China acumula reservas de terras-raras e gera temores

James T. Areddy

The Wall Street Journal, de Xangai

A China está acumulando reservas estratégias de metais de terras-raras, uma iniciativa que pode dar ao governo chinês um maior poder de influenciar os preços e ofertas mundiais de um setor que ele já domina.

Os detalhes dos planos de estocagem não foram tornados públicos. Mas as linhas gerais da iniciativa emergiram em declarações recentes de agências governamentais chinesas e estatais e notícias da imprensa oficial. As notícias afirmam que instalações erguidas nos últimos meses na província da Mongólia Interior podem armazenar mais que as 39.813 toneladas que a China exportou no ano passado.

[Metails] Reuters A China é responsável por mais de 90% da atual oferta mundial de metais de terras-raras.

A China é responsável por mais de 90% da atual oferta mundial de metais de terras-raras — um grupo de 17 elementos às vezes chamado de “ouro do século XXI” por causa de sua importância em aplicações de alta tecnologia como armas guiadas a laser e baterias de carros híbridos. O governo chinês tem restringido suas exportações com uma política de cotas cada vez mais rígida.

Muitos minerais de terras-raras não são de fato raros, e a China não tem um monopólio em depósitos de nenhum elemento particular de terras-raras. Porém, o instituto Pesquisa Geológica dos Estados Unidos estimou que a China tem cerca de metade dos 110 milhões de toneladas de depósitos de terras-raras. E a mineração em outros países diminuiu bastante anos atrás, em parte por causa de preocupações ambientais. A austaliana Lynas Corp., a americana Molycorp Inc. e outras empresas ao redor do mundo estão intensificando a atividade mineradora. Mas desenvolver uma nova mina pode levar até dez anos, e o processamento dos elementos de terras-raras vai continuar concentrado na China durante vários anos.

Observadores da indústria dizem que se as iniciativas de acumulação de estoques da China restringir ainda mais suas exportações, o resultado podem ser ainda mais queixas em outros países, onde alguns governos já ameaçam desafiar o regime de cotas da China com queixas à Organização Mundial do Comércio.

“Na minha opinião, [uma reserva] piora a situação chinesa”, diz Steve Dickinson, um advogado do escritório de advocacia Harris & Moure, de Seattle, nos EUA.

[minas]

Novos limites à exportação chinesa de terras-raras também ameaçam aumentar os custos para as empresas de uma série de setores, como os de celulares, refino de petróleo e baterias de alta tecnologia.

As agências do governo chinês também administram outros estoques oficiais de commodities, como cobre e milho. E muitos governos ao redor do mundo criam estoques parecidos para suprir a escassez temporária de emergência, como a oferta de grãos num ano de seca.

Nos últimos anos a China expandiu o número de commodities que mantém em reserva. O país parece administrar ativamente seu uso, mas o faz com pouca transparência e às vezes de maneira que parece ter o objetivo de influenciar os preços de mercado, dizem analistas.

Quando os preços do alumínio dispararam no início de novembro, por exemplo, a Agência de Reserva do Estado amenizou a alta desovando mais de 200.000 toneladas de lingotes de alumínio a preços até 7% inferiores aos da Bolsa de Futuros de Xangai. A falta de clareza da China sobre como exatamente administra suas reservas estratégicas de petróleo causou turbulência nos mercados mundiais de petróleo e gerou críticas da Agência Internacional de Energia e outros.

A China não é a única a procurar estocar terras-raras. Os governos japonês e sul-coreano afirmam que acumularam algumas reservas, e analistas americanos também reivindicaram uma iniciativa similar. Mas a China parece estar à frente dos outros países.

O armazenamento chinês, sob a direção do Ministério de Terra e Recursos, começou com um projeto piloto quase um ano atrás na principal região mineradora da China, Baotou, na Mongólia Interior, e está relacionado à afirmação de autoridade do ministério sobre as regiões mineradoras nos últimos anos. Pelo menos dez armazéns estão sendo construídos e administrados pela maior produtora de metais de terras-raras do mundo, a Baotou Steel Rare-Earth (Group) Hi-Tech Co. Notícias na mídia estatal chinesa afirmam que os estoques podem no final superar 100.000 toneladas. O ministério e a Baotou Steel Rare-Earth não responderam a perguntas para esta reportagem.

