ENTREVISTA-Japão não abala programa nuclear brasileiro

Esboço de Angra 3, ao fundo Angra 1 e Angra 2

Assessor especial da presidência da Eletronuclear, Leonam Guimarães

Reuters – O Brasil está preparado para enfrentar acidentes nucleares e não deverá retroceder nos planos de aumentar o seu parque nuclear por causa do acidente em uma usina no Japão, após o forte terremoto e tsunami que abalaram o país asiático na semana passada.

A avaliação é do assessor especial da presidência da Eletronuclear, braço da Eletrobras, Leonam Guimarães, que já prevê que o assunto dará munição aos opositores da expansão da energia nuclear no Brasil.

“Esse problema sem dúvida vai causar perturbação em todos os planos (de novas usinas). Mas o que aconteceu no Japão não muda os cenários individuais de cada país que levam à necessidade da geração elétrica nuclear”, afirmou Guimarães à Reuters nesta segunda-feira.

O Japão se esforçava nesta segunda para evitar o colapso em um reator nuclear atingido por uma segunda explosão de hidrogênio, dias depois dos desastres naturais que mataram ao menos 10 mil pessoas. O maior temor é de um grande vazamento de radiação do complexo em Fukushima, a 240 quilômetros de Tóquio, onde engenheiros lutam para evitar um colapso nos reatores.

Para o representante da Eletronuclear, decisões como a da Suíça, que anunciou ter suspendido a aprovação de novas usinas nucleares, “são puramente emocionais” e um país que necessita de energia não poderá agir dessa forma.

“O fato de ter ocorrido esse acidente não muda em nada as necessidades e os critérios que levaram vários países do mundo a recorrer à energia nuclear.”

O Brasil pretende decidir este ano o local para a construção de quatro novas usinas nucleares de 1 mil megawatts cada, que devem estar prontas até 2030. O país finaliza também a usina Angra 3, a terceira usina nuclear brasileira, com capacidade para gerar cerca de 1,3 mil MW.

Para Guimarães, o clima de catástrofe que está se dando à questão nuclear no Japão é exagerado, e fazer um paralelo com o Brasil é ainda mais complicado.

Uma comparação com o grave acidente de Chernobyl também é descartado por Guimarães, já que as tecnologias atuais são bem diferentes. “Ficar brandindo com o fantasma de Chernobyl chega a ser irresponsável e desrespeitoso com os milhões de japoneses que estão hoje procurando seus desaparecidos e chorando seus mortos”, disse.

De acordo com Guimarães, das 440 usinas nucleares existentes no mundo, 65 por cento usam sistema de água pressurizada, como o Brasil, e 25 por cento de água fervente, como o Japão. Apenas 10 por cento delas usam grafite ou moderador ou gás com fluído de resfriamento, que foi o caso de Chernobyl.

GEOLOGIA FAVORECE BRASIL

Além de não estar sujeito a terremotos na escala vista no Japão, o Brasil está preparado para enfrentar eventuais fenômenos naturais de médio porte. As usinas Angra 1 e 2 aguentariam terremotos de até 7 graus e ondas de até 6 metros, informou o assessor especial da presidência da Eletronuclear, assim como estão preparadas para ciclones de alta velocidade.

Para evitar que ondas afetem o funcionamento das usinas em Angra foi construído um quebra-mar, explicou Guimarães, apesar de não imaginar um tsunami abalando o país.

“Um abalo sísmico daquele porte é inviável pelo ponto de vista da geologia no Brasil”, afirmou. “O que acontece lá (no Japão) é o choque de placas tectônicas no Pacífico. No Atlântico é inviável, porque aqui existe também o encontro de duas placas tectônicas, mas as placas estão se afastando e isso não dá tsunami.”

Por Denise Luna

Fonte:  UOL

21 Comentários

  1. Não sou contra usina nuclear como fonte secundária, desde que se tomem TODAS medidas de contenção e prevenção caso ocorra vazamento, o que CLARO não ocorre aqui.
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    Bosco, tenho 2 perguntas:
    -Em caso de Guerra, usinas nucleares são alvos?? levando em conta que deve haver alguma lei internacional sobre isso.
    -Caso usinas nucleares forem atacadas, isso pode ser usado como um “ataque nuclear” politicamente falando.
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    abraço

  2. desde quando … em caso de guerra… leis valem alguma coisa… o vencedor determina o que se aplica ou não a “lei”.

    face ao Brasil não estar em área de terremoto… ok.. mais a Alemanha também esta .. e a “Angela” mandou revisar … todas as usinas nucleares … e nas palavras delas…principalmente os “tabus”.

  3. Usinas nucleares têm menor impacto ambiental do que uma hidroelétrica, exceto, é claro, em caso de acidente. Portanto são mais interessantes do que as “hidro”; uma vez que temos uma grande reserva de urânio é mais correto destinar as áreas que seriam alagadas à agricultura ou mantê-las preservadas para uso sustentável (que está na moda atualmente).

