França envia navios de guerra para a líbia

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Uma força composta por dois navios de guerra franceses partiu no dia 28 de fevereiro em direção a Líbia.

O grupo composto pelo BPC (BPC) Mistral e pela  fragata Georges Leygues tem por missão efetuar a evacuação de milhares de refugiados que se encontram na fronteira da Tunísia, bem como prover ajuda humanitária.

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O BPC transporta helicópteros de transporte e de ataque da ALAT avição do exército francês, o navio conta com um espaçoso Deck que pode comportar centenas de refugiados e está equipado com um hospital de campanha interno capaz de atender feridos e doentes.

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Fonte: Mer et Marine

22 Comentários

  1. São os culpados tbm, por td q está ocorrendo na Líbia por darem apoio ao ditador, são + 40 anos no poder…agr, são bonzinhos..tem + é q se arderem p consertar esse erro de tantos anos, eles e os outros…Estão tentando ajudar os seus patrícios, isso sim. Sds.

  2. Tukith, perdão! Tão ajudando a coitadinha da líbia, que se lixe os recursos minerais de lá.. e o custo de milhões de dolares de uma operação como esta. Ah! Por falar nisto.. o Haiti ainda existe! Mudou quase nada lá, continua destroçada! Deve ser a próxima parada desta frota!

  3. Acho que nesse momento pra quem está pensando em sair de lá não importa se ajuda é francesa,chinesa,brasileira..etc,os caras querem dar no pé de lá.
    Parabéns a frança por enviar essa ajuda,agora veja mais uma utilidade para o Mistral,é um ótimo navio e barato.

  4. @Dandolo:

    use google translate if you do not understand my (average with mistakes)english

    Brazil is very much welcome to go there and clean the mess
    http://www.dailymail.co.uk/news/article-1362667/Libya-Eyes-terror-gun-head-tables-turned-Gaddafis-boy-soldiers.html

    This is becoming a civil war
    Arab league and its richest countries like Saudi Arabia,UAE,Algeria,Morocco,Egypt,Syria,Jordania,etc with their hundreds of Mig,Sukhoi, F16,Mirage 2000,etc etc could easily do the job as Lybia is an arab and mostly muslim country.

  5. Não se pode realmente confiar nos franceses, semanas atraz morriam de amores pelo kadaf tentando vender rafales, agora deslocam navios de guerra para dividir a carniça com outros chacais…

  6. #
    Vasdis71@hotmail.com [Moderator] 21 hours ago
    Desde España, todo mi apoyo al gobierno Libio y que la rebelion de todos esos traidores ayudados y auspiciados por el capitalismo occidental sea totalmente aplastada
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    #

    EACJ21 [Moderator] 10 hours ago in reply to Vasdis71@hotmail.com
    DESDE AMERIKKKA, TODO MI APOYO TAMBIEN Y QUE TODOS ESOS TRAIDORES SEAN PUESTOS AL PAREDON.
    VIVA QADDAFI!

  7. Vou dar a minha opinião neutra e sincera.
    Os americanos e europeus estão cansados de ajudar aos países a serem democráticos. Dá para notar essa falta de ânimo. A ONU sempre foi fraça.
    Os países que possuem Reis e Ditadores, certamente estão torcendo por Kadafi.
    Cada povo tem o direito de escolher o seu destino. Se a maioria não quer Kadafi, ele tem que sair. Agora, se a Líbia partir para a Teocracia Islâmica, regredindo ao Séc VI e VII, seria lamentável. Nesse caso, deixem o Kadafi mesmo.
    O regime democrático da Turquia funciona bem, e vai melhorar no Egito,Iraque ,Afeganistão, entre outros.
    Kadafi deveria ter feito um plebiscito, para saber se o povo quer que ele continue ou não. Esse é o caminho correto. Agora, se o povo quiser o Rei ou Ditador, que seja.
    Estou com muita pena do povo da Líbia.
    Fiquei decepcionado com a Rússia e China, e não apoiarem a ajuda militar da ONU para acabar com o conflito.
    Estejam com Deus.

