Esforço da China para modernização militar começa a dar frutos

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Sugestão: Darkman

Pentágono e vizinhos asiáticos observam com atenção impulso de Pequim para melhorar aparato militar

O secretário de Defesa, Robert Gates, em uma missão para ressuscitar as relações militares entre Estados Unidos e China, deve chegar a Pequim para negociações com os principais líderes militares do país neste domingo. Mas em um aeródromo em Chengdu, metrópole no centro da China, líderes militares chineses já deram suas boas vindas a ele.

Ali foi lançado o J-20, um caça invisível aos radares e que tem as mesmas formas angulares do avião de mesmas características do Pentágono, o F-22 Raptor. Após anos de desenvolvimento sigiloso, o caça – o primeiro avião invisível da China – foi testado inicialmente de maneira preliminar, mas também bastante pública, esta semana na pista do Instituto de Design de Aviação em Chengdu, um local tão aberto que os entusiastas de aeronaves geralmente se reúnem ali para fotografar seus favoritos.

Alguns analistas dizem que o momento não é coincidência. “Esta é a sua nova política de dissuasão”, disse Andrei Chang, de Hong Kong, editor-chefe do jornal canadense Kanwa Defense Weekly, que relatou os testes do caça. “Eles querem mostrar seu poder aos Estados Unidos e ao Sr. Gates”.

Foto: AP

Caça invisível aos radares, J-20 tem as mesmas formas angulares do avião F-22 Raptor, do Pentágono

Atualmente, a China tem mais poder a mostrar. Uma década de agressiva modernização militar do outrora fraco programa chinês está começando a dar frutos e tanto o Pentágono quanto seus vizinhos asiáticos estão cada vez mais atentos.

De acordo com a maioria dos relatos, a China continua uma geração ou mais atrás dos Estados Unidos em tecnologia militar e ainda mais atrás na implantação de versões testadas de suas mais sofisticadas capacidades navais e aéreas em batalha. Mas após anos de negações de que tenha qualquer intenção de se tornar uma potência militar ao nível dos Estados Unidos, o país agora revela capacidades que sugerem que pretende, mais cedo ou mais tarde, ser capaz de desafiar as forças americanas no Pacífico.

Além do J-20, um avião que pode ser reabastecido no ar e carrega mísseis com capacidade projetada para voar muito além das fronteiras da China, os chineses também estão remodelando um porta-aviões russo da era soviética – o primeiro navio da China com potência de projeção – para uso no próximo ano. Dois outros transportadores de 50 mil toneladas estão sendo construídos em um estaleiro de Xangai. O primeiro deve ser lançado em 2014, vários outros poderiam vir em 2020, dizem especialistas do Pentágono.

As ogivas nucleares, estimadas por especialistas em não mais de 160, foram reposicionadas desde 2008 em lançadores móveis e submarinos avançados que já não são alvos fáceis para ataques. Acredita-se que mísseis de ogivas múltiplas virão em seguida. A frota chinesa de 60 submarinos já é a maior da Ásia e está sendo reformada com o super-silencioso navio de propulsão nuclear e uma segunda geração de submarinos equipados com mísseis balísticos.

E um esperado míssil balístico antinavios, chamado de “matador de transportadores” por seu potencial para atacar os grandes navios transportadores no coração da presença naval americana no Pacífico, parece estar quase pronto. O chefe do Comando do Pacífico dos Estados Unidos, o almirante Robert F. Willard, disse a um jornal japonês em dezembro que a arma já havia atingido “capacidade operacional inicial”, um marco importante. Oficiais da marinha disseram mais tarde que os chineses têm um projeto de trabalho, mas que ele aparentemente ainda não havia sido testado em água.

Mensagem

Com essas e outras armas, a mensagem clara da China, no entanto, é que sua capacidade de impedir outros de invadir territórios que possui ou até mesmo de fazer suas próprias reivindicações está crescendo rapidamente.

A China, claro, tem sua própria lógica para a sua preparação militar. Um tema comum é que as armas possivelmente ofensivas, como porta-aviões, mísseis antinavios e caças invisíveis, são necessárias para reforçar sua hegemônia sobre Taiwan, caso os líderes locais tentem a independência jurídica do continente.

O atual status de Taiwan, governado separadamente, mas reclamado pela China como parte de seu território soberano, é mantido em parte por um compromisso dos Estados Unidos em defendê-lo de Pequim caso haja um ataque. Alguns especialistas datam elementos da estrutura militar de hoje às crises de meados da década de 90, quando os Estados Unidos enviaram aviões sem serem molestados às águas em torno de Taiwan para demonstrar o compromisso de Washington com a ilha.

As autoridades chinesas claramente temem que os Estados Unidos planejam cercar a China com alianças militares para conter as ambições de Pequim por poder e influência. Em tese, a estratégia de longo prazo do Pentágono é cimentar na Ásia Central os tipos de parcerias que tem construído no flanco leste da China, na Coreia do Sul, Japão e Taiwan.

“Alguns estudiosos chineses temem que os Estados Unidos vão completar o cerco à China desta maneira”, disse Xu Qinhua, que estuda a Rússia e Ásia Central na Universidade Renmin e assessora o governo para questões regionais. “Deveríamos nos preocupar com isso. É natural”.

Aproximação oficial

A opinião oficial do Pentágono há muito tempo saúda uma China com grande poder militar como parceira  dos Estados Unidos para manter as rotas marítimas abertas, combater a pirataria e executar outras tarefas internacionais hoje realizadas – e pagas – pelos militares e contribuintes americanos.

Mas líderes militares chineses raramente têm oferecido mais do que um vislumbre de sua estratégia militar a longo prazo e a criação constante de uma força com capacidade ofensiva para muito além do território chinês claramente preocupa planejadores militares dos Estados Unidos.

“Quando falamos de uma ameaça, é uma combinação de capacidades e intenções”, disse Abraham M. Denmark, ex-diretor da China no escritório de Gates. “Os seus recursos estão se tornando mais e mais claramente definidos, e eles estão cada vez mais orientados para a limitação da habilidade americana de projetar poder militar no Pacífico”.

”O que não está claro para nós é a intenção disso tudo”, acrescentou. “A modernização militar da China é certamente seu direito. O que questionamos é como esse poder militar será usado”.

Denmark, que agora dirige o Programa de Segurança da Ásia-Pacífico para o grupo New American Security em Washington, disse que a reação agressiva da China a recentes disputas territoriais com o Japão e seus vizinhos do Sudeste Asiático tinha dado tanto ao Pentágono quanto aos vizinhos da China motivos para preocupação.

Foto: The New York Times

Foto de 2007 mostra o presidente chinês, Hu Jintao, inspecionando tropas do Exército, em Hong Kong

Ainda assim, um alto oficial de inteligência da Marinha disse a jornalistas em Washington na quarta-feira que os Estados Unidos não devem superestimar a capacidade militar de Pequim e que a China ainda não demonstrou capacidade de utilizar seus sistemas de armas em uma guerra bem sucedida. O oficial, vice-almirante David J. Dorsett, vice-chefe de operações navais para o domínio da informação, disse que embora a China tenha desenvolvido algumas armas mais rápido do que os Estados Unidos esperava, em geral ele não ficou alarmado. ”Você já os viu usar grandes grupos de forças navais?”, disse. “Não. Vimos grandes exercícios sofisticados? Não. O país tem alguma proficiência em combate? Não”.

Conhecimento

Dorsett disse que mesmo que os chineses estejam planejando testes marítimos em um porta-aviões usado e muito antigo” este ano e tenham a intenção de construir outros por si próprios, eles ainda têm um conhecimento limitado sobre o pouso e a aterrissagem nestes porta-aviões bem como de seu papel em batalha.

Pouco se sabe sobre as intenções militares da China, mesmo entre especialistas. Uma avaliação realizada pelo Pentágono em 2009 declarou que, apesar de “persistentes esforços”, a sua “compreensão de como e quanto o governo da China gasta em defesa” não melhorou de forma mensurável.

