Vazamentos anônimos, como no WikiLeaks, têm futuro?

http://1.bp.blogspot.com/_AIIckDNdftI/TQUdOxCU39I/AAAAAAAAAng/m1m-_n6Q9Jc/s400/wikileaks.jpgThe New York Times

Por Paul Boutin

Apesar de tecnologia inspirada no site de Assange ser simples, responsáveis por trás dos vazamentos enfrentam ameaças e espionagem.

Enquanto o governo dos Estados Unidos tenta construir um caso contra o WikiLeaks, site de publicação de documentos secretos comandado pelo hacker australiano que virou celebridade Julian Assange, toda uma nova geração de serviços como o WikiLeaks, que permitem publicações de documentos de forma anônima e segura estão surgindo em todo o mundo. Embora a tecnologia desses sites possam ser sólidas, as pessoas por trás dos vazamentos enfrentam crescentes ameaças de processo e de espionagem.

Um desses projetos lançado recentemente é a Unidade de Transparência da Al-Jazeera, que incentiva as pessoas a fazer upload de documentos, fotos e vídeos “para revelar informações governamentais e corporativas notáveis e de interesse público que poderiam passar despercebidas (…) de direitos humanos à pobreza e corrupção oficial”.

O editor-executivo do New York Times, Bill Keller, disse que seu jornal está planejando uma espécie de espaço para as pessoas dispostas a vazar informações”, mas se recusou a dar mais detalhes sobre o projeto. Daniel Domscheit-Berg, um ex-funcionário do WikiLeaks, usou o Fórum Econômico Mundial do mês passado, em Davos, na Suíça, para anunciar o lançamento do seu OpenLeaks, que não se destina a servir como um repositório de documentos em si, mas a oferecer a tecnologia para que organizações não-governamentais, meios de comunicação e outras organizações criem suas próprias caixas de entrada para o vazamento de informações.

A tecnologia para a apresentação de documentos de forma anônima é difícil de implementar, mas fácil de entender. Primeiro, o site precisa ser incapaz de identificar o computador de origem do vazamento de informações. O WikiLeaks orienta seus contribuintes a usar o serviço Tor, que cria uma rota através de uma cadeia de servidores, cada um dos quais pode identificar apenas o computador anterior na cadeia. Ao fazer uma conexão passar por diversos servidores em todo o mundo, o Tor impossibilita o rastreamento do computador de origem. O WikiLeaks supostamente também não mantém registros das conexões de computadores externos, o que talvez pudesse ajudar a encontrar a origem dos documentos vazados.

Segundo, o site receptor precisa ser protegido de bisbilhoteiros que monitoram seu tráfego de entrada e saída, o que pode ajudar a identificar fontes. O WikiLeaks é atualmente hospedado pelo provedor sueco ISP Bahnhof, que criptografa todo o tráfego através de sua rede de roteamento – essencialmente oferecendo aos seus clientes uma rede privada – de modo que nem mesmo os funcionários do Bahnhof podem ver o que está sendo enviado ou recebido pelo Wikileaks.

Proteção

Tais precauções ajudam a proteger a fonte de um documento vazado, mas não protegem o receptor e editor de informações vazadas de ações legais. Jay Rosen, professor de jornalismo na Universidade de Nova York, acha que o New York Times e a Al-Jazeera terão de ser mais cautelosos do que Assange sobre o que aceitar e publicar. “Como não é organizado sob as leis de qualquer nação, o WikiLeaks é menos vulnerável às pressões jurídicas de diversos Estados”, diz ele. “Mas um jornal que crie sua própria caixa de entrada utilizando o OpenLeaks está em uma posição diferente. Isso pode influenciar sua decisão de fontes e afetar quantas organizações de notícias usarão a tecnologia do OpenLeaks”.

Jonathan Zittrain, professor de Direito em Harvard e cofundador do Centro Berkman para Internet e Sociedade, diz que a situação é complicada e incerta. “Nos Estados Unidos, as pessoas que vazam informações enfrentam o Ato de Espionagem”, diz ele. “Sites de vazamento poderiam ser acusados de ‘cumplicidade’ embora os custos políticos de perseguir tal acusação possam ser elevados”.