  8. “O LEÃO” de Pepe Escobar:

    O Rei Leão quer de volta a poção mágica

    5/3/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
    http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MC05Ak05.html

    Você é Muammar Gaddafi e toma chá verde numa tenda-bunker em Bab al-Azizia, examinando a probabilidade de permanecer no poder. Vejamos. Você controla alguns arredores de Trípoli; algumas cidades no extremo oeste, junto à fronteira com a Tunísia; sua região natal, Sirte. E só.

    É possível que você já tenha perdido alguma coisa como 90% do país. Tentou reconquistar Zawiya (oeste de Trípoli) e fracassou. Tribos amaldiçoadas: você foi traído. Tentou reconquistar Misrata (leste de Trípoli) e fracassou. Tentou reconquistar Brega – segundo maior terminal de processamento e embarque de óleo da Líbia – e fracassou.

    EUA e britânicos estão louquinhos para invadir a Líbia. ‘Especialistas’ dizem que você está encurralado e que só há exílio possível no Zimbabwe. O presidente da Venezuela “irmão” Hugo Chavez quer mandar delegação multinacional para negociar. Negociar o quê? O país é seu. L’Etat, c’est moi – o Estado sou eu, Rei Muammar. Ninguém roubará minha muiraquitã [orig. mojo].

    Congelaram sua fortuna multimilionária, de A a Z. Fecharam todos os seus bancos. Mas ainda resta alguma coisinha. Muitas armas. Alguns jatos (que mal funcionam). Você tem aqueles milhares de mercenários africanos negros. Você tem a brigada especial de 10 mil brigadianos comandada pelo seu filho Khamis. Você tem a TV estatal.

    Então, você faz o quê? Você dobra a aposta. Vai para o tudo ou nada.

    Essa noite, o leão dorme

    Perigo: o rei dos reis da África em seu bunker é como leão que descansa à sombra da árvore. Ele sabe que, no oeste, os “rebeldes” – ou na narrativa oficial taquigrafada “jovens drogados zumbis da al-Qaeda” – não têm chance de feri-lo, a menos que organizem exército de ataque extremamente complexo, mas só têm soldados em farrapos, com Kalashnikovs e foguetes lança-granadas, em cidades distantes umas das outras.

    Ele sabe que os rebeldes no leste têm de fazer o mesmo – além de também terem de viajar, sem cobertura, por longas estradas pelo deserto, só para alcançar Sirte, onde podem ser destroçados pelos jatos e tanques do Rei Leão.

    Em resumo, o Rei Leão sabe que eles podem defender – Zawiya, Misrata, Brega –, mas não têm nem as mínimas condições necessárias para atacar. O que dá tempo ao Rei Leão para planejar melhor o bote da matança.

    Só um problema compromete esse cenário de Rei Leão: e se ele ficar sem gasolina?

    Nada menos de 80% dos campos e refinarias de petróleo da Líbia estão agora nas mãos daqueles “jovens drogados zumbis da al-Qaeda”. Gaddafi sabe que tem de recuperar Brega – e rápido. Irá à guerra por Brega, outra vez, e com estratégia mais letal. Ainda tem Ras Lanouf, 80 quilômetros a oeste de Brega – a refinaria (220 mil barris/dia), o porto e o aeroporto. Mas de modo algum pode perder Brega.

    Brega não está exportando petróleo. Nenhum navio petroleiro entra ou sai. A produção dos campos de sudeste que alimentava Brega foi reduzida, de 90 mil barris/dia, para apenas 11 mil; não há onde armazenar o petróleo. Nenhum petróleo flui do campo de Nafoora, parte da Bacia de Sirte. A ENI italiana, principal major estrangeira do petróleo, está repatriando todo o pessoal não essencial. A produção líbia diária caiu de 1,6 milhão de barris para 850 mil barris, e cairá mais.

