Líbia: Fazer a paz, defender os povos

A 8 de Março os ministros de Defesa da OTAN reuniram-se em Bruxelas para estudarem uma eventual intervenção na Líbia. A 17 desse mês é aprovada, com a abstenção da Rússia, China, Alemanha, Índia e Brasil, a Resolução 1973 do CS da ONU. O texto apresenta no essencial: exigência de um cessar-fogo e diálogo entre as partes (pontos 1 e 2) e estabelecimento de interdição de vôos exceto para benefício da população (pontos 6 e 7).

A proposta de Resolução apresentada pela França, Líbano e Reino Unido baseia-se na invocação de massacre pelas forças governamentais de civis que pacificamente exigiam reformas políticas.

A 19, à noite, EUA, Reino Unido e França atacam a Líbia. Desde aí, alvos militares e civis têm sido atacados pela OTAN, que entretanto assumiu o comando das operações.

Mas lembrando que os invocados massacres foram desmentidos por jornalistas credenciados (e daí ser admissível a dúvida); que a agitação social na Líbia logo tomou forma de revolta bem armada, que indubitavelmente só incorporava parte do povo, e evoluiu para uma guerra civil; e que, ao contrário das revoltas sociais nos outros Estados árabes e muçulmanos, quem acabou por liderar a rebelião expressamente pediu ajuda externa aos antigos colonizadores, não obstante parte das forças rebeldes repudiar qualquer intervenção estrangeira.

Constatando ainda que foi diferente a atitude das potências imperialistas e seus acólitos, perante outras revoltas em que se têm verificado cenas de extrema violência sobre as populações (caso da Palestina, do Bahrain, do Iêmen); e que se embargava o fornecimento de armas ao governo enquanto se fornecia armas e logística a grupos rebeldes.

E recordando que a política externa da Líbia se pautava por razoável independência face ao poder imperial (à semelhança da Síria); e lembrando ainda a atitude critica da Líbia em relação à Israel.

É conjugando estes vários fatores que se compreende a intervenção bélica contra a Líbia. É uma guerra de grandes potências importadoras e exploradoras de petróleo, com passado e atual pendor colonialista, contra um país não alinhado e dotado de grandes reservas energéticas.

Não é uma guerra pela defesa dos civis líbios, mas sim a favor de grandes interesses dos EUA, do Reino Unido, da França e da Holanda.

É uma guerra pela apropriação do petróleo e dos importantes fundos soberanos líbios aplicados em países ocidentais.

Uma guerra arrasta sempre morte e sofrimento para as populações. Se a preocupação fosse salvaguardar as populações, teriam sido consideradas as reiteradas iniciativas de diálogo e negociação, intermediadas pela União Sul Africana, Rússia e de países da América Latina, aliás, propostas ou aceites por Kahdafi em nome do regime líbio.

A intervenção da OTAN vem mais uma vez provar que esta organização não é mais do que o braço armado dos EUA e dos seus parceiros, na rapina da riqueza e controlo dos povos.

Esta intervenção armada na Líbia é ilegal e ilegítima. Assim como a atuação do chamado “Grupo de Contacto da Líbia”, constituída pelos agressores, e que além de usurpar poderes que só os Órgãos da ONU têm, vai além do mandato que se poderá inferir da Resolução 1973: a mesma não prevê a queda do regime, nem prevê o bombardeamento de infra-estruturas civis, nem a tomada de posição e apoio a uma das partes em conflito.

Os rebeldes não são nem mais nem menos líbios do que os apoiadores do governo de Kadafi, tornando assim o apoio militar, político e financeiro dado aos rebeldes uma intromissão ignóbil e criminosa em questões que só ao povo líbio cabe resolver, nomeadamente designar os seus legítimos representantes.

A agressão dos EUA/OTAN/UE à Líbia, além de ser o principal obstáculo à paz neste país, é um ataque ao Direito Internacional. É mais uma grosseira agressão aos povos que seguem uma via de autodeterminação e buscam melhores condições de vida.

O Conselho Português para a Paz e Cooperação condena vivamente o assassinato de civis por qualquer das partes em conflito, reitera o repúdio pela intervenção da NATO, responsável pela destruição maciça de vidas e bens, que converteu um estado de agitação social em uma guerra civil em larga escala, e exige que seja respeitada a vontade e soberania do povo líbio.

Denuncia como indigna a posição do Governo Português que, demitindo-se de fato da responsabilidade que assumiu como presidente do Comitê de Sanções à Líbia, para prestar apoio político (se não mesmo logístico) a mais uma guerra de rapina – contrariando os princípios constitucionais da República Portuguesa.

