O patriotismo: entre a realidade e a patriotada

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Enio Squeff

Em tempos não muito recentes, o Sete de Setembro, Dia da Independência do Brasil, era um feriado de diversão pública, principalmente para as crianças: havia o desfile das tropas com suas bandas reluzentes, os armamentos – tanques de guerra, carros blindados ou mesmo a cavalaria – com cavalo e tudo, como nos filmes de bang-bang – e se imaginava, então, que o Brasil só existia por sua pujança também militar.

Era uma ilusão, mas, na época, os militares do exército, da marinha e da aeronáutica andavam fardados pelas ruas. Não havia por que estranhá-los em seus galões: faziam parte da sociedade civil. As coisas só viriam a mudar, com o Golpe Militar que impôs a Ditadura. De um dia para o outro, instaurava-se a desconfiança mútua. De um lado, os paisanos; de outro, os milicos. Numa música censurada, de Chico Buarque de Holanda, o sentido de uma das frases definia a novidade: o regime militar tinha, literalmente, inventado o pecado. E o “patriotismo”, principalmente por parte de alguns civis que aderiram ao golpe, passou realmente a cumprir o que dissera séculos antes o inglês Samuel Johnson: seria o último reduto dos canalhas.

Talvez, nem tanto ao céu e nem tanto à terra. Millôr Fernandes parece ter definido bem as coisas, já ao fim da Ditadura: não havia por que pensar que um militar fosse mais patriota do que um civil, qualquer civil – o trabalhador, pai de família, cidadão simplesmente honesto. O hábito, em suma, não faz o monge. Quase todos os intelectuais, artistas, cientistas, professores ou simples operários nunca pensaram diferente. Quando o Barão do Rio Branco – que era monarquista – perguntou a Dom Pedro II, recém destituído do poder, o que fazer com a emergência da República, o Imperador, numa frase, legou o que se pode considerar uma espécie de lição cívica para o futuro: o Barão que continuasse, com o seu talento, a servir ao seu país ( já era diplomata). Sub-repticiamente, o que o antigo monarca queria dizer era que, acima dos regimes ( e os militares que o depuseram não chegaram a instaurar uma ditadura militar, como fariam depois de 64), o que importava era a “pátria”, a pátria brasileira. Mais importante do que o imperador, era o Brasil.

Há um certo pudor em se reivindicar o patriotismo hoje em dia, seja para o que for. Depois de seu quase achincalhe pela Ditadura – que poucas vezes contrariou os Estados Unidos, quando então o que era bom para os americanos, tinha, compulsoriamente de ser ótimo para os brasileiros – o conceito como que passou a sofrer certa sanção pública. Ninguém estranhava, a propósito, no século XVII, a definir o que fazer com o Brasil – que os holandeses julgavam ter como se apoderar – que o Príncipe Maurício de Nassau se reportasse à Holanda, não pelo nome, mas pela expressão “pátria”. Era natural que fosse assim: a Holanda lutava por sua independência contra a Espanha e ninguém relevou muito que, séculos mais tarde, a palavra pátria assomasse, não apenas nas considerações de um compositor, como o húngaro Franz Liszt; ou que, tempos depois, tanto Adolf Hitler, quanto Winston Churchil, a invocasse, cada um a seu modo, para se justificar perante seus respectivos países. Villa-Lobos, Cláudio Santoro, Camargo Guarnieri – para só citar alguns – fizeram música autoproclamada “nacionalista”.

Os mexicanos Diego Rivera e Frida Kalo ou os brasileiros Cândido Portinari e Alfredo Volpi, nunca se incomodaram que os definissem a partir da identidade com seus respectivos países. Talvez considerassem um exagero que os adjetivassem como “patriotas”, por buscarem o nacional. Mas certamente não julgavam descabido que alguém assacasse eventualmente o termo para elogiá-los. Pelo que ficou de suas obras, eles não se refugiaram em nenhuma consideração “patriótica” para fazerem o que fizeram. Assim também com outros artistas e intelectuais que buscaram uma identidade nacional. No entanto, os militares de 64, no uso constante da palavra “patriotismo” – justificaram muitos atos que eram exatamente o oposto do que talvez se entenda como tal. Ao desmontarem núcleos de inteligência, de tecnologia e de reflexão nas universidades, pela expulsão sistemática de professores e de intelectuais de suas cátedras – muitos artistas, mas principalmente os mais conceituados cientistas – a ditadura militar demonstrou o oposto: o impatriótico que está incutido no “entreguismo” – uma palavra pouco usada hoje em dia, mas que diz bem quando um país se entrega ao comando ( interesses) do outro. E que, até prova em contrário, quase nunca beneficia a nação, o povo, e a comunidade devidamente “apropriada”.

O Sete de Setembro já não anima muita gente. Olavo Bilac que se notabilizou por sua obra poética, mas também por ter advogado o serviço militar obrigatório, talvez nunca cogitasse de não ser chamado de patriota – mas quando imaginou que todo o brasileiro, ao atingir a maioridade, devesse se alistar compulsoriamente nas Forças Armadas, tinha como esperança – não de todo fraudada afinal – de que o capiau do interior pudesse sair de sua ignorância ou mesmo de seu analfabetismo, ao se alistar fosse em que Arma fosse.

É estranho como as datas e as palavras evoluem ou se transformam. Na musiquinha infantil que talvez já não se cante nas escolas primárias – aquela que proclama “marcha soldado, cabeça de papel/ se não marchar direito, vai preso no quartel” – há uma estrofe que diz “O quartel pegou fogo, vigia deu sinal/ acode, acode, acode a bandeira nacional”

A bandeira no lugar das vidas ou do próprio prédio do quartel? Exatamente. E assim na canção infantil, como no famoso quadro de Pedro Américo sobre a batalha do Avaí, na Guerra do Paraguai. Na tela imensa, que ocupa uma parede inteira do Museu Nacional de Belas do Rio, os militares de ambos os países, em alguns trechos, lutam menos entre si, do que em torno das respectivas bandeiras.

Nada de ilusões de que não fosse ou não seja assim, evidentemente. Há muito mais de simbolismo nas guerras do que desconfiam nossos corações pacifistas: o soldado russo que invadiu o Reichstag alemão, em Berlim, destruído pelas bombas e que fincou a bandeira soviética no topo cai-não-cai do edifício, sabia que entrava para a história como herói, como protagonista do último capítulo de uma tragédia imensa. O mesmo que aconteceu com a famosa foto dos soldados americanos a erguerem a bandeira americana em Ivo Jima, na guerra vitoriosa contra o Japão: a magnifica fotografia de Joe Rosenthal fez tanto sucesso, que se transformou num dos monumentos mais cultuados dos Estados Unidos – um dos primeiros países, a divulgar que a globalização implicava o fim das identidades nacionais. E que o tal patriotismo não tinha sentido algum(?).

