Incrível: como os Estados Unidos querem invadir as redes sociais

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Sistema controlado pelo exército criará falsos perfis para disseminar propaganda pró-Washington e tentar sufocar opiniões contrárias. Analistas comparam iniciativa à censura chinesa – e duvidam que seja bem-sucedida

A história poderia ter brotado de uma ficção sobre guerras cibernéticas, mas está a ponto de se tornar real. O Comando Central do Exército dos Estados Unidos (CentCom) prepara uma grande operação para manipular as redes sociais. Centenas de militares poderão ser mobilizados para intervir em ambientes como o Twitter e o Facebook, sempre que houver críticas ao papel de Washington no mundo.

Porém, omitirão suas identidades. Contarão com um software que multiplicará falsos perfis de usuários destas redes, e os transformará em “fantoches” eletrônicos – para usar uma expressão do londrino The Guardian, que apurou os fatos e os expôs na edição de quinta-feira (17/3). A operação fere as leis dos EUA. Será realizada graças a uma brecha legal, que não impede o exército de praticar manipulação contra internautas de outros países. Aparentemente, irá se desenvolver, num primeiro momento, o Oriente Médio. Nada impede, contudo, que seja voltada contra outros alvos.

Como boa parte dos ataques do Estado norte-americano aos direitos civis, a operação usa como pretexto a “guerra ao terror”. Tem nome orwelliano:Operation Earnest Voice (OEV), algo como Operação Voz Sincera. Sua existência foi revelada pela primeira vez em público no ano passado, num depoimento do general David Paetreus, então chefe do CentCom, ao comitê de Assuntos Militares do Senado norte-americano. Para defendê-la, ele afirmou que se tratava de um esforço para “conter a ideologia e propaganda extremistas.

No mês passado, ao falar ao mesmo comitê, o sucessor de Paetreus, general James Mattis, admitiu objetivos mais vastos. Segundo ele, a OEV “abrange todas as atividades associadas à anulação da narrativa do inimigo, inclusive atuação na web e a destruição de capacidades derivadas de produtos na web”.

A pista permitiu que The Guardian desvendasse, ao menos em parte, a configuração verdadeira da OEV – que inclui detalhes espantosos. O jornal localizou, por exemplo, o contrato que o CentCom firmou com a Ntrepid, uma corporação de desenvolvimento de softwares baseada na Califórna. A empresa compromete-se a criar um “serviço online de gerenciamento de personagens”. Ele deve permitir que cada soldado maneje até dez identidades distintas, baseadas em qualquer parte do mundo”.

Cada personagem falso deve ter um perfil convincente, uma história e detalhes pessoais. Baseados nos Estados Unidos, os manipuladores das identidades fake devem sentir-se seguros para agir “sem medo de ser descobertos por adversários sofisticados”. O próprio Guardian esclarece o que se pode pretender com tal desenho. “Soldados norte-americanos, atuando de modo intenso num único ponto, poderiam interver em conversações online, produzindo um número ilimitado de mensagens coordenadas, posts em blogs, salas de chat e outras intervenções”.

Por ser uma óbvia intervenção do Estado (em particular dos militares) no espaço público, tal prática é vedada pela legislação norte-americana. Questionado a respeito pelo jornal, o porta-voz do CentCom, comandante Bill Speaks, defendeu-se. “Assegurou” que, para evitar ilegalidades, as manipulações seriam feitas em muitos idiomas, jamais em inglês…

Concebida para neutralizar um espaço de comunicação autônomo, onde o poder dos oligopólios da mídia não conseguiu se impor, a operação terá sucesso? Parece duvidoso. Primeiro, pelas próprias reações que a iniciativa tende a despertar. Especialistas ouvidos pelo Guardian compararam a iniciativa dos Estados Unidos “aos esforços da China para controlar e restringir o direito de expressão na internet”.

Na mesma edição do jornal, Jeff Jarvis, professor de jornalismo na Universidade da Cidade de Nova York, reagiu com um misto de ironia e lástima às revelações do The Guardian. Para ele, a iniciativa de Washington é tão bizarra quanto a de um spammer tosco. “É espantosamente estúpida, porque quase não há dúvidas de que os falsos perfis serão desmascarados”. O resultado será o contrário do pretendido: “desgaste, ao invés de fortalecimento da credibilidade dos Estados Unidos”.

Decepcionado com o envolvimento do governo Obama em projetos de tal nível (e na perseguição ao Wikileaks), Jarvis lembra: enquanto a Casa Branca apela para a conspiração e o segredo, em países como a Tunísia e o Egito “o movimento de libertação não parte de armas, espionagens ou subterfúgios, mas de algo muito mais forte: transparência, abertura e honestidade”…

Fonte: Ponto de Cultura

19 Comentários

  1. Nada de se admirar! nada além de uma das muitas manobras dos EUA,para se perpetuar no poder! criando mentiras para defender a sua pseudo verdade!

  2. Nesta seara eles não terão muita dificuldade, pois o que tem de “cabeça de vento” flutuando na internet que os acham como deuses; é o que não falta. _Heheheh…

  3. lucena,
    Infelizmente você disse tudo. É enorme a quantidade de pessoas com ou sem acesso a internet, que foram ao longo de décadas colonizadas pelas “verdades do modelo norte-americano” tanto nas suas mentes e como nos seus espíritos.

  4. Depois de presenciar o poder de mobilização das redes sociais no oriente medio, os EUA estão com medo desse poder agir no seu proprio territorio.

