Sugestão: Cel. Paulo Ricardo Rocha Paiva para o Palno Brasil
Um senhor Chamado Jobim
Luís Mauro Ferreira Gomes
Em 8 de dezembro de 2010
Jobim critica Médici…
Nelson Jobim (Defesa) provocou mal-estar sábado, na Academia Militar das Agulhas Negras, durante a formatura da “Turma General Emílio Garrastazu Médici”, ao criticar indiretamente o patrono – elogiado antes pelo comandante do Exército pela “honradez, dignidade e patriotismo”. No discurso, que aliás não estava previsto, Jobim deixou claro que não aprovou a escolha do patrono, dizendo que o Exército “deve esquecer o passado”. Os generais nem o aplaudiram. E o convidado Roberto Médici, filho do ex-presidente, desceu do palanque e foi embora.
Cláudio Humberto, 07/12/2010 (1).
O Ministro da Defesa, aparentemente, está tão seguro de que o seu plano deu certo que voltou às bravatas iniciais dos tempos que se seguiram à nomeação para o cargo.
Relembraremos alguns fatos para os nossos leitores:
Jobim somente foi nomeado para ser “queimado”, como se costuma dizer.
À época, Lula estava eliminando da disputa qualquer pessoa que tivesse a pretensão de ser presidente da república. Nem os integrantes do PT escaparam, haja vista Jacques Wagner.
O Ministro, que pouco antes renunciara, para filiar-se a partido político, à presidência do Supremo Tribunal Federal – onde suas atitudes indicam, fora mais um militante político a serviço de seus interesses pessoais do que membro da Suprema Corte – devido à sua falta de autocrítica e a seu ego desmesurado, enquadrava-se nesse perfil.
Logo que assumiu o Ministério, deu vazão ao seu estilo arrogante e as bravatas se sucederam, umas depois das outras.
Uma das mais antológicas foi aquela praticada na cerimônia (?) de lançamento do escatológico e revanchista, ordinário e mentiroso livro “Direito à Memória e à Verdade”, lançado sob os auspícios da Presidência da República.
Jobim disse naquela oportunidade, que os militares teriam de aceitar o livro, que quem não o fizesse “teria resposta” e que o Exército de hoje não era como o de ontem.
O Alto-Comando do Exército enfrentou-o e criticou duramente o folheto ideológico em memorável nota oficial na qual reafirmou que todos sabemos: que só existe um Exército, o de Caxias.
Mais uma vez, dominado por seus delírios, desconhecendo os limites de sua competência, esbravejou o Ministro que iria destituir os integrantes do Alto-Comando.
Deve ter levado essa pretensão abusiva ao Presidente, que obviamente não a aceitou.
Reconhecendo a fragilidade de sua posição, Jobim “desistiu” da idéia e, perguntado por uma repórter como ficaria a situação, limitou a dizer que “o assunto estava resolvido”.
Como costuma acontecer com as pessoas de caráter parecido, confrontado diretamente, nada fez, apequenou-se e tratou de agir nos bastidores para reverter a situação desfavorável
Passou, então a usar técnica semelhante à do Ministro da Justiça, que se “blindara” contra a caneta do Presidente, servindo-se da Polícia Federal para conhecer todos dos “podres” das autoridades, inclusive do Presidente e de sua família, particularmente o fenomenal primeiro filho.
A Polícia Federal, transformada em KGB pessoal, teria passado a ser a fonte de poder ao ministro, mediante a sua extraordinária capacidade de coagir as pessoas.
Jobim passou, então, a defender posições muito parecidas com as das Forças Armadas, travestiu-se general genérico e abusou dos militares, apresentando-se como “amigo” deles, para também blindar-se contra a caneta presidencial.
As Forças Armadas e suas boas relações com os respectivos Comandantes passariam a ser o seu escudo que o defenderia de qualquer acidente de percurso.
Enquanto isso corria publicamente, tratou de assumir controle, cada vez maior sobre as Forças, com os documentos que produziu: a inútil e enganadora Estratégia Nacional de Defesa e a nova estrutura das Forças Armadas, em que usurpou, em seu beneficio, competências constitucionais exclusivas e intransferíveis do Presidente da República, tornando-se, inconstitucional, portanto.
Imaginando já ter o controle das Forças Armadas, aproveitou-se da quebra de um possível acordo, com fim eleitoral, entre o governo e a bandidagem do Rio de Janeiro, para envolver os militares em uma aventura sem o cumprimento dos ritos constitucionais indispensáveis a esses casos.
Mais uma vez, os riscos ficam com os militares e Jobim colhe os bônus das ações.
Isso lhe teria, quem sabe, assegurado a permanência no governo da guerrilheira “presidenta”.
Sentindo-se a cavaleiro da situação, julgou poder tirar a máscara e mostrar a sua verdadeira face inimiga, ao dizer, na cerimônia de formatura da AMAN, que o Exército deveria esquecer o passado, referindo-se à venerada figura do General Médici, escolhido pelos Aspirantes de 2010 como Patrono de sua turma.
Será que tal incluiria, também, esquecer que ele admitiu ter fraudado o texto constitucional, quando era deputado constituinte?
Que isso sirva para desiludir a quem, por ventura, pense que ele é o melhor ministro da defesa que tivemos.
Em verdade, ele é o pior, por ser o mais perigoso.
Tudo indica que somente pretende sair do ministério da defesa para a presidência da república, de um ou de outro modo.
Se não for neutralizado, será ele quem sepultará as nossas Forças Armadas, transformando-se em milícia a serviço dos seus devaneios.
Que essa falta de compostura e grande descortesia não fiquem sem resposta à altura.
Esse já seria um bom começo. O resto viria depois.
Talvez esteja na hora de esquecer o presente…
Observações
(1) Fonte: Claudio Humberto
(2) O autor é Coronel-Aviador reformado e, atualmente, Vice-Presidente da Academia Brasileira de Defesa;
(3) As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o pensamento da Academia Brasileira de Defesa – ABD.
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