Em ambos os casos, as bandeiras são mais que simbólicas: elas tremulam como parte de uma situação em que o patriotismo, na verdade, é o que mais conta e faz. E isso desde os tempos imemoriais: as legiões romanas tinham seus estandartes – eram eles que os soldados conduziam, como vanguarda simbólica de suas vitórias ( “acode, acode, acode a bandeira nacional”). Caso emblemático, a propósito, se dará nos primórdios da revolução francesa de 1789: acossado pelos monarquistas da Vendéia ( província da França que resistiu à implantação da Primeira República), um menino, de nome Barra, com não mais de 13 anos, entre render-se e entregar a bandeira da República, preferiu defendê-la: morreu trespassado, literalmente fincado ao pano que ele ousou resguardar, enrolando-o ao redor do próprio corpo. Naturalmente, virou herói nacional, cantado em prosa e verso como o primeiro patriota, digno do nome, a morrer como mártir da Primeira República francesa.

Talvez, enfim, a palavra patriotismo tenha vez, quando seu significado não implique discriminações: a ninguém é dado ser mais patriota por atender ao chamamento do clarim, ou ao apito de uma “fábrica de tecidos”(como reclamava da amada operária os versos de Noel Rosa). Mesmo assim, a expressão é repleta de ambigüidades: para muitos, que julgam ter sido lamentável que os holandeses não nos tivessem dominado a partir das invasões de Pernambuco no século XVII- Calabar não foi um traidor. Aliás, ao se ler os relatos da sua execução, por ter sido colaborador dos holandeses, surpreende a sua altivez. Não morreu a implorar perdão. Comportou-se como um valente, ou antes, como um patriota às avessas. Já, para os holandeses, foi mesmo um patriota, um colaborador de imensa valia.

Deve haver muito para se celebrar no Sete de Setembro. Quanto menos que a data não pertence a grupo algum da sociedade civil: constituímo-nos, como país, a partir do chamado “Grito do Ipiranga” no tal dia de 1822. Celebrá-lo, não deixa mesmo de ser uma questão de patriotismo. Que pode, entretanto, a seu turno, ser uma simples patriotada, a depender do lado em que se está. Nos anos 60, houve um jogo, em Porto Alegre, entre o Grêmio e uma seleção da então União Soviética. Como se tratava de um evento entre equipes de duas nações, natural que se tocassem os dois hinos, e a Banda da Aeronáutica – um bom conjunto musical para a época – foi contratado para a tarefa. Executado o hino nacional brasileiro, partiu-se, então, para o hino da URSS. Surpresa: os jogadores russos, até então respeitosos, compungidos, começam a rir, sem saírem de forma, em posição de sentido, mas extremamente divertidos. Como se tratava de uma partida com ampla cobertura da TV e do rádio, houve a curiosidade dos jornalistas: quais os motivo das risadas? Teria o conjunto tocado tão mal? Ou algum acorde fora do lugar havia estragado tudo?

Não, sob o ponto de vista musical não acontecera nada demais. É que, a banda, à falta da partitura da União Soviética, tocou o hino anterior à Revolução Bolchevique, ou seja, a “canção patriótica” que saudava o Czar. E que era conhecido da Banda da Aeronáutica; ela se juntava, amiúde, à Orquestra Sinfônica da Porto Alegre na execução da abertura “1812”, de Tchaykovsky, quando o referido hino se sobrepunha à “Marselhesa”, justamente para celebrar o ano de 1812, na vitória dos russos sobre o franceses de Napoleão Bonaparte.

No mesmo Rio Grande do Sul, aliás, deu-se algo semelhante no jogo recente entre o Internacional e o Chivas, do México. A TV e a imprensa em geral, não deram muita importância ao fato – mas a Banda da Brigada Militar (PM) gaúcha – seguramente o mais hediondo conjunto que toca o Hino Nacional nos jogos do Campeonato Brasileiro – foi responsável por uma das maiores vaias que permeou o jogo inteiro. E se deu justamente durante a execução do hino brasileiro. Uma vez que a banda da PM não tocou nem direito, nem de forma completa o hino mexicano, deu-se que os jogadores do Chivas, resolveram agir conforme o seu patriotismo lhes ditava: abandonaram a posição de sentido e começaram a se exercitar antes que o hino brasileiro fosse literalmente “executado” pela banda da PM gaúcha. O resultado não podia ser outro – entre compungidos, e furiosos – os gaúchos julgaram-se desrespeitados em seu patriotismo de brasileiros. Alguns cantavam, emocionados – patrioticamente; outros, furiosos, também patrioticamente, esganiçavam-se a xingar os mexicanos, que, igualmente, de forma patriótica, acharam de dar o troco que eles julgavam que a Banda gaúcha merecia por desrespeitar o hino de seu país.

Onde o patriotismo? Pensemos no Sete de Setembro: ele merece outras reflexões.

Enio Squeff é artista plástico e jornalista.

Fonte:  Carta Maior

13 Comentários

  1. O patriotismo: entre a realidade e a patriotada

    “Ao desmontarem núcleos de inteligência, de tecnologia e de reflexão nas universidades, pela expulsão sistemática de professores e de intelectuais de suas cátedras – muitos artistas, mas principalmente os mais conceituados cientistas – a ditadura militar demonstrou o oposto: o impatriótico que está incutido no “entreguismo” – uma palavra pouco usada hoje em dia, mas que diz bem quando um país se entrega ao comando ( interesses) do outro. E que, até prova em contrário, quase nunca beneficia a nação, o povo, e a comunidade devidamente “apropriada”.”

    Gostei desse trecho e espero que os tempos de entreguismo tenham acabado neste País. A prova dos nove será tirada nos próximos quatro anos.

    PS: Para os filhotes de calculadora, prova dos nove é uma maneira de comprovar a exatidão de um cálculo matemático.

  2. A MINHA RUA,EM QUE MORO, É A MAIS BELA DO MUNDO!

    No 7 de setembro,se deve refletir o seguinte:Em que país estarei morando daqui a 10 ou 20 anos.
    Ou melhor,para quem tem filho como eu.Que país entregarei para nossos filhos?
    Nosso país será grande se assim queiramos.

  3. lucena :
    A MINHA RUA,EM QUE MORO, É A MAIS BELA DO MUNDO!
    No 7 de setembro,se deve refletir o seguinte:Em que país estarei morando daqui a 10 ou 20 anos.
    Ou melhor,para quem tem filho como eu.Que país entregarei para nossos filhos?
    Nosso país será grande se assim queiramos.
    </blockquot
    A de se investir mt em educação básica,melhor o poder aquisitivo dos BRASUCAS, pois é o menor da AS ; facilitar acesso a faculdades públicas…é tem mt ainda p ser feito. Sds.

  4. “Patriotismo é o ultimo refugio de um canalha”

    O mundo é um só, e a espécie é a mesma, humanos, somos todos vizinhos.

    Se não fossem as patrias provavelmente viveriamos e um mundo sem guerras.

