Forças Armadas: modernização custa R$38 bi

Sistema para proteger fronteiras começa pela Amazônia; número de homens do Exército na região vai aumentar

Por Orivaldo Perin

Pelos valores até agora públicos, a modernização operacional e tecnológica das Forças Armadas está custando o equivalente a 38 Maracanãs reformados. Na Marinha, o gasto com cinco submarinos (um deles, de propulsão nuclear), mais um estaleiro e uma base naval será de R$18,7 bilhões até 2024. Na Aeronáutica, a compra de 36 aviões de combate (adiada pela presidente Dilma) é calculada em R$10 bilhões. Agora é o Exército que apresenta a conta de seu upgrade: US$6 bilhões (algo em torno de R$9,6 bilhões) para a implantação, em 10 anos, do Sisfron, um projeto para resolver (com tecnologia de ponta) um velho problema do país, a vulnerabilidade de seus 16,8 mil quilômetros de fronteira seca, sobretudo na Região Amazônica – que agora voltou a estar em evidência por conta dos crimes ambientais.

Na verdade, a conta já passa dos R$38 bilhões, cifra que recentemente incorporou os US$6 bilhões do Sisfron. A sigla que engordou a conta do salto das Forças Armadas para a modernidade é o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras, cujo conteúdo o Exército vem tornando público aos poucos. Até porque o projeto em si ainda está em desenvolvimento.

– Podemos dizer que já temos 60% dele prontos – disse ao GLOBO o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri.

Em setembro, a , empresa brasileira que o desenvolve, apresentará o projeto final ao Ministro da Defesa, Nelson Jobim. A partir disso, será possível definir os primeiros passos do Sisfron, que nasceu alinhado e inspirado pela Estratégia Nacional de Defesa (estabelecida em 2008), na qual a proteção da Amazônia é listada como prioridade. Os principais pontos da entrevista do General Enzo Peri sobre o

Sisfron:

SISFRON, O QUE É: O Brasil tem 16,8 mil quilômetros de fronteira seca com 10 países vizinhos. Está entre as maiores do planeta. É o dobro, por exemplo, das fronteiras dos Estados Unidos com o Canadá e com o México, que somam 8,8 mil quilômetros. Ao longo da nossa fronteira com os vizinhos da América do Sul, temos 570 municípios, espalhados por 11 estados. O Sisfron é um sistema de vigilância e monitoramento que vai dotar a força terrestre de meios para uma efetiva presença em todo o território nacional, particularmente nessa faixa de fronteira. E já nasceu tendo a Amazônia como prioridade. Dos 16,8 mil quilômetros a proteger, perto de 13 mil estão lá.

ATUAL ESTÁGIO DO SISFRON: Contratada por R$17,2 milhões, a Atech deve apresentar o projeto do Sisfron em setembro. Trata-se de uma empresa brasileira com extensa experiência na integração de sistemas e redes. Participou, entre outras realizações, do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). A partir do projeto, o Ministério da Defesa definirá como implantar o

Sisfron. O custo estimado é de US$6 bilhões, ressalvando que é prematuro cravarmos algum número no estágio atual. É muito provável que o Sisfron vá custar mais que isso.

O QUE PROJETO VAI DEFINIR: O projeto da Atech estabelecerá a forma de promover a vigilância e os equipamentos a serem utilizados. Sabemos que vamos precisar de radares sofisticados de curto e longo alcance, de equipamentos de visão noturna, de torres de observação e transmissão de sinais, de câmeras óticas e termais, de imageamento por satélites, de sistemas de treinamento e simulação, de veículos aéreos não tripulados (vants), de blindados para proteção de fronteiras, de veículos de apoio, de embarcações especiais, enfim, tudo que nos ajude diante dos desafios que temos pela frente. O Sisfron abrange distâncias continentais e vai lidar com deficiência de infraestrutura, afastamento dos grandes centros, diversidades regionais e, principalmente, a permeabilidade das nossas fronteiras, desafios que já enfrentamos hoje.

PROBLEMAS NAS FRONTEIRAS: O mapa dos crimes (veja quadro no infográfico) na nossa região de fronteira mostra problemas como contrabando, tráfico de drogas, armas e munição, roubo de cargas e veículos, refúgio de criminosos e crimes ambientais em quase todos os estados que fazem limite com nossos vizinhos. Em menor escala, temos ainda roubo de gado, tráfico de pessoas, exploração sexual e infantil, evasão de divisas e até turismo sexual, no Amapá.

Um estudo realizado recentemente mostrou que hoje, no combate a esses problemas todos, o Brasil já gasta uma cifra parecida com o custo projetado para o Sisfron.

