço do documento não divulgado publicamente, mas que circulou em uma conferência sem precedentes da oposição em Damasco na segunda-feira. Segundo essas fontes, o embaixador dos EUA está conclamando o diálogo com o regime.

Assad supervisionaria o que o mapa da estrada chama de “uma transição segura e pacífica para a democracia civil”. Ele pede controle maior sobre as forças de segurança, o desmantelamento das gangues “Shabiha” acusadas de atrocidades, o direito legal às manifestações pacíficas, amplas liberdades de imprensa e a indicação de uma assembleia de transição.

O documento cuidadosamente redigido de 3 mil palavra demanda um “pedido de desculpas claro e franco” e a prestação de contas de organizações e indivíduos que “fracassaram em acomodar protestos legítimos” e pede a indenizações para as famílias de vítimas da repressão. Segundo a oposição, 1,4 mil morreram desde o início dos protestos, em 15 de março. O governo diz que 500 membros das forças de segurança morreram.

O documento não ataca o presidente ou outras figuras do regime nominalmente. Ele pede que o governista partido Baath submeta uma nova lei sobre partidos políticos – apesar de que a legenda continuaria oferecendo 30 dos 100 membros para a assembleia nacional proposta. Os outros 70 seriam indicados pela presidente em consulta com nomeados da oposição – o que ainda deixaria Assad em uma posição de poder.

O mapa da estrada é assinado por Louay Hussein e Maan Abdelsalam, importantes intelectuais seculares em um grupo chamado Comitê de Ação Nacional. Ambos se encontraram com o vice-presidente sírio, Farouk al-Sharaa, antes do discurso mais recente de Assad, disseram diplomatas. Na segunda-feira, eles presidiram a conferência de Damasco, que teve permissão oficial e à qual compareceram 150 pessoas.

Foto: AP

Imagem feita por celular mostra manifestantes contrários ao governo segurando cartazes em Banias, na região costeira da Síria

Wael Sawah, outro membro do grupo, é um conselheiro na Embaixada dos EUA em Damasco, mas não assinou o documento, aparentemente para não desacreditá-lo aos olhos de sírios suspeitos de intervenção externa. O apoio silencioso dos EUA ao mapa da estrada é congruente com as demandas públicas de Washington para que Assad faça reformas ou renuncie.

Mortes na fronteira

A repressão na aldeia síria de Al-Rami, na região de Jabal al-Zawya, na fronteira com a Turquia, deixou pelo menos 19 mortos entre quarta e esta quinta-feira, segundo grupos opositores. Do Cairo, o diretor da Organização Nacional para os Direitos Humanos Ammar Qurabi disse que a repressão é exercida pelas forças de segurança, militares e por “pistoleiros” do regime.

Os chamados Comitês Locais de Coordenação na Síria informaram pela rede social Facebook que, além disso, há 50 feridos por “disparos de armas pesadas e metralhadoras” e outros 50 detidos. O mesmo grupo destacou que Al-Rami está cercada pelas forças de segurança e militares, que incendiaram algumas casas e bombardearam outras com artilharia.

Anteriormente, o movimento “A Revolução Síria contra Bashar al-Assad” tinha revelado que, na província setentrional de Idlib, onde se encontra Jabal al-Zawya, carros blindados do Exército tinham entrado na localidade de Al-Bara.

Essas informações não puderam ser verificadas de forma independente pelas restrições que o regime de Damasco impõem aos jornalistas.

Fonte: Último Segundo

17 Comentários

  1. Caros e depois de milhares de mortes e prisões e do exodo.
    acordo entre EUA e Síria, e o povo e o movimento de oposição a Assad????
    Os dois combinaram e esqueceram que a população que faz oposição ao Assad não aceitara esse conto do vigário.
    Uma das duas ao afroxar as correntes da opressão ou o povo coloca ASSad na Cadeia ou Assad aumenta a repressão e fecha de vez qualquer dialogo com quem quer que seja.
    Acho que Assad assinou sua execução, caiu em conversa de Americano os quais são suspeitos de ajudar a oposição.
    Tchau Assad.

  2. Nunca deu para confiar nos yanques, pois sempre agiram assim. Meu avó só tinha o primeiro grau e já sabia disso, ou seja , até quem não tem estudo sabe que os Americanos são safados.

  3. OS americanos estão dando corda para o eunuco Bachar Al Assad se enforcar e ser substituído por um regime menos refratários aos seus interesses na região. Isso tem um lado positivo pois irá acentuar o isolamento do estado fascista iraniano.

  4. @Nilo
    você já parou pra pensar que esse acordo era exatamente o que os EUA queriam desde o início?
    Eles não dão ponto sem nó, nem fazem a bainha de graça.

  5. Apoio dos EUA???? Ou uma imposição da Rússia?????? Pára com isso!!!!! Os EUA já era!!! Perderam mais uma!! Colocaram mais esta na coleção de derrotas!!

    “O problema da violência na Síria é do não é Bashar al-Assad, talvez nem no comando Sírio ele esteja. A Síria é controlada por seu irmão mais jovem, Maher, e os escoteiros de seu cunhado Asef Shawkat. Bashar não pode nem ajudar o Hezbollah no Líbano, nem os próprios sírios. É possível que Bashar represente a face melhor da política síria, como indicavam os planos das reformas. Mas nada garante que seja assim, se as reformas jamais acontecerem? Além do mais, hoje que fala grosso na Síria são os tanques de Maher. Bashar ainda estará no comando? Se estiver, ainda pode conter os massacres comandados por seu irmão Maher.”