Em 2005, a repórter do New York Times Judith Miller passou 12 semanas na cadeia por se recusar a identificar uma de suas fontes a um júri federal. Miller divulgou sua fonte como condição para sua libertação. A lei sueca, que teoricamente cobre o site WikiLeaks, proíbe as autoridades de exigir que os jornalistas revelem suas fontes. No entanto, o suposto contribuinte do WikiLeaks Bradley Manning tem sido mantido em confinamento solitário nos Estados Unidos há mais de seis meses, no que alguns observadores acreditam ser uma tentativa de desgastá-lo para implicar Assange no vazamento de dossiês diplomáticos e um vídeo de 2007 de um helicóptero de ataque no Iraque que matou um fotógrafo da Reuters.

Dentro do governo dos Estados Unidos, o Escritório de Gerenciamento e Orçamento enviou um memorando de 14 páginas em janeiro que detalha como as agências federais devem reprimir o ponto de vazamento em potencial, incluindo o uso de psiquiatras e sociólogos para analisar funcionários possivelmente descontentes.

“Não se pode automatizar o processo de denúncia. Ainda se trata de uma conversa humana”, disse Micah Sifry, cofundador do Fórum de Democracia Pessoal, uma conferência anual que explora o impacto da tecnologia sobre política e o governo, em Nova York, e autor do novo livro WikiLeaks and The Age of Transparency (WikiLeaks e a Era da Transparência, em tradução livre). “Se Bradley Manning fez o que ele supostamente fez, então passou muito tempo tentando descobrir se poderia confiar nesse Assange”, disse Sifry, citando trechos da conversa entre Manning e o hacker Adrian Lamo que foram publicados. No fim, Manning não foi realmente pego baixando ou publicando arquivos, Lamo o entregou.

Segurança

Obviamente, as medidas de segurança na internet não podem impedir que um escritório local de um site de vazamento de informações seja infiltrado. Assange disse recentemente no programa 60 Minutes que antes de sua prisão por acusações independentes no Reino Unido, ele manteve um estilo de vida nômade porque “quando se está envolvido com informações nas quais as agências de espionagem também estão interessadas… se você ficar em um local por muito tempo, é inevitável que será grampeado”. Nos Estados Unidos, entrar em casas e escritórios para instalar grampos em computadores pessoais é uma atividade de aplicação da lei quando acompanhada de um mandado judicial. Para as agências de notícias e outros possíveis receptores dos vazamentos, a infiltração é um risco real.

Uma vez que a informação é vazada, o mais importante é a classificação, compreensão, validação, elaboração e publicação das informações recebidas. O WikiLeaks diz que obteve 251.287 dossiês americanos confidenciais, mas publicou apenas 1.942 deles até hoje. O New York Times e o jornal britânico The Guardian também afirmam ter obtido o arquivo completo através de outra fonte, mas ambos pararam de reportar sobre os dossiês, dizendo que não encontraram mais histórias de interesse jornalístico.

O ex-diplomata britânico Carne Ross detalhou suas dúvidas sobre essa conclusão depois de questionar os editores de ambos os jornais em um painel de discussão recente na Universidade de Colúmbia. Por exemplo, um dos dossiês aparentemente expunha a vigilância aérea americana secreta do Líbano, que Bill Keller disse desconhecer. “Nem a imprensa nem o WikiLeaks têm a capacidade plena de analisar todos os dossiês vazados, graças ao grande volume de dossiês, mas também seu significado extremamente amplo e político”, Ross escreveu depois.

Fonte: Último Segundo


10 Comentários

  1. O DIA QUE O TIO SAM PAGOU MICO.
    .
    .
    A unica coisa que eu posso dizer é:” I love wikileakes ”
    .
    O seu fundador deixou o tio Sam sem as calças,….nú, no meio da rua.Hahahahah…!
    .
    Isso com certeza entrou na História universal.

