Chefe de gabinete argentino (esq.) acusou subsecretário de Estado dos EUA de divulgar mentiras sobre o caso
ANSA, EM WASHINGTON
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a apreensão de material militar de origem norte-americana pelo governo argentino foi um “incidente sério” e pediu a devolução do equipamento, segundo publicou o jornal “La Nación”.
De acordo com fontes do veículo, a declaração de Obama mostra que o episódio levará a maiores dificuldades nas relações bilaterais entre os países.
As reações nos meios políticos locais foram coincidentes depois das primeiras declarações do líder norte-americano sobre o confisco do material na operação liderada pelo chanceler argentino Héctor Timerman.
Em Washington, cresce a convicção de que o incidente se converteu em uma “pedra no sapato” na relação entre os dois países.
Apesar disso, há diferenças no discurso adotado pelos democratas e pelos republicanos. Aqueles, falam do episódio com firmeza, mas com certa dose de paciência, enquanto estes expressam com mais contundência a insatisfação gerada.
“O certo é que o presidente nunca tinha falado publicamente sobre o assunto, a não ser por uma pergunta de um jornalista. Mas podia ter baixado o tom do assunto e não o fez”, afirmou uma fonte ao jornal.
“A Argentina está tendo uma série de comportamentos que levam a questionar, por exemplo, se merece participar do G-20”, avaliou o ex-assessora da Casa Branca para a América Latina, Daniel Fisk.
CONSEQUÊNCIAS
Um distanciamento de Washington teria consequências para a Argentina, que perderia o apoio dos Estados Unidos, por exemplo, em seu esforço para alcançar um entendimento com o Clube de Paris pelo pagamento de sua dívida.
A crise diplomática com o governo norte-americano foi iniciada em 10 de fevereiro, quando um avião da Força Aérea do país pousou no aeroporto de Ezeiza carregado de armas e outros materiais militares que seriam usados no treinamento de policiais militares.
No entanto, ao ser inspecionado pela aduana, foram detectadas supostas divergências entre o que tinha sido declarado pelos Estados Unidos e o que desembarcou no país. O fato levou a uma operação liderada por Timerman que resultou na apreensão de parte da carga.
JUSTIÇA ARQUIVA PROCESSO
Ainda no dia 10 de março a Justiça da Argentina arquivou, por ausência de delito, a investigação aberta para apurar se os Estados Unidos cometeram crime ao enviar para o país equipamentos militares não declarados, como alegava o governo de Cristina Kirchner.
Após receber um informe da Aduana, que participou da apreensão de um terço da carga transportada num avião americano, a ação foi encerrada por não haver “delito” nem “contrabando de armas”.
A aeronave do Exército dos EUA foi barrada no aeroporto de Ezeiza, na grande Buenos Aires, no mês passado, e abriu um incidente diplomático entre os países.
CRISE DIPLOMÁTICA
Ainda em fevereiro, o chefe de gabinete argentino, Aníbal Fernández, acentuou a tensão entre os dois países ao acusar o subsecretário de Estado dos EUA para a América Latina, Arturo Valenzuela, de ter mentido sobre o material que seria transportado para o país sul-americano.
A crise começou no dia 10 de fevereiro, quando o avião militar C-17 Globemaster III, das Forças Armadas dos Estados Unidos, que chegava com armamentos para treinar um grupo de elite da Polícia Federal argentina, foi retido no aeroporto de Ezeiza.
Depois que a confusão veio a público, Valenzuela exigiu a devolução da carga confiscada e qualificou de “vergonhosa” e “desmesurada” a reação da Argentina depois da apreensão.
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