Autor: Bosco123
Plano Brasil
A família de mísseis ASTER fabricada pelo consórcio EUROSAM, formado pela MBDA e pela Thales, tem o mérito de ter feito a Europa deixar de ser coadjuvante no que se refere a mísseis antiaéreos de médio e grande alcance.
Embora a Europa tenha sido prolífica no desenvolvimento de mísseis para a defesa de baixa altitude, sempre esteve um passo atrás dos Estados Unidos e da Rússia (URSS) no que se refere a mísseis de performance mais expandida.
O sistema de mísseis ASTER promete assegurar uma defesa eficiente contra todas as ameaças esperadas até pelo menos, meados desse século, sejam elas aviões de asa fixa de alta performance, helicópteros, UAVs, mísseis cruise (subsônicos e supersônicos), mísseis balísticos de curto alcance, e futuramente, até mísseis balísticos de médio alcance.
O sistema ASTER conta com os mísseis de lançamento vertical ASTER 15 e ASTER 30, sendo aptos para uso naval e terrestre (lançadores móveis autopropulsados).
O sistema mostrou-se extremamente prático, sendo os mísseis formados por dois estágios. O primeiro estágio, ou booster, de combustível sólido e dotado de TVC, varia conforme a versão e é descartado após lançar e acelerar o míssil; e o segundo estágio, ou estágio terminal, chamado de “ASTER Dart”, que consiste no míssil propriamente dito, também de combustível sólido, e que efetivamente intercepta o alvo.
O “ASTER Dart” tem 180 mm de diâmetro, 110 kg de massa total e uma ogiva de fragmentação de 15 kg.
Corte esquemático mostrando os componentes do “ASTER Dart’
O míssil ASTER 15 tem uma massa de 310 kg e é formado pelo “míssil propriamente” (ASTER Dart), combinado com um primeiro estágio (booster) de 200 kg que lhe confere um alcance máximo de 30 km e cobre a média altitude (10/12 km), com velocidade de Mach 3.5. Será usado na defesa de ponto e de área curta de navios de superfície.
O míssil ASTER 30 tem uma massa de 450 kg, tendo um primeiro estágio maior, pesando 340 kg, o que lhe confere um alcance máximo em torno de 100 km, cobrindo altitudes de até 20 km, em velocidade de Mach 4.5. Será usado na defesa de área naval e no sistema SAMP-T, de defesa antiaérea terrestre, montado em um lançador vertical autopropulsado com 8 células. Tem inclusive capacidade ATBM (antimíssil balístico tático).
Lançador Vertical
Esse sistema de mísseis possui uma cabeça de busca por radar ativo, não sendo necessário que o alvo seja “iluminado” por um radar externo. Conta com uma plataforma inercial avançada e é capaz de receber atualizações de meio curso via data-link (uplink) do radar de direção de tiro de modo a corrigir sua trajetória em direção a alvos distantes, velozes e manobráveis, até que a cabeça de busca autônoma assuma o comando do míssil.
Esquema de funcionamento do comando e controle do míssil ASTER
Uma inovação dessa família de mísseis é a combinação das tradicionais superfícies aerodinâmicas móveis de controle com um sistema ativo de controle por vetoração de empuxo situado no centro de gravidade do míssil, onde há 4 bocais de escape de jato, sistema este denominado PIF-PAF (controle por vetoramento de empuxo – controle aerodinâmico), que confere extrema manobrabilidade em todas as fases da trajetória após a liberação do booster, possibilitando um alto índice de sucesso, inclusive com impacto direto (hit-to-kill), desejável na interceptação de mísseis balísticos.
Diagrama mostrando o funcionamento do sistema de vetoração de empuxo (PIF) do “ASTER Dart”
Diagrama mostrando a localização do sistema PIF-PAF
Novas versões prometem ser eficientes contra mísseis balísticos de alcance médio (MRBM), liberando um terceiro estágio dotado de um “veículo de destruição cinética” para altitude muito alta/quase exoatmosférica, a exemplo do míssil americano THAAD. Tal versão é conhecida hoje como ASTER 30 Block II, mas deverá receber a denominação de ASTER 45.
Futura versão eficiente contra MRBM.
A combinação dos dois mísseis (ASTER 15 e ASTER 30) para a defesa naval, cobrindo tanto a defesa de ponto quanto a defesa de área, é denominada de PAAMS (ou Sea Viper no Reino Unido) e será usado pela Itália, França, Reino Unido e Singapura em navios de defesa aérea, sendo lançados dos lançadores verticais SYLVER (Sistema de Lançamento Vertical) com módulos de 8 células cada.
Destróier Type 45 da Royal Navy que usa o sistema PAAMS.
Ilustração dos Lançadores SYLVER embarcados nas Fragatas Fremm
Já o ASTER 15 será usado de forma isolada na defesa de alguns navios (SAAM), notadamente no porta-aviões Charles de Gaulle e nas fragatas FREMM, dentre outros. Também usará os lançadores SYLVER.
As versões navais são compatíveis com uma série de radares avançados de origem europeia, tais como o ARABEL, EMPAR e SAMPSON.
A versão lançada de terra, designada de SAMP-T (Sol-Air Moyenne Portée-Terrestre), desdobrada em caminhões, usará o radar giratório ARABEL, de varredura eletrônica operando na banda X, para vigilância e direção de tiro, com alcance de 75 km para alvos de RCS de 2 m2. O radar pode rastrear até 300 alvos e o sistema pode atacar até 16 simultaneamente. Deverá inicialmente ser usada pela França e será um forte competidor do MEADS.
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