Prometer cegamente pré-sal aos EUA é perigoso, diz especialista

Danilo Fariello, iG Brasília |

Para Luiz Pinguelli Rosa, o Brasil deve ter cautela em acordos com petróleo, que pode ser trocado por menores barreiras ao etanol

Energia será um dos principais temas das negociações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos durante a visita do presidente Barack Obama, a partir de sábado. Em meio à crise recente no mundo árabe, que elevou a cotação do barril de petróleo no mercado internacional, Obama mostrou interesse em importar petróleo do pré-sal brasileiro em um futuro próximo. Para Luiz Pinguelli Rosa, especialista em energia da Coppe, instituto de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), essa é uma  oportunidade para o Brasil tentar fazer bons acordos e colocar na mesa de negociações a exportação de etanol.

Professor da Coppe/UFRJ prevê novas discussões sobre expansão do parque nuclear brasileiro após tragédia do Japão

iG: Um dos principais temas a ser tratado entre os dois países durante a visita do presidente Obama ao Brasil é energia. O que esperar dessa aproximação?
Luiz Pinguelli Rosa:
É evidente a possibilidade de exportarmos petróleo para lá, em particular do pré-sal, onde a produção pode crescer muito em um futuro próximo. Os EUA mostraram interesse em importar petróleo, mas o Brasil tem de tomar muito cuidado em assumir compromissos nessa direção, que podem obrigar uma aceleração de investimento pesado.

iG: Mas por que ter medo de exportar petróleo?
Pinguelli:
O petróleo é muito traiçoeiro, porque o seu preço oscila bastante. Os países que são grandes produtores e exportadores não têm tido grande êxito econômico, tirando raríssimas exceções, como a Noruega. Portanto, eu não acho bom que o Brasil se comprometa com uma grande exportação aos EUA, embora também não deva se negar a alguma exportação. A China, por exemplo, se interessou por uma espécie de compra antecipada de petróleo, financiando investimentos com compromisso de exportação no futuro. Os EUA devem vir com proposta similar. O Brasil tem de ser muito cauteloso nisso. O México, por exemplo já se esvaiu exportando petróleo para os EUA e perdendo praticamente todas as suas reservas. O Brasil não deve se comprometer só com um país.

iG: Mas por que, então, já é bom se comprometer um pouco com os EUA?
Pinguelli:
Por causa das exportações, da balança comercial. Exportar sempre é necessário para fechar o balanço de pagamentos e o Brasil é grande exportador de commodities, como o petróleo. A dificuldade é não se subordinar a uma política de exportação de petróleo cega. O Brasil não pode jogar todo o seu futuro em cima do petróleo agora.

iG: O etanol também deverá ser um grande tema de discussões durante a visita?
Pinguelli:
As empresas estrangeiras, inclusive americanas, estão cada vez mais interessadas no etanol brasileiro. E podemos exportar muito etanol. Os EUA produzem etanol de milho, que é mais caro e emite muito gás de efeito estufa na atmosfera. Com o milho, é preciso usar o óleo combustível para produzir o álcool. Aqui, é possível queimar direto o bagaço de cana-de-açúcar, o que é melhor e mais barato. Entretanto, as barreiras de importação impedem a entrada maior do etanol brasileiro nos EUA. Eles produzem mais etanol do que nós, mas tudo de milho. Se eles abrissem para importação do etanol brasileiro, permitindo uma parcela do etanol na gasolina que vendem lá, por exemplo, seria muita vantagem para nós. Essa seria uma boa reivindicação brasileira, que poderia ser trocada, em certa medida, pelo petróleo.

iG: Há questões a serem negociadas em transferência de tecnologia na área de energia?
Pinguelli:
Isso está fora do escopo do Estado americano, porque o controle de tecnologia nos EUA é quase toda privada nesse setor. O foco maior, então, vai ser comercial.

iG: Há também interesses na área nuclear?
Pinguelli:
Na área nuclear, os EUA gostariam que o Brasil assumisse mais compromissos quanto às inspeções das instalações existentes. O Brasil tem sido muito intransigente ao não concordar com o aumento das obrigações que já tem nessa transparência.

iG: Isso pode interferir na construção de Angra 3 e as quatro novas usinas previstas?
Pinguelli:
Não, mas independentemente da visita do presidente Obama, vamos ser submetidos a uma nova discussão após o que ocorreu no Japão. É um país muito avançado, mas que, apesar disso, está tendo enormes problemas com vazamento dos seus reatores depois dos desastres. As usinas brasileiras também estão perto do mar. O tsunami no Brasil é improvável, mas não é impossível.