  5. Marcos :
    “Patriotismo é o ultimo refugio de um canalha”
    O mundo é um só, e a espécie é a mesma, humanos, somos todos vizinhos.
    Se não fossem as patrias provavelmente viveriamos e um mundo sem guerras.

    Se não fossem as religiões, concerteza…

  6. Marcos :
    “Patriotismo é o ultimo refugio de um canalha”
    O mundo é um só, e a espécie é a mesma, humanos, somos todos vizinhos.
    Se não fossem as patrias provavelmente viveriamos e um mundo sem guerras.

    Pensavam assim naquelas remotas epocas que so existia um unico continente e um unico idioma e se uniram para chegar ao céu e foram espalhados aos 4 cantos e não se entenderam mais.Em tudo que existe humanos existem diferenças e problemas porque somos imperfeitos mas querer viver na Terra com a cabeça no céu é impossivel e querer viver remotas epocas é regredir.Então so nos resta avançarmos sempre enfrente.

  7. Marcos :
    “Patriotismo é o ultimo refugio de um canalha”
    O mundo é um só, e a espécie é a mesma, humanos, somos todos vizinhos.
    Se não fossem as patrias provavelmente viveriamos e um mundo sem guerras.

    Se não fossem as religiões, com certeza…

  8. Deixem de utopia. Se não for a pátria, então outra coisa motivaria a divisão da espécie humana: laços sanguíneos, classe social, religião. Pensamento de rebanho é coisa da natureza humana, bem como é da natureza humana ser hostil àquilo que é diferente e procurar adquirir superioridade frente a ele.

  9. deixamos de bobagens,o patriotismo sube un pais,vai pedir um plato de comida para o yankis e fala pra eles que vc é irmão deles,fala pra eles que vc vai pra U.S.A como se estivera na sua casa,eu prefero que a gente robe entre a gente que venha uns de fora e que robem a gente.pra cima brasil ou estou farto de escutar que a gente passa fome que somos uns incivilizados,favelados,ladrões,etc…Morre de fome aquele que quer,porque terreno para fazer uma horta que sobra.sds

  10. Rafael :
    Pensamento de rebanho é coisa da natureza humana, bem como é da natureza humana ser hostil àquilo que é diferente e procurar adquirir superioridade frente a ele.

    HUMMMM…Isso é ortodoxia…Ortodoxo é todo aquele que se afina a algo,contenta-se estritamente apenas com isso…E Ortodoxia é aquele que não aceita mudanças…E nesse contesto se encaixa as principais religiões que são os alicerces das familias e das sociedades…VERAS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE A LUTA E NEM TEME QUEM TE ADORA A PROPRIA MORTE OH PATRIA AMADA