Embora a China afirme que seus depósitos de terras-raras correspondam a apenas um terço do total mundial, o país é responsável pela maior parte da oferta comercializada no mundo, o que aumentou as preocupações de que ele possa esvaziar o suprimento muito rapidamente.

Em seus poucos comentários sobre reservas estratégicas de terras-raras, autoridades chinesas citaram a necessidade de proteger os recursos naturais, reduzir a poluição e poupar energia, os mesmos fatores que usou para explicar as cotas de exportação.

Fonte: The Wall Street Journal

17 Comentários

  1. o produto é deles e eles vendem se for do interesse,e ninguem pode obrigar,e é bom os chineses se prepararem pois os americanos não vão dar tregua.

  2. Bom exemplo para o Brasil, deveriamos começar com o NIOBIO, parando de exportar e deixar que o preço estoure, assim dariam o devido valor. Conseguiriamos tudo o que quizessemos. ABS.

  3. Veja ai mais de 90%,de terras raras na China, mesmo assim eles restringem esportações, já no Brasil, sai tudo de graça, eles Chineses vão comprando a reserva dos outros paises, e quando estas reservas acabar ,vão vender as suas reservas á preço de ouro ,cada um cuida do seu….

  4. penso que …

    tudo evolui a tal ponto que algo valioso hj ..pode nao ser tao valioso em 10 anos… estocar metais/terra/etc.. não é o caminho e sim aprender a manufaturar os existentes no país a ponto de agregar valor…

  5. Penso que, o mais valioso em uma nação é seu povo ,nada mas .Todo grande projeto tem a participação de um brasileiro ao redor do mundo.Ta na hora de levantar nosso bandeira ou em casa ou na roupa .Chega de usar a marca disso ou da quilo .Vocês estão ganhando para usar marca americana ou européia ,eles que me paguem para eu usar uma marca deles .Chinês faz tênis de marca e é falso e nós compramos ,verdadeiro o falso estamos dando dinheiro para os outros .Sou brasileiro como vocês e sou más nós do que essa terra rara do Chinês ou desses EUA ou europeu de M !

  6. E tem uma coisa muito que sempre acontece, o Brasil não possui um sistema de inteligencia ou planejamento estratégico eficiente, pois nunca esta um passo a frente de ninguem, depois que perceberam que a china estava dominando a produção de terras raras resolveram tocar no assunto, a china ja esta nessa a muito tempo, Brasil, pensa la na frente por favor.

  7. Godoy disse:
    10/02/2011 às 08:49

    E tem uma coisa muito que sempre acontece, o Brasil não possui um sistema de inteligencia ou planejamento estratégico eficiente, pois nunca esta um passo a frente de ninguem, depois que perceberam que a china estava dominando a produção de terras raras resolveram tocar no assunto, a china ja esta nessa a muito tempo, Brasil, pensa la na frente por favor.

    Não esquenta sua cabeça amigo o brasil ja tem seu destino ser cauda e numca cabeça deixamos o pais se afundar e cuidemos de nossas vidas e o que podemos fazer

  8. Rogerio respeito sua opnião, mas me recuso a aceitar essa situação, infelismente o que faço pelo meu pais é pouco.Acho que se conformar é um erro.Tenho esperança e acho que nos 8 anos do governo Lula o brasil mostrou que pode mudar pra melhor.Abraços

  9. AS TERRAS QUE VALEM VIDAS PARA A CHINA.
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    As unicas terras raras que a China tem muito pouco, são terras para agricultura;em um futuro bem próximo, ela e a Índia estarão disputando palmo a palmo por pedaços de terra para alimentar a sua gigantesca população.

  10. Se o Brasil fizesse isso com o nióbio os EUA iriam ficar put* aí iriam gerar grandes tensões entre os 2 países já que as reservas brasileiras de nióbio são consideradas estratégicas para os EUA.

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