Análise: O impacto da revolução egípcia no Oriente Médio pós-Mubarak

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Sugestão: Gérsio Mutti

Roger Hardy

Analista de Oriente Médio do Woodrow Wilson Center

Como nós estávamos errados. Quando a agitação começou na Tunísia, a maioria dos especialistas (inclusive eu) disse que o homem forte do país, Ben Ali, iria esmagá-la e sobreviver.

Quando ele abruptamenet deixou o país e a tensão se espalhou para o Egito, a maioria dos especialistas (inclusive eu) disse que o Egito não era a Tunísia e que o homem forte do país, Hosni Mubarak, iria esmagá-la e sobreviver.

As últimas semanas mudaram todas as expectativas e levaram até os observadores mais moderados a imaginar para onde a região estava indo.

Aqui vão algumas ideias, de um observador moderado, sobre o provável resultado.

Primeiro, a renúncia do presidente Mubarak e a sua saída do Cairo não significam que a Crise no Egito esteja caminhando logo para uma resolução rápida.

Pelo contrário, Mubarak simplesmente largou seus dilemas no colo dos principais líderes militares do país.

Se eles podem lidar com estes problemas melhor do que Mubarak lidou – e se os militares podem até mesmo manter a sua própria coesão – é algo longe de certo.

Poder do povo

Em segundo lugar, o sucesso do “poder do povo” no Egito é bem mais significativo para os árabes em outros países do que foi o sucesso da Tunísia.

O Egito é o maior e mais poderoso Estado árabe. Mubarak o governou por três décadas.

O exemplo egípcio já agitou a opinião pública por toda a região, onde uma série parecida de problemas – autocracia, corrupção, desemprego, o déficit de dignidade – prevalece.

Autocratas cujos serviços de segurança são menores e mais fracos do que os do Egito estão mais vulneráveis ao vento gelado da revolta popular.

Aqueles que têm dinheiro para subornar os dissidentes já estão tentando fazê-lo. Estados mais pobres, como a Jordãnia e o Iêmen, terão de tomar empréstimos para conseguir isto.

Em terceiro lugar, o impacto da crise nas economias regionais – em setores óbvios, tais como preço do petróleo, turismo, a capacidade de atrair investimentos estrangeiros – já está sendo duro.

Em quarto, a queda de Mubarak afetará inúmeras questões da região – o processo de paz entre árabes e israelenses, a influência crescente do Irã, a batalha contra o extremismo muçulmano – de maneiras que são difíceis, se não impossíveis, de prever.

Os temores de revoluções islâmicas aparecendo em todo lugar são errôneas. A maior parte das dissidências atuais parecem ser motivadas por um sentimento mais nacionalista que religioso.

No Egito e em outros lugares, os islâmicos estão pegando carona em um carro que outras pessoas colocaram em movimento.

Ao mesmo tempo, o medo de que a crise incline a balança de poder na região em favor do Irã é, por motivos parecidos, prematuro. O Irã está observando estes eventos tumultuados, e não os conduzindo.

Lições para o Ocidente

Finalmente, os governos ocidentais ficaram com dilemas de orientação política para os quais, em curto prazo, não há solução.

A maneira como o governo Obama lidou com a crise no Egito foi inepta. A União Europeia não fez muito melhor.

Mas, mesmo se a sua resposta fosse bem-feita, o enigma que está por trás seria o mesmo.

O Ocidente, por décadas, tem feito da estabilidade uma prioridade maior que a democracia e os direitos humanos.

Algumas reavaliações urgentes estão ocorrendo agora, enquanto os responsáveis pelas políticas públicas se debatem para aprender as lições corretas.

A outra lição dolorosa para as potências ocidentais é quão pouca influências elas têm, mesmo em países para o quais elas dão ajudas generosas.

Dinheiro não compra amor – e nem, quando os jogos estão na mesa, permite que você salve um aliado próximo da ira do povo.

Roger Hardy é especialista em políticas públicas do Woodrow Wilson Center, em Washington DC.

FONTE: BBC Brasil

17 Comentários

  1. Sera muito difícil desvincular essas revoluções da questão religiosa,pois oquê mantém a comunidade árabe unida é a sua crença no ISLÃ ! alguns podem adotar uma política mais moderada mas nunca sem a presença do ISLÃ !