    Sugiro os textos:

    Robert Fisk: Quem, no Oriente Médio, ouve Obama? E quem, no Oriente Médio, liga para o que Obama diga?
    http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/robert-fisk-quem-no-oriente-medio-ouve-obama.html
    E esses:

    Vencedores e derrotados no Afeganistão de Obama

    O Oriente Médio de Obama: retórica e realidade

    Robert Fisk: Obama e o jogo de espelhos no Oriente Médio

    O Hezbollah e a revolução árabe

  6. SEM A MASSA CRÍTICA NA CABEÇA
    .
    .
    Para os EUA e Israel,o atual governo da Síria é um mal necessário,lembram do Sadam Russein,eles não querem cometer o mesmo erro.
    .
    Ruim com ele,muito pior sem ele,pois a influência do Irã é considerável na Síria.
    .
    O moral disso tudo é:
    .

    Se o Brasil desse/fizesse esta proposta,muitos dos incautos que nós conhecemos,iria criticar o país por isso;más como é o Capitão américa, ai é outra história;…..realmente…da para levá-los à sério?

    _Hahaaa…!

  7. A forte e bíblica Síria, eu disse a Síria e não sua “elite” corrupta dominante, como em todo país a “elite” dá um show de mentiras e ganaância.
    Bom,estamos falando de uma ditadora , mas agora pretendem a ” nossa ditadora “, resta saber se o povo Sírio vai concordar com esses acordos os quais não estão sendo consultados , será que haverão eleições futuras (?) e reformas políticas. Na verdade um conflito interno redundará em Mandados de Prisão nos tribunais europeus para a elite, é pegar ou largar, por isso essa costura política.
    No Afeganistão os atentados continuarão e no Paquistão fica no poder quem eles querem.
    É uma tentativa de barrar uma nova Revolução Francesa, agora na Síria, a guilhotina está no ponto mais alto.

  8. Os Americanos são mesmo uns bundas sujas.Fazem vistas grossas a tiranos que se harmonizam com eles e botam o galho dentro com quem é escudado pela Russia ou China.Eles sabem que uma ação militar na Siria fervera a região e é “desconhecido” o resultado.OTAN o dia que surgir um novo SULEIMAM,O MAGNIFICO voces estão perdidos.Ate agora ele é inexistente e o dia que houve um que uniu o mundo Arabe a humanidade conheceu a maior de todas dominações.

  9. Bisando: O hassad fica no poder e paga aos juduSS ñ os atakando, pela retomada de golan, como a maré está mudando no OM, os Palestinos vão pular na garganta dos juduSS apos reconhecimento pela assembléia geral da ONU,a 3 intifada; Deus(YHWH) o inefável é mt justo c os filhos de Abraão/Ibraim. Quem viver verá.

  10. Estao corretos os norte americanos,em vespeiro melhor nao cutucar,ASSAD e´um mal menor,foi detectado fundamentalistas infiltrados no movimento,alem do mais 80% dos sirios apoiam Assad ,o EUA nao vai cometer a mesma cagad.. que cometeu na libia,se bem que la os franceses foram os incentivadores,boa sorte ao povo Sirio,vigiem e cobrem as mudanças.Eta fobia desmedida meus colegas!

  11. Ronin disse:
    01/07/2011 às 04:18

    imposição da Rússia??????O eunuco Bachar a melhor face da política síria?. por favor! sem essa! Hoje em dia a Rússia, fora o poder de veto no CS da ONU, não tem como impor muita coisa no O.M. Nos tempos da URSS tudo bem, ela era um player decisivo, se bem que seus aliados costumeiramente tomavam surras homéricas das IDFs. Quanto à Bachar, hoje em dia é tão somente um tiranete assustado com os protesto e que, para poder se segurar no poder, precisa apelar para repressão brutal e para o auxílio de seus amigos iranianos e do Hezbollah visto que oficiais desertores do exército confirmaram a presença de soldados iranianos e do Hezbollah entre as tropas que oprimem a população síria.

  12. Entre mortos e feridos, a balança futura não será tão favorável ao USA quanto tem sido, e no fundo eles sabem disso( no OM ).SDS.

  13. Caro Felipe sim, concordo com você, sendo que ” desde o ínicio ” o que o EUA quer é a derrubada do governo ditatorial do Assad com ou sem acordo.
    O acordo só foi feito porque o presidente sírio não esta tendo outras opções como se aliar ao Iran e a ajuda da Rússsia é uma ajuda “débil”.
    Assad daqui pra frente vai se chamar AL ASSADIN YANQUES
    aBS

  14. Nilo:
    Eu ainda penso que o plano é dar corda para o Eunuco Bachar se enforcar. Mas sua observação é perfeita, ainda que me pareça uma espécie de “plano B” para Washington e Telaviv afinal, uma Síria neutralizada no plano estratégico é um duro golpe para o Irã na medida em que vê o seu isolamento aumentar, sua economia cada vez mais fragilizada(a taxa de desemprego por lá ronda os 15%)e os seus planos de tornar-se o país hegemônico no O.M serem frustrados.

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