Economia Paul Kennedy
“A perda de força do dólar é uma tendência de longo prazo que deve se acirrar. No momento, isso não é visível. O dólar se apreciou. Mas a crise financeira deve acentuar a migração de reservas internacionais da moeda americana para outras moedas”
O exemplo de Roosevelt
Para Kennedy, a economia tem de ser a prioridade do próximo presidente americano
Vinte anos atrás, o inglês Paul Kennedy causou furor com o livroAscensão e Queda das Grandes Potências. Depois de estudar a trajetória das nações globalmente dominantes nos últimos 500 anos, ele indagava se os Estados Unidos, superpoder do presente, teriam entrado em declínio. Para Kennedy, a resposta era de certa forma afirmativa. No século XXI, os Estados Unidos deveriam perder uma parte de sua influência. Mas a queda não seria absoluta – apenas um “declínio relativo”. Nesta semana, Kennedy, um dos mais respeitados cientistas políticos em atividade, visita o Brasil a convite do Instituto Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista ao editor executivo Carlos Graieb, ele explicou por que acredita que a crise financeira vai fragilizar ainda mais o poderio americano.
O impacto da crise no poderio americano
A crise financeira deve enfraquecer o dólar. Ela deve acentuar a migração de reservas internacionais da moeda americana para outras moedas. No momento isso não é visível. O dólar se apreciou ao redor do mundo, porque muitos americanos estão repatriando o dinheiro investido no exterior. Mas a perda de força do dólar é uma tendência de longo prazo que a crise deve acirrar. Não haverá fuga em massa do dólar, pois um colapso da moeda deixaria o mundo todo em sérias dificuldades. Mas uma parte das reservas internacionais deverá ser feita em outras denominações.
Finanças e armamentos
O orçamento militar tomou contornos sagrados nos Estados Unidos. Os dois partidos prometeram mantê-lo sólido e vistoso, para demonstrar compromisso com as tropas que combatem no Iraque e no Afeganistão. Todos os gastos somados, contudo, o pacote de resgate econômico americano já gira em torno de 1 trilhão de dólares – um valor próximo do orçamento destinado à defesa. Por causa disso, a maioria dos analistas militares acendeu sinais de alerta. Os Estados Unidos se mantêm isolados na ponta na esfera militar, mas uma fração dessa força deve ser minada.
O declínio relativo da grande potência
Aquilo que o comentarista político Charles Krauthammer chamou de “momento unipolar” na história mundial acabou. Esse momento se caracterizou pela total hegemonia americana, logo após a derrocada da União Soviética. Retornamos ao cenário discutido em Ascensão e Queda das Grandes Potências, que publiquei em 1988. É um cenário de declínio relativo dos Estados Unidos. Nos últimos dez anos, surgiram potências que o país não pode intimidar ou mesmo influenciar. É o caso da China e da Índia, e também da nova Rússia de Vladimir Putin. Há duas maneiras de lidar com essas mudanças: a sensata e a desastrada. Quem quer que substitua George W. Bush, que optou pela via desastrada, terá de agir com enorme cautela. A maior tarefa será a estabilização econômica. O novo presidente americano deveria ter em mente a figura de Franklin Delano Roosevelt. Os três primeiros anos de seu mandato, de 1933 a 1935, foram devotados a tirar o país da depressão econômica. Um presidente inteligente vai se concentrar nisso, não tendo em vista apenas a crise financeira atual, mas também a tendência de mais longo prazo de deixar que o país acumule déficits monstruosos.
No mesmo barco Com a crise, 60% da capitalização da Rússia de Vladimir Putin (acima) se evaporou
A Rússia na ciranda financeira
A crise econômica teve algo de positivo para o Ocidente, que via com apreensão uma Rússia que exercita novamente os seus músculos. Nas últimas semanas, a Bolsa de Valores de Moscou interrompeu o pregão várias vezes. Houve fuga de capitais. Mais de 60% da capitalização do país se evaporou. Além disso, o preço do petróleo está caindo – e a Rússia é imensamente dependente dessa única commodity. Mas não é só isso. Pela primeira vez, desde o começo do século XX, a Rússia tem de se preocupar com o que os bancos europeus e americanos fazem. No tempo de Brejnev, o nível da taxa Libor – que regula os empréstimos interbancários no plano internacional – era a última preocupação dos soviéticos. Eles não estavam envolvidos nesse jogo. Agora, contudo, se bancos não emprestam a outros bancos, o dinheiro não chega aos negócios russos. O país se descobriu interligado ao sistema financeiro internacional – e isso aumentou o poder de barganha do Ocidente.