  2. Mostrando a Hipocrisia americana pro mundo
    muito bom. bom mesmo
    depois desas so cai no conto de liberdade e democracia
    eo tio patinha eo mikey eos que vivem na Disney da incredulidade

  3. A humanidade nunca sera´a mesma depois das fofoquinhas do wikileaks,desvendaram para os distraidos oque se passa nos bastidores das politicas internacionais,pena que nao terao acesso aos arquivos Russos,Cubanos ou Chineses,nao porque estes nao os fazem ,mas simplesmente porque naquelas bandas a internet e´controlada,filtrada,destilada.O wikileaks se tornou algo de uma utilidade igual a papel higienico usado.Uma coisa nao tem como negar;muitas publicaçoes melhoraram suas vendas,fofocas sobre artistas ja nao rende recordes de vendas e acessos a alguns sites!A democracia e´otima.

  4. Engraçado já vi esse filme antes… ah sim, foi no caso Roswell. Na época um suposto OVNI caiu nos eua, que lançaram dezenas e mais dezenas de versões do que teria acontecido para desacreditar o depoimento que um oficial tinha dado aos jornais. E obviamente depois martelaram na notícia que eles desejavam impor.
    Tática de desinformação, por isso o NYT (o mesmo que disse que no Brasil só tem macacos e bananas) quer ter um também. Com um WikiLeaks em cada esquina, as pessoas avreditarão no que for conveniente.

  5. Bisando: Sites q se propuserem a serem = ao wikileaks tem de serem denunciativos,embasados em fato,mostrando as mazelas deste ou daquele governo p com o mundo ou outro país. E lembrar sempre q haverá consequências.PS.: O q aconteceu com os outros comentários meus?!?!

  6. Quanto mais diversificadas as fontes de informação melhor. Só não pode ler a informação e deixar de comparar com a própria vivência, porque senão haverão milhares de wikileaks da vida.. bombardeando de informação o povo, deixando o pessoal doido com tudo.. chegando ao ponto de torná-los mais passivos ainda.. e desacreditados de qualquer tipo de vazamento de informação.. mas também sendo uma faca de dois gumes.. forçando-os também a passar a comparar com a realidade de cada um porém… a parcela e nível de manipulação da mídia é gigantesco, dificilmente wikileaks poderão mudar algo para melhor.. pois a grande mídia jamais exporia em formato independente e “limpo”.

  7. Torço mt pq o sr assange saía ileso deste rolo,e q a Suécia tenha dignidade , soberania p ñ extratitar o mesmo p as terras ianks. O mundo vai perder um precussor, q mostrou a falsidade dos ianks no trato com países q os consideravam mt, são falsos, cínicos dizem uma coisa e fazem outra.Como eu lí em certo lugar: Os ianks ñ são confiáveis. Sds.

  8. 6 de março de 2011 às 14:29
    Hillary Clinton: “Estamos perdendo a guerra da informação”

    No dia 2 de março, diante de um comitê de Política Externa do Congresso, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que o país está perdendo a “guerra da informação”. “A Al Jazeera está ganhando”, resumiu. Muito citados nos últimos meses, Wikileaks, Twitter e Facebook tornam-se quase insignificantes em comparação com o papel exercido pela Al Jazeera no Oriente Médio. A Al Jazeera em inglês está suprimida para os usuários de tv a cabo nos EUA, com exceção dos que estão em Toledo, Ohio; Burlington, Vermont e Washington DC. Isso não impede, é claro que tanto Obama como a senhora Clinton critiquem a censura no Irã. O artigo é de Alexander Cockburn.

    por Alexander Cockburn, no Counterpunch, via Carta Maior

    Nem mais nem menos do que a própria secretária de Estado dos EUA rendeu um incômodo tributo a Al Jazeera no dia 2 de março. Diante de um comitê de Prioridades da Política Externa dos EUA, o senador Richard Lugar pediu a Hillary Clinton que apresentasse seus pontos de vista sobre em que medida o país está promovendo sua mensagem em todo o mundo. Clinton disse de imediato que os EUA estão envolvidos em uma guerra da informação e estão perdendo. ” A Al Jazeera está ganhando”, acrescentou.

    “Falemos francamente em termos de realpolitik”, prosseguiu a secretária de Estado. “Estamos em uma imensa competição por influência global e mercados globais. China e Rússia lançaram redes de televisão funcionando em várias línguas, quando os EUA faz cortes nesta área. “Estamos pagando por um preço elevado por desmantelar redes de comunicação internacional depois do fim da Guerra Fria. Nossos meios privados não podem preencher essa brecha”.