    Mais do que para estocar petróleo, Gaddafi precisa de refinarias bombeando a poção mágica para sua máquina militar que já comaça a bater pino. As multidões em Benghazi libertada dizem que não precisam do dinheiro do petróleo – porque, afinal de contas, em Cyrenaica, jamais receberam grande coisa do governo central. O problema é que, mais cedo ou mais tarde, precisarão de mais armas. Então, claro, para comprá-las, precisarão do dinheiro do petróleo.

    Benghazi está convulsionada por rumores de que a polícia secreta de Gaddafi estaria infiltrada por toda a parte na inteligência local – até no prédio da Corte de Justiça que foi convertido em Central da Revolução do leste da Líbia libertada. Não surpreende que a al-Jazeera esteja noticiando que em Brega e Ajdabiya a população espera ansiosamente que se feche aquele espaço aéreo (orig. “a no-fly zone”) – para horror da mídia panárabe.

    É tempo de impasse – e o leão aposta no tempo, sempre mais perigoso quando manobra à sombra. Embora o governo da Argélia tenha oficialmente negado ferozmente, está, sim, ajudando Gaddafi. A Argélia, com 40% de desemprego e logo ali, vizinha de fronteira, com a fúria crescendo pelas ruas, também está à beira do caos. A Europa, Fortaleza Assustadora, enquanto isso, reza. Estando agora fechado o gasoduto Greenstream [mapa em http://en.wikipedia.org/wiki/Greenstream_pipeline%5D, da Líbia à Sicília (os italianos ainda não começaram a enlouquecer), a Espanha sonha com o novo gasoduto de 1,4 bilhão de dólares, a partir da Argélia, que deve entrar em operação em poucos dias [matéria, sobre isso, em http://af.reuters.com/article/algeriaNews/idAFLDE71H1OV20110218, 18/2/2011).

    Feiticeiros do apocalipse já anteveem a produção de petróleo da Argélia – 1,4 milhão barris/dia – indo-se pelo ralo, junto com a Líbia. Não surpreende que o chefe de pesquisa da Barclays Capital, Paul Horsnell, diga que as coisas podem ser ainda piores que o Irã 1979: “a reserva estratégica do mundo é de apenas 4,5 milhões de barris/dia”.

    Por tudo isso, nos próximos dias, a especulação reinará soberana. O leão, enquanto isso, dorme, hoje, amanhã, outras noites, concebendo um plano para reaver sua poção mágica. Calafrio sinistro percorre a Líbia, mais uma vez.

  9. UMA NARRATIVA HISTÓRICA – por Robert Fisk

    Uma narrativa histórica, por trás das lutas na Líbia de Gaddafi
    3/3/2011, Robert Fisk, The Independent, UK

    http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/robert-fisk-the-historical-narrative-that-lies-beneath-the-gaddafi-rebellion-2230654.html

    Pobres líbios! Depois de 42 anos de Gaddafi, o espírito da resistência ainda existe, mas já não sopra tão forte. O coração intelectual da Líbia voou para longe de lá.

    Os líbios sempre resistiram contra ocupantes estrangeiros, exatamente como os argelinos, egípcios e iemenitas –, mas o Amado Líder líbio sempre se apresentou mais como companheiro resistente do que como ditador.

    Por isso, no longo discurso-paródia dele mesmo e de outros discursos, ontem, em Trípoli, Gaddafi invocou Omar Mukhtar – enforcado pelo exército colonial de Mussolini –, em vez de adotar o tom paternalista autoritário de um Mubarak ou Ben Ali.

    E contra quem Gaddafi estaria lutando, para libertar a Líbia? Contra a Al-Qa’ida, é claro. De fato, há um trecho interessante, no discurso de Gaddafi, ontem, na Praça Verde. Seu serviço líbio de inteligência, disse ele, ajudou a libertar membros da al-Qa’ida que estavam presos na prisão norte-americana de Guantánamo, em troca da promessa de que a al-Qa’ida não operaria na Líbia nem atacaria seu governo. Mas a al-Qa’ida traiu os líbios – Gaddafi insistiu – e implantou “células em hibernação” [ing. sleeper cells] no país.