  4. O que ocorreu no japão não foi negligência ou soberba como no caso da URSS, porém quando se contrói em um lugar instável deve-se pensar paranóicamente.
    No caso do Brasil, lugar para se construir usinas é o que nã falta.

  5. Como o próprio Galileu disse, as usinas nucleares podem se tornar alvos estratégicos em caso de guerra… Mas, no caso do Brasil, o meu temor, mesmo que remoto, se focaria mais numa possível ação de infiltração e sabotagem por futuras forças “inimigas”… Ou ação de terroristas… Principalmente, se tratando do Estado do Rio de Janeiro, que tem um exército de fascínoras dominados pelo crack e assessorados por “autoridades” corrúptas, que atuam no tráfico e em outras atividades criminosas, e que já se mostraram capazes de tudo para manter à todo vapor os seus meios de ilícitos de “ganhar a vida”… E, só “Deus” sabe à quantas andam as medidas de segurança e de prevenção contra estas remotas (mas, não impossíveis) ameaças aos nossos complexos nucleares(?!?)

  6. tb acho que para atender nossa demanda de energia , nao temos outra auternativa a nao ser as usinas nucleares , até pq poluem menos, concordo tb que para ter as usinas nucleares é preciso ter tb uma “fiscalizaçao” rigida dos locais de trabalho e funcionamento dos reatores e etc.

  7. Abala sim, vamos triplicar a segurança desses reatores no que diz respeito ao arrefecimento.
    Vamos construir um dique em volta dos reatores com a altura de 10 metros.
    Não custa nada.

  8. Tbm nao acho que deva-se abandonar a tecnologia nuclear de produçao de energia…o que temos de fazer é pegar o exemplo japones e melhorar a segurança das usinas tanto para terremoto quanto pra qualquer outro problema que possa surgir!

  9. SUGESTÃO DE LEITURA
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    CAPACIDADE DE DISSUASÃO.
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    por Gelio Fregapani
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    A capacidade de dissuasão não significa sempre a de vencer a guerra, mas ao menos a de cobrar um preço superior às vantagens a serem obtidas.
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    Obviamente a capacidade absoluta de dissuasão são as armas nucleares. Quem as tiver. E meios de lançá-las, jamais será invadido nem pressionado além de certos limites.
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    Se observarmos com olhar crítico veremos que, a partir da “demonstração” de Hiroshima e Nagasaki, as armas nucleares e políticas foram desenvolvidas mais para garantir a paz do que para ganhar uma guerra. Assim foi o desenvolvimento nuclear da então URSS. Certamente os países nucleares, em alguma vez mantiveram a aberta a opção nuclear, mas sempre contida pela capacidade de revide, mesmo que com menor intensidade.
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    Até uma disponibilidade mínima fornece garantia de dissuasão nuclear. Israel não sobreviveria nos próximos tempos sem seu armamento atômico, embora provavelmente ele nunca seja usado. Para um estado pequeno como o Paquistão, foi a garantia de paz com a Índia. Para esta a garantia de paz com a China e para a China, de paz, inicialmente com a União Soviética e atualmente com os EUA
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    A chance paz para o Irã é fazer sua bomba a tempo , e se a Coréia do Norte tiver realmente a bomba, só receberá ataques verbais.
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    Nossos governantes falharam em compreender a geopolítica do poder. O Collor foi ignorante ou traidor ao interromper o desenvolvimento do armamento nuclear.O FHC foi certamente traidor ao renunciar unilateralmente. Ao Lula faltou, no mínimo coragem. E a Dilma? Faltará também?
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    No Ministério da Defesa se comenta que devemos manter a capacidade de dissuasão sem visar um inimigo específico. Caso se refira a capacidade nuclear isto funcionaria, mas na sua ausência é indispensável pensar em como se opor as ameaças existentes. Considerando que nossos vizinhos não nos ameaçam, mas que devemos dissuadir aventuras de países desenvolvidos em busca de nossos recursos naturais, sentimos que 36 caças, mesmo os melhores do mundo, nada significam nesse contexto, mas bons mísseis terra-ar podem influir na dissuasão. Da mesma forma, mesmo com a renovação dos nossos meios flutuantes não causaríamos ano à uma esquadra poderosa, mas submarinos talvez sim. Nas forças de terra, até os melhores tanques do mundo seriam destruídos pelo ar, tão logo aparecessem, mas guerrilhas nas selvas, nos sertões e nas cidades colocariam em cheque uma ocupação.
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    Fonte: Defesanet

  10. Eu queria ser otimista como alguns aqui! mas pela imagem mostrada na tv creio que o acidente na usina japonesa é bem maior que o noticiado.
    O melhor a fazer será evacuar a região o mais rápido!pois os níveis de radiação estão subindo e os reatores estão se mostrando instáveis !
    QUANTO AS DECLARAÇÕES DA ELETRONUCLEAR ,DUVIDO QUE TENHAM ALGUM PLANO EFICAZ CASO HAJA ALGUM DESASTRE EM ANGRA! AS AUTORIDADES DESSE PAÍS SEMPRE MOSTRAM A CARA DO DESCASO E DA NEGLIGENCIA NA HORA DAS TRAGÉDIAS!
    O MELHOR SERIA FECHAR ANGRA!