    Como temos assinalado durante a última quinzena, há uma florescente pequena indústria da internet que afirma que a derrubada de Mubarak ocorreu por cortesia do comando Twitter-Facebook dos EUA. O New York Times publicou numerosos artigos sobre o papel do Twitter e do Facebook enquanto ignora ou vilipendia ao mesmo tempo Julian Assange e Wikileaks. Por certo, em qualquer discussão sobre o papel da internet na convocação dos levantes no Oriente Médio, deveria se dar o maior crédito ao Wikileaks. Mas Wikileaks, junto com Twitter e Facebook, tornam-se quase insignificantes em comparação com o papel exercido pela Al Jazeera.

    Milhões de árabes não podem tuitar e não estão familiarizados com o Facebook. Mas a maioria vê televisão, o que significa que todos assistem à Al Jazeera que detonou o “artefato explosivo improvisado” que estourou sob a Autoridade Palestina, a saber, o conjunto de documentos conhecidos como os Palestine Papers.

    Houve imensas ironias na confissão de Clinton diante do senador Lugar e seus colegas. Ao final dos anos setenta, os radicais nas Nações Unidas promoveram com entusiasmo a necessidade de uma “Nova Ordem Mundial da Informação” (NWIO, em sua sigla em inglês) para se contrapor ao controle sobre as comunicações mundiais da propaganda por parte dos países ricos, EUA na frente deles.

    Ronald Reagan, em sua campanha para a presidência ao final dos anos setenta, denunciava quase que diariamente a visão da NWIO, fazendo-a parecer como um braço particularmente sinistro da conspiração comunista internacional. Sob este ataque, as Nações Unidas abandonaram o NWIO e se dedicaram ao negócio do Aquecimento Global, investindo fortemente no Grupo Intergovernamental de Especialista sobre a Mudança Climática (IPCC) como meio de restaurar o peso da ONU em todo o mundo. No que diz respeito à informação, o mundo sintonizou a CNN de Ted Turner, fundada em 1980, que se converteu precisamente no veículo de propaganda em escala global contra o qual os países do Terceiro Mundo tinham se queixado nas Nações Unidas.

    E então aparece o emir do Qatar, o xeique Hamad bin Khalifa, patrono fundador e financiador da Al Jazeera, em 1996. O colaborador de CounterPunch, Afshin Rattansi, ex-BBC, foi o primeiro jornalista em idioma inglês que trabalhou na rede de televisão. Foi um momento de grande importância na história do Oriente Médio. Seu poder foi reconhecido tacitamente há algum tempo pelo governo dos EUA que pressionou as empresas de tv a cabo dos EUA para que não transmitissem suas emissões.

    Nos primeiros dias da rebelião no Egito, os telespectadores nos EUA tiveram a experiência algo surrealista de ver a Al Jazeera, transmitida em um dos monitores da sala de Obama, ainda que a Al Jazeera em inglês esteja suprimida para os usuários de tv a cabo nos EUA, com exceção dos que estão em Toledo, Ohio; Burlington, Vermont e Washington DC. (Isso não impediu que tanto Obama como a senhora Clinton criticassem a censura no Irã).

    Pobre senhora Clinton. Ela imagina uma vasta rede imperial de comunicações que dissemine propaganda sofisticada ao estilo estadunidense. Insinua que deveria ser financiada com fundos públicos, uma versão reforçada da “Voz da América” que seguia com devoção o público por trás da Cortina de Ferro há meio século. O modelo de propaganda é o “Poderoso Wurlitzer”, como chamavam o aparato de propaganda comandado por Frank Wisner, da CIA.

    Mas o mundo seguiu adiante. Basta olhar a televisão estadunidense durante dez minutos para concluir que os comunicadores dos EUA já não têm os recursos intelectuais nem a capacidade política para montar uma propaganda exitosa bem informada. O Canal Fox é para idiotas em casa. Além disso, o que poderiam alardear os propagandistas subvencionados pelo Estado? Os ataques dos drones Predator (aviões não tripulados) no Afeganistão? Guantánamo? Trinta milhões de pessoas com trabalho precário ou desempregadas nos EUA? Os EUA já não são o que eram quando a taxa de crescimento econômico estava em alta e o capitalismo parecia capaz de cumprir suas promessas.