    Independente de Gaddafi acreditar ou não no que disse, houve rumores em todo o mundo árabe sobre contatos entre a polícia secreta de Gaddafi e agentes da al-Qa’ida, contatos feitos para evitar que se repetissem os mini-levantes islamistas que Gaddafi enfrentou há alguns anos, em Benghazi.

    Muitos membros da al-Qa’ida, sim, são líbios – motivo pelo qual o patronímico “al-Libi” aparece em tantos codinomes de combatentes. Para Gaddafi, que já hospedou grupos de terroristas do palestino Abu Nidal (que jamais o traiu), a desconfiança de que a al-Qai’da esteja de algum modo por trás do levante no leste da Líbia é ideia, pode-se dizer, natural.

    Desnecessário dizer que, provavelmente no próximo discurso, se houver, Gaddafi lembrará os líbios de que a al-Qa’ida era satélite dos muito árabes mujahedin que os EUA usaram para combater a URSS no Afeganistão.

    Verdade é que a feroz resistência que os líbios ofereceram à colonização italiana aí está, para provar que o povo sabe combater pela vida. Na “Tripolitania”, os líbios eram obrigados a andar pelas sarjetas, se houvesse italianos andando em direção oposta na mesma calçada; e a Itália fascista usou aviões e tropas de ocupação para dobrar a Líbia.

    Ironicamente, foram forças britânicas e norte-americanas, não os italianos, que liberaram a Líbia. E lá deixaram um legado de milhões de minas terrestres em torno de Tobruk e Benghazi, que Gaddafi jamais deixou de explorar a seu favor, enquanto pastores líbios continuam a morrer nos mesmos velhos campos de batalha da 2ª Guerra Mundial.

    Isso, para dizer que os líbios não são desconectados da história. Os avós – em muitos casos, os pais – dos que hoje combatem lá, lutaram contra os italianos. Há, sim, uma narrativa histórica real e próxima por trás dos movimentos de oposição a Gaddafi, assim como há também motivos históricos, tanto na ‘resistência’ em que Gaddafi se encastelou (contra a ameaça mítica da brutalidade ‘estrangeira’ da al-Qa’ida) quanto nos grupos de apoio ao seu governo.

    Mas, diferente da Tunísia e do Egito, as “Massas do Povo” da Líbia são mais mundo tribal que sociedade nacional. Dois parentes próximos de Gaddafi – o chefe de segurança em Trípoli e o mais influente comandante da inteligência em Benghazi – eram, respectivamente, seu sobrinho, Abdel Salem Alhadi, e seu primo, Mabrouk Warfali. A tribo de Gaddafi, os Guedaffi, vem do deserto entre Sirte e Sebha –, no mínimo mais um fator que explica por que o oeste da Líbia ainda permanece sob controle do governo.

    É absoluta tolice, nonsense, falar, como anda falando o departamento de Estado de Hillary Clinton – de guerra civil na Líbia. Todas as revoluções, mais sangrentas ou menos sangrentas, são guerras civis, até que forças externas intervenham – o que o ocidente claramente não quer fazer e o povo do leste da Líbia já disse que não quer que o ocidente faça (David Cameron, preste atenção, por favor [e contenha-se]).

    Mas Gaddafi fez guerra no Chad – e perdeu. O regime militar de Gaddafi não tem grande poder bélico e Coronel Gaddafi não é General Gaddafi. Portanto, continuará com a cantoria de hinos anticoloniais, e, enquanto suas brigadas de segurança conseguirem aguentar-se no oeste do país, Gaddafi poderá continuar a autoelogiar-se em Trípoli.