  11. Achei na entrevista do Sr. Leonam Guimarães um pouco de soberba. Usinas nucleares são fontes extremamente imprescindíveis de energia nos dias de hoje. No entanto, elas são empreendimentos de altíssimos riscos, isso em todos os sentidos, de maneira que nunca é demais para seus responsaveis no país manter uma certa paranóia com sua segurança. Contra fenômenos naturais imprevisíveis, tal como ocorreu lá no Japão, a soberba retórica sobre os riscos é a melhor mostra de que nunca se deve menosprezar nenhum detalhe quando se fala em segurança de usinas nucleares. Um exemplo do que ele disse: “Além de não estar sujeito a terremotos na escala vista no Japão, o Brasil está preparado para enfrentar eventuais fenômenos naturais de médio porte. As usinas Angra 1 e 2 aguentariam terremotos de até 7 graus e ondas de até 6 metros, informou o assessor especial da presidência da Eletronuclear, assim como estão preparadas para ciclones de alta velocidade”. Acontece que as usina de Fukuchima também tinha o tal de quebra mar e pelas fotos de satélites provavelmente maiores dos que as de Angras 1, 2 2 e 3.

  12. Dandolo,

    Estás certo em querer aumentar a redundância nos sistemas de refrigeração dos reatores de ANGRA, e um dique também.

    Mas custa, e bastante. Mas acredito que é o mínimo que o GF pode fazer para aquele povo de Angra dos Reis.

    []’s

  13. A CAUSA BRASILEIRA É ARTIFICIAL
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    A unica coisa que pode afetar o programa nuclear brasileiro, não é natural com é o caso do Japão.
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    O epicentro da causa brasileira se encontra em Brasília.Heheheh….

  14. CAPACIDADE DE DISSUASÃO.
    por Gelio Fregapani

    Concordo totalmente com o nosso grande general.
    Não suporto armas nucleares, mas temos que tê-las, caso queiramos a Soberania Plena. Nós temos muitos inimigos em potencial, não declarados. Não sabemos como será o dia de amanhã, pois os governos dos países mudam constantemente.
    Temos que nos prevenir, pois quem tem um dos maiores patrimônios naturais desse planeta, não pode ser ingênuo.
    Cabem aos brasileiros fazerem a segurança de sua Pátria. Não podemos nos omitir.
    País que não se defende, não merece respeito, e passa a ser uma alvo fácil e compensador.
    A Defesa da Soberania deve estar em primeiro lugar.

  15. Possibilidade de um Maremoto no Brasil.
    http://www.apolo11.com/minhanoticia.php

    No Brasil, um Maremoto ocorrido em 1541 no último ano de governo de Antônio de Oliveira, destruiu a Casa do Conselho, a Igreja, o Pelourinho e outras casas da Vila, causando alarme entre os moradores. Contudo, tratou-se de um efeito inusitado como decorrência de abalos expressivos ocorridos no Oceano Atlântico, o que nunca foi uma atividade comum, nem para este Oceano, nem para o litoral brasileiro.

    http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/maremotos/maremotos-3.php

    Mapa Placa Tectônica no Atlântico Sul.

    http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ce/Atlantic_bathymetry.jpg

  16. Leandro e Nelson,
    A usina de Tchernobyl, como muitas outras construídas no tempo da URSS, tinha o núcleo aberto (artigo do IEEE Spectrum de uns vinte anos atrás) para facilitar a remoção do plutônio para as bombas. Angra 2 e 3 contém seu núcleo através de um vaso de aço mais uma parede de concreto armado de 1m de espessura. Ouvi dizer que suportaria a colisão direta de um 747 lotado. Com estes dados voc~es podem estimar a quantidade de C4 necessária para rachar o prédio. Creio que não está ao alcance de terroristas.

  17. Mariano S.Silva;

    Qualquer terrorista narcotraficante urbano, carioca ou paulista, sabe utilizar um laça-rojão (bazuca), que pode perfurar concreto com 1 metro de espessura, ou até mais.
    Essas armas russas, podem ir a até 800 metros de distância.

    Solução: Chapas de aço ou concreto armado, de sacrifício, distanciadas a 2 metros da parede de concreto da usina.
    Tem que ser feito testes práticos, para ver qual seria a espessura necessária dessas placas de sacrifício.

    A única blindagem que resiste a qualquer tipo de munição existente na face da terra, foi a que eu criei.

    A Blindagem Inteligente Dandolo. Genial …

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