    O 2 de março foi um dia muito atarefado. O Exército dos EUA apresentou 22 novas acusações contra o soldado Bradley Manning, suspeito de passar informação confidencial para Wikileaks. As acusações incluem “ajuda ao inimigo”, um delito capital. Essas acusações coincidiram com o pedido de desculpas do general Petraeus, também no 2 de março, ao dirigente títere afegão Karzai pelas mortes, por fogo de metralhadoras dos helicópteros Apache, de 9 crianças que recolhiam lenha em uma área montanhosa do oeste do Afeganistão. Uma décima criança ficou ferida. O general disse que sentia muito e que “lamentavelmente parece ter ocorrido um erro entre a informação sobre a localização de insurgentes e o envio dos helicópteros de ataque que realizaram as operações subsequentes”.

    Entre o material entregue a Wikileaks – e que integra a acusação contra Manning – estão as sequências de ataques de helicópteros Apache em Bagdá. A internet ficou petrificada quando no dia 5 de abril de 2010, Wikileaks apresentou no Youtube um vídeo de 38 minutos e uma versão editada de 17 minutos, realizado do interior de um helicóptero Apache do Exército dos EUA, que disparou contra um grupo de iraquianos em Bagdá, na esquina de uma rua, em julho de 2007. Morreram doze civis, incluindo um fotógrafo da Reuters, Namir Noor-Eldeen, de 22 anos, e um motorista da Reuters, Saeed Chmagh, de 40 anos.

    Dois mortíferos ataques de helicópteros, dois resultados diferentes para os que os divulgaram. Petraeus recebeu um tapinha nas costas por seu rápido esforço de controle de danos. Manning enfrenta acusações que implicam a pena de morte.

    Um de meus vizinhos, aqui em Petrolia, é o doutor Dick Scheinman, que escreveu o seguinte para a sua lista de email’s:

    “Recentemente li um artigo horripilante no New York Times sobre o Afeganistão e não pude deixar de escrever a meus representantes. Talvez vocês possam fazer o mesmo. Nos aproximamos da data de pagamento das nossas contribuições, e a resistência ao pagamento de impostos é uma opção. Queria chamar a atenção de vocês sobre um artigo de 2 de março do New York Times intitulado “Nove crianças afegãs que buscavam lenha assassinados por helicópteros da OTAN”.

    “Eu vivo com meu neto de 12 anos e, para ganharmos a vida, entre outras coisas, recolhemos e vendemos lenha. Nathan recebe 25 dólares para carregar e descarregar um punhado de lenha de nosso caminhão. Quando li esse artigo não pude deixar de pensar na pura sorte que converteu Nathan em um saudável menino estadunidense que pode recolher lenha e ganhar dinheiro, em lugar de ser um pobre menino afegão cuja vida foi destruída por homens (mulheres?) da OTAN (estadunidenses?) em um helicóptero a milhares de quilômetros de suas casas. Meu coração está repleto de amargura”.

    “David Petraeus pediu desculpas. Talvez tenha filhos e netos. Talvez devesse enviar seus filhos ao Afeganistão para que recolham lenha para as irmãs destes meninos durante o resto de suas vidas com o fim de expiar esse indignante assassinato a sangue fio (“mataram os meninos um depois do outro”). Talvez os homens do helicóptero devessem fazer o mesmo. Talvez as duas filhas de Barack Obama pudessem ajudar. Talvez devessem vestir alguns trapos, beijar seus pés e pedir perdão. Mas o mínimo, o mínimo que vocês poderiam fazer é não votar nunca, jamais, que haja mais dinheiro para continuar esta guerra”.

    Como disse, não é muito difícil compreender por que os EUA está perdendo a guerra da propaganda.

    (*) Alexander Cockburn escreve sobre temas de segurança nacional e outros relacionados. Seu livro mais recente é: “Rumsfeld: His Rise, Fall and Catastrophic Legacy”. É co-produtor de “American Casino”, o documentário longa metragem sobre o atual colapso financeiro. Contato: amcockburn@gmail.com.

    Tradução: Katarina Peixoto

Comentários não permitidos.