  11. Revolução Democrática e Patriótica de 1964: mais um ato de Independência do Brasil.

    Pela necessidade de se preservar a História, evitando que a reescrevam com viés político-ideológico revanchista, e deixarmos, às futuras gerações, um exemplo de compromisso com a verdade e com a liberdade, respaldado no valor à Democracia, tomo a liberdade de realizar as seguintes considerações:
    Realmente, o Sete de Setembro, Dia da Independência do Brasil, desde tempos não muito recentes, continua sendo um feriado de diversão pública, principalmente para as crianças: sempre há o desfile das tropas com suas bandas reluzentes, os armamentos – tanques de guerra, carros blindados ou mesmo a cavalaria – com cavalo e tudo, como nos filmes de bang-bang que tanto entusiasmaram gerações e gerações de brasileiros – e não se imagina, contudo, que no Brasil só exista ou existiu pujança militar, pois seria uma visão simplista e puramente tendenciosa.
    É verdade que os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica andavam, como hoje, fardados pelas ruas. Como em todos os países civilizados, não havia por que estranhá-los em seus orgulhosos galões: pois faziam e fazem parte da sociedade democrática de direito. Ao contrário do que vem se afirmando, as coisas só viriam a mudar diante do projeto golpista comandado por João Goulart e Leonel Brizola no sentido de implementarem um REGIME TOTALITÁRIO COMUNISTA. É também verdade que, de um dia para o outro, instaurava-se a desconfiança mútua no seio da sociedade civil. Entretanto, controlando o aparelho sindical, era o governo janguista que promovia o grevismo, a anarquia e o caos, e o país passou a viver dias de intranqüilidade, estagnação econômica e inflação descontrolada. Daí o confronto: de um lado, os anarquistas; de outro, o contra-revolucionário patriotismo militar embasado pelos anseios populares. Discordo do texto quando cita uma música censurada de Chico Buarque de Holanda, uma espécie de porta-voz dos desmandos de Cuba, o sentido de uma das frases definia a novidade: o regime militar tinha, literalmente, inventado o pecado. E o “patriotismo”, principalmente por parte de alguns civis que aderiram ao “golpe”, passou realmente a cumprir o que dissera séculos antes o inglês Samuel Johnson: seria o último reduto dos canalhas. Hora! Então reflitamos! Quem na verdade, até hoje, utiliza a ideologia do “patriotismo” como o último reduto dos canalhas? Um ditador sangrento e envelhecido como Fidel Castro ainda é cantado em prosa e verso por artistas como Chico Buarque, que fecha os olhos para os crimes do tirano comunista em nome de um esquerdismo hipócrita.
    Concordo que talvez nem tanto ao céu e nem tanto à terra. Millôr Fernandes parece ter definido bem as coisas, já ao fim da Revolução, após uma reflexão pragmática em seu livro “Militares, nunca mais”, revela:
    “Cresce o grupo que não quer mais ver MILITARES NO PODER, pelas razões abaixo: militar no poder, nunca mais. Só fizeram lambanças! Tiraram o cenário bucólico que havia na Via Dutra de uma só pista, que foi duplicada e recebeu melhorias; acabaram aí com as emoções das curvas mal construídas e os solavancos estimulantes provocados pelos buracos na pista. Não satisfeitos, fizeram o mesmo com a rodovia Rio-Juiz de Fora. Com a construção da ponte Rio-Niterói, acabaram com o sonho de crescimento da pequena Magé, cidade nos fundos da Baía de Guanabara, que era caminho obrigatório dos que iam de um lado ao outro e não queriam sofrer na espera da barcaça que levava meia dúzia de carros.
    Criaram esse maldito do Pró-Álcool, com o medo infundado de que o petróleo iria acabar um dia. Para apressar logo o fim do chamado “ouro negro”, deram um impulso gigantesco à Petrobrás, que passou a extrair petróleo 10 vezes mais (de 75 mil barris diários, passou a produzir 750 mil); sem contar o fedor de bêbado que os carros passaram a ter com o uso do álcool.
    Enfiaram o Brasil numa disputa estressante, levando-o da posição de 45.ª economia do mundo para a posição de 8.ª, trazendo com isso uma nociva onda de inveja mundial.
    Tiraram o sossego da vida ociosa de 13 milhões de brasileiros, que, com a gigantesca oferta de emprego, ficaram sem a desculpa do “estou desempregado”.
    Em 1971, no governo militar, o Brasil alcançou a posição de segundo maior construtor de navios no mundo. Uma desgraça completa.
    Com gigantesca oferta de empregos, baixaram consideravelmente os índices de roubos e assaltos. Sem aquela emoção de estar na iminência de sofrer um assalto, os nossos passeios perderem completamente a graça.
    Alteraram profundamente a topografia do território brasileiro com a construção de hidrelétricas gigantescas (TUCURUÍ, ILHA SOLTEIRA, JUPIÁ e ITAIPU), o que obrigou as nossas crianças a aprenderem sobre essas bobagens de nomes esquisitos. O Brasil, que antes vivia o romantismo do jantar à luz de velas ou de lamparinas, teve que tolerar a instalação de milhares de torres de alta tensão espalhadas pelo território nacional, levando energia elétrica a quem nunca precisou disso. Implementaram os metrôs de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Recife, deixando tudo pronto para atazanar a vida dos cidadãos e o trânsito nestas cidades.
    Baniram do Brasil pessoas bem intencionadas, que queriam implantar aqui um regime político que fazia a felicidade dos russos, cubanos e chineses, em cujos países as pessoas se reuniam em fila nas ruas apenas para bater-papo, e ninguém pensava em sair a passeio para nenhum outro país. Foram demasiadamente rigorosos com os simpatizantes daqueles regimes, só porque soltaram uma “bombinha de São João” no aeroporto de Guararapes, onde alguns inocentes morreram de susto apenas.
    Os militares são muito estressados. Fazem tempestade em copo d’água só por causa de alguns assaltos a bancos, seqüestros de diplomatas…ninharias que qualquer delegado de polícia resolve. Tiraram-nos o interesse pela Política, vez que os deputados e senadores daquela época não nos brindavam com esses deliciosos escândalos que fazem a alegria da gente hoje.
    Inventaram um tal de PROJETO RONDON, para que os nossos universitários conhecessem os problemas dos brasileiros desassistidos nos grotões da Amazônia, Centro-oeste e Nordeste; o FGTS, PIS e PASEP, só para criar atritos entre empregados e patrões. Para piorar a coisa, ainda criaram o MOBRAL, que ensinou milhões a ler e escrever, aumentando mais ainda o poder desses empregados contra os seus patrões.
    Nem o homem do campo escapou, porque criaram para ele o FUNRURAL, tirando do pobre coitado a doce preocupação que ele tinha com o seu futuro. Era tão bom imaginar-se velhinho, pedindo esmolas para sobreviver.
    Outras desgraças criadas pelos militares: trouxeram a TV em cores para as nossas casas, pelas mãos e burrice de um oficial do Exército, formado pelo Instituto Militar de Engenharia, que inventou o sistema PAL-M. Criaram a EMBRATEL; TELEBRÁS; ANGRA I e II; INPS, IAPAS, DATAPREV, LBA, FUNABEM.
    Tudo isso e muito mais os militares fizeram em 22 anos de governo. Depois que entregaram o governo aos civis, estes, nos vinte anos seguintes, não fizeram nem 10% dos estragos que os militares fizeram.
    Tem muito mais coisas horrorosas que eles, os militares, criaram, mas o que está escrito acima é o bastante para dizermos: “Militar no poder, nunca mais”!!! Salvo os domesticados…
    ‘A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta’ (Rui Barbosa em ‘Oração aos Moços’).
    ‘O cinema e a literatura inventaram o herói sem causa. O parlamento brasileiro consagrou o canalha sem jaça’ ” (Millôr Fernandes).
    Em certo momento li o seguinte: “quando o Barão do Rio Branco – (que era civil) monarquista – perguntou a Dom Pedro II, recém destituído do poder, o que fazer com a emergência da República. O Imperador, numa frase, legou o que se pode considerar uma espécie de lição cívica para o futuro: o Barão que continuasse, com o seu talento, a servir ao seu país (já era diplomata). Sub-repticiamente, o que o antigo monarca queria dizer era que, acima dos regimes (e os militares que o depuseram não instauraram uma ditadura militar”, … e aí acrescento: como também não o fariam depois de 64), o que importava era a “pátria”, a pátria brasileira. Mais importante do que o Imperador, era o Brasil e não países como Cuba, China ou como a antiga URSS.
    Posso afirmar, ainda, que hoje em dia não há nenhum pudor em se reivindicar o patriotismo, que digam os “cara-pintadas”, seja para o que for. É cômoda a tentativa de deturpar a História, reescrevendo-a. A verdade é que depois de sua restauração pela Revolução – que muitas vezes contrariou os interesses do totalitarismo comunista, quando então o que era bom para os vermelhos, tinha, compulsoriamente de ser ótimo para os brasileiros – o conceito como que passou a sofrer certa valorização pública. No século XVII brasileiros de diferentes raças, unidos pelo patriotismo e forte sentimento nacionalista, estranharam sim o que os holandeses pretendiam definir o que fazer com o Brasil – estes brasileiros não entendiam que os holandeses julgavam ter como direito se apoderararem – brasileiros esses que contestaram, através das armas, que o Príncipe Maurício de Nassau se reportasse à terra invadida, não pelo nome, mas pela expressão “pátria”. Seria natural Nassau se reportar a sua Metrópole daquela forma se, no entanto, o Brasil não estivesse ocupado por brasileiros de corpo e alma. É claro que pequenos grupos ou indivíduos, ao longo da História, tentaram usurpar a verdadeira noção de patriotismo, cada um a seu modo. A grande diferença entre Adolf Hitler e Franz Liszt é que o grande compositor tinha a exata noção de que patriotismo é o sentimento que abraça uma Nação, sendo portanto, um bem intangível de todos e não de poucos. Ao contrário do que foi dito, os militares brasileiros da Forças Armadas jamais se utilizaram da noção de patriotismo como rito ideológico pelo poder, como fizeram Fidel Castro, Mao Tse Tung, Kim Jong-II,