    E um alerta: a ONU impôs sanções contra o Iraque, porque, na dificuldade que as sanções criariam, a população derrubaria Saddam Hussein. Não foi assim, porque os iraquianos mal encontraram forças para salvar a vida das famílias, sem pão e água potável, sem qualquer comida e sem dinheiro. Na rebelião de 1991, Saddam chegou a perder todo o país, exceto quatro províncias. E logo reconquistou o que perdera.

    Hoje, os líbios do oeste estão vivendo sem pão, sem água potável e sem dinheiro. Ontem, Gaddafi falou da praça Verde, em Trípoli, com idêntica resolução de “resgatar” Benghazi dos “terroristas”. Ditadores não gostam uns dos outros, nem confiam uns nos outros, mas, sim, eles aprendem uns com os outros.

  10. OS VENTOS DA MUDANÇA – por Immanuel Wallerstein

    Os ventos da mudança
    Immanuel Wallerstein aposta: “Desta vez, eles são muito intensos. Não será fácil enquadrá-los, limitá-los ou redirecioná-los”

    1/3/2011, Zspace, Immanuel Wallerstein
    http://www.zcommunications.org/zspace/immanuelwallerstein | Tradução: Antonio Martins

    Há 51 anos, em 3 de fevereiro de 1960, o então primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Harold Macmillan, do Partido Conservador, dirigiu-se ao parlamento da África do Sul, governado pelo partido que havia erigido o apartheid como sua base de governo. Sua fala iria se tornar conhecida como “o discurso dos ventos de mudança”. Vale a pena recordar as palavras:

    “Os ventos da mudança estão soprando neste continente, e o crescimento da consciência nacional é um fato político, queiramos ou não. Precisamos enxergá-lo assim, e nossas políticas nacionais não podem ignorá-lo”.

    O primeiro-ministro da África do Sul, Hendrik Verwoerd, não gostou da fala e rejeitou suas premissas e conselhos. 1960 tornou-se conhecido como “O ano da África”, porque dezesseis colônias tornaram-se independentes. O discurso de Macillan tinha como alvo, na verdade, os Estados do Sul da África que tinham grupos expressivos de colonizadores brancos (e, quase sempre, enormes riquezas minerais) e resistiam à simples ideia do sufrágio universal – porque os negros constituiriam a esmagadora maioria dos eleitores.

    Macmillan não era um radical. Seu argumento incluía-se na estratégia de atrair as populações asiáticas e africanas para o lado do Ocidente, na Guerra Fria. Seu discurso era um sinal de que os líderes da Grã-Bretanha (e, em seguida, os dos Estados Unidos) viam o controle das eleições pelos brancos, nos Sul da África, como uma causa perdida, que poderia comprometer o Ocidente. O vento seguiu soprando, e num país após o outro as maiorias negras impuseram-se eleitoralmente, até que, em 1994, a própria África do Sul sucumbiu ao voto universal e elegeu Nelson Mandela presidente. Neste processo, porém, os interesses econômicos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos foram de algum modo preservados.

    Há duas lições que podemos aprender do episódio. Primeira: os ventos da mudança são muito fortes e provavelmente irresistíveis. Segunda: quando os ventos varrem os símbolos da tirania, não se sabe o que virá a seguir. Quando os símbolos caem, todos os denunciam. Mas todos querem preservar seus próprios interesses, nas novas estruturas que emergem.

    A segunda revolta árabe, que começou na Tunísia e no Egito, está contagiando mais países. Não há dúvida de que alguns baluartes da tirania cairão, ou aceitarão grandes modificações em suas estruturas estatais. Mas quem, então, ocupará o poder? Na Tunísia e Egito, os novos primeiros- ministros haviam sido figuras-chaves, nos regimes derrubados. E o exército, em ambos países, parece estar dizendo às multidões para encerrarem os protestos. Nos dois países, há exilados que retornam, assumem postos e procuram manter – ou mesmo expandir – os laços com os mesmos países da Europa e América do Norte que sustentavam as ditaduras. É claro que as forças populares resistem: enquanto escrevo este artigo, acabam de forçar a renúncia do primeiro-ministro tunisiano.