Cuidado com o que você deseja
Refletir sobre a perda de poder dos Estados Unidos não é o mesmo que ansiar por ela. Cada vez que vejo europeus, por exemplo, com semblante satisfeito por causa de algum fracasso americano, vem-me à mente aquele alerta: cuidado com o que você deseja. Será que realmente desejamos os Estados Unidos feridos, ressentidos, defensivos, protecionistas ou nacionalistas? Não creio. Acho preferível ver os Estados Unidos de volta à tradição mais cooperativa de presidentes como Truman, Eisenhower ou Kennedy. Pensemos, até mesmo, em presidentes como Bush pai, que foi muito sagaz em questões de política externa e soube lidar muito bem com a desintegração da União Soviética, ou em Clinton, afeito ao multilateralismo.
Um fórum internacional
O grau de interligação se tornou imenso. A atividade acontece 24 horas. Nenhuma das instituições internacionais existentes, como o Banco Mundial ou o FMI, pode
lidar com isso. Falta um comitê dos banqueiros centrais das dez ou doze maiores economias do mundo encarregado de lidar de maneira sistemática com as grandes questões financeiras e apto a agir nos momentos de emergência. Não proponho a criação de uma instituição enorme, mas de um comitê com maior força política.
Todo esse blablabla de economes ja morreu e fedeu e os saudosos vão morrer entoando esses canticos pois não conseguem assimilar que no seculo 21 são outros parametros e não padrões.
O estranho é que dos 0,001% que detém mais de 50% de toda a riqueza mundial… ficaram MAIS RICOS nestes 500 anos. E se for pensar em dinastias.. conta-se no minimo 2000 anos. Ficaram talvez até mais poderosos, e pretendem mais ainda! O sistema economico implantado os favorece, e sempre os favoreceu. Sempre quiseram PODER de verdade enfraquecendo as instituições e até mesmo as identidades regionais. Verdadeiros senhores da sociedade. E pelo andar da carruagem obterão êxito.
POR UMA NOVA SOCIEDADE NO MUNDO.
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A história demonstra que todo império humano é efêmero,e que o mundo em período cíclico,passa por revoluções de comportamento e cultural.
Estamos chegando a uma nova etapa na história da humanidade,pois a sociedade atual exige uma nova forma de interação social.
Os EUA é só uma singular no meio de tantas outras que estão acontecendo e que estar por vim.
Com certeza, irá afeta a todos nós,diretamente ou não.
“Nos últimos dez anos, surgiram potências que o país não pode intimidar ou mesmo influenciar. É o caso da China e da Índia, e também da nova Rússia de Vladimir Putin.
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Aonde esta o BRASIL? esqueceu de citar?????
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“…ver os Estados Unidos de volta à tradição mais cooperativa de presidentes como Truman, Eisenhower ou Kennedy.”
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Que me lembre, não era época da guerra Fria, cooperação com quem, AS DITADURAS.
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” Clinton, afeito ao multilateralismo.”
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ou afeito a 3ªVIA – lembram da relação canal Clinton/Menem.
Ainda bem que o Brasil foi maior que FHC, se não a relação carnal dele com Clinton tinha nos levado pro buraco também.
Abs
Sabe porque esse Sr. não cita o Brasil, porque o Brasil quer ser bom moço.
China, India, Russia, o que é que eles tem que o Brasil não tem??????
Certo os ingleses quando dizem: esse bom comportamento do Brasil querendo agradar a todos não leva a nada.
De resto esse Sr. prega a submissão.
Tens no FHC um ótimo discípulo.
Abs
Blá blá blá pesado heim…
Isso é um economista boladão?
Concordo com os colegas acima, este é um novo século em que os padrões de ontem não valem mais.
Toda essa ladainha que esse cara disse não passa de lixo.
Só há uma maneira de se criar a moeda mundial:
O dólar ter uma desvalorização de no máximo 2%, em relação a média das 10 principais moedas mundiais.
O FMI poderia criar o Bancor, proposto por Keynes ?
Não, pois como iria controlá-la ?
O Euro poderia ser a Moeda Mundial ? Não, pois foi criado sem coerência. Não se pode misturar banana com laranja. O Euro quer ser Banaranja …rs.
Os americanos não vão aceitar ter a sua moeda sob controle, pois o mundo aceita que eles emitam sem controle, custeando as suas guerras e pesquisas.
Se os países se reunirem e padronizarem o valor do dólar compulsoriamente, os americanos irão partir para a guerra.
O que seria melhor para o Brasil ? Adotar a moeda chinesa como padrão e não deixar o real oscilar com uma diferença maior de 2% (para mais ou para menos).
Se a China vier a afundar a sua economia, vamos partir para outra moeda mais estável, tal como o Marco.