    Quanto à argumentação ilógica de que os militares de 64 teriam manipulado o conceito de patriotismo, me alio as palavras de Reinaldo Azevedo: “Não, não estou entre aqueles que avaliam a qualidade de uma obra a partir da posição ideológica do autor. Mas também é preciso tomar cuidado para que a ideologia não se transforme numa bolha de proteção. Wilson Simonal, que não foi dedo-duro porcaria nenhuma, mas tinha inequívoca simpatia pelo regime militar, foi esmagado, massacrado, destruído. Alguém propôs algum cuidado, algo como: ‘Epa! Esperem! Vamos preservar o artista’? Nada disso! Ele foi banido até da História. E, no entanto, os militares brasileiros, na comparação com os irmãos Castro ou com os sandinistas — queridinhos de Chico Buarque — estavam mais para normalistas do que para ditadores, não é mesmo? Qualquer morte é uma lástima. Mas as 427 do regime militar brasileiro não podem ser postas em pé de igualdade com as 100 mil de Cuba. Se Simonal foi cúmplice de 427 em razão de suas posições políticas, então Chico foi cúmplice de 100 mil. Ou perdi alguma coisa no território da lógica? Aceito, sem pestanejar, que Chico é um artista de MPB mais elaborado do que Simonal. Mas isso não lhe garante uma cota de cadáveres, não é mesmo?”
    Então qual o objetivo da luta armada dos que combateram o regime militar? Daniel Aarão Reis, um ex-terrorista do MR-8, atualmente professor de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense, responde a esta pergunta dizendo: “As ações armadas da esquerda brasileira não deve ser mitigadas. Nem para um lado nem para outro. Não compartilho a lenda de que, no fim dos anos 1960 e no inicio de 1970 (inclusive eu), fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito sugerido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial, pretendia-se implantar uma ditadura revolucionaria. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentam como instrumento da resistência democrática.
    As esquerdas radicais se lançaram na luta contra a ditadura, não porque a gente queria uma democracia, mas para instaurar um socialismo no país, por meio de uma ditadura revolucionaria como existia na China e em Cuba. Mas , evidentemente, elas falaram em resistência, palavra muito mais simpática, mobilizadora e aglutinadora. Isso é um ensinamento que vem dos clássicos sobre guerra”.
    Fartamente documentado, os militares de 64, ao contrário do que afirma o texto, desmontaram núcleos de desinteligência, de apologia terrorista e de reflexão totalitária nas universidades, pela expulsão sistemática de pseudo-professores anarquistas pró-revolução armada “bolshevik” e de “intelectualóides” fanáticos marxistas de suas cátedras – uns poucos artistas irresponsáveis, mas principalmente os mais distópicos cientistas socialistas – a administração militar demonstrou o óbvio: o impatriótico que está incutido no “entreguismo” – uma palavra pouco usada hoje em dia, mas que diz bem quando um grupo pretende levar o país a se entregar ao comando (interesses) do outro. E que, até prova em contrário, nunca beneficia a nação, o povo, e a comunidade devidamente “apropriada”. Neste momento, vale à pena lembrar que a ruptura do alinhamento político brasileiro com o bloco comunista se iniciou com a Revolução de 1964 e, ainda no governo Geisel, se inicia o rompimento geopolítico com a hegemonia norte-americana no continente.
    Sim, mas não nos afastemos do foco. Deixemos de lado as interpretações pessoais, individualistas ou baseadas em ideologias expansionistas estrangeiras, e vamos buscar entender a verdadeira essência do nosso patriotismo e a dimensão da nossa nacionalidade! Neste dia 7 de setembro o que importa, por exemplo, é sabermos em que momento da nossa História o sentimento de Pátria aflorou definitivamente entre a população brasileira, revelando as nossas raízes nacionalistas. Foi na primeira metade do século XVII, exatamente em 19 de abril de 1648. Refiro-me a saga heróica e vitoriosa, prodígio de criatividade, ousadia e bravura das três raças formadoras de nossa gente — o branco português, o negro africano e o índio nativo — na sangrenta luta travada, no sagrado rincão nordestino, justamente contra o nacionalismo expansionista dos invasores holandeses de nosso solo pátrio, durante a primeira Batalha dos Guararapes.
    Neste 7 de setembro, dia no qual podemos demonstrar o orgulho de sermos brasileiros e, porque não, de sermos nacionalistas e patriotas. Não podemos nos deixar levar por parâmetros individuais ou de pequenos grupos. As Forças Armadas, reconhecidamente, são as Instituições mais respeitadas pela sociedade civil, embora alguns queiram desmoralizar com falsas afirmações. Os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica alcançaram tamanho reconhecimento e aclamação popular justamente por que sempre entenderam, respeitaram e defenderam os parâmetros de patriotismo e nacionalismo seguidos pela população em geral.
    Não é divulgado em nossos bancos escolares mas é importante salientar a Guerra dos Guararapes como uma das mais gloriosas e épicas páginas de clamor pela Independência da nossa História. Foi mais do que um memorável feito militar de nossos antepassados. Sendo de longe a pior guerra colonial das Américas, Guararapes pode ainda ser considerada como a maior batalha campal travada nas Américas até o século XIX. Nenhuma batalha internacional travada em solo norte-americano até hoje, ou seja, nenhum filme “hollywoodiano” seria capaz de expressar ou se comparar à sua dimensão quantitativa e estratégica. Nenhuma batalha das guerras entre franceses e britânicos na América do Norte, nem na guerra da Independência dos Estados Unidos, ou nas guerras pelo Texas ou México, se compara à saga de Guararapes. Pela primeira vez na História negros e índios lutaram lado a lado com brancos, em igualdade de condições, e foram condecorados com a Ordem de Cristo, em ação militar valorosa.
    A Holanda fundaria o regime dos “Afrikaanders” racistas no “apartheid” da África do Sul. Em Guararapes, disse o eminente historiador Gilberto Freire, “escreveu-se a sangue o endereço do Brasil: o de ser um Brasil verdadeiramente mestiço, na raça e na cultura”. Segundo o Gen. Flamarion Barreto em conferência proferida durante a Semana da Pátria de 1966, “O Brasileiro nasceu nos Guararapes”. Certo amigos, foi mais um grito de independência.
    O 7 de Setembro já não anima muita gente? Não é isso que vejo nas ruas! O “muita gente”, na verdade, deve fazer parte de uma minoria de abastados sem noção de civismo e sem amor pelo Brasil. Sobre Olavo Bilac, no portal do Exército Brasileiro temos: “O autor da letra do Hino à Bandeira e da grandiosa ‘Oração à Bandeira’, empenhou-se, ainda, na ação educacional cívica, buscando a promoção dos mais puros ideais da nacionalidade (…) Bilac era, acima de tudo, um patriota consciente do momento histórico, um combatente pelo civismo, ao qual não hesitava em devotar-se, por inteiro. Em 1915 e 1916, empreendeu peregrinação pelo País, conscientizando os brasileiros da necessidade do Serviço Militar Obrigatório, pregando a verdadeira cidadania. Sua missão, iniciada em São Paulo, e ressonante no Rio de Janeiro, tornou-se alvo de destacada homenagem no Clube Militar. Prosseguiu rumo a Minas Gerais e ao Rio Grande do Sul, defendendo, com ardor, a associação de todos os brasileiros à sua causa”.
    Já dizia o jornalista José Adalberto Ribeiro: “O comunismo fracassou no falso império soviético, na Albânia, na Alemanha Oriental, na Coréia do Norte, em Cuba, no Camboja, no Vietnã, então, qual a razão de animais políticos considerados racionais ainda persistirem nos caminhos da perdição? É a cegueira ideológica. O comunismo é uma pereba ideológica. Haverá sempre uma pereba na história da humanidade e na maldição da raça humana. A muralha de Berlim foi uma paranóia ideológica construída pelos comunistas para reprimir a liberdade humana. Suprema farsa, os comunistas de hoje se apresentam como sendo democratas. Comunas e assemelhados são parasitários da democracia”.
    Mesmo passados mais de 20 (vinte) anos desde a derrota dos grupos comunistas de esquerda; mesmo após o governo militar entregar as rédeas da Nação à população brasileira, garantindo eleições diretas e o pleno exercício democrático com partidos políticos de esquerda oficialmente registrados na justiça eleitoral, como o PCB, PC do B e PT; mesmo, em nome da Democracia, vendo passivamente criminosos serem transformados em heróis e hoje alcançando as altas esferas do poder, onde militam pelas mesmas idéias na esperança de colocar o País sob um regime idêntico a aquele que malogrou o leste europeu; os revanchistas derrotados de 1964 não conseguem olhar para o futuro e comemorar o dia 7 de setembro como o povo brasileiro sempre comemorou: sem ódio e com amor no coração.
    Vamos deixar as mágoas no passado e caminhar juntos, unidos pelo verdadeiro sentimento de patriotismo sem patriotadas, como em Guararapes, lado a lado, respeitando as posições ideológicas de cada um, desde que tais ideologias não fiquem submetidas a interesses nocivos ao povo brasileiro.

