Invasões bárbaras

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Carlos Frederico Queiroz de Aguiar
presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança ABIMDE
Nota DefesaNet – No dia 11 de Janeiro Assumiu a presid~encia da ABIMDe o Sr Orlando Neto da Embraer O autor permanece como VP da ABIMDE.

O Brasil virou uma espécie de Eldorado mundial. O bom momento econômico que vive o país e os bilionários investimentos públicos a serem realizados até 2030 despertam um apetite sem precedentes, e daí o título deste artigo, emprestado do filme canadense candidato à Palma de Ouro de 2003. Estamos no olho do furacão. E a indústria nacional que se segure: sem regras definidas, virá uma invasão bárbara por aí.

Só na área de infraestrutura, estima-se que investimentos públicos que precisarão ser feitos para dar cabo à agenda de eventos esportivos globais previstos até 2016 cheguem a US$26 bilhões. Some-se o setor de energia, onde só a Petrobras anuncia investimentos até 2014 de US$224 bilhões na exploração do pré-sal – felizmente, neste caso, com 80% dos recursos reservados para conteúdos industriais nacionais.

No segmento da Defesa e Segurança, há esforços para o reequipamento das Forças Armadas. Pela Estratégia Nacional de Defesa, serão investidos US$247 bilhões, até 2030, na modernização dos equipamentos da Marinha (US$70 bilhões), Exército (US$94 bilhões) e Aeronáutica (US$83 bilhões). Não é, portanto, exagero estimar-se que haverá oportunidades que chegam a US$700 bilhões. Onde mais se anuncia Eldorado semelhante?

Sou testemunha da invasão que estamos sendo alvo de empresas de todo o mundo. A Fiesp, a Firjan e a Abimde receberam ao longo deste ano delegações empresariais de países como EUA, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Israel, oferecendo suas expertises. Se não houver cautela, a indústria nacional correrá imensos riscos.

No segmento industrial de Defesa, adianto ameaça adicional: a da desnacionalização. Afinal, como enfrentaríamos uma eventual invasão de nosso território, da Amazônia, do pré-sal, se a tecnologia empregada pelas nossas tropas não pertencesse a nós, mas aos nossos inimigos? As consequências já são evidentes em território nacional: aumento das importações, diminuição das exportações pela queda da competitividade em preço do produto nacional e desindustrialização.

A invasão bárbara que temos presenciado é como script de um filme conhecido, que começa com empresas internacionais se associando a brasileiras e, depois, assumindo o controle acionário. Segue-se, então, o epílogo dramático: após sorverem o que podem, elas se retiram do País com o qual jamais tiveram compromisso. Nossa Constituição não limita o capital estrangeiro no segmento da Defesa, apesar do seu caráter estratégico. Desde que o estabelecimento das empresas siga as normas legais, tudo certo. Mas pergunto: tudo certo para quem?

Fonte: O Globo via Defesa@Net

14 Comentários

  1. Esse texto é extremamente pertinente. Já vimos a ARES e a Optrônica desaparecerem. Quem será o próximo??? E o apoio do GF/MD às empresas nacionais de Defesa? Avibrás demitiu mais de 100 funcionários essa semana.

    Alguma mecanismo tem de ser implantado, talvez uma lei que limite a participação de capital estrangeiro no caso de empresas ligadas ao setor de Defesa à no máximo 30/40% do total de capital com direito a voto.

    []’s

  2. e vamos ao hino..

    Deitado eternamente em berço esplêndido,
    Ao som do mar e à luz do céu profundo,
    Fulguras, ó Brasil, florão da América,
    Iluminado ao sol do Novo Mundo!

    ACORDA AÍ !!!

  3. Concordo com o autor do artigo. Fortalecer a indústria bélica nacional é uma questão prioritária para uma nação que deseja possuir soberania sobre seu território. E isso tem que ocorrer conjuntamente com a melhoria da educação e da qualificação técnica e profissional, juntamente com melhores recursos para P&D (pesquisa e desenvolvimento).Somente para citar como exemplo, como já dizia o escritor Manuel Castells “-Os exercitos do séc.XXI que não disporem de sistemas avançados de combate eletrônico serão rebaixados a meras milícias”. A nação que não investir na modernização EFETIVA estará com sua soberania seriamente ameaçada, neste incerto e sombrio cenário geopolítico do séc. XXI

  4. É da até medo isso, e cade aquela industria belica que iriam fazer a EngesaER que eu só ouvi falar que iriam investir 2 bilhoes para ela começar a funcionar mais até agora nao se deu noticias sobre ela.

  5. O problema é que algumas coisas precisamos para “ontem”! Desenvolvimento da industria de defesa nacional demanda tempo. Tempo este que para algumas coisas não temos.

