Análise: Economias da América Latina devem enfrentar incertezas em 2011

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Com o final de 2010, a América Latina se prepara para 2011 em meio a incertezas quanto aos próximos passos de algumas das maiores economias da região.

O Brasil, por exemplo, começa o ano com a nova presidente, Dilma Rousseff, enquanto a Argentina iniciará estará ainda sem um novo orçamento.

Já no México, a integridade do Estado está ameaçada pelos cartéis de tráfico de drogas. O Peru, por sua vez, está rememorando épocas mais obscuras, enquanto a filha de um ex-líder autoritário se prepara para concorrer à Presidência.

Mas pelo menos a região deve sair completamente da recessão. E o país com o pior desempenho até agora, a Venezuela, deve retomar seu crescimento.

Veja abaixo alguns dos maiores desafios de algumas das principais economias latino-americanas em 2011.

Brasil

Com Dilma Rousseff prestes a assumir a Presidência no dia 1º de janeiro, o anúncio de quem serão os nomes que ocuparão os principais postos no setor econômico não conseguiu acalmar os temores dos mercados a respeito da futura política econômica de seu governo.

Desde que os analistas começaram a falar sobre os níveis “insustentáveis” de gastos públicos, eles não ficaram exatamente contentes ao ouvir que Guido Mantega deve permanecer no Ministério da Fazenda.

Para evitar o superaquecimento da economia do país, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi obrigado a aumentar as taxas de juros, que agora estão em 10,75%.

Meirelles será substituído pelo atual diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do BC, Alexandre Tombini, que ajudou a elaborar a política contra a inflação que favoreceu os juros altos durante os oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência.

Os mercados calculam que o BC terá que aumentar ainda mais os juros, talvez assim que ocorrer a primeira reunião do Comitê de Política Monetária, em janeiro.

Por outro lado, mais um aumento na taxa de juros poderá colocar mais pressão no real, que já está supervalorizado.

Ao mesmo tempo, a necessidade de gastos sociais, com o programa Bolsa Família, ainda não foi sanada.

Não podemos esquecer também que Dilma começou a ficar em evidência como chefe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que visa corrigir o que ela descreve como “anos de estagnação” na infraestrutura do país.

Argentina

A Argentina passou grande parte do ano especulando sobre quem poderia ser o candidato governista à Presidência nas eleições de outubro de 2011.

Poderia ser a atual presidente, Cristina Kirchner? Ou seria o marido dela, o ex-presidente Néstor Kirchner (que era encarado como o verdadeiro poder na Presidência argentina) que retornaria à disputa?

Finalmente, um ano antes da eleição, a questão foi definitivamente decidida: Néstor Kirchner morreu devido a um ataque cardíaco aos 60 anos.

Em uma paisagem política já fragmentada, na qual partidos que alegam representar o legado do general Juan Peron não estão apenas do lado do governo, mas também são grande parte da oposição, esse foi um golpe grave.

Se a atual onda de simpatia em relação a Cristina Kirchner durar, ela poderá ser reeleita. Mas, como as políticas econômicas intervencionistas da presidente sempre foram mais oportunistas do que estratégicas, muitas coisas podem dar errado neste meio tempo.

Cristina Kirchner certamente vai ter o poder econômico total em 2011, pois os políticos argentinos não conseguiram aprovar o orçamento para o próximo ano. Com isso, ela poderá governar por decreto.

No entanto, a inflação atualmente está em mais de 25%, apesar de as estatísticas oficiais indicarem menos da metade desse número.

A Argentina acaba de retomar o contato com o Fundo Monetário Internacional (FMI) depois de anos de hostilidade, em um esforço para elaborar um novo índice de inflação mais preciso. Mas, a não ser que a taxa real de inflação caia, a desaceleração do crescimento em 2011 poderá tornar difícil a vida dos argentinos.

