No Rio de Janeiro
O discurso da presidente diante da influente Confederação Israelita do Brasil (Conib) foi interpretado como uma clara mudança na política externa brasileira em relação ao Irã, depois de dois fortes laços forjados pelo ex-presidente Lula, sobretudo em seu segundo mandato, com o presidente Mahmoud Ahmadinejad. O regime islâmico de Teerã executa homossexuais e condena à morte mulheres por adultério – como é o caso de Sakineh Ashtiani – e também nega o Holocausto.
Talvez por isso, durante a cerimônia, o presidente da Conib, o oftalmologista Claudio Lottenberg, comentou a mudança da política brasileira em relação ao Irã. Ainda distinguindo que os ataques a Israel são do presidente, e não da população iraniana em seu conjunto, Lottenberg mostrou-se feliz “ao saber que a presidente Dilma Rousseff tem hoje uma posição diferente da mantida pelo presidente Lula no passado”.
Na primeira entrevista que Rousseff deu depois de assumir o cargo, em 1º de janeiro, para um veículo da mídia americana, no caso o jornal “The Washington Post”, a presidente já revelou uma mudança de posição sobre o Irã. Para Rousseff, a população do Brasil “é integrada por valores que respeitam dois grandes princípios: a paz e a conciliação”. E, falando na cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, Rousseff lembrou que o mundo “ignorou na época da Segunda Guerra Mundial os sinais do avanço da barbárie antes da ascensão do nazismo” e que o Holocausto inaugurou uma época de “violência industrializada” e de “tortura científica”.
Diante da presença dos sobreviventes do Holocausto Max Schanzer e Sara Perelmuter, de 87 anos, Rousseff lembrou que durante séculos o povo judeu manteve sua pátria através de seus intelectuais, seus livros, sua cultura, religião e vida familiar, até conquistar sua pátria física. “Um direito que não pode ser negado a nenhum povo”, afirmou.
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