  5. “duvidam que seja bem-sucedida” Já é super bem-sucedida. Sempre fizeram isto.. nas mídias em geral. Pode ser brincadeira para muitos as redes sociais, porém o poder dela de formação de opinião é gingantesco.

  6. Querem melhorar o discurso em relação a Washington? Parem de gastar dinheiro com guerras e comecem a ensinar os povos do mundo a “pescar”: quando todos tiverem o mesmo padrão mínimo e digno de vida, ou seja, quando não houverem mais diferenças sociais ABISSAIS entre os povos, estaremos um passo mais próximo da tão almejada paz…

  7. Eles sempre controlaram os meios de comunicação para que as pessoas não saibam sobre o jogo sujo que rola nos bastidores do poder e que foram revelados pelo site WikiLeaks bem como a transformação do dólar em moeda podre e o declínio de sua economia.
    Não sou expert no assunto e até gostaria de saber a opinião dos outros comentaristas se eles teriam poder suficiente para centralizar a internet num único provedor, se tiverem a coisa complica.
    Não sei se vou viver para ver isso, mas esse império ainda vai ruir, por causa da arrogância e prepotência de suas elites.

  8. Eu já estou achando que essa tática já vem sendo aplicada à algum tempo nas redes sociais da Net… Pois vira-e-mexe, eu me deparo com alguns comentários escritos em portugês (ou idioma parecido) que mais parecem resultado de “tradução eletrônica”… Porquê, por mais que eu me esforce para organizar as palavras, e entender qual o significado/objetivo da mensagem, eu não consigo…hehehehe … Mas vejo um grande benefício nesta estratégia das FAs norte-americanas… É que quantos mais soldados estiverem em frente aos micros digitando tais mensagens, menos estarão disponíveis para os campos de batalha…
    🙂

  9. Não é preciso ir muito longe…
    Experimentem redigir uma crítica aos armamentos israelenses no Fórum Defesa Brasil, para ver o que acontece…

    Ou então, observem o babar de ovos pelo Obama nesta visita ao Brasil…

    Ou os aplausos para intervenção na guerra – civil líbia…

    É preciso mais?

  10. Ja tem alguns que fazem propaganda aqui e nem são militares norte americanos, imagina quando eles chegarem.mas não adianta, opnião é igual umbigo cada um tem o seu.

  11. Informação é poder, mas tem limites.
    Quem vender melhor o seu peixe, irá ganhar mais adeptos.
    Eu sou sensível às atitudes éticas.
    Não é fácil ser neutro.
    Temos que saber separar o joio do trigo.
    O que for bom para o Brasil, vamos aceitar, venha donde vier.
    Pode ser dos EUA, China, Rússia, Argentina, França, etc.
    Não vamos ter americanofobia, pois isso não nos leva a nada … só vai nos prejudicar.

  12. Oras do exercito eu não sei, mas da CIA tem pelo menos um aqui… srsrsr
    De fato tem uns comentários tão imbecis que você fica pensado se o cara foi pago para fazer isso ou se ele é só um idiota de plantão, seja como for, isso só mostra como eles são “bonzinhos” e como tem otários por esse mundão que se deixam enganar tão facilmente.

  13. Pessoal, a internet foi criada pelos militares americanos… Os sites de buscas e relacionamentos por americanos, e a muito tempo, já fazem coleta de informações…

    Que a internet está a serviço do departamento de defesa americano, não é novidade, desde seu lançamento na década de 60…

    Mas muitos conseguem construir informação, a partir da desinformação… Ou seja, quanto mais desinformação, maior as possibilidades de se conseguir informações sobre a vontade e pensamento daquele que implanta desinformação ou propaganda (disfarçar informações)…

    Os tempos são outros, bem diferente, da lógica do sec. XX (a desinformação funcionava, pois os veículos eram one way, e poucos para se concentrar… Em uma “mídia” onde, manipulações são desmascaradas em questão de horas, o desinformante poderá acabar arriscando a própria credibilidade… Não vale a pena no médio e longo prazo)…

    Estão com dificuldade de fazer política real (o que o agente público pensa (acredita) é o que se fala e se faz – nesse aspecto, não há necessidade de controle de informação, já que é uma forma de política transparente – ex. Brasil – todos os atos são publicados em diário oficial, para o bem, ou para o mal – quem diga muitos políticos pegos na gandaia por este instrumento democrático – percebem? O próprio artigo leva a crer que o sujeito dessa medida, não quer transparência, ou tem coisas que não quer que os demais países saibam sobre suas intenções ou ações (é péssimo para a reputação dos EUA)… Estados não deveriam fazem propaganda apenas informar sobre suas intenções e ações – no Brasil, existem leis rígidas sobre isso -)…

    Abs.

  14. Mas como já foi dito os blogs dão direito à opinião de desinformados, mal informados, cabeça de vento, sem doutrina,sem pátria , mercenários, zumbis, matilhas que atuam em grupo hora elogiando um hora criticando outros.
    Não raro sofremos ameaças veladas de lobystas mercenários, span e cavalos de tróias estão à toda à espionar nossos computadores. Que se lasquem .

  15. Existe ainda aqueles que fazem propaganda para os EUA de graça ou mesmo são pagos para isto . Blogs, Revistas famosas ( aquela que vcs sabem qual é…), Jornais e etc.

    A mídia é uma indústria Capitalista !( muito poderosa até)
    Basta colocar dinheiro na mão destes empresários, e verá eles trabalharem a seu favor.
    O domínio sobre as opiniões e mentes de muitas pessoas
    pode ser comprado na bolsa de valores.

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