FMI revisa para cima previsão de crescimento do Brasil

real moedas

Alessandra Corrêa

Da BBC Brasil em Washington

O FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou para cima a projeção de crescimento para a economia brasileira neste ano e alertou para o risco de pressão inflacionária em economias emergentes.

Segundo a atualização do relatório World Economic Outlook (Perspectivas da Economia Mundial), lançada nesta terça-feira em Johanesburgo, na África do Sul, o Brasil vai crescer 4,5% em 2011, um aumento de 0,4 ponto percentual em relação à projeção anterior, de outubro de 2010.

A previsão de avanço do PIB (Produto Interno Bruto Brasileiro) feita pelo FMI está de acordo com as projeções do mercado.

O último boletim Focus (levantamento divulgado semanalmente pelo Banco Central com base em consultas ao mercado), divulgado nesta segunda-feira, prevê crescimento de 4,5% para 2011 e também para 2012.

Para 2012, a projeção do FMI permanece inalterada, em 4,1%.

Inflação

Apesar de não citar especificamente o caso do Brasil, o organismo alerta para o risco de pressões inflacionárias e superaquecimento nas economias emergentes, criado em parte pelo forte fluxo de capitais para esses países.

O boletim Focus elevou nesta segunda-feira, pela sétima semana consecutiva, a projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2011, para 5,53%.

O FMI recomenda que medidas de aperto monetário “devem começar ou continuar em economias emergentes nas quais as pressões de superaquecimento começam a surgir”.

“Nesse sentido, aumentos recentes nas políticas de juros em muitos países são bem-vindos”, diz o Fundo.

“Esse aperto pode, no entanto, exacerbar o forte fluxo de capitais que muitas dessas economias registram no momento.”

De acordo com o relatório, em alguns países emergentes, deixar que a moeda se aprecie ajudaria a combater o risco de superaquecimento.

Em outros, porém, “nos quais a moeda está acima dos níveis consistentes com os fundamentos de médio prazo, o ajuste fiscal pode ajudar a baixar as taxas de juros e conter a demanda interna”, diz o FMI.

Crescimento global

A previsão de crescimento para o Brasil está acima da projeção para a América Latina e o Caribe, de 4,3%, valor 0,3 ponto percentual maior do que o apontado em relatório de outubro.

Também está acima da previsão de crescimento da economia global neste ano, que foi elevada em 0,2 ponto percentual, para 4,4%. Para 2012 a projeção global permanece inalterada, em 4,5%.

Quando se leva em conta o conjunto das economias emergentes e em desenvolvimento, o FMI prevê avanço de 6,5% em 2011, aumento de 0,1 ponto percentual sobre a projeção anterior.

Segundo o FMI, a revisão da projeção de crescimento mundial é reflexo de uma atividade econômica mais forte do que o esperado no segundo semestre de 2010, assim como de políticas adotadas pelos Estados Unidos para impulsionar a atividade neste ano.

No entanto, o Fundo afirma que a recuperação global ainda enfrenta “riscos elevados” e continua a ocorrer em dois ritmos distintos, com crescimento ainda fraco e desemprego alto nas economias avançadas.

A previsão é de que as economias avançadas registrem crescimento de 2,5% neste ano, um aumento de 0,3 ponto percentual sobre o relatório do ano passado, mas “ainda insuficiente para provocar uma redução significativa nas elevadas taxas de desemprego”.

Para os Estados Unidos, o Fundo prevê crescimento de 3% em 2011, um aumento de 0,7 ponto percentual em relação à projeção anterior.

A revisão se deve principalmente a um pacote fiscal para impulsionar a economia americana aprovado no fim do ano passado.

Zona do euro

O Fundo cita os recentes problemas enfrentados em países europeus e afirma que as projeções apresentadas no novo relatório partem do pressuposto de que as políticas em curso consigam manter a turbulência financeira e seus reais efeitos limitados à periferia da zona do euro.

O documento cita as preocupações recentes sobre perdas no setor bancário e sustentabilidade fiscal na Irlanda e compara o problema à crise ocorrida em maio do ano passado.

Na ocasião, alguns países da zona do euro foram atingidos por uma crise provocada por altos níveis de dívida pública e déficit nos orçamentos, que acabou gerando grandes preocupações nos mercados e contaminando outras regiões.

“A turbulência de meados de 2010 fez com que a aversão mundial ao risco chegasse a seu ponto máximo”, diz o relatório.

Ao contrário daquele episódio, que acabou tendo reflexos em outros mercados, inclusive nos emergentes, desta vez as “tensões financeiras” ficaram limitadas à periferia da zona do euro, afirma o FMI.

O órgão diz que há necessidade urgente de “ações para superar os problemas financeiros e de risco soberano nos países da zona do euro, além de políticas para corrigir os desequilíbrios fiscais e reformar os sistemas financeiros nas economias avançadas”.

“Isso deve ser complementado por políticas que mantenham controladas as pressões de superaquecimento e facilitem o reequilíbrio externo em economias emergentes chave”, diz o relatório.

“Com os mercados emergentes originando agora quase 40% do consumo mundial e mais de dois terços do crescimento global, uma desaceleração nessas economias representaria um duro golpe à recuperação global e ao reequilíbirio necessário”, afirma o FMI.

Nota do Blog

…E o governo para baixo o orçamento militar…

E.M.Pinto

Fonte BBC Brasil

6 Comentários

  1. Fala kamaradas…

    Trecho da matéria:
    “O FMI recomenda que medidas de aperto monetário “devem começar ou continuar em economias emergentes nas quais as pressões de superaquecimento começam a surgir”.”
    ….
    Eu digo: Pq o FMI insiste em dar “pitacos” em nossa política econômica? Vai aconselhar os países a quem empresta dinheiro, EUA e a Europa de uma maneira geral…
    Falow

  2. OLHA QUE MATÉRIA BEM ELABORADA
    ===========================================

    A China tenta com o Brasil uma negociação inegociável. Resolve (?) nossos problemas de intraestrutura, constrói ferrovias, rodovias, portos, até aeroportos. E recebem em produtos agrícolas, primários.

    Helio Fernandes

    Essa é a verdadeira “proposta indecente”, como no filme famoso. Não devia nem haver conversa, pois a palavra significa pelo menos propensão a um acordo. Que no caso não existe nem poderia existir de maneira alguma. Um país como o Brasil, continental e riquíssimo, pode prescindir de “cooperação” em quase todos os casos, devia ter recusado logo.

    A sedução imediatamente apresentada pela China: “não sairá dinheiro de nenhum dos lados”. Sumarizando: trariam suas construtoras, engenheiros, equipamento, nada seria utilizado ou mobilizado do Brasil. Os prazos de entrega das obras seriam rigidamente estabelecidos e cumpridos.

    Ora, a China não tem tradição no setor de construção pesada. Muitas de suas obras são feitas fora do país, até mesmo na Índia. Como portanto acreditar na viabilidade ou possibilidade de entregar esse importante setor a um país estrangeiro?

    Além do mais, temos construtoras competentíssimas, há dezenas de anos constroem no exterior. Sem se restringirem a essas obras de infraestrutura, as empresa de construção do Brasil, têm experiência rara para o resto do mundo: em pleno deserto inabitável e perdido no fim do mundo, levantaram e plantaram uma cidade que é a capital do país.

    Que construtora da China pode apresentar credencial como essa? Podemos citar 6 ou 7 empresas de construção do Brasil, que acabariam nossas deficiências em matéria de infraestrutura. O problema com elas é que estão de tal maneira envolvidas na politicalha política, que fazem UMA OBRA, ao preço de DUAS.

    Mas com o iremos calcular e fiscalizar os preços das construtoras da China? É possível até que no início não haja problema. Mas se houver necessidade de reajuste de preços, digamos com um terço já construído, e não se obtiver consenso?

    Podem dizer: tudo será acertado por contrato. Ora, contrato. Quantas vezes são rompidos, nos mais diversos países? Advogados fazem maravilhas em fusões e rompimentos desses contratos. Nos EUA dizem e repetem: “Temos a melhor Justiça, naturalmente se você tiver grandes advogados”.

    Por que iria ser diferente na China? Iremos marginalizar um setor no qual somos respeitados no mundo inteiro? E quem supervisionará as obras? Depois de entregues aparentemente prontas, quem será responsável pela manutenção?

    Para terminar a parte da China, na construção, e examinarmos a forma de pagamento. Digamos que a China traga equipamento e engenheiros. E os materiais indispensáveis e imprescindíveis (ferro, terra, areia, tijolo, cimento, madeira etc.), em que conta entrarão?

    Tenho a maior simpatia pela China, mas não a ponto de superar o dever, a obrigação e a paixão pelo Brasil. Não existe uma possibilidade em 1 milhão de continuar a conversa. Estamos na fase de negociação, só que temos que frear logo os interesses dos dois lados, que surgirão, são colossais.

    Examinemos então a parte do Brasil, no item pagamento pelos “serviços prestados”. Veremos que as desvantagens para o Brasil, que já eram inacreditavelmente visíveis na parte inicial, se transformariam num desastre, num prejuízo espantoso, numa catástrofe irrecuperável.

    Se não são bons construtores, os chineses parecem e aparecem como bons negociadores. Como pagamento, estipulam que receberiam em PRODUTOS AGRÍCOLAS PRIMÁRIOS. Tudo o que não queremos, não devemos ou não podemos, é exportar produtos primários. E é de exportação que se trata.

    Mas existem outros aspectos impressionantes. A China é o nosso maior comprador, lógico, deixaria de ser, pois tudo o que COMPRA, receberia a título de SERVIÇO PRESTADO.

    E essa troca de um produto bom (o nosso, por outro dispensável e que poderemos fazer aqui mesmo (o da China) duraria quantos anos ou dezenas de anos? Especialistas, com base no crescimento obrigatório da população da China, concluem: em 2 anos, comprarão mais 70 por cento do que compram hoje. Em 5 anos, a necessidade da China terá dobrado.

    Nossa infraestrutura ficará dependente da China. E o mercado agrícola, durante anos, produzirá para entregar à China, sem qualquer possibilidade de agregar valor.
    link: http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=15191

  3. No meu entender, o Brasil ainda enfrenta alguns gargalos para um crescimento a la China.
    -Infraestrutura logística ruim,
    -Taxa de juros altos(bem acima do padrão dos países desenvolvidos), o que torna a captação de longo prazo para as empresas complicado comparado com concorrentes internacionais.
    -Déficit Previdênciário;
    -Excesso de burocracia, o que exige criação/manutenção de muitos controles, gerando gastos administrativos,
    -Impostos elevados, que não geram retorno para o país, apenas a manutenção da máquina pública. E com qualidade duvidosa (serviços de saúde, por exemplo).

    []’s

  4. Se tiver no espetáculo ou se tiver em recessão, não vão investir ***** algumas nas nossas forças mesmo, então qual a diferença ahaha

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