Por Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS,Para o Plano Brasil
31 de julho de 2010.
“Em certa ocasião, um general norte-americano me pediu que comparasse o Exército brasileiro ao de seu país. Respondi-lhe que o meu Exército era nacional, comprometido com a manutenção da paz ao longo de um arco de fronteira com dez nações, articulado nos três níveis da administração do país e a última barreira na manutenção da lei e da ordem”.
(Sérgio Paulo Muniz Costa)
– Daniel Aarão Reis Filho
“Possui graduação em História – Universite de Paris VII (1975), mestrado em História – Universite de Paris VII (1976) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1987). É professor titular de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense. Desenvolve, atualmente, duas linhas de pesquisa: Os intelectuais russos e as modernidades alternativas (séculos XIX e XX) e História das Esquerdas no Brasil. Temas principais de reflexão: intelectuais, política, revoluções socialistas, esquerdas, ditadura militar”.
Quem consultar o “Curriculum Lattes” do Daniel observará que o autor omitiu, intencionalmente, sua militância política passada. Mas quem será, na realidade, este homem que tem a pretensão de tentar macular a instituição considerada mais confiável do Brasil? Parece que Daniel ou seria “Plínio”, “Djalma”, “Luciano” ou “Sandro” esqueceu de informar no seu “Curriculum” alguns dados importantes que nos permitiriam entender o conteúdo ridículo de seu artigo “As Forças Armadas e os Nossos Narizes”.
– Militante da AP, DI/GB, MR-8;
– Ex- Dirigente da AP, foi Presidente da UNE;
– Em 1969, integrante do Grupo de Ação da DI/GB;
– Em 15 de fevereiro de 1969, participou do assalto ao Hospital Central da Aeronáutica;
– Em abril de 1969, participou da III Conferência do MR-8, eleito para a Direção Geral;
– Em janeiro de 1970, integrante da Direção Geral (DG) do MR-8 e assistente da Frente Operária (FO);
– Em 16 de fevereiro de 1970, à noite, foi estourado o “aparelho” da Rua Montevidéu, 391/201, Penha/GB, onde foi baleado o policial Daniel Balbino de Menezes. Fugiram os militantes: Aarão Reis, José Roberto Spiegner, Cid de Queiroz Benjamin, Vera Sílvia Araujo Magalhães, Carlos Augusto da Silva Zílio e mais um não identificado;
– Em 15 de junho de 1970, foi um dos 40 militantes comunistas banidos para a Argélia, em troca do Embaixador da Alemanha, em seguida foi para o Chile;
– Em novembro de 1972, no Chile, participou da Assembléia da cisão do MR-8, permanecendo com o Grupo Militarista (MR-8) CP, Construção Partidária, que veio a dissolver-se em 1973;
– Em declaração ao jornalista Elio Gaspari, Daniel afirmou:
“Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento da resistência democrática”.
– As Forças Armadas e os Nossos Narizes
Por Daniel Aarão Reis Filho
“(…) servem exatamente para quê as Forças Armadas? Da maneira como a memória nacional é ali cultivada, desde os Colégios Militares aos sofisticados Cursos de Estado-Maior. Dos processos de formação de seus quadros. Dos procedimentos com que zelam pelos arquivos da nação sob sua guarda e do silêncio com que protegem a tortura praticada nos tempos da ditadura. Do modo como ainda não se reconhecem como simples funcionários públicos, uniformizados e armados pela sociedade que, com os impostos, remunera seu trabalho. (…)
De sorte que as Forças Armadas, embora visíveis, movem-se com procedimentos próprios, ignorados e não controlados. Contudo, suas marcas na história permanecem como ferro em brasa no couro dos bois.
Mas, quem as vê, embora tão perto dos nossos narizes? (…)”.
Solicito Publicação
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail: hiramrs@terra.com.br
Com certeza,representa a mão armada de uma potencia herbívora, de povo de boa índole, apesar da precárias situação social.
Precária?