  6. Como eu disse em outra mensagem enviada. O Brasil paga bilhões pelos produtos e tecnologia. As empresas brasileiras recebem a tec. e depois são vendidas por milhões. As tecnologias então são transferidas para as matrizes e aqui só apertaremos parafusos.
    Ótimo negócio para as empresas estrangeiras.
    É necessário que a propriedade da licença da tecnologia fique com o estado brasileiro, que as instituições de pesquisa participem do processo e o controle das empresas que receberem a tec.

  7. Toda industria da área da defesa deveria compartilhar os conhecimentos com instituições de pesquisa militar dentro do território nacional, assim se uma empresa for adquirida por estrangeiros, em seu eventual fim poderia se passar o conhecimento a outra indústria do mesmo segmento sem perda de qualidade. Me sindo impotente ao ver nossa Avibrás se debater em convulção sob olhar frio de nossa presidente. Ajudem a Avibrás!!! antes que seja tarde de mais. ABS.

  8. “”felizmente, neste caso, com 80% dos recursos reservados para conteúdos industriais nacionais””…Hummm que chique heim.Uma empresa que pensamos ser nacional e nos orgulhamos dela mas que na verdade é uma multi-nacional de capital aberto (externo) não é mesmo… “”No segmento da Defesa e Segurança, há esforços para o reequipamento das Forças Armadas””…Mas doi saber que todo este esforço consiste no assassinato efetivo da industria nacional e absorção extrangeira das que sobreviverem…Quem não quer investir em um pais que o sistema assola o ganho do natural mordendo-lhes de todos os lados e facilita o ingresso da iniciativa privada extrangeira com leis e dispositivos fiscais medievais,mão de obra barata,potencial material incaculavel e faminto,descamizado e sofrido povo que se prostitui para sobreviver.

  9. É BOM, PARA ESTIMULAR E ACORDAR MUITA GENTE POR AQUI.
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    São os PITS que estão chegando no Brasil, atrás dos grandes contratos.
    As ratazanas de plantão,com disse o nosso amigo 1maluquinos,estão esfregando às mãos por aqui,com os olhos bem regalados.
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    Grandes corporações com a odebrech,votorantim,…etc; ou um banco forte, com o bradesco,itaú,…etc;com certeza não vão ficar com os braços cruzados; seria uma ingenuidade de minha parte,achar que os caras por aqui irão perder essa boquinha.
    Na verdade, é atém bom, pois a nossa embraer terá que mexer-se e deixar de ser uma mera montadora de avião; e ser uma verdadeira empresa de inovação tecnológica se não, ela será devorada com certeza.
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    Espero que não tenhamos o mesmo fim dos EUA,já que eles acham que queremos ser iguais a eles.–Hahahah…..
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    Uma nação em que a cidadania está a perigo, com as grandes corporações bélicas e financeiras dando as ordens no congresso americana….Rsrsrsrs…..
    Um fim bem PATÉTICO,….não é?.–Heheheh…….

  10. O Brasil tenque ter uma lei protecionista como a frança qlquer fusão ou venda de empresas ligadas a defesa precisa antes de ocorrer de aprovação estatal… ou por assim dizer federal

  11. Que vendam e que venham…Deveriamos sim formar conglomerados nacionais sob o poder do estado de tudo o que é essencial,sensivel e de segurança nacional…Um pais onde politicos disputam a dentadas ministerios especificos que dominam areas importantes onde rola solto a festança e o forduncio…O dia que sairmos as ruas sera para executar-mos a todos enforcando-os pelos sacos ate cabos eleitorais e ai nos chamarão de barbaros mas jamais de otarios.

  12. Bom dia caros Amigos,
    Sugiro os senhores entrarem no site da ABIMDE e engrossarem a voz daquela instituição, contra os desmandos do governo federal em relação a proteção de nossa industria de defesa.
    No DefesaBr e no PN (o E.M.Pinto vai se lembrar disto) eu sempre disse fazendo minhas as palavras do Almirante Barroso ” O Brasil espera que cada cumpra o seu dever!”, sendo assim acredito que muito mais produtivo será se juntarmos toda a nossa indignação aqui apresentada, em forma de protesto formal com o auxilio da entidade ABIMDE. Os acessos do PB são astronômicos e podem ajudar a ABIMDE ao apresentar seu protesto formal na próxima reunião inter-ministerial que haverá em Fevereiro, junto com as entidades FIESP, ABIMDE e outras.
    NOTA: Todos os anos no primeiro dia útil do mês de Fevereiro desde 1998 eu mando ao congresso uma nota de cidadão pedindo que seja inserido uma emenda na constituição, formatando entre outras coisas, uma lei que impeça a “pilhagem” de nossa industria de defesa, por empresas estrangeiras, comprometendo assim nossa competitividade industrial e colocando em sério risco a defesa da Nação em tempos de crise geral.

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