México

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, causou polêmica em setembro quando comparou a violência dos cartéis do tráfico de drogas no México com a insurgência na Colômbia na década de 1980.

Enquanto o presidente Barack Obama rapidamente rejeitou a comparação, alguns analistas afirmaram que a principal questão levantada pelas observações de Clinton foi o que fez com que ela levasse tanto tempo para notar a situação no México.

O problema para os Estados Unidos é que sua economia está profundamente interligada com a economia do México, por meio do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).

Nas últimas recessões dos Estados Unidos, a regra foi a de que, quando Wall Street espirra, os negócios mexicanos podem acabar na unidade de terapia intensiva.

No momento, a economia formal do México está demonstrando ser resistente, com bom desempenho no setor de produção, especialmente na indústria automobilística.

Mas a contínua fraqueza dos Estados Unidos deve significar crescimento menor ao sul da fronteira em 2011, o que levará o Banco Central mexicano a manter as taxas de juros a 4,5% com a possibilidade de cortes no próximo ano.

Infelizmente, a demanda americana pelas exportações ilegais mexicanas, sem a qual não existiriam os cartéis de droga do México, não deve diminuir tão cedo.

Peru

Apesar de ter a maior taxa de crescimento projetada para 2010 entre as grandes economias da América Latina (8,3%, segundo o FMI), o presidente do Peru, Alan García, conta com apenas 34% de aprovação.

Essa taxa de aprovação é bem melhor do que os 5% que ele tinha no final de seu primeiro mandato presidencial, entre 1985 e 1990.

Mas aquele primeiro mandato foi um desastre, com o PIB (Produto Interno Bruto) do país encolhendo em um quinto e o número de pessoas na pobreza aumentando para 5 milhões.

Desta vez, Garcia comandou o país durante uma boa época para a economia, apesar de os ganhos não terem sido igualmente distribuídos entre a população peruana: enquanto as áreas urbanas no litoral colheram os benefícios, as áreas rurais, mais altas, continuam empobrecidas.

O mandato anterior de García foi seguido por uma década de governo autoritário de Alberto Fujimori, que reconstruiu a economia peruana e salvou o país da insurgência maoísta do Sendero Luminoso, mas passou por cima do processo democrático.

García não pode concorrer novamente à Presidência nas eleições de abril de 2011. Mas a filha de Fujimori, Keiko, espera conseguir vencer o pleito com seu partido Fuerza 2011.

Ela compete com o sucessor de Fujimori, Alejandro Toledo, e um ex-prefeito de Lima, Luis Castañeda nas atuais pesquisas de opinião.

Todos os três são de direita ou de centro-direita. Como resultado, o vitorioso deve se juntar ao presidente do Chile, Sebastian Piñera, e ao colombiano Juan Manuel Santos – eleitos em 2010 – no pequeno grupo de líderes que não são de esquerda na América no Sul.

Venezuela

No próximo ano, a República Bolivariana do presidente Hugo Chávez deve se juntar aos países vizinhos na retomada do crescimento depois da recessão global.

No entanto, considerando-se qualquer padrão objetivo, a Venezuela teve um ano triste em 2010, com o pior desempenho econômico da região, sem mencionar a maior inflação, de cerca de 30% ao ano.

E, com o controle estatal da economia aumentando durante o período, com mais e mais companhias sendo tomadas pelo governo, Chávez e seus aliados têm poucas pessoas para culpar.

O presidente ainda não executou sua ameaça de nacionalizar a gigante de alimentos e bebidas Polar, a maior companhia ainda privada do país.

Mas a habilidade do governo de gerenciar a produção e distribuição de alimentos é questionável depois de escândalos envolvendo milhares de toneladas de comida apodrecida, importadas pela estatal PDVAL, mas nunca distribuídas.

Até mesmo a indústria petrolífera, responsável por mais de 90% da entrada de moeda estrangeira na Venezuela e por 50% dos lucros do governo, está sofrendo.