  2. O problema do OM só está começando, pois as democracias do tipo Americana/Francesa permite o nascimento do populismo corrupto e da impunidade política. Eu vejo pelo Brasil… Os grandes grupos de interesse dominam o Congresso Nacional. O político populista é um dos grande males do planeta terra, pois ilude o povo com a propaganda enganosa e por trás dos panos corrompe toda a estrutura político-partidária.
    Veja a Bancada dos Médicos e Ruralistas ? Dominam o Congresso Nacional.
    Os membros do STF são escolhidos pelos políticos, pois isso raramente um político corrupto vai para a cadeia.
    O OM deve criar uma Democracia sem vícios, caso contrário uma Ditadura Honesta poderia ser até melhor.
    Entre o Regime Político Brasileiro que está aí, e o Regime Chinês que dá tiro na nuca dos assassinos e corruptos, sem dúvida que eu prefiro o dos chinas.
    O Brasil precisava mudar TODO o seu Sistema Político, antes que o povo perca a paciência.
    Sugestão:
    – Parlamentarismo.
    – Extinção de todos partidos políticos.
    – Os sindicatos de todas as profissões indicam os seus representantes políticos.
    – O sindicato paga todas as despesas de seus políticos.
    – O populismo passa a ser crime hediondo e imprescritível.
    – Os membros do STF passam a ser sorteados, entre os desembargadores estaduais e federais. A lista desses desembargadores deve ser feita pelos seus membros.
    – No STF tem que ter 1 militar de posto máximo, de cada Força Armada, no total de 3, pois FA é poder real. Na China, os militares têm peso nas decisões nacionais.
    Nos EUA não, pois nesse país quem manda são os empresários bilionários.
    Vamos retirar o Sarney como Presidente do Senado, pois isso é uma vergonha internacional. Vamos apurar a origem da fortuna da família Sarney e de todos os fazendeiros-políticos.
    Estou aqui tentando ajudar o povo brasileiro, nada mais.
    O mal não pode vencer o bem, pessoal.
    Quantos políticos corruptos estão efetivamente presos no Brasil ? Raríssimos casos. Como eu posso crer no nosso Sistema Político ?

  3. Jornais americanos afirmam que Mubarak pode ter na Suíça, até 70 bi de dólares, podendo ser o homem mais rico do mundo. O Brasil deveria cortar relações diplomáticas com a Suíça, por esconder o dinheiro de inúmeros corruptos mundiais em seus bancos.Mais uma sugestão para a Dilma.
    Se for verídica essa notícia, todos os corruptos de meteram a mão grande no dinheiro do povo Egípcio deveriam ser fuzilados, inclusive policiais, juízes e militares.
    Os grandes corruptos têm que serem fuzilados, além dos omissos em punir. Motivo: Servir de exemplo intimidatório para as gerações futuras.
    Que o Povo das Pirâmides cumpra o seu dever e dê exemplo para a maioria dos países desse planeta, inclusive para o Brasil.

  4. Agora vamos entrar na segunda fase do processo,e a mais decisiva,quem vai assumir,os Militares ficarão no poder,os reformistas ou os radicais,os E.U.A e Israel terão que ser muito mas muito habilidosos,pois qualquer erro vai gerar uma crise enorme não só apenas na região mas tb no mundo,o Brasil tem tudo mas tudo pra tirar enormes vantagens dessa crise,com a visita do Obama,e o que temos para oferecer é Petróleo,poderiamos ser o fornecedor dos sonhos dos Americanos,se essa crise piorar,e a Arabia Saudita entrar nesse processo revolucionario,os E.U.A vão estar em maos lençois,o Brasil tem que abrir os olhos o mais rápido possivel,ver que temos muito o que defender,ficar nessa ilusão de que não temos inimigos não é verdade, a noção de amigo ou inimigo é bem mais complexa nas relações entre nações.

    Se demonstras força, todos
    querem ser teus aliados.
    Ao contrário, se mostras fraqueza,
    ninguém te dará importância.
    E, se tendo riquezas, não demonstras
    força, atrairás sobre tua cabeça
    todas as ambições do mundo.

    (Ciro, Rei da Pérsia)

  5. Cada ano uma crise. Militares no poder é uma experiência que nós brasileiros não gostamos de passar. Espero que os egípcios não passem pelo mesmo martírio.
    Não é recomendável um castigo como o “HONDAI” para o ditador egípcio, se não ele viria pior do é caso ressucitasse. “Hondai” é um castigo aplicado aos piores hereges no filme a múmia, que quando ressucitado continuou com suas atrocidades.
    Muita água do Nilo ainda tem para rolar até setembro.

  6. AS LUTAS ENTRE OS 3 PODERES MUNDIAIS.
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    Para mim uma lição que podemos tirara disto tudo é,(na minha humilde opinião),a força do poder da internet;o seu poder de mobilização social sem necessariamente haver partidos políticos como o mentor.
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    Obama sobe muito bem tirara o proveito deste nova força de persuasão de massa;o resultado, ganhou as eleições para presidente dos EUA.
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    Outra força que emergem neste novo cenário internacional, são as ONGS;serão os futuros partidos políticos, onde pessoas de mesmo ideais,serio ou não;conseguem também uma mobilização social,diga-se de passagem este meio de multiplicação,a internet.
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    Daí o grande receio das velhas oligarquias mundiais.
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    Quem comandará esta grande força, terá em suas mão as grandes decisões crucial da humanidade neste novo milênio.
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    Devemos está mais do que nunca, vigilantes com os conteúdos que irão aparecer nestes novos meios mediáticos;pois neste meio, há todo tipo de gente:os mauzinhos e os espertinhos.
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    Eu tenho uma tese em que na verdade existem agora três forças que buscam a liderança mundial;