    No meio da Revolução Francesa, Danton aconselhou de l’audace, encore de l’audace, toujours de l’audace (“audácia, mais audácia, sempre audácia”). Ótimo conselho talvez, mas Danton foi guilhotinado pouco depois. E os que o executaram foram guilhotinados em seguida. Depois, vieram Napoleão a Restauração, a Revolução de 1948, a Comuna de Paris. Em 1989, no bicentenário, quase todo mundo era em favor da Revolução Francesa, mas vale perguntar se a trindade da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade – tornou-se real…

    Algumas coisas são diferentes, hoje. Os ventos da mudança são verdadeiramente planetários. Por enquanto, o epicentro é o Mundo Árabe, e os ventos sopram ferozes por lá. Ninguém duvide: a geopolítica da região nunca será a mesma. Os pontos-chaves a observar são Arábia Saudita e Palestina. Se a monarquia saudita for seriamente desafiada – e parece ao menos possível que isso ocorra – nenhum regime do Mundo árabe poderá sentir-se seguro. E se os ventos da mudança levarem as duas maiores forças políticas da Palestina a dar as mãos, até mesmo Israel sentirá que é preciso adaptar-se às novas realidades e levar em conta a consciência nacional palestina. Queira ou não queira, para parafrasear Harold Macmillan.

    Não é necessário dizer que os Estados Unidos e a Europa Ocidental estão fazendo tudo o que está em seu alcance para enquadrar, limitar e redirecionar os ventos da mudança. Mas seu poder já não é o mesmo. E os ventos da mudança estão soprando em seu próprio terreiro. É o jeito de ser dos ventos. Sua direção e intensidade não são constantes nem, portanto, previsíveis. Desta vez eles são muito fortes. Já não será fácil enquadrá-los, limitá-los ou redirecioná-los.

  11. PEPE ESCOBAR: Atenção, não tirem os olhos no Golfo

    Atenção: não tirem os olhos do Golfo
    2/3/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
    http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MC02Ak01.html

    Imaginem um paraíso feudal, ou neomedieval, ex-lar do legendário Sindbar, o Marinheiro, onde reina, absoluto, um septuagenário solteiro, magro, que toca alaúde e escolheu viver em paz em seu palácio, o sultão Qabus bin Sa’id, paradigma da discrição. Em poucas linhas, eis Omã.

    No Omã pratica-se o Islã ibadi – nem sunita nem xiita –, também encontrado em seletas latitudes no norte e leste da África. Nada poderia ser mais diferente do wahhabismo, ou do fanatismo jihadista à moda da al-Qaeda. Em termos de Omã, o Islã ibadi implica procurar o justo equilíbrio, numa mistura de costumes tribais e aparato de estado (Qabus orgulha-se muito do sistema de consultas aos anciãos das tribos).

    Washington – e Londres – são absolutamente apaixonados por Qabus. Formado na Academia Militar de Sandhurst na Grã-Bretanha, o homem é amante de Mozart e Chopin, com faro estratégico que tem sido comparado ao do pai fundador de Cingapura, Lee Kwan Yew. (Quando estive em Omã, senti, mesmo, como se estivesse numa Cingapura árabe. Tudo em Omã é limpo demais, disneylandiamente perfeito demais, uma espécie de Stepford Wives[1] à moda de Cingapura.)

    O amor dos EUA é facilitado pelo fato de o sultão ter dado enorme mão a George H W Bush durante a 1ª Guerra do Golfo em 1991 contra o Iraque de Saddam Hussein, estendendo o favor a George W Bush e permitindo que 20 mil soldados dos EUA parassem em Omã antes de invadir o Afeganistão e o Iraque. Coroando tudo, o largo e profundo, além de imensamente estratégico, Estreito de Hormuz – essencial para a navegação dos superpetroleiros no Golfo Persa – está em território de Omã.

