Ela destacou que o país quer evitar a chamada “doença holandesa” com as exportações do pré-sal e falou até em exportar gasolina
A presidenta Dilma Rousseff declarou diretamente ao hoje seu colega dos EUA, Barack Obama, que o Brasil não quer apenas exportar petróleo do pré-sal sem contrapartidas. Segundo o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, Obama ratificou o seu interesse em importar petróleo.
Já o Brasil, diz Garcia, não quer exportar apenas derivados do petróleo, mas também seus derivados. Entre eles, estariam produtos petroquímicos e até gasolina.
O assessor explicou que o governo brasileiro quer evitar a chamada “doença holandesa”, termo financeiro que explica a situação daqueles países que atrelaram boa parte da sua economia à exportação de petróleo e acabaram comprometendo suas contas, com dificuldade em converter esses recursos em desenvolvimento social interno.
Segundo Garcia, com o apoio dos EUA, o Brasil quer estimular a cadeia produtiva do petróleo, que envolve fornecedores e os petroquímicos.
Por pouco, americanos ficam de fora de um novo Tupi do pré-sal
Governo deve anunciar outra reserva gigante na Bacia de Santos, “bem pertinho” do bloco sob concessão da petroleira ExxonMobil
Enquanto Brasil e Estados Unidos fecham acordo de cooperação na área de petróleo, a americana ExxonMobil tenta contornar o que pode ser chamado de tremendo azar. A maior petroleira de capital aberto do mundo possui um bloco no pré-sal da Bacia de Santos que, quando licitado, no começo da década passada, chegou a ser considerado por geólogos uma das áreas mais promissoras do País.
Com o passar do tempo, o mito do bloco da Exxon foi derrubado. As perfurações da empresa no BM-S-22 contrariaram as perspectivas dos mais renomados especialistas. Duas descobertas foram realizadas, mas sem quantidade comercial de petróleo. Um terceiro poço também não teria apontado grandes volumes de óleo. Na verdade, o reservatório que todos esperavam existe, sim, segundo uma fonte que participa do processo. Só que esta grande jazida está fora da concessão da companhia americana, ao sul do seu bloco, “bem pertinho”, como define a fonte.
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O iG apurou que uma empresa que realiza análises geológicas com procedimentos de alta tecnologia acaba de finalizar um grande trabalho ao sul do BM-S-22. Com autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a CGG coletou dados sísmicos na região e ainda vai processá-los para a interpretação geológica. Desta análise, que será entregue à reguladora nos próximos meses, pode sair outro grande anúncio de reserva, nos moldes de Tupi (rebatizado de Lula) e Libra.
Procurada pelo iG, a ExxonMobil confirma que foram encontradas “quantidades não-comerciais de hidrocarbonetos” no poço Sabiá-1 e Azulão. O poço foi reconhecido como despesa no quarto trimestre de 2010, assim como o poço chamado de Azulão.
Para um executivo do setor, a Exxon deu muito azar. A Petrobras tem sucesso exploratório superior a 90% no pré-sal, com petróleo em praticamente todos os blocos que perfurou.
“Vamos continuar a analisar os dados coletados nos três poços perfurados no BM-S-22 e trabalharemos junto à ANP e nossos parceiros”, informa a empresa, por meio de nota. A Exxon é a operadora do bloco, com 40% da área. A americana Hess possui 40% e a Petrobras, 20%.
Um relatório sobre o bloco operado pela Exxon estaria sendo concluído, segundo outra fonte. A empresa não deverá devolver o bloco, porque ainda há chances de ser bem-sucedida na área, mas “com perspectivas bem mais modestas das que se imaginava inicialmente”.
A ExxonMobil é a única operadora privada dos blocos do pré-sal da Bacia de Santos. A Petrobras opera todos os demais blocos, em parceria com outras empresas minoritárias, como BG e Galp.
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