A companhia petrolífera estatal PDVSA diversificou suas atividades para o campo de programas sociais, mas ficou menos eficiente em seu negócio central, que é produzir petróleo.

Em 2011 é esperado um crescimento lento na Venezuela e talvez outra desvalorização do bolívar. Mas também é esperado que mais companhias estrangeiras se afastem de um país no qual tudo pode ser tomado pelo governo.

12 Comentários

  1. bom pelo menos as projeções estão razoáveis crescer 4,1 % naum é tão naum vendo que o mundo esta em crise…
    mais sincera mente acho que o Brasil vai crescer mais do que isso eu acho que fica entre 4,5 a 5 % essa é uma projeção de economistas Brasileiro

  2. Eu avisei, 2011 ñ vai ser nada (espero estar eu e os ecomomistas,mt errados), nem p nós, q será um pouco melhor, + bem pior p ianks e UE, desemprego e baixo consumo interno, e ñ será pior graças ao planeta China…Quem sobreviver verá.sds.

  3. O mundo não está em crise econômica, mas se ajustando.
    Alguns países vão ter que ceder espaço econômico para os outros.
    Se a China e Índia recuarem, o Brasil despenca, pois viramos fornecedores de matéria prima e de alimentos.
    Os americanos e europeus são nossos parceiros industriais.
    Eles cedem a tecnologia, e nós a mão de obra, matéria prima e energia elétrica.
    O segredo para alavancar a economia brasileira é 3 coisas:
    1) Capitalizar a Classe Média (30% da população);
    2) Reativar o Turismo Nacional, acabando definitivamente com os guerrilheiros urbanos;
    3) Política de Industrialização do país, através de boas parcerias. Vamos priorizar as carreiras tecnológicas.
    Keynes deu a fórmula: O Estado cria frentes de trabalho.
    Eu mudaria o Sistema Político do país, acabando de vez com o mau político. Como ? Os sindicatos de todas as profissões indicariam os homens públicos e parlamentarismo.
    Tem que ser o melhor cidadão de cada classe profissional, nos aspectos moral, intelectual, físico, etc.
    Os partidos políticos se transformam em agremiações livres, sem influência direta nas eleições.
    Quem vai pagar as despesas dos parlamentares são os sindicatos. Salário, casa, comida, passagem, médico …
    Vamos ter que desonerar a produção e desburocratizar a nação. Temos muito entulho de leis.

  4. As projeções para o Brasil em 2011 são muito boas 4.5% de crescimento ta de bom tamanho, um indice muito maior que esse seria perigoso para nossa economia.

    O Unico grande problema que a Dilma vai enfrentar é o Real valorizado ela vai precisar conseguir uma solução para esse problema no maximo em um ou dois anos porque o real valorizado pode trazer serios problemas para a economia Brasileira em 1 ou dois anos.

  5. O crescimento da economia brasileira em 2011 está projetado para 5,5%, de acordo com informações do ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo.
    :clap:
    Pois é pessoal apesar da crise e da europa e EUA indo de mau a pior as projeções para nosso Brasil esta ótima; em vista do que é espera para EUA e UE. o ano que vem não sera tão bom quanto este ano foi mais esta longe de cer ruim 5.5 % é OTIMO>>>>> 😆

