EUA + China

ANTONIO DELFIM NETTO

Uma fotografia vale mais do que mil palavras. Nada poderia exibir melhor a mudança fundamental que está ocorrendo no mundo do que a foto de Hu Jintao e Barack Obama, na visita que fez aos EUA. Um afro-americano e um chinês são os líderes das duas maiores potências mundiais, com uma população equivalente a 1/4 da mundial e 1/3 do PIB total. Eles prometeram uma convivência pacífica e de respeito mútuo. É isso que definirá o destino do resto do mundo nas próximas décadas.http://www.kearnyalliance.org/images/Kearny%20Alliance%20ASU%20Forums%20Trade%20China%20USA%20Phoenix%20Beijing%20Washington.jpg
É ilusão do “resto do mundo” pensar que pode explorar as pequenas divergências (quando comparadas aos imensos interesses envolvidos) entre os EUA e a China.
Essa relação simbiótica inicialmente estimulada pela estratégia externa americana (quando explorou a separação entre a velha URSS e a China no tempo da Guerra Fria) cresceu de forma insuspeitada. Atualmente, é de interesse fundamental para a China e os EUA mantê-la.
É grave miopia, também, supor que cada uma delas não procurará expandir suas relações com o “resto do mundo”, ao mesmo tempo em que aumentará a sua autonomia militar “dissuasiva”. Essa é a situação objetiva da conjuntura mundial, que deve ser considerada um dado do problema na formulação das políticas de desenvolvimento de todos os países do “resto do mundo”.

http://thumbs.dreamstime.com/thumblarge_566/1292655624IgXEQZ.jpgTomemos como exemplo a taxa de câmbio do yuan, que nos prejudica. Já era evidente, mas reafirmou-se com a visita, o fato de que os “protestos” americanos (como também no que se refere aos direitos humanos) não têm consequência. Faz dez anos que o Congresso americano ameaça denunciar a China como manipuladora do câmbio, o que obrigaria o Executivo a agir.
Por que isso nunca se concretizou? Porque, a despeito da gritaria dos sindicatos, o Congresso serve aos interesses da indústria dos Estados Unidos instalada na China!
A superdesvalorização do yuan serve aos mesmos interesses, ainda que à custa de alguma inflação na China.
http://www.climatechangecorp.com/resources/images/content/large/200952135117_China%20USA%20puzzle.jpgComo disse Zhou Qiren, um assessor do BC chinês, “o valor do yuan é determinado livremente pela oferta e procura no mercado de câmbio, no qual o BC é o maior comprador e, portanto, o determina”. E acrescentou: “a inflação chinesa, que reduz o poder de compra do cidadão comum é devida, principalmente, ao excesso de emissão de yuans para a compra de reservas”. Tudo isso para manter funcionando a simbiótica máquina exportadora chinesa.
É difícil saber como isso acabará. O melhor é aproveitar as oportunidades que agora o quadro nos oferece, mas, ao mesmo tempo, colocar as barbas de molho e construir o mercado interno que necessitamos para dar emprego de boa qualidade a 150 milhões de brasileiros em 2030.

Fonte: FSP via Resenha CCOMSEX

6 Comentários

  1. 150 milhões é a estimativa para a população economicamente ativa em 2030 ¬¬

    Brasil paga bilhões para se defender na guerra cambial por incompetência dos governos mesmo, se não houvesse tanto disperdício, uma “máquina” tão inflada, juros tão altos, não estaríamos passando esse sufoco nas mão de especuladores.
    Aqui uma sugestão de matéria sobre o tema:
    http://bagarai.com.br/e-hora-de-o-governo-brasileiro-repensar-a-guerra-cambial.html

  2. Americanos e chineses são pragmáticos.
    Nós precisamos aprender a ser como eles, e deixar de filosofar desnecessariamente.
    Quem mais compra os produtos chineses ?
    Quem expulsou os japoneses da China durante a II GM ?
    Dilma vai ser pragmática e menos populista.
    Por enquanto está indo muito bem.

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