    “EXÉRCITO BRASILEIRO – BRAÇO FORTE, MÃO AMIGA!”

  12. Revolução Democrática e Patriótica de 1964: mais um ato de Independência do Brasil.

    Pela necessidade de se preservar a História, evitando que a reescrevam com viés político-ideológico revanchista, e deixarmos, às futuras gerações, um exemplo de compromisso com a verdade e com a liberdade, respaldado no valor à Democracia, tomo a liberdade de realizar as seguintes considerações:
    Realmente, o Sete de Setembro, Dia da Independência do Brasil, desde tempos não muito recentes, continua sendo um feriado de diversão pública, principalmente para as crianças: sempre há o desfile das tropas com suas bandas reluzentes, os armamentos – tanques de guerra, carros blindados ou mesmo a cavalaria – com cavalo e tudo, como nos filmes de bang-bang que tanto entusiasmaram gerações e gerações de brasileiros – e não se imagina, contudo, que no Brasil só exista ou existiu pujança militar, pois seria uma visão simplista e puramente tendenciosa.
    É verdade que os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica andavam, como hoje, fardados pelas ruas. Como em todos os países civilizados, não havia por que estranhá-los em seus orgulhosos galões: pois faziam e fazem parte da sociedade democrática de direito. Ao contrário do que vem se afirmando, as coisas só viriam a mudar diante do projeto golpista comandado por João Goulart e Leonel Brizola no sentido de implementarem um REGIME TOTALITÁRIO COMUNISTA. É também verdade que, de um dia para o outro, instaurava-se a desconfiança mútua no seio da sociedade civil. Entretanto, controlando o aparelho sindical, era o governo janguista que promovia com o grevismo, a anarquia e o caos a desconfiança entre irmãos, levando o país a viver dias de intranqüilidade, estagnação econômica e inflação descontrolada. Daí o confronto: de um lado, os anarquistas; de outro, o contra-revolucionário patriotismo militar embasado pelos anseios populares. Não é verdade o que cita uma música censurada de Chico Buarque de Holanda, uma espécie de porta-voz dos desmandos de Cuba, no sentido de uma das frases definir a novidade: o regime militar tinha, literalmente, inventado o pecado. E o “patriotismo”, principalmente por parte de alguns civis que aderiram ao “golpe”, passou realmente a cumprir o que dissera séculos antes o inglês Samuel Johnson: seria o último reduto dos canalhas. Mas como “reduto dos canalhas”, se a adesão foi dos militares em comunhão com a sociedade civil e não o contrário? Hora! Então reflitamos! Quem na verdade, até hoje, utiliza a ideologia do “patriotismo” como o último reduto dos canalhas? Um ditador sangrento e envelhecido como Fidel Castro ainda é cantado em prosa e verso por artistas como Chico Buarque, que fecha os olhos para os crimes do tirano comunista em nome de um esquerdismo hipócrita.
    Concordo que talvez nem tanto ao céu e nem tanto à terra. Millôr Fernandes parece ter definido bem as coisas, já ao fim da Revolução, após uma reflexão pragmática em seu livro “Militares, nunca mais”, revela:
    “Cresce o grupo que não quer mais ver MILITARES NO PODER, pelas razões abaixo: militar no poder, nunca mais. Só fizeram lambanças! Tiraram o cenário bucólico que havia na Via Dutra de uma só pista, que foi duplicada e recebeu melhorias; acabaram aí com as emoções das curvas mal construídas e os solavancos estimulantes provocados pelos buracos na pista. Não satisfeitos, fizeram o mesmo com a rodovia Rio-Juiz de Fora. Com a construção da ponte Rio-Niterói, acabaram com o sonho de crescimento da pequena Magé, cidade nos fundos da Baía de Guanabara, que era caminho obrigatório dos que iam de um lado ao outro e não queriam sofrer na espera da barcaça que levava meia dúzia de carros.
    Criaram esse maldito do Pró-Álcool, com o medo infundado de que o petróleo iria acabar um dia. Para apressar logo o fim do chamado “ouro negro”, deram um impulso gigantesco à Petrobrás, que passou a extrair petróleo 10 vezes mais (de 75 mil barris diários, passou a produzir 750 mil); sem contar o fedor de bêbado que os carros passaram a ter com o uso do álcool.
    Enfiaram o Brasil numa disputa estressante, levando-o da posição de 45.ª economia do mundo para a posição de 8.ª, trazendo com isso uma nociva onda de inveja mundial.
    Tiraram o sossego da vida ociosa de 13 milhões de brasileiros, que, com a gigantesca oferta de emprego, ficaram sem a desculpa do “estou desempregado”.
    Em 1971, no governo militar, o Brasil alcançou a posição de segundo maior construtor de navios no mundo. Uma desgraça completa.
    Com gigantesca oferta de empregos, baixaram consideravelmente os índices de roubos e assaltos. Sem aquela emoção de estar na iminência de sofrer um assalto, os nossos passeios perderem completamente a graça.
    Alteraram profundamente a topografia do território brasileiro com a construção de hidrelétricas gigantescas (TUCURUÍ, ILHA SOLTEIRA, JUPIÁ e ITAIPU), o que obrigou as nossas crianças a aprenderem sobre essas bobagens de nomes esquisitos. O Brasil, que antes vivia o romantismo do jantar à luz de velas ou de lamparinas, teve que tolerar a instalação de milhares de torres de alta tensão espalhadas pelo território nacional, levando energia elétrica a quem nunca precisou disso. Implementaram os metrôs de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Recife, deixando tudo pronto para atazanar a vida dos cidadãos e o trânsito nestas cidades.
    Baniram do Brasil pessoas bem intencionadas, que queriam implantar aqui um regime político que fazia a felicidade dos russos, cubanos e chineses, em cujos países as pessoas se reuniam em fila nas ruas apenas para bater-papo, e ninguém pensava em sair a passeio para nenhum outro país. Foram demasiadamente rigorosos com os simpatizantes daqueles regimes, só porque soltaram uma “bombinha de São João” no aeroporto de Guararapes, onde alguns inocentes morreram de susto apenas.
    Os militares são muito estressados. Fazem tempestade em copo d’água só por causa de alguns assaltos a bancos, seqüestros de diplomatas…ninharias que qualquer delegado de polícia resolve. Tiraram-nos o interesse pela Política, vez que os deputados e senadores daquela época não nos brindavam com esses deliciosos escândalos que fazem a alegria da gente hoje.
    Inventaram um tal de PROJETO RONDON, para que os nossos universitários conhecessem os problemas dos brasileiros desassistidos nos grotões da Amazônia, Centro-oeste e Nordeste; o FGTS, PIS e PASEP, só para criar atritos entre empregados e patrões. Para piorar a coisa, ainda criaram o MOBRAL, que ensinou milhões a ler e escrever, aumentando mais ainda o poder desses empregados contra os seus patrões.