NA AMAZÔNIA: A Amazônia é a nossa prioridade. Depois cuidaremos do Centro-Oeste e em seguida do Sul. Temos hoje cerca de 27 mil homens na região amazônica (o efetivo do Exército é de 220 mil homens) e podemos adiantar que, com o Sisfron, esse número deverá chegar a 35 mil. Quando a gente olha a Amazônia, vê, claro, que o efetivo atual não está concentrado todo nas regiões de fronteira. O importante é que estejam distribuídos pela região, em condições de serem deslocados. A questão não é concentrá-los em determinados pontos e, sim, ter condições de deslocá-los de acordo com as necessidades. O Exército é a força terrestre. Em qualquer situação, é sempre a força terrestre que está presente. Por exemplo: em São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga, ambas no estado do Amazonas, temos hospitais nos quais a população local responde por 90% do nosso atendimento. Ainda sobre a Amazônia: devemos levar em conta que é basicamente fluvial o deslocamento na região. O que nós temos de estrada por lá? A Manaus-Boa Vista, mais aquela que sai de Porto Velho, cruza o Acre até Cruzeiro do Sul e se interliga com a saída para o oceano Pacifico… e a Manaus-Porto Velho, que um dia existiu. Aliás, o Exército está fazendo obras nela.

BRIGADA NO ACRE: Por falar em interligação com o Pacífico, estamos cogitando instalar uma Brigada só para atender o Acre, que atualmente é coberto pela Brigada que temos em Porto Velho.

AS FRONTEIRAS NA AMAZÔNIA: O trabalho de vigilância das fronteiras da Amazônia será feito pelos PEFs, Pelotões Especiais de Fronteira. Hoje são 20. Serão 48 com o Sisfron (veja no mapa do infográfico). A localização dos 28 novos PEFs independe um pouco do projeto do Sisfron porque segue a lógica dos atuais portões de acesso à Amazônia, geralmente por rios, onde ainda não temos pontos de vigilância forte, vamos dizer assim. O que o projeto deverá fazer é definir os locais exatos onde instalar os novos pelotões. Importante: esses pelotões não ficarão isolados, graças ao equipamento a ser utilizado pelo Sisfron.

TECNOLOGIA: Qual é o melhor equipamento para cumprir aquilo a que nos propomos? O projeto vai nos indicar o caminho. A indústria nacional está oferecendo muito apoio ao Sisfron, que, aliás, vai gerar muitos empregos. Já há grandes empresas trabalhando para o que será o Sisfron. A Embraer, por exemplo, criou uma nova unidade, a Embraer Defesa. A Odebrecht também já tem uma unidade voltada para defesa. A Andrade Gutierrez está atenta aos satélites. A Camargo Correa também se movimenta, enfim, há muitas empresas, grandes e pequenas, interessadas no Sisfron. Na Laad (feira de segurança e defesa realizada em abril, no Rio), fomos procurados por empresas da China, Itália, Espanha, Israel, todas querendo apresentar suas linhas de produtos tendo em vista o Sisfron. Muito importante nisso tudo será a transferência de tecnologia. Hoje, a indústria de defesa precisa andar na fronteira tecnológica, liderar todos os avanços.

BENEFÍCIOS: O Sisfron vai aumentar a presença do Estado na Amazônia, promover a integração regional, estimular a cooperação militar com os países vizinhos, ajudar na preservação da região amazônica e proteção da biodiversidade, combater ilícitos ambientais e desmatamentos, proteger populações indígenas e aumentar a sensação de segurança na área, já que vai atuar contra todos os tipos de crimes comuns em nossas regiões de fronteira.

FINANCIAMENTO: Ao final do projeto, teremos que traçar um cronograma de desembolso. O Ministério da Defesa cuidará disso, com o envolvimento das áreas estratégicas do governo, que já conhecem o projeto. O Sisfron nasceu no Governo Lula e conta com operações de crédito externo, Parcerias Público-Privadas, BNDES. O prazo de dez anos para implantação é factível e, estrategicamente, o melhor. Foi estudado junto com a indústria nacional e leva em conta a necessidade de absorção tecnológica, a criação e a capacitação de novos quadros.

