EUA coordenam esforços com Brasil no programa antidrogas de Dilma

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Os EUA estão coordenando esforços com o Brasil no novo programa antidrogas que o governo Dilma Rousseff planeja para subsidiar ações contra o tráfico na Bolívia, afirmou à Folha o Departamento de Estado americano.

A intenção é “garantir que não ocorram ações repetidas” e evitar que os programas dos dois países compitam entre si, disse Susan Pittsman, porta-voz do birô do departamento que lida com ações internacionais antidrogas.

O programa brasileiro foi anunciado no começo da semana pelo ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), que mencionou Bolívia e Paraguai. Ele não precisou valores, mas confirmou que haverá repasse de fundos, assim como mais monitoramento nas fronteiras.

O vice-ministro da Defesa Social da Bolívia, Felipe Cáceres, já confirmou que o país aceita o subsídio brasileiro e disse que técnicos dos dois países trabalham atualmente em La Paz para desenhar um acordo antitráfico. Uma proposta deve ser apresentada a Dilma até a meados de fevereiro.

Os EUA afirmam ver as notícias com bons olhos. “Certamente damos boas vindas à ação brasileira”, afirmou Pittsman,. Ela se negou porém a entrar em detalhes sobre as negociações “por temer atrapalhar as conversas”.

Não é a primeira vez que EUA e Brasil encaram discussões do tipo. Telegramas diplomáticos dos EUA vazados recentemente no site WikiLeaks revelam que o Brasil propôs, em 2009, que os americanos integrassem uma ação trilateral contra o tráfico de drogas na Bolívia. A ideia havia partido dos próprios bolivianos há algum tempo.

Os textos dizem também que as ações antidrogas dos EUA na região eram mal vistas pelo Itamaraty, o que torna a cooperação de certa forma não usual.

Os EUA mantém várias ações antidrogas no continente, capitaneadas pelo Plano Colômbia, voltado ao combate das narcoguerrilhas.

A Bolívia, porém, expulsou em novembro de 2008 os agentes do DEA (Drug Enforcement Administration, a agência antidrogas americana) do país após 35 anos de parceria. Atualmente, a colaboração de Washington com La Paz na área se resume a financiamentos de alguns programas, que somam cerca de US$ 20 milhões.

“Muita gente em Washington nunca perdoou a Bolívia por rejeitar a DEA”, disse à Folha Kathryn Ledebur, diretora da Rede Andina de Informação, baseada em Cochabamba. “Essas pessoas se ressentem da ação do Brasil e acham que os EUA atuariam melhor na Bolívia.”

EUA e Brasil têm abordagens diferentes, com os EUA mais voltados a erradicação forçada de cultivos e militarização. O Brasil é visto pelos colombianos como mais colaborativo e mais disposto a colaborar informações de inteligência, além de menos intransigente com a questão cultural da folha de coca.

Ledebur diz que só após muita pressão os EUA reconheceram a atuação brasileira na Bolívia.

Brasil e Bolívia já fizeram vários acordos de cooperação no passado, que incluem treinamento de pessoal, troca de inteligência e monitoramento.

As parcerias sofreram abalo no ano passado, quando o então candidato à Presidência José Serra (PSDB) acusou La Paz de ser cúmplice e omissa com o narcotráfico devido à grande quantidade de drogas bolivianas que acabam no Brasil (cerca de 59% da cocaína que entra em território nacional vem desse país, segundo o ex-diretor geral da PF, Luiz Fernando Correa).

Ledebur afirma, contudo, que os americanos que trabalham em território boliviano “nunca criticaram o Brasil”. “São pragmáticos e têm inclusive boa relação com o governo boliviano no dia a dia.”

John Walsh, analista sobre drogas no continente do Wola (Escritório em Washington para a América Latina, na sigla em inglês), disse `a reportagem que “a Bolívia buscou mais apoio do Brasil para substituir os EUA depois que a DEA foi expulsa”.

