Entrevista com o Chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas do Brasil, General de Exército José Carlos de Nardi

http://3.bp.blogspot.com/_yQuv0QQy3oo/TMtqV4w4Y-I/AAAAAAAAAVM/2y5rz66irFQ/s1600/General+De+Nardi.jpgPor Marcos Ommati

No dia 6 de setembro de 2010, o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, empossou o General José Carlos de Nardi como o primeiro Chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas. O cargo foi adequado à nova Estratégia Nacional de Defesa e foi criado após a reorganização pela qual passou o Ministério da Defesa. No dia da posse, o ministro Jobim fez questão de dizer que o novo cargo nada tem a ver com o antigo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas (EMFA). O novo posto é equiparado hierarquicamente aos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica e o General De Nardi é o responsável pelo emprego das Forças Armadas em exercícios conjuntos, por exemplo, cabendo aos comandantes o adestramento de cada uma de suas respectivas forças. Em sua primeira visita ao Comando Sul dos Estados Unidos, em março, desde que assumiu as novas funções, o General De Nardi conversou com Diálogo.

Diálogo – Como o senhor vê a participação das Forças Armadas do Brasil em ações como a retomada de algumas favelas no Rio de Janeiro?

General De Nardi – A participação das Forças Armadas na retomada de favelas no Rio de Janeiro é uma atribuição prevista na Constituição Federal, em seu Artigo 142: Garantir a Lei e a Ordem. Conforme preconizado, o emprego em atividades desta natureza deve ocorrer de maneira episódica e em área restrita e pré-determinada. Este é exatamente o contexto em que as tropas federais estão agindo nas comunidades carentes do Rio de Janeiro.

Diálogo – Do que depende o sucesso do apoio das Forças Armadas à polícia?

General De Nardi – No Brasil existe o preceito constitucional de Garantir a Lei e a Ordem, dentro de parâmetros de tempo e espaço previamente definidos, sem que as Forças Armadas assumam as funções de polícia, ou seja, mantendo-se focadas, principalmente, na defesa da pátria, papel primordial de uma força armada. A atividade policial, no Brasil, está circunscrita aos órgãos de segurança pública do país. Na faixa da fronteira, as Forças Armadas possuem o poder de polícia apenas para respaldar ações que por ventura tenham que ser realizadas, no cumprimento de sua missão constitucional e não para substituir outros atores de segurança pública que atuam na mesma área.

Diálogo – Como o Brasil pode ajudar outros países da região neste sentido? E com relação a parcerias no combate ao narcotráfico?

General De Nardi – Não há nenhuma ideia de cooperação entre forças armadas da América do Sul em assuntos de natureza policial. O que existe é a possibilidade de atuação das forças armadas na faixa da fronteira, em situações constitucionais e sem o viés de substituição de outros órgãos de segurança pública. O trato de questões ligadas ao narcotráfico está diretamente ligado ao Ministério da Justiça. A integração das nações da América do Sul, por meio de um plano de cooperação internacional com agregação de tecnologia às polícias e intensificação de ações de inteligência, é o modelo que será buscado para o combate ao narcotráfico e o crime organizado entre o Brasil e os países fronteiriços.

Diálogo – Qual a situação de países onde o Brasil está presente com forças de paz, como o Haiti e agora o Líbano?

General De Nardi – Inicialmente, é importante enfatizar que o Brasil somente atua com forças de manutenção e não de imposição da paz, em cumprimento a dispositivos previstos na Constituição Federal e sempre sob a égide de organismos internacionais, como a ONU e a OEA. A situação nesses países, segundo a ONU, requer um apoio mais estreito da comunidade internacional, o que está sendo feito por intermédio da presença de Forças de Paz, inclusive com a participação brasileira.

Diálogo – Por que é importante para o Brasil participar de contingentes como a Minustah? Qual o papel do Brasil como potência regional e internacional, e como as forças armadas contribuem para isso?

General De Nardi – A participação em contingentes como a Minustah tem papel importante no incremento do adestramento das tropas e da participação das forças armadas em operações de paz, integrando Forças de Paz da ONU ou de organismos multilaterais da região. O atendimento a compromissos internacionais serve de valioso instrumento de política externa, projetando positivamente o Brasil no cenário internacional. Além desses aspectos, pode-se considerar como demonstração de empenho e responsabilidade em contribuir para a manutenção da paz e da segurança mundiais, reforçando os princípios do multilateralismo e da solução pacífica de controvérsias. Ressalto, também, o importante aspecto de relacionamento e da integração com forças armadas de outros países. Sobre o papel como potência regional, o Brasil entende ser muito mais importante participar, como mais um integrante, do esforço conjunto e regional de todos os países sul-americanos. Desta forma, busca-se a implementação de um posicionamento eminentemente regional em vários aspectos, entre eles, o relacionamento com a defesa subcontinental.

Diálogo – Qual vai ser a participação das forças armadas brasileiras em eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas em termos de segurança de VIPs, nas ruas, estádios etc.?