Fonte: O Globo

27 Comentários

  1. Se concretizando realmente, vai ser Show de Bola…Juntamente com tudo isso investir também na polícia federal e tb nas polícias civis e militares destes estados fronteiriços, para todos trabalharem em conjunto.SDS

  2. 38 bilhões são 1,73% do PIB do Brasil no ano 2010, que foi de U$2 trilhões e 194 bilhões (*pelo PPP)
    .
    Este valor de 38 bi parcelado por por algo em torno de 20 anos, resulta em 1,9 bilhão por ano.
    .
    1,9 bilhão é 0,086% do PIB de 2010, se pensarmos que este valor está destinado a garantir e proteger contra ameaças, os outros 99,914% do PIB brasileiro, chega-se a conclusão é um valor muito bem aplicado, com ótimo custo/beneficio…
    ………]
    *PPP

    “Paridade de Poder de Compra – PPC (PPP – Purchasing Power Parity).

    .
    Este mede quanto uma determinada moeda pode comprar em termos internacionais (normalmente em dólar), corrigindo as diferenças de preço de um país para outro e permitindo que se chegue mais perto de números realistas.”

  3. Mesmo que a conta acima seja justada para 10 anos, não se afastara muito dos percentuais do PIB investidos, porque ele crescerá em uma década…

  4. Espero q levem a sério esse requipamento,e só está caro assim pq deixaram a n FAs cair nesse estado, espero q tenham aprendido . Esse relachamento poderá custar mt vidas de n filhos e filhas , em uma escaramuça no futuro por defender-mos parte de n territorio. Sds.

  5. O Brasil vai ter que povoar as suas fronteiras amazônicas com brasileiros, e não com índios apátridas, chefiados pelas ONGs dos países imperialistas. Vamos jogar 10% da população brasileira nessas novas fronteiras.
    Projeto Bisnaga: Povoamos a casca, e preservamos o miolo.

  6. Grande dandolo.. isso é tudo o que eles (os imperialistas) não querem… se fizermos isso, tá tudo garantido em termos de soberania… soberania se faz com presença do povo armado… precisamos mudar essa lei do desarmamento que não desarma bandido; somente cidadão de bem… icentivo para povoar a amazonia já…

  7. Na prática, não vai sair do papel. Se, numa data longínqua, vier a ser implantado, já estará com no mínimo 20 anos defasado. E Viva o Brasil, Tão Grande e tão Bobo. Aqui só existe dinheiro para futebol e carnaval, além de propinas claro.

  8. Pura verdade o que você falou Dandolo, essa sem dúvida seria a estratégia mais sensata para desenvolver o país, garantir a nossa soberania e preservar o meio ambiente.

  9. Vivificar a fronteira, não é complexo de ser realizado. Precisamos duma estrada paralela à fronteira, e afastada da mesma em torno de 20 km. Dessa estada à fronteira, vamos priorizar os núcleos de povoamento. Podemos muito bem reservar uma faixa de 40 km de largura (20 km de cada lado da estrada) para criar vilarejos, cidadelas, sítios e fazendas.

  10. Fechar totalmente as fronteiras da Amazonia, Acre, Rondonia e Mato Grosso é praticamente impossível, teríamos de ter satélites de vigilância “olhando” para lá 24 horas/dia. Não 1, mas vários satélites. E com capacidade IR, visual e SAR. Não é pouca coisa não. Mas por outro lado, isso diminuiria a necessidade de criação de muitos postos de controle, e isso reduziria os custos.

    Se formos pensar em termos SÉRIOS a DEFESA e SOBERANIA da Amazônia e toda fronteira oeste do brasil, temos de pensar em vários Satélites de Vigilância.

    []’s

  11. Wi, ótima “conta de padaria”… Hehehe…
    Dandolo, estou contigo: o futuro do país passará, necessariamente, pela ocupação da Amazônia…
    .
    Precisamos de 50 milhões de brasileiros na região…

  12. Acho que é perfeitametne possivel estabelecer um programa de ocupaçao da região fronteiriça da amazonia; os aglomerados urbanos estão cheios de favelas e pessoas miseráveis, esses, se incentivados com moradia, emprego (explorando os recursos da própria região, minério etc), certamente iriam pra lá! Só que não há politica de EStado para essa ocupação; governo não tem politica nenhuma pra resolver a nossa grande problemática urbana: violencia, transito, favelas, miséria, estamos entregue a própria sorte, o gov. gasta energia demais com a própria corte fisiologica e não sobra tempo pra governar. Por isso que eu digo que a solução de nossos problemas estão nas nossas própris mazelas! Só com o que se paga de juros anuais oficialmente daria pra pagar a conta dessa politica de ocupação do território. O bolsa familia seria melhor empregado com uma politica dessa natureza e seria permanente e não paleativa!Falta liderança…a Dona laranja não é o homem!…