Fonte: Último Segundo

24 Comentários

  1. Na área nuclear, os EUA gostariam que o Brasil assumisse mais compromissos quanto às inspeções das instalações existentes.O Brasil tem sido muito intransigente ao não concordar com o aumento das obrigações que já tem nessa transparência…(olha só o entreguismo dele nesta parte,defende bem uma area e entrega a outra,nao gostei,o Brasil nao deve assinar nada mais além do que já se comprometeu na area nuclear, na verdade nunca devia ter assinado nada.
    Devemos proteger nosso conhecimento na area nuclear)..sem essa de “intransigente”,por favor me poupe!

  2. O Brasil já cumpre com todas as recomendações e exigencias da AIEA, mas á uma coisa que só exigem do Brasil. Eles querem ver nossas centrífugas. Tente, só tente, ir lá fiscalizar as instalações deles, EUA, França, etc. Eles não permitem. O que

  3. O Brasil já cumpre com todas as recomendações e exigências da AIEA, mas há uma coisa que só exigem do Brasil. Eles querem ver nossas centrífugas. Tente, só tente, ir lá fiscalizar as instalações deles, EUA, França, etc. Eles não permitem. Traduzindo o que o sr acima quiz dizer com “ao não concordar com o aumento das obrigações que já tem nessa transparência” eles querem que mostremos os segredos de nossas centrífugas.

  4. Não é a exportação de petróleo meu %$#%$#%$8&¨*& !!!! É a exportação de gasolina e derivados, produtos de alto valor agregado refinados no Brasil…Pela entrevista dá pra sentir o fedor de capacho do nobre entrevistado…A frase a seguir dá nojo: “O Brasil tem sido muito intransigente ao não concordar com o aumento das obrigações que já tem nessa transparência”. É mais um poodle mofado pra fazer coro com o José Goldemberg…ÉEEca !!!

  5. Brasil não deve se comprometer só com os EUA no caso do petróleo, ainda mais que o preço desse produto varia muito!
    Nisso concordo com o Sr.Pinguelli!
    Agora quanto a questão nuclear eu concordo plenamente com o amigo YGOR!DEVEMOS PROTEGER NOSSO CONHECIMENTO NUCLEAR! ADQUIRIDO COM O SUOR DOS BRASILEIROS!

  6. Concordo com Ygor, esse senhor não é da área de defesa,sendo assim não o vejo com autoridade para falar sobre o que o Brasil deve ou não fazer nesse quesito,quanto ao se comprometer a vender todo o petroleo aos americanos , acredito que nesse ponto ele esta correto, quando retiramos aí sim veremos quem paga mais e qual o nivel de oferta mundial, antes é loteria pode se ganhar mas pode-se perder muito

  7. Ou vende produtos com alto valor agregado ou entrega logo o filet mignon. Exportar petroleo somente deve ser uma ultima opcao.
    Nao existem novas refinarias sendo contruidas nos EUA (faz 25 anos que a ultima foi aprovada)portanto quanto mais o Brasil produzir a gasolina americana e derivados melhor aproveitamento e renda teremos com o pre sal

  8. Petróleo é uma “commodity” com preços flutuantes.
    NÃO devemos enquanto país nos comprometermos com os EUA ou com qualquer outro país assegurando lhes vender antecipadamente a produção futura do pré-sal.
    Na realidade a estratégia da Petrobras prevê a exportação de derivados com valor agregado a partir do refino do petróleo oriundo do pré-sal, a ser realizado pelas refinarias Premium I e II (localizadas respectivamente no Maranhão/Ceará) e não a venda pura e simples do óleo bruto.
    Espero que nossas autoridades não caiam neste novo conto do vigário yankee.

  9. É VOCÊ LOMBARDE!
    .
    .

    “São duas pessoas que você sempre será lembrado por elas;….do rico, se você deve para ele e do pobre, se você promete a ele”

    .
    palavras sábias do Silvo Santos
    .
    No caso em questão, o pobre é quem está na pior.

  10. O que não esta sendo dito ( ou posso não ter lido )
    É que não estou vendo ninguém defender a posição do Lula quando no governo, de vender gasolina casada (gasolina misturada com álcool na proporção que a legislação de cada pais permita).
    O que o Brasil tem que fazer é construir desde já refinarias ( com tecnologia de ponta – que produza com custo competitivo, da forma mais limpa possível).