General De Nardi – As Forças Armadas do Brasil participarão como elemento integrante de um contexto maior, no qual diversos outros atores estarão igualmente envolvidos. O emprego nas atividades de segurança dar-se-á estritamente nos limites constitucionais e legais previstos, buscando colaborar para o sucesso de todos os eventos mencionados. As experiências já adquiridas nas participações de grandes eventos como os Jogos Panamericanos de 2007 servirão de importante base para as atividades desenvolvidas. A participação das Forças nos dois eventos, entretanto, ainda será objeto de deliberação por parte do Governo Brasileiro nas tratativas que ocorrerão sobre o assunto.

Fonte: Diálogo

9 Comentários

  1. Sei ñ , pareceu-me o mt do mesmo, ñ vi uma posição clara a respeito da implementação rápida de rearmamento de n FAs, compra de caças , hellis ,subs,Sisfron, satelites geoestacionários e mt outros equipamentos necessarios e urgentes p n militares desenpenharem melhor sua atribuições constitucionais de defesa do solo pátrio. sds.

  2. “é importante enfatizar que o Brasil somente atua com forças de manutenção e não de imposição da paz,”
    Não atua para impôr nada em lugar nenhum, pq as nossas FA’s não tem aparelhamento pra isso.
    dhou, eu tbm senti um certo acômodo nas palavras do general.

  3. Nick disse:
    22/06/2011 às 09:49
    .
    Espero que o Exército, e as demais Forças, não se transformem em Guardas Nacionais.
    …………………………
    “Diálogo é uma revista militar profissional publicada trimestralmente pelo Comandante do Comando Sul dos Estados Unidos como fórum internacional para militares na América Latina. ”
    —————————–
    Nick, pelas perguntas feitas pela publicação, voltada ao militares latino americanos, más promotora dos interesses estadunidenses, a vontade é esta mesma :
    .
    Transformar as F.A latino americanas (Brasil incluído) em Guardas Nacionais.
    .
    E o narco trafico é uma ótima maneira de conseguirem isto…
    Más o Gen. De Nardi se saiu bem, ele coloca claramente que o combate ao narcotráfico não é a missão das nossas F.A.

  4. Caro Wi em:
    Wi disse:
    22/06/2011 às 15:36
    Nick disse:
    22/06/2011 às 09:49

    O interesse é divulgar a experiencia brasileira aos outros paises latinos, sobre o fato das forças armadas se envolverem no combate contra narcotraficantes cai nessa quem quer, o nosso exercito esta alerta, e por coincidencia He, He, sai junto no PB o artigo do General Paiva “pacífico, mas não desarmado”.
    Valeu boa intervenção,Abs

  5. Ah esse americanos………..

    http://apublica.org/2011/06/mais-veloz-e-mais-furioso-%E2%80%93-a-protecao-americana-a-um-cartel-mexicano/

    Mais veloz e mais furioso – a proteção americana a um cartel mexicano

    A jornalista independente mexicana Anabel Hernandez, colaboradora da Pública, apresenta, com exclusividade, os documentos do expediente do filho de “El Mayo” Zambada, um dos chefes do Cartel de Sinaloa, que tem ganhando poder no México. A reportagem revela que Vicente Zambada Niebla, o filho, pretende revelar, diante de uma corte federal do distrito de Chicago, nos EUA, que nos últimos seis anos o Cartel de Sinaloa tem operado sob a suposta proteção das autoridades norte-americanas.

    O processo judicial contra Vicente Zambada Niebla, filho de “El Mayo” Zambada, na Corte Federal de Distrito para o Distrito Norte de Illinois, abrirá a caixa de Pandora sobre a história dos últimos seis anos do tráfico de drogas do México para os Estados Unidos.

    O julgamento que ocorrerá em Chicago, outrora território do capo Al Capone, promete ser explosivo…………..

  6. Quem coloca droga dentro dos EUA não é bem as FARC….

    http://www.voltairenet.org/Libertad-de-prensa-estilo-USA

    El mundo de los reporteros de investigación de los Estados Unidos está de luto
    Libertad de prensa estilo USA: ¿Quién mató a Gary Webb?

    por Jean Guy Allard

    Desenmascaró, como ningún periodista lo hizo antes, las oscuras maquinaciones de la CIA en el mundo de la droga y reveló a los norteamericanos cómo barrios negros del país fueron inundados de crack, con un increíble cinismo, en medio de un tráfico destinado a abastecer de dinero y armas la Contra nicaragüense. Denunció al narcoterrorista Luis Posada Carriles y a sus cómplices cubanoamericanos involucrados en este criminal negocio. Y acaba de ser encontrado en su domicilio con dos balas en la cabeza. Un suicidio, dicen las autoridades judiciales…………..

    http://www.voltairenet.org/Las-evidencias-comienzan-a-indicar

    Muerte de periodista estadounidense
    Las evidencias comienzan a indicar que Gary Webb fue asesinado

    por Alex Jones

    Algunos medios hablaron de suicidio. El análisis de dos heridas de bala desafía estos argumentos. Simplemente, no dejaremos que el caso quede así, dicen sus defensores. ¿Cómo es posible que alguien reciba dos heridas de bala diferentes y aún se considere como suicidio la causa de su muerte? Primero eran múltiples heridas de bala, después era una sola herida y ahora múltiples otra vez. ¿Cómo es posible que alguien que trate de robarte termine involucrándote en el robo? ¿De veras cree Ud. que alguien pueda dispararse un arma en el rostro dos veces?

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