A negada fala do Brasil, como se geral morasse em barracos de favela.
Não é assim mais não cara, não estamos mais nos anos 40, aonde a maioria da população morava nos campos.
O Brasil tem melhorado muito dos últimos 20 anos pra cá e a tendencia é melhorar ainda mais.
É que o povo já está tão acostumado a criticar, que não sabe elogiar, não saber ver as qualidades que essa nação tem a oferecer a quem mora nela e a quem investe nela.
Sinceramente, o autor responde ao texto que está recheado de equívocos ideológicos esquerdistas, com uma desconstrução igualmente pelo radicalismo de direita, mantendo a desonestidade intelectual pros dois lados.
Respondendo ao Daniel:
Primeiro, cada país tem autonomia e soberania para seguir suas metas e dar a definição que quiser às Forças Armadas. Os militares brasileiros tiveram muita preocupação com armamentos, com indústria nacional de armamento, da defesa, e para isso é preciso industrialização, é preciso pesquisa, é preciso ter uma siderurgia, o que aconteceu nos anos 1940 com um engajamento muito forte em atividades científicas, em escolas, tornando-as centros de excelência.
Mas isso não foi o que ocorreu com os nossos vizinhos militares, pois não tiveram um projeto de desenvolvimento como o Brasil teve (exceto no peronismo e com Bolivar).
Os militares brasileiros abraçaram, a contra-gosto da elite financeira e midiática brasileira, dois PNDs e programas em setores estratégicos, especialmente nos setores intensivos em engenharia e tecnologia, tendo repercussões até hoje.
Respondendo ao Hiram Reis e Silva:
A ameaça do “perigo vermelho” foi usada como justificativa nos dois piores golpes de autoritarismo já aplicados no Brasil, em 1937 e 1964. Se quiser aprofundar esta questão, recomendo o livro “Em guarda contra o perigo vermelho”.
No primeiro caso, um forjado “plano Cohen”, dos comunistas para dominar o Brasil. Esperteza do Getúlio, que tinha uma constituição na gaveta para outorgar no dia seguinte ao golpe. Fazia parte do jogo contra os liberais de São Paulo, que retiraram prontamente a candidatura do Dr. Armando de Salles Oliveira, para apoiar o Estado Novo contra a ameaça comunista. Neste caso, a ameaça podia ser sentida como uma coisa bem real, porque em 1935, durante uma revolta de militares nos quartéis, os comunistas chegaram a governar a cidade de Natal por uns dias.
Em 1964 a cena era toda outra.
Os comunistas não tinham chance de tomar o poder pela via armada. E nunca pretenderam isso depois de 1935 – como demonstram todos os livros de história do movimento comunista no Brasil.
Recentemente, em 1962 o PCB tinha dado uma completa guinada teórica e estratégica. Já tinha apoiado Getúlio em 1945 e no período 1951-54, inclusive o governo JK (1956-60). Ou seja, funcionavam como uma repartição do PTB, pois o partido era clandestino desde 1947.
A única “ameaça real” que havia em 1964 eram as “reformas de base” do Jango. Mais ou menos um quase Lula na época.
Acontece que ele não estava disposto a ir além da retórica, tanto que ele tinha lealdade de uma fração importante do exército, mas preferiu sair do país a iniciar uma guerra civil. É certo que o apoio aos golpistas por parte de tropas norte-americanas, cujos navios estavam no litoral brasileiro, teria dificultado um bocado a vitória dos legalistas.
O golpe teve, inicialmente, apoio de um monte de políticos, que viam esperança de serem conduzidos ao poder assim que os militares saíssem. Tudo gente que seria incapaz de ganhar uma eleição, e só podia contar com golpes, só que como o Castelo Branco prometia sair rápido, a coisa aparentava ser bem legal.
Acontece que mataram o Castelo, fizeram uma sucessão interminável de ditadores, lançaram o AI-5, perseguiram até gente como JK e Lacerda (que não eram nada esquerdistas). Tanto fizeram que até padres bem conservadores como Arns e Helder Camara ficarem contra o regime.