    Nem o homem do campo escapou, porque criaram para ele o FUNRURAL, tirando do pobre coitado a doce preocupação que ele tinha com o seu futuro. Era tão bom imaginar-se velhinho, pedindo esmolas para sobreviver.
    Outras desgraças criadas pelos militares: trouxeram a TV em cores para as nossas casas, pelas mãos e burrice de um oficial do Exército, formado pelo Instituto Militar de Engenharia, que inventou o sistema PAL-M. Criaram a EMBRATEL; TELEBRÁS; ANGRA I e II; INPS, IAPAS, DATAPREV, LBA, FUNABEM.
    Tudo isso e muito mais os militares fizeram em 22 anos de governo. Depois que entregaram o governo aos civis, estes, nos vinte anos seguintes, não fizeram nem 10% dos estragos que os militares fizeram.
    Tem muito mais coisas horrorosas que eles, os militares, criaram, mas o que está escrito acima é o bastante para dizermos: “Militar no poder, nunca mais”!!! Salvo os domesticados…
    ‘A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta’ (Rui Barbosa em ‘Oração aos Moços’).
    ‘O cinema e a literatura inventaram o herói sem causa. O parlamento brasileiro consagrou o canalha sem jaça’ ” (Millôr Fernandes).
    Em certo momento li o seguinte: “quando o Barão do Rio Branco – (que era civil) monarquista – perguntou a Dom Pedro II, recém destituído do poder, o que fazer com a emergência da República. O Imperador, numa frase, legou o que se pode considerar uma espécie de lição cívica para o futuro: o Barão que continuasse, com o seu talento, a servir ao seu país (já era diplomata). Sub-repticiamente, o que o antigo monarca queria dizer era que, acima dos regimes (e os militares que o depuseram não instauraram uma ditadura militar”, … e aí acrescento: como também não o fariam depois de 64), o que importava era a “pátria”, a pátria brasileira. Mais importante do que o Imperador, era o Brasil e não países como Cuba, China ou como a antiga URSS.
    Posso afirmar, ainda, que hoje em dia não há nenhum pudor em se reivindicar o patriotismo, que digam os “cara-pintadas”, seja para o que for. É cômoda a tentativa de deturpar a História, reescrevendo-a. A verdade é que depois de sua restauração pela Revolução – que muitas vezes contrariou os interesses do totalitarismo comunista, quando então o que era bom para os vermelhos, tinha, compulsoriamente de ser ótimo para os brasileiros – o conceito como que passou a sofrer certa valorização pública. No século XVII brasileiros de diferentes raças, unidos pelo patriotismo e forte sentimento nacionalista, estranharam sim o que os holandeses pretendiam definir o que fazer com o Brasil – estes brasileiros não entendiam que os holandeses julgavam ter como direito se apoderararem – brasileiros esses que contestaram, através das armas, que o Príncipe Maurício de Nassau se reportasse à terra invadida, não pelo nome, mas pela expressão “pátria”. Seria natural Nassau se reportar a sua Metrópole daquela forma se, no entanto, o Brasil não estivesse ocupado por brasileiros de corpo e alma. É claro que pequenos grupos ou indivíduos, ao longo da História, tentaram usurpar a verdadeira noção de patriotismo, cada um a seu modo. A grande diferença entre Adolf Hitler e Franz Liszt é que o grande compositor tinha a exata noção de que patriotismo é o sentimento que abraça uma Nação, sendo portanto, um bem intangível de todos e não de poucos. Ao contrário do que foi dito, os militares brasileiros da Forças Armadas jamais se utilizaram da noção de patriotismo como rito ideológico pelo poder, como fizeram Fidel Castro, Mao Tse Tung ou Kim Jong-II.
    Quanto à argumentação ilógica de que os militares de 64 teriam manipulado o conceito de patriotismo, me alio as palavras de Reinaldo Azevedo: “Não, não estou entre aqueles que avaliam a qualidade de uma obra a partir da posição ideológica do autor. Mas também é preciso tomar cuidado para que a ideologia não se transforme numa bolha de proteção. Wilson Simonal, que não foi dedo-duro porcaria nenhuma, mas tinha inequívoca simpatia pelo regime militar, foi esmagado, massacrado, destruído. Alguém propôs algum cuidado, algo como: ‘Epa! Esperem! Vamos preservar o artista’? Nada disso! Ele foi banido até da História. E, no entanto, os militares brasileiros, na comparação com os irmãos Castro ou com os sandinistas — queridinhos de Chico Buarque — estavam mais para normalistas do que para ditadores, não é mesmo? Qualquer morte é uma lástima. Mas as 427 do regime militar brasileiro não podem ser postas em pé de igualdade com as 100 mil de Cuba. Se Simonal foi cúmplice de 427 em razão de suas posições políticas, então Chico foi cúmplice de 100 mil. Ou perdi alguma coisa no território da lógica? Aceito, sem pestanejar, que Chico é um artista de MPB mais elaborado do que Simonal. Mas isso não lhe garante uma cota de cadáveres, não é mesmo?”
    Então qual o objetivo da luta armada dos que combateram o regime militar? Daniel Aarão Reis, um ex-terrorista do MR-8, atualmente professor de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense, responde a esta pergunta dizendo: “As ações armadas da esquerda brasileira não deve ser mitigadas. Nem para um lado nem para outro. Não compartilho a lenda de que, no fim dos anos 1960 e no inicio de 1970 (inclusive eu), fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito sugerido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial, pretendia-se implantar uma ditadura revolucionaria. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentam como instrumento da resistência democrática.
    As esquerdas radicais se lançaram na luta contra a ditadura, não porque a gente queria uma democracia, mas para instaurar um socialismo no país, por meio de uma ditadura revolucionaria como existia na China e em Cuba. Mas , evidentemente, elas falaram em resistência, palavra muito mais simpática, mobilizadora e aglutinadora. Isso é um ensinamento que vem dos clássicos sobre guerra”.