  6. O título passa a idéia de “incerteza” quanto á economia latina, mas o mundo econômico é oscilante por natureza. A grande depressão de 1930 e a crise do petróleo de 1970 são apenas dois exemplos da instabilidade que é a economia mundial. O próprio dono do Titanic (J.P.Morgan)ja recuperou a economia americana antes do surgimento do navio – 1912/ ja está chegando o centenário!
    O presidente Lula diversificou a economia brasleira com a África, Índia e oriente médio fazendo com que o Brasil não dependesse dos mesmos mercados de sempre para se desenvolver.
    Ao contrário do que listou o Dandolo em sua teoria, acredito que essas medidas só seriam importantes se o país tivesse infraestrutura para escoar a produção resultante desse desenvolvimento proposto por ele. Caso contrário vira um circo vicioso, onde só se pensa em progredir mas se esquece de arrumar a casa por onde transitarão o PIB. Se o transporte for precário, toda uma produção de sója se perderá em estradas mal conservadas; em trilhos velhos; em barcos insuficientes etc. Esse problema geraria custo negativo e não desenvolvimento. Em outras palavras: é preciso pensar primeiro em portos, ferrovias, transporte público de qualidade entre outras providências básicas, para se projetar o desenvolvimento que dependerão dessas estruturas. É como vc projetar um trem magnético, por exemplo, e se esquecer da base em que ele se movimentará.
    Feliz ano novo pessoal!

  7. Com todo o desrespeito (palavrões e conteúdo inapropriado, pedimos o respeito aos demais leitores- E.M.Pinto). Esses parasitas inúteis geraram a crise de 1929, a crise de 2007 e eles estão por trás de tudo de ruim que ocorre neste mundo há pelo menos 140 anos. Esse papainho de aumentar juros é justamente para eles poderem continuar mamando nas tetas do governo o equivalente a 10 BOLSAS FAMÍLIA ao ano e para os empresários de verdade, os que produzem bens e serviços reais, continuem escravos dos cheques especiais e dos descontos de duplicata da vida…Se há um câncer a ser estirpado no país e no mundo é este tal “Mercado”, junto com todos os seus malditos operadores…

  8. —————. Típico monetarismo dogmático da imprensa mainstream.
    .
    Os problemas do Brasil nem são esses que o artigo aponta. São, sim: a taxa de câmbio supervalorizada, um défice em conta corrente grande e juros muito altos: três fraquezas que, combinadas, podem resultar numa crise de balanço de pagamentos num muito futuro bem próximo e vulnerabilizam a moeda brasileira a ataques especulativos. Para resolver esses problemas, Mantega foi uma boa indicação. Ao contrário de Meirelles e do “Mercado” que ele representa, Mantega reconhece a importância de um câmbio competitivo; ele sabe dos problemas que podem resultar de um câmbio inflado. Qualquer brasileiro com inteligência e um mínimo de conhecimento sobre o passado recente da nossa economia, deve saber do impacto disso: mal faz 10 anos que o Brasil sofreu duas crises de balanço de pagamentos, a de 1999 e a de 2002. E a causa destas crises foi uma só: um défice em conta corrente. Inflação pode-se controlar com outros meios que não a subida da Selic. E a inflação atual nem está fora da meta tolerável. A meta do Banco Central para a inflação é de 4,5% ao ano – mas são consideráveis toleráveis números anuais entre 2,5 a 6,5% ao ano.

    @André O.: Tô de acordo contigo!!!!

  9. André Oliveira, concordo. e multiplique o 140 por 10! …

    O mercado foi feito para favorecer os que tem em detrimento dos que nao tem, assim como aumentar o poder destes perante o mundo!.. sim… o mundo!.. água, sementes, terras produtivas.. tudo isto aumenta ou diminui em qualidade e quantidade dependendo do valor que possuem no mercado, e isto os grandes investidores conseguem MANIPULAR. Um rico que possui muito, sua renda % nos bancos rende muito mais do que a de um pobre. Ricos cada vez mais ricos, e pobres cada vez mais pobres. Pessoas cada vez mais vivendo de renda, enquanto que outras cada vez mais escravas. Mas se preocupe não! que estamos caminhando para algo pior!.. bem vindo à realidade! Para mudar o quadro, há de se agir com inteligência e perspicácia.

  10. Se olhar-mos o índice de 7% ou + em 2010…4,5% e pouco, significa mt gente desempregado.Preocupante, qdo vc tem q levar o pão p mesa onde tem crianças pedindo, pedindo…Vamos esperar p ver-mo + a frente em 2011.Espero estar mt errado.Sds.

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