Devo dizer que fiquei perdido nesta postagem.
Ela é uma coletânea de citações, algumas contraditórias. Sem ter em mãos o contexto no qual foram elaboradas, e percebendo que são fruto de um ou mais trabalhos de cunho acadêmico, não vejo como posso vir a emitir uma opinião. Apenas com o trabalho completo, poderei dizer algo.
Fernando Donatelo,
perfeito!
O texto completo de Sérgio Paulo Muniz Costa:
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Exército, esse desconhecido
O Brasil tem Exército, instituição nacional permanente. Isso é bom para todos os brasileiros, em qualquer situação.
Sérgio Paulo Muniz Costa*
Em certa ocasião, um general norte-americano me pediu que comparasse o Exército brasileiro ao de seu país. Respondi-lhe que o meu Exército era nacional, comprometido com a manutenção da paz ao longo de um arco de fronteira com dez nações, articulado nos três níveis da administração do país e a última barreira na manutenção da lei e da ordem. Ele me agradeceu e disse que minha resposta tinha sido muito útil. Imagino que sim, mas sempre achei que, de alguma forma, ela podia ser útil à minha sociedade.
Compreender por que um Exército é nacional fica mais fácil identificando o que não o faz assim. Há os que se portam como forças de ocupação em seu próprio território, alheios às comunidades locais. Outros se equilibram em frágeis arranjos pós-guerras civis que se refletem na sua heterogênea composição étnica, ideológica ou sectária.
Uns são instrumentos exclusivos de grupos ou indivíduos, sendo empregados à revelia da sociedade a que nominalmente servem. Alguns não têm uma história correspondente à evolução da nacionalidade, tamanhas as rupturas ocorridas, e há os que falharam na sua missão de proteger a sociedade de seus inimigos internos e externos, comprometendo a soberania e o seu exercício.
Isso para não falar das forças mercenárias que defendem interesses políticos e econômicos ao redor do planeta sem nenhum compromisso cívico, moral ou ético.
Um Exército faz parte da estrutura de uma sociedade e é difícil concebê-la politicamente organizada sem ele. Mais do que combater, um Exército sintetiza o monopólio da violência pelo Estado no mais elevado nível.
Por ser uma organização regida por normas relativamente duradouras e por atender a uma demanda social básica (segurança), o Exército é uma instituição. Regras de controle social sobre ele incidem para que cumpra sua destinação e obedeça às autoridades constituídas na forma da lei. É um dos instrumentos da política, sem sê-lo partidário.
Os Exércitos são constituídos essencialmente por soldados. Ao longo da história, o ethos individualista e heroico do guerreiro deu lugar à ética da submissão voluntária às ordens dos comandantes. Assim, disciplina e hierarquia se conjuminaram à coragem e à determinação para permitir a manobra, a combinação de fogo e movimento que a ciência militar levou ao estado da arte no último conflito mundial.
É central no trabalho de Max Weber a tese da extensão da disciplina militar à sociedade, “dando origem a toda disciplina”.
É compreensível, portanto, que políticos, empresários e comentaristas recorram a metáforas militares. Menos compreensível é a perda da consciência nacional no “espírito do povo” tornada possível, dentre vários motivos, pela percepção insuficiente da sociedade brasileira a respeito do seu Exército, na verdade, o nosso Exército, a que me referi como “meu” em minha resposta ao general.
O Brasil tem história e a ventura de haver caminhado pelo seu lado certo, ficando ao largo de guerras de conquista, totalitarismos e genocídios.
Mais antiga do que está acostumada a se enxergar, a nação conquistou a sua independência por meio de uma guerra que não apagou o legado colonial de lutas da população na defesa de seu território, cultura e patrimônio, obrigada depois a travar outras circunscritas aos mesmos propósitos.
Revisitar esse passado sem revisionismo ajudaria a construir o conhecimento histórico que nos tem faltado para produzir