    Lamento estragar o namoro,mas…

    Qabus, no poder desde 1970, talvez ainda não seja objeto da ira do povo, em seu paraíso no Golfo de Omã. Mas a vez dele – e das elites de Omã – não tarda, nas voltas que dá o relógio da Grande Revolta árabe de 2011, que não pára.

    Na lista dos países à espera de levar sapatadas na revista The Economist, Omã ocupa nada menos que o 6º lugar, logo abaixo do já-deposto Hosni Mubarak do Egito e muitos furos à frente de Zine el-Abidine Ben Ali já-deposto na Tunísia e do Khalifa-por-um-fio do Bahrain. Metade da população de menos de três milhões de habitantes têm menos de 21 anos. O desemprego é altíssimo – sobretudo entre os portadores de inúteis diplomas. De um total de mais de 40 mil egressos de cursos secundários, por ano, só alguns pouquíssimos encontram emprego.

    Não há receita mais segura para tumultos. Blogueiros e tuiteiros de Omã destacam que têm havido manifestações em Sur e nos portos crucialmente estratégicos de Salalah (no sul, perto do Iêmen) e de Sohar (onde a polícia usou munição viva e matou um menino de 15 anos; a polícia de Omã – como a Mukhabarat egípcia – é treinada na Jordânia). Não menos de 3.000 manifestantes foram atacados com gás lacrimogêneo. A estrada entre Sohar e al-Ayn – que atravessa a fronteira para os Emirados Árabes Unidos (UAE) – foi fechada.

    Os manifestantes, basicamente, reclamam dos salários miseráveis, em luta perdida contra a inflação que não arrefece; e de praticamente todos os empregos iram para estrangeiros (empregados das empresas estrangeiras) ou para os nativos que vivam na capital, Muscat.

    São manifestações pacíficas. Os manifestantes dizem que não sossegarão enquanto os salários não melhorarem. Preventivamente, o sultão aumentou o salário mínimo nacional, de US$316 mensais, para $520; os manifestantes exigem “não menos de $1.300″. E mais: melhores aposentadorias; educação gratuita para todos; e, por que não, a renúncia do governo. Durante o fim de semana, o sultão mudou o Gabinete e anunciou 50 mil novos empregos, e benefícios aos desempregados. Os manifestantes responderam “Só palavras”.

    Também é crucial que nada disso esteja sendo noticiado adequadamente no Golfo. A rede Al-Jazeera está estranhamente calada. A rede Al-Arabiyya – porta-voz da Casa de Saud – também está muito quieta. Para não falar da imprensa em Omã. A Al-Jazeera foi pesadamente criticada em várias frentes durante semanas pela fraquíssima cobertura dos eventos no Bahrain – se comparada à blitzkrieg de 24 horas/dia, sete dias/semana de cobertura do Egito ou da Líbia. Tudo isso despertou suspeitas de que o emir do Qatar, há “luta pela democracia” (no norte da África) e “luta pela democracia” (no Golfo), assuntos diferentes.

    Estreitos e apertos[2]

    Sohar – ex-lar de Sindbad, o Marinheiro – a 80 quilômetros da fronteira com os Emirados Árabes Unidos, e a 200 quilômetros da capital Muscat, merece exame detalhado. É a usina de energia industrial de Omã – lá está um dos maiores projetos de desenvolvimentos de portos do mundo, além de uma refinaria, um complexo petroquímico, um indústria de alumínio e uma fábrica de aço. Os trabalhadores do petróleo em Sohar começam a unir-se aos manifestantes. Não é impossível, para eles, bloquear o bombeamento de petróleo para exportação, como meio para pressionar o sultão. Omã bombeia 860 mil barris de petróleo/dia e exporta cerca de 750 mil barris.