    – O PODER POLÍTICO = o mais antigo,de onde vem a realeza e as oligarquias-(tendo como essência os partidos político e as instituições seculares públicas);

    -O PODER ECONÔMICO = surgindo como uma força na época do mercantilismo-(tendo como essência os mercados e o capital,não tem muito interesses com as coisas públicas,é óbvio);

    -O PODER MEDIÁTICO = tomou força como poder com o fim da guerra fria,especialmente tendo uma imagem simbólica desta época,seria a derrubada do muro de Berlim-(tem como essência formar opiniões,vender uma idéia,a internet e as ongs são as sua cria).
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    Países que tem na política o poder(geralmente socialistas),como a Cuba,Venezuela ou alguns países do oriente médio(os aristocráticos);tendem a ter governos autoritários;más esta forma do governo nestes países de lidar com a sua população; é um reflexo de reação do poder político com o choque entre os dois antagônicos poderes.
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    O resultado é isso,revolução,guerras e crise mundial;é isso mesmo;tudo isso para mim,nada mais é que acomodação ou suplantação de um deste três poderes na região ou no país.
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    No caso do Brasil, onde o poder político não tem mais a força que tinha antes,da era de Getúlio Vargas para cá,perdeu a força e o resultado é isso aí,partidos fracos e corruptos,instituições públicas ineficientes(escolas publica,saúde publica,segurança pública,…),hoje quem dá as cartas por aqui é o econômico,por enquanto pois os grandes grupos brasileiros de media não tem essa força ainda.
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    Mais quem disse que tem que ser necessariamente brasileira a media, nesta globalização de idéias onde a internet é o chuchuzinho do momento?.

  7. As portas do OM estão se fechando para os desmandos dos EUA, é o momento de se pensar qual a parceria que queremos com os EUA? Eles durante décadas ditaram o seu desejo para o Egito, e agora estamos vendo o fruto da sua intromissão. Não é isso que queremos para o Brasil, então toda aproximação com os EUA deve ser pensada como muito cuidado, porque aqueles que eles bajularam ontem, hoje eles mandam os pés como aconteceu com Hosny Mubarack.

  8. A Guerra do Yon Kipur foi uma farsa entre israelenses e egípcios (inicialmente), mas depois saiu de controle. Os árabes foram humilhados na Guerra dos Seis Dias, e precisavam de uma que eles vencessem. Golda Mair, então arrumou tudo.
    Os americanos alinhavaram a paz, dando anualmente para cada país,entre 1,5 a 3 bi de dólares.
    Se Mubarak e seus aliados roubaram bilhões e não forem punidos, o povo irá contra os militares e o Irã servirá como modelo, sem dúvida.
    http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2011/02/05/interna_mundo,236209/patrimonio-de-mubarak-pode-chegar-a-us-70-bilhoes-estimam-especialistas.shtml

  9. Os países árabes seguirão a nova cartilha dos EUA através de um sistema mais democrático. Mas vocês verão que pouca coisa vai mudar no jogo de interesses das relações internacionais da região.

  10. Adriano Medeiros, você leu mas não entendeu, os mulçumanos não seguem cartilha dos EUA, o que esta acontecendo no Egito e em varios outros países da região é povo mulçumano tomando o poder, tirando os lideres que foram colocados ou que tem ligação com o ocidente, ai diga-se de passagem com os EUA. A porta esta se fechando para o ocidente, França e EUA, e provavelmente vamos ver o petróleo subindo como nunca subiu antes, é só esperar para ver.

  11. A Globalização via Internet, tornou os mulçumanos muito mais flexíveis.
    Eu já acredito que o radicalismo islâmico irá diminuir.

  12. Ahahaha… Dandolo, eu tenho um conhecido que é mulçumano, sujeito simpático, mas quando ele deixa uma pasta na sala, todo mundo sai de perto. ahahaha… E você ainda acredita que o radicalismo vai acabar, pergunta ao pessoal das Missões Amém, o que eles podem te falar sobre o radicalismo do povo islâmico, vários pastores evangélicos são mortos por essa turminha abençoada. No Brasil eles querem ter o direito de exercitar sua fé, lá no OM eles matam aqueles que pensam diferente deles, cristãos são mortos de maneira covarde.

  13. Carlos Augusto;
    O Islamismo não vai acabar, mas o fanatismo sim.
    As crenças devem evoluir e se adaptar, de acordo com a época.
    O Judaismo era que nem o Islamismo,e evoluiu.
    Eu tive uma intuição mística e criei a crença do futuro, que se chama Dinamização. Logicamente ela é perfeita.
    Estou jogando sementes … A Fé sem o Discernimento, leva ao fanatismo. A Dinamização se baseia na razão, por isso vai pra frente, e creio que veio de Deus.

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