    Fartamente documentado, os militares de 64, ao contrário do que afirma o texto, desmontaram núcleos de desinteligência, de apologia terrorista e de reflexão totalitária nas universidades, pela expulsão sistemática de pseudo-professores anarquistas pró-revolução armada “bolshevik” e de “intelectualóides” fanáticos marxistas de suas cátedras – uns poucos artistas irresponsáveis, mas principalmente os mais distópicos cientistas socialistas – a administração militar demonstrou o óbvio: o impatriótico que está incutido no “entreguismo” – uma palavra pouco usada hoje em dia, mas que diz bem quando um grupo pretende levar o país a se entregar ao comando (interesses) do outro. E que, até prova em contrário, nunca beneficia a nação, o povo, e a comunidade devidamente “apropriada”. Neste momento, vale à pena lembrar que a ruptura do alinhamento político brasileiro com o bloco comunista se iniciou com a Revolução de 1964 e, ainda no governo Geisel, se inicia o rompimento geopolítico com a hegemonia norte-americana no continente.
    Sim, mas não nos afastemos do foco. Deixemos de lado as interpretações pessoais, individualistas ou baseadas em ideologias expansionistas estrangeiras, e vamos buscar entender a verdadeira essência do nosso patriotismo e a dimensão da nossa nacionalidade! Neste dia Sete de setembro o que importa, por exemplo, é sabermos em que momento da nossa História o sentimento de Pátria aflorou definitivamente entre a população brasileira, revelando as nossas raízes nacionalistas. Foi na primeira metade do século XVII, exatamente em 19 de abril de 1648. Refiro-me a saga heróica e vitoriosa, prodígio de criatividade, ousadia e bravura das três raças formadoras de nossa gente — o branco português, o negro africano e o índio nativo — na sangrenta luta travada, no sagrado rincão nordestino, justamente contra o nacionalismo expansionista dos invasores holandeses de nosso solo pátrio, durante a primeira Batalha dos Guararapes.
    Neste Sete de setembro, dia no qual podemos demonstrar o orgulho de sermos brasileiros e, porque não, de sermos nacionalistas e patriotas. Não podemos nos deixar levar por parâmetros individuais ou de pequenos grupos. As Forças Armadas, reconhecidamente, são as Instituições mais respeitadas pela sociedade civil, embora alguns queiram desmoralizar com falsas afirmações. Os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica alcançaram tamanho reconhecimento e aclamação popular justamente por que sempre entenderam, respeitaram e defenderam os parâmetros de patriotismo e nacionalismo seguidos pela população em geral.
    Não é divulgado em nossos bancos escolares mas é importante salientar a Guerra dos Guararapes como uma das mais gloriosas e épicas páginas de clamor pela Independência da nossa História. Foi mais do que um memorável feito militar de nossos antepassados. Sendo de longe a pior guerra colonial das Américas, Guararapes pode ainda ser considerada como a maior batalha campal travada nas Américas até o século XIX. Nenhuma batalha internacional travada em solo norte-americano até hoje, ou seja, nenhum filme “hollywoodiano” seria capaz de expressar ou se comparar à sua dimensão quantitativa e estratégica. Nenhuma batalha das guerras entre franceses e britânicos na América do Norte, nem na guerra da Independência dos Estados Unidos, ou nas guerras pelo Texas ou México, se compara à saga de Guararapes. Pela primeira vez na História negros e índios lutaram lado a lado com brancos, em igualdade de condições, e foram condecorados com a Ordem de Cristo, em ação militar valorosa.
    A Holanda fundaria o regime dos “Afrikaanders” racistas no “apartheid” da África do Sul. Em Guararapes, disse o eminente historiador Gilberto Freire, “escreveu-se a sangue o endereço do Brasil: o de ser um Brasil verdadeiramente mestiço, na raça e na cultura”. Segundo o Gen. Flamarion Barreto em conferência proferida durante a Semana da Pátria de 1966, “O Brasileiro nasceu nos Guararapes”. Certo amigos, foi mais um grito de independência.
    O Sete de Setembro já não anima muita gente? Não é isso que vejo nas ruas! O “muita gente”, na verdade, deve fazer parte de uma minoria de abastados sem noção de civismo e sem amor pelo Brasil. Sobre Olavo Bilac, no portal do Exército Brasileiro temos: “O autor da letra do Hino à Bandeira e da grandiosa ‘Oração à Bandeira’, empenhou-se, ainda, na ação educacional cívica, buscando a promoção dos mais puros ideais da nacionalidade (…) Bilac era, acima de tudo, um patriota consciente do momento histórico, um combatente pelo civismo, ao qual não hesitava em devotar-se, por inteiro. Em 1915 e 1916, empreendeu peregrinação pelo País, conscientizando os brasileiros da necessidade do Serviço Militar Obrigatório, pregando a verdadeira cidadania. Sua missão, iniciada em São Paulo, e ressonante no Rio de Janeiro, tornou-se alvo de destacada homenagem no Clube Militar. Prosseguiu rumo a Minas Gerais e ao Rio Grande do Sul, defendendo, com ardor, a associação de todos os brasileiros à sua causa”.
    Já dizia o jornalista José Adalberto Ribeiro: “O comunismo fracassou no falso império soviético, na Albânia, na Alemanha Oriental, na Coréia do Norte, em Cuba, no Camboja, no Vietnã, então, qual a razão de animais políticos considerados racionais ainda persistirem nos caminhos da perdição? É a cegueira ideológica. O comunismo é uma pereba ideológica. Haverá sempre uma pereba na história da humanidade e na maldição da raça humana. A muralha de Berlim foi uma paranóia ideológica construída pelos comunistas para reprimir a liberdade humana. Suprema farsa, os comunistas de hoje se apresentam como sendo democratas. Comunas e assemelhados são parasitários da democracia”.
    Mesmo passados mais de 20 (vinte) anos desde a derrota dos grupos comunistas de esquerda; mesmo após o governo militar entregar as rédeas da Nação à população brasileira, garantindo eleições diretas e o pleno exercício democrático com partidos políticos de esquerda oficialmente registrados na justiça eleitoral, como o PCB, PC do B e PT; mesmo, em nome da Democracia, vendo passivamente criminosos serem transformados em heróis e hoje alcançando as altas esferas do poder, onde militam pelas mesmas idéias na esperança de colocar o País sob um regime idêntico a aquele que malogrou o leste europeu; os revanchistas derrotados de 1964 não conseguem olhar para o futuro e comemorar o dia Sete de setembro como o povo brasileiro sempre comemorou: sem ódio e com amor no coração.
    Vamos deixar as mágoas no passado e caminhar juntos, unidos pelo verdadeiro sentimento de patriotismo sem patriotadas, como em Guararapes, lado a lado, respeitando as posições ideológicas de cada um, desde que tais ideologias não fiquem submetidas a interesses nocivos ao povo brasileiro.

    “EXÉRCITO BRASILEIRO – BRAÇO FORTE, MÃO AMIGA!”

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