  11. Na area nuclear os EUA gostariam que assumissemos mais compromissos para com inspeções rsrs rsrs O mundo vai inspecionar as instalações atomicas Americanas???A unica coisa que temos a esconder é o segredo da nossa tecnologia e isso é de segurança nacional eles gostando ou não.Jamais conhecerão a nossa tecnologia nem eles e nem ninguem.Bisbilhotam por satelites e por monitoramento de cameras 24hs por dia e damos tchauzinhos a eles todos e fazemos caretas 24hs por dia.As equipes de inspeção comparecem regularmente e so não tem acesso justamente a noso segredo enunca terão.Deviamos é rasgar o TNP e mandar todos catar coquinhos…Não acho sensato no momento qualquer acordo profundo EUA-Brasil envolvendo o pré-sal.Deveriamos agrardar mais um pouco ate que o contribuinte Americano pressione mais do que ja esta precionando para que o paranoico,distinguidor e protecionista congresso deles se torne mais humilde.A sociedade deles ja esta perdendo a paciencia com o alto desemprego,a falta de investimento interno.So teriamos bom dialogo com eles depois que eles deixassem a arrogancia e entenderem que consorcio,sociedade e etc e tal não é posse.Seriamos muito tolos fechando com eles agora e antes de ouvirmos os Chineses…Eaee Dilminha boa de conta,o que realmente é mais vantajoso ao Brasil,contratos reciprocos em interesses comuns ou vultuosas somas em beneficio proprio e de assemelhados?Porque em ambos os casos para bons de conta é aperitivo para o banquete.

  12. Isso mesmo Nilo, poderiamos vender a gasolina misturada ao alcool, de acordo com o teor de mistura de cada país, assim estariamos exportando os dois produtos ao mesmo tempo. O Lula sempre na frente. Abs,

  13. Luiz Pinguelli é cego, como a grande parte da humanidade.

    O combustível do futuro será o hidrogênio, obtido através da energia solar e geotérmica. As baterias estão se aperfeiçoando. A Energia Nuclear será 100% segura, depois do acidente do Japão.

  14. O combustível do futuro será o hidrogênio, obtido através da energia solar e geotérmica. As baterias estão se aperfeiçoando. A Energia Nuclear será 100% segura, depois do acidente do Japão, pois o núcleo ficará submerso numa piscina em caso de falha, sem a necessidade de bombas e eletricidade.
    Perigosas são as hidrelétricas, pois se romper as barragens, não há alternativa.
    E o Petróleo ? A Terra está aquecendo, não se esqueçam disso. Poderá ser proibida a sua utilização nos próximos 10 anos. E o Pró-álcool ? Foi o pior projeto que foi feito nos últimos 10 mil anos, pois a humanidade precisa de alimentos.
    Nós temos um combustível retirado da biomassa que é o melhor do Universo, mas não vou dizer aqui qual é.
    Motivo: O Governo vai ter que me contratar como cientista.

  15. o imperio é o maior consumidor do mundo,tem sede de petroleo,e podem ter sertesa que alguma reserva eles tem,querem consumir todo o petroleo do mundo praticamente sozinhos,se desenvolverem como ninguem a hora que o petroleo acabar eles tem a soberania total como ja o são,ainda mais poderosos se tornarão,energia igual não existe,o petroleo é insubistituivel,seus derivados são riquissimos.

  16. Eu sabia, e tenho dito isso, que nós não deveriamos assumir um compromisso apenas com os americanos, deixando=nos ainda mais submissos. Não temos que vender o petróleo e sim os derivados, pra não acontecer o que os yanks fizeram com o Mexico, sugaram até a última gota e deixaram o povo mexicano sem um níquel.
    Só quero ver se Dilma vai assinar o protocolo autorizando a inspeção das centrifugas brasileiras, tenho certeza que ela já deve estar ciente de tudo, se assinar é porque decidiu botar o Brasil de joelhos perante o império.
    Tenho dito, CUIDADO EM ASSINAR ACORDOS COM OS CHUPA-CABRAS, ELES PODEM SUGAR ATÉ A ÚLTIMA GOTA SE SANGUE!!!!
    CAMPANHA “JOBIM PRESIDENTE 2015”. ABS…

  17. NA DÚVIDA NÃO ASSINE ACORDO NENHUM, AGRADECE A VISITA E VAMOS PENSAR MELHOR NAS PROPOSTAS. não é assim que Dilma mão fechada de ferro de dito pra tudo? Que diga mais uma vez!
    CAMPANHA “JOBIM PRESIDENTE 2015”. ABS…

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