Sugestão: Santa Catarina BR
Mesmo com decisão da licitação adiada, concorrentes mantêm assédio a empresas locais para montar novo caça da FAB
Eduardo Carvalho
São José dos Campos
A Dassault, companhia francesa membro do consórcio que fabricará o caça supersônico Rafale, assinou ontem 10 acordos de cooperação industrial com empresas do Vale do Paraíba.
As negociações ocorreram durante seminário realizado pelo grupo no Parque Tecnológico de São José e que reuniu representantes de 70 organizações, nacionais e estrangeiras.
Desta forma, sobe para 49 o número de pré-acordos de transferência de tecnologia para montagem do caça Rafale, sendo que 35 destas negociações foram feitas com pequenas e médias empresas da região.
O caça francês é finalista no programa F-X2, que visa a compra de 36 unidades para modernizar a frota da Força Aérea Brasileira.
Concorrem também a norte-americana Boeing e a sueca Saab, que juntas já firmaram pelo menos 55 acordos de cooperação no Brasil.
Empregos. Expectativa da prefeitura é que sejam gerados 2.000 empregos diretos e indiretos na região para a montagem dos caças.
“Além da produção, setores hoteleiros, de comércio e outras áreas serão beneficiadas”, disse José de Mello Corrêa, secretário de Desenvolvimento Econômico.
Entretanto, números divulgados em 2009 pelas concorrentes anunciavam a contratação de até 30 mil pessoas em todo o país –80% apenas para a região.
O número foi reajustado (para menos) devido a alterações nas regras da concorrência e não foi divulgado pelo Ministério da Defesa.
Dassault e Saab não sabem estimar a quantidade de empregos. Já a Boeing afirma que 5.000 postos podem ser abertos, incluindo a montagem do caça pela Embraer
Expectativa. De acordo com o representante do consórcio francês no Brasil, Jean-Marc Merialdo, caso a Dassault não seja escolhida, as parcerias firmadas podem continuar. “Elas podem trabalhar em outras áreas, mas nosso enfoque inicial é o F-X2.”
Merialdo afirmou ainda que a demora na decisão pela empresa fornecedora dos caças é considerada normal.
Segundo ele, a Dassault é parceira há décadas da FAB (a empresa tem 0,9% das ações da Embraer) e, por isso, se considera com grandes chances de ser escolhida.
“Essas competições são sempre muito acirradas e a demora faz parte do processo. A compra de um caça é uma questão de soberania. Quando o contrato for firmado, é um casamento de pelo menos 30 anos”, disse Merialdo.
A decisão do F-X2 tinha previsão de ser anunciada até o fim do mandato do ex-presidente Lula. Com a troca de governo, uma nova análise nas propostas será feita por Dilma Rouseff, com possível decisão até junho deste ano.
Acordo. A Thyssen-Krupp, de Taubaté, foi uma das empresas a assinar acordo ontem com a Dassault. Segundo José Wilmar de Mello Justo, diretor comercial, a empresa coordenará outras organizações da região, se o contrato for firmado com a francesa. “Já estamos aptos para iniciar a produção”, disse.
“As empresas pré-escolhidas têm competência tecnoló gica”, afirmou Agliberto Chagas, do Cecompi (Centro para Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista).
Fabricante nega ‘lobby’ no ABC
São José dos Campos
Para Jean-Marc Merialdo, representante do consórcio Rafale, São José e as demais cidades do Vale têm grandes chances de receber investimentos da Dassault em pesquisa e educação.
“É aqui que está a maior parte das indústrias aeroespaciais do Brasil”, afirmou.
Ainda segundo ele, outros municípios como São Bernardo do Campo, Rio de Janeiro e Porto Alegre podem também receber investimentos devido à presença de empresas parceiras da companhia francesa.
“Inclusive conversamos direto com a Embraer para definir melhor os trabalhos.”
Lobby. Merialdo afirmou que o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), esteve na França para conhecer a empresa. Entretanto, ele afirma que não significa uma forma de influenciar na decisão da Dassault em aplicar investimentos. “Não são só São Bernardo e São José que serão ouvidas”, disse ele.
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