    A economia global sabe que o Golfo Persa é sua principal fonte de petróleo. A noção paranóica de que o Estreito de Hormuz poderia ser fechado pelo Irã no caso de guerra contra EUA/Israel sempre foi quimera fabricada pelos neoconservadores. A realidade mostra agora outro cenário: a democracia real está chegando às portas de Omã, esse “farol da estabilidade”.

    Do ponto de vista da economia global, a luta pela democracia pode converter-se em cenário de pesadelo. Se a Líbia e Omã saírem completamente do mercado, desaparecerão da economia global 2,5 milhões de barris de petróleo/dia, 3% do que o mundo consome. Não há qualquer evidência de que a Arábia Saudita possa compensar a falta, explorando máquinas e infraestrutura até o limite. Tradução: o barril de petróleo pode ultrapassar os $150 o barris em questão de dias. E, isso, sem ninguém nem supor que possa haver protestos em março, na Arábia Saudita.

    Omã não é exatamente um acidente da história, como os reinos do Golfo – que não passavam de “o fio de pérolas” na rota naval do império britânico ao longo do Oceano Índico. Não surpreende que Lord Curzon, o imperialista-em-chefe, os chamasse de “pequeninas chefaturas árabes” [orig. petty Arab chiefships] (o que, parece, pouco mudou sob o governo imperial dos EUA). No que tenha a ver com Washington, Omã continua a ser o proverbial “aliado estável dos EUA” – atachado à sua marinha altamente treinada nos EUA e, o que é decisivo, posta bem ali, na boca do inexcedivelmente estratégico Estreito de Hormuz.

    Omã não é exatamente uma hacienda familiar recentemente estabelecida no deserto – como a Casa de Saud. A dinastia reinante – al-Bu Sa’id – tem mais tempo de poder, que os EUA de existência.

    Mas, apimentemos um pouco toda essa “estabilidade”. Omã é berço de um dos mais sofisticados movimentos de oposição de todo o mundo árabe – hoje incorporado em grande medida pela Frente Popular de Libertação de Omã [orig. Popular Front for the Liberation of Oman]. Alguns dos líderes acabaram cooptados pelo sultão, mas o ímpeto progressista, modernizante, não se perdeu completamente.

    Ao mesmo passo em que os EUA fazem das tripas coração para que se acredite que Omã respeita os direitos humanos, os direitos políticos, esses, não há quem salve: continuam praticamente no zero. Nada de imprensa livre, nada de livre manifestação do pensamento, nada de liberdade para reunir-se, nada de liberdade de credo. Omã talvez não seja a ultra-repressiva Arábia Saudita, o selvagem Iêmen – mas tampouco é alguma Escandinávia (o pessoal dos think-tanks de Washington só faz comparar o sultão aos primeiros-ministros escandinavos).

    A Grande Revolta Árabe de 2011 está, citando Bob Dylan, “dirigindo a 90 milhas por hora, por um beco sem saída” no Bahrain; deve fazer um pit-stop na Arábia Saudita; e já chegou a Omã. O septuagenário sultão tem diabetes, não tem herdeiro para o trono, e está oficialmente intrigado com tantos jovens desempregados e trabalhadores irados, bem ali à sua porta. Atenção: cuidado com o imperialismo humanitário, pronto para meter a cabeçorra na Líbia. Mas que ninguém tire os olhos do estreito de Hormuz; mas na costa de Omã, não na costa iraniana.

    [1] The Stepford Wives (1975, refilmado em 2004) é filme de ficção científica/horror (dir. Bryan Forbes), baseado em romance de Ira Levin. No Brasil, “As esposas de Stepford” (em http://www.imdb.pt/title/tt0073747/).

    [2] Orig. “Dire Straits”. Não há como traduzir. A expressão significa “dificuldades graves”, mas, também, é o nome de uma banda de rock do final dos anos 80, período e rock nos quais Pepe Escobar é especialista; e “estreito”, nesse contexto, só o de Hormuz. Tradução tentativa temerária [NTs].

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