[*] Conselho Português para a Paz e Cooperação

Este documento encontra-se em http://resistir.info

Fonte: Patria Latina

10 Comentários

  1. Esse kadafhi e um imbecil e deveria ser morto, fez mt mal aos Lìbios ao ñ aceitar as reformas…o q esse cara fez ao seu país…um crime. O botim é gdr, as sanguessugas as mesmas de sempre. sds.

  2. hahahahahah, muito boa a ilustraçao, representou bem o que acontece la na libia.(cada um busca o seu pedaço de bolo).

  3. será que ele é tão ruim assim,pelo que eu sei ñ, vi num blog parceiro aqui do plano brasil fatos muito interessante que deixariam muitos paises com o queixo caido,essa reportagem já faz um tempo que li,claro qualquer ditadura é ruim ninguem quer viver numa ,mas temos que nos informar e ñ ter apenas uma fonte de conhecimento mas de varias,lembrando que a libia tem uma enorme quantidade de petroleo então vamos pesquisar mais e ver se ele é tão ruim assim como dizem flws…

  4. O Estranho, é que descobriram que o Presidente Kadaffi é um ditador agora, após 40 anos. Até o ano passado ele era recebido em tendas em Paris e no Central Parque. Chegou a assinar vários acordos de defesa (com o mesmo Presidente Sarkozy, que agora o apunhala pelas costas), para a compra do caça rafale.
    A Arábia Saudita, o Paquistão, o Bahrein são exemplos de democracia uma vez que são aliados incondicionais dos que atacam a Líbia. Na Arábia Saudita mulheres não podem nem guiar automoveis. Lamentável! E ainda tem gente que compra a fumaça que os USA vendem.

  5. Entre ditadores não se pode fazer uma comparação tipo: “qual é o melhor?”.
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    Má se pode comparar: “qual é o pior”…e Kadafi, no continente Africano, certamente, para o seu povo, está entre os menos piores.
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    Repetindo o que já foi apostado aqui nos cometários do PB:
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    – KADDAFI, SEJA O BIZARRO QUE FOR, A ONU CONSTATOU EM 2007:
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    1 – Maior Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África (até hoje é maior que o do Brasil);
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    2 – Ensino gratuito até a universidade;
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    3 – 10% dos alunos universitários estudam na Europa, EUA, tudo pago;
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    4 – Ao casar, o casal recebe até US$ 50.000.00 para adquirir seus bens; financiados em 30 anos com zero de juros.
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    5 – Sistema médico gratuito, rivalizando com os europeus. Equipamentos de última geração etc.;
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    6 – Empréstimos pelo banco estatal sem juros;
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    7 – Inaugurado em 2007, maior sistema de irrigação do Mundo vem tornando o deserto (95% da Líbia), em fazendas produtoras de alimentos.
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    E assim vai….

  6. Quanto a guerra de agressão que a OTAN move contra a Líbia , com fins de colocar um governo títere:
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    Distorção e desinformação pela mídia desempenhou um papel importante na abertura dos portões para a guerra na Líbia. A mídia não fez nada a não ser criar uma justificativa para a guerra através de uma série de mentiras.
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    Funcionários dos EUA e UE fizeram duras condenações verbais contra o coronel Kadafi, quando surgiram relatos de caças disparando em manifestantes. As evidências desses relatos são inexistentes.
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    Na verdade os militares russos estava monitorando a Líbia com satélites e não viram sinais de ataques de caças a civis. Nenhuma imagem de satélite nem mesmo mostrou danos causados por caças. Também não existe nenhuma evidência em vídeo sobre isso, mesmo quando vários tipos de filmagem vieram da Líbia.
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    Apareceram também há histórias sobre forças líbias matando pessoas de dentro das suas próprias fileiras que se recusaram a lutar. Evidências em vídeo, de dentro da Líbia, provou que o vídeo apresentado juntamente com esses relatos era uma distorção. Não foram as forças líbias que mataram esses homens, mas elementos dentro da própria oposição.
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    Em face da invasão promovida por mercenários e traidores que apoiam o bombardeio de seu próprio país, Kadafi ganhou o apoio do povo que se uniu em torno dele. Se Kadafi não tivesse o apoio da população líbia, já teria caído nos primeiros 20 dias de bombardeios.
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    A guerra da OTAN já não é simplesmente contra Kadafi, neste momento é também contra a população líbia, com o intuito de dobra-la e submete-la aos seus desígnios.

  7. COMO A VERDADE DÓI! ,não menos as que as dores que os civís da: Líbia,Paquistão,Afeganistão,Palestina,Síria,…Guatânamo….,ect,..etc.

  8. Qual site não é tendencioso, oh grande sapiensia Tirelles… visto que reflete o ponto de vista do autor… devias contribuir mais e criticar menos…

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