“Em privado existe muita decepção nos EUA com a Bolívia, que há uma década era um exemplo para a atuação de Washington contra drogas na região. Mas hoje seria difícil para Washington denunciar uma parceria com o Brasil, num momento em que alardeiam intenção de ação colaborativa.”

Fonte:  Folha

6 Comentários

  1. olha tirando a parte em q os eua não colaboram em dividir inteligência e mais ações em conjunto com os bolivianos, eu sou de pleno acordo na parte q focam a total militarização e erradicação pela força com essa cambada toda…exceto em algumas tribos q ja fazem uso da planta a milenios..espero q o brasil não fica passando a mãozinha na cabeça deles…ponha as forças especiais da pf e das faas nessa corja que trafica drogas pra nosso país…claro q junto com o pessoal local hehehehe
    ps:isso tambem seria um belo testes pra nossos vants em desenvolvimento.

  2. Coordenação de esforços conjuntos anti-drogas e anti-terror são necessarias as duas maiores democracias,dois maiores Cristões,economias capitalistas que possuem interesses assemelhados desde que contenham suas arrogantes intransigencias e psicopatia intervencionista…Eles ja entenderam nosso recado que não aceitamos mais sermos serviçais coadjuvantes e que nossa soberania é inquestionavel e inegociavel.Dependem muito de nós e nós deles.Que aprendam e aceitem a filosofia de um torneiro mecanico do dialogo igual.Não nos dão mais ordens e se aceitarem isso seremos colegas porque amigos são nossos guerreiros e o nosso povo….ps:podiam começar com gesto de boa vontade combatendo dentro do pais deles o fluxo de contrabando destinado ao Brasil de armas e eletronicos.

  3. KALCHICOV…Mesmo com nossa indole Cristã e a solidariedade PTista a Bolivarianos lhe garanto que esse novo governo não sera complascente e omisso com nenhum deles e o Chavinho Chapolim Desbotado ja tomou um esporrozinho basico e entendeu o recado e vai ficar pianinho.

  4. assim espero 1maluquinho….que este novo governo seja mais duro com vizinhos aventureiros como esse chavez e o amiguinho indio dele..

  5. pois é concordo com a matéria …
    os EUA queriam acabar com a coca a força e a bala…. já o Brasil é mais na malandragem a Bolívia tem uma cultura com a folha de coca isso é uma tradição e tbm é usada para encobrir plantações ” é usado como mascara do trafico” o Brasil é mais inteligente

    o governo brasileiro vai atuar 2 duas linha 1º ele não vai obrigar o Boliviano a parar de plantar coca ele vai incentivar a plantar outra cultura.. “subsídios” e 2º a tradicional que é indo atrás do traficante e acabando com cartéis

  6. DOCE ILUSÃO.
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    Os americanos não tem capacidade de combater as drogas com se deve pois o loby da poderosa indústria armamentista americana, irá bloquear qualquer iniciativa que venha prejudicá-las financeiramente.
    É só olhar para o México e a Colômbia,o primeiro está comprometido com os americanos até a alma e o outro a corrupção ainda ganha dos dois lados,então os barões das drogas e das armas sempre estarão por cima.
    No México todo dia um mexicano é detonado por uma arma americana que entra pela fronteira dos EUA,aliás quem acha que aquela fronteiras são bem vigiadas está viajando na maionese.
    O nosso problema é mais sério, pois além de termos que lutar contra os produtores de droga tradicional:(Bolívia,Peru,Colômbia,…);
    E também os produtores das sintéticas:(Holanda,EUA,…).
    Também teremos que lutar contra os produtores das armas que são vendidas para os traficantes:(Russia,EUA,e no futuro a Venezuela).
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    Há antes que me esqueça,se Jesus cristo tivesse aqui entre nós,provavelmente os americanos o torrava com barba e tudo em uma cadeira elétrica por conspiração ou terrorismo.

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