  13. Quanta besteira… só ficam prometendo para enganar os trouxas. E tem gente aqui que ainda acredita. Há “ trocentos anos que se ouve essas promessas de aumentar o efetivo nas fronteiras, de adquirir o fx-2 e outras promessas e nada… me ajuda aí ô…

  14. Bom, mas ainda é pouco. Preciamos de atividade, investimento… Pk o Sr. Nelson Jobim não enfia uma tala no .. da Dilma para ela acordar? Preciamos de uma gragata especializada para navegar na amazonia, preciamos de tanques como Osório novamente. e em massa para curto tempo, não para 2024 como estão previstos nossos subs… é pouc… se é a longo prazo manda fazer 50 deles… assim esperamos mas já sabendo qwue quando chegar seremos uma potencia naval… nosso progeto FX2 tenque ser acabado. Deve começar um novo para adiquirir 100 Rafales… e Também deveria existir uma lei onde todos os estados deem ter 10 caças pelo menos, por exemplo, fechamos com a SAAB para vender 280 caças deles a nossos estados, 10 para cada 1. E o Gov. Brasileiro compraria 100 Rafales, ou ao contrario… seria uma forte FAB, e Uma forte MB se fizesemos mais Subs como eu disse e também mais gragatas especializadas na amazonia. O EB teriam o Osório que como disse deve voltar a produzir e pesquisa-lo para melhora-lo. Teriamos os Guaranis, e muito mais… já estaria otimo… Enquanto o ITA, junto a EMBRAER, e outras faculdades como a USP, UFMG, e outras… são josé dos campos e mais, pesquisassem nossos caças… e também outras faculdades no sul e norte, fizessem nossos VANT´s e misseis que deveriam ser produzidas por um conjunto de todas elas… alem de bom para o Brasil seria muito bom aos alunos…

  15. O esboço é atrativo mas sinceramento acho muito pouco para o tamanho e a importancia do Brasil.Pensamos que isso basta e achamos que somente policiamento resolve.Outra coisa que eu não entendo que muito antes do Lula ou algum outo milagreiro as Forças Armadas é que fazem o papel de ocupar a lacuna e o descaso do estado.Não precisamos apenas policiar a fronteira,precisamos de muito mais que isso.O Brasil hoje é o pais mais estrategico logistico do mundo.Fora todas as nossas riquesas minerais e enrgeticas temos a maior area de terra agricultavel do mundo.Somos o maior produtor e exportador de grãos e carnes e so utilizamos 3% desse potencial que temos de terras agricultaveis.O Brasil sozinho é capaz de suster a humanidade e isso é mais estrategico que tudo porque se não come nãotera um dedinho para acionar o missil nem um olhinho no microscopico.Deveriamos deixar de ser tolos e superficialistas.Nossas necessidades e carencias estão muito acima do que pensamos e alem de valar a pena de investir na nação como um todo é a garantia de nossas geração e necessidade das demais.

  16. Eita MICROSCOPIO.rsrs rsrs…Bem para que nada tinha esses paliativos é melhor que nada né mas o que me espanta é essa atual filosofia de que integraremos uma defesa condizente com os demais vizinhos capaz de defender o mais importante pedaço de terra do planeta rsrs rsrs Se nós não pensarmos seriamente em profundo investimento gigantesco em defesa,segurança,infraestrutura e adequação industrial daqui uns 20 anos não seremos colonia mas seremos territorio do mundo.Aquele que não tem capacidade de explorar,beneficiar e defender o que tem esta fadado a perder o que tem e ser serviçal de quem dominar.Sem segurança e sem defesa não é possivel somente garantir mas implementar as demais necessidades e são muitas e diversas.Potencial e materia de credito temos trudo para fazermos o que precisamos sem termos que por a mão em toda as nossas reservas economicas.Acontece que a RATAZANADA esta mais implicada em gerenciar tudo isso para mamarem….Defesa,Segurança,Educação,Saude,fim da Miseria e da Fome e reformas amplas e profundas em todo o sistema antes que tudo va pelo ralo pras caixas de gordura dos outros.

  17. DANDOLO Indios ou não Indios todos que forem pra la serão ate piores que Indios pois serão apenas GAFANHOTOS na caixa de alface.Povoar não resolve e muito pelo contario so complica o que resolve é poder de defesa e vigilancia,infraestrura e presença do estado.

  18. 40 bi…há isso não é nada, achei até que fosse muito mais,só não está implantando a tempos porque nossos governantes são um lixo!

  19. Num vi nada sobre investir no pessoal, melhorar condições de trabalho do pessoal das forças armadas? Ué cadê?

Comentários não permitidos.