Em uma entrevista na quarta-feira, um dos maiores especialistas sobre os militares chineses, Zhu Feng, disse ver algumas revindicações do governo de um avanço rápido na criação de armas como caças invisíveis como pouco mais que exagero. ”Qual é a história real?”, questionou. “Eu devo ser muito cético. Eu vejo muitas manchetes sobre a sua aquisição de armas. Mas por trás da cortina, vejo dinheiro desperdiçado. Muito exagero”.

Zhu, que dirige o programa de segurança internacional na Universidade de Pequim, sugeriu que a instituição militar da China – como a dos Estados Unidos – está inclinada a inflar as ameaças e exagerar o seu progresso em uma tentativa contínua de ganhar mais influência e dinheiro para os seus programas preferidos.

E isso pode ser verdade. Se assim for, porém, o artifício parece não ser percebido por seus rivais no Pacífico. ”Finalmente, da perspectiva americana, trata-se da questão de os Estados Unidos permanecerem tão dominantes no oeste do Pacífico como sempre foram”, disse Bonnie Glaser, uma estudiosa da China no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington. “E claramente os chineses gostariam de complicar ainda mais a situação para nós”. “Isso é algo que os chineses consideram razoável”, disse ela. “Mas do ponto de vista dos Estados Unidos é, simplesmente, inaceitável”.

*Por Michael Wines e Edward Wong, com contribuição de Elisabeth Bumiller, Benjamin Haas e Xiyun Yang

Fonte: Último Segundo

16 Comentários

  1. O que rege o desenvolvimento hoje no mundo não é a economia de mercado?E quem são nossos maiores parceiros comerciais hoje não é a China?Somos com eles e mais a India as economias que mais crescem e os mercados que mais atraem.Porque não colamos com os Chinas que muito dependem de nós e nós deles para nos desinvolvermos saindo da orbita vampira?Eu penso que eles se sentissem confiança em nós aja visto que nosso historico sempre foi de fazer pirracinhas e na hora de decidir fazer o jogo dos cafetões,eles teriam todo o interesse em repassar para nós o que realmente queremos e precisamos.O mundo ri e debocha deles achando que eles são apenas um blefe mas esse blefe esmoga economias e devora mercados e esta a poucos passos do topo de tudo enquanto nós ficamos so na esperança de um dia subirmos o pé de feijão e encontrarmos a galinha dos ovos de ouro e a harpa encantada.

  2. Uma coisa é certa;a primazia americana no pacífico já a parti de agora com os dias contado.
    A hipocrisia americana não conseguiu enxergar que se um pais tem uma hegemonia, a sua capacidade militar o acompanha.
    Os americanos irão perder o cargo de xerife do mundo e é isso que os incomoda.

  3. a verdade é a seguinte,se todos os paises ao inves de produsir armas se dedicasse a produsir alimento,acabaria a fome e as guerras,nenhum poder humano fica no poder para sempre,todos se armam uns menos outros mais,e assim vão se armando e gastando em algo que num futuro breve vira sucata ou sangue inocente derramado.

  4. Vai ser difícil a China ultrapassar ou rivalizar as potências ocidentais, se ela continuar a basear seu desenvolvimento tecnológico em cópias baratas de patentes estrangeiras. Esse avião é muito possivelmente cópia do avião americano. E já há acusações mais velhas de cópias chinesas – cópias ilegais – de aviões russos e de mísseis sul-africanos.

  5. RAFAEL…Não so eles mas todo sudeste asiatico copia tudo e de um unico produtos fazem varios de varios preços diferentes de acordo com a vontade do fregues.Muitas metropoles do sudeste asiatico se comparadas com as ocidentais parecem cidades extraterrestres tal a distancia arquitetonica.O proprio Japão subiu na vida copiando e miniaturizando e nunca ninguem reclamou.Os Chineses sabem que seu crescimento disperta inveja e recalque e sabem tambem que serão os inimigos da proxima grande guerra e estão preparando-se para defenderem-se.Voces queriam que eles fossem como nós achando que o mundo é blue e que não tem inimigos?O pais que o mundo debocha e desacredita sacode bolsas e engole mercados e ja faz a Europa e os EUA se descabelarem porque é impossivel acompanha-los o que dira competir com eles.E no final não havendo saida conclamarão o mundo a uma cruzada contra o novo anti-cristo.Se tudo o que eles fazem é copia de A ou de B eles fazem e nós fazemos o que?

  6. Armas são, inegavelmente, necessárias para dissuasão… mas analisemos: basta os gringos fecharem as rotas maritimas para o grande dragão vermelho e… vão perecer milhões de fome, pois os chinas não possuem alimento em qntidade para suprir sua “bilionária” população… de que adianta tantas armas… antes invertir em tecnologia de produção de alimentos… o único país que poderia enfrentar os EUA eternamente, advinhem…. somos nós… temos alimento e riquezas minerais… não precisamos de NADA de fora… me faz lembrar uma velha piada: “Deus colocou nessa terra grandes riquezas naturais; um solo fértil; um clima maravilhoso… mas em compensação, colocou um povinho…!!!”…

  7. Portaviões Russo, helicopteros Franceses, Avião russo (Mig) etc. , A china e uma potencia agora, tal como o Japão ja foi.
    Se calhar os Chinese tão a investir melhor não sei, mas eles sempre serão uma ameaça pelos numeros
    Abraço

  8. A China já esta em 2º lugar atrás somente dos EUA, ultrapassou o Japão, lembrando que o Japão era o segundo país mais desenvolvido, depois vinha Alemanha, Inglaterra, França, ou seja já ultrapassou as “potências ocidentais”, que no momento estão com o chapéu na mão, quanto a fazer cópia, talvez eles tenham apreendido com o Japão, num passado não muito distante. Pena que o Brasil não teve coragem de aprender a fazer cópias daquilo que nos interessa, como um avião como este, e eu não tenho dúvidas que o EUA, é o que é hoje, por ter copiado, bombas nucleares e aviões da Alemanha no período da 2GM, lembrando que vários cientista da Alemanha foram levados para os EUA e Rússia. Então quem não cópia, fica na situação que o Brasil está, ou se gasta bilhões de dólares e muita incerteza naquilo que esta em projeto, ou então fica parado no tempo.
    Sds.

  9. É isso que dá em termos uma sociedade analfabeta em ciência e tecnologia. Dizíamos que havia um foco em humanidades, mas à exceção de alguns bons artistas plásticos, virtualmente não há grandes filósofos, poetas e ensaístas. Poucos ícones da literatura mundial. Pelo jeito nos aprefeiçoamos em retórica, cartórios cheios de papéis pendurados nas paredes e “ferro na boneca” dos talentos e empreendedores.
    Miguel Nicolélis, em uma interessante entrevista ao estadão, põe o dedo nesta ferida e a boca no trombone…

  10. BlueEyes disse:
    10/01/2011 às 09:44
    Armas são, inegavelmente, necessárias para dissuasão… mas analisemos: basta os gringos fecharem as rotas maritimas para o grande dragão vermelho e… vão perecer milhões de fome, pois os chinas não possuem alimento em qntidade para suprir sua “bilionária” população… de que adianta tantas armas… antes invertir em tecnologia de produção de alimentos… o único país que poderia enfrentar os EUA eternamente, advinhem…. somos nós… temos alimento e riquezas minerais… não precisamos de NADA de fora… me faz lembrar uma velha piada: “Deus colocou nessa terra grandes riquezas naturais; um solo fértil; um clima maravilhoso… mas em compensação, colocou um povinho…!!!”…
    Cconcordo totalmente e afirmo que é por isso que eles (americanos e políticos br corruptos)nao nos permite crescer.

  11. É isso aí elton; o principal interesse norte americano é manter o gigante eternamente em beço esplendido… depende de nós acordarmos… aí eu tenho que concordar plenamente como o Mariano… disse tudim… saudações…

  12. Assim como o Quintus que se dão o trabalho de explorar temas como esses temas de tamanha importância que o resto do mundo faz questão de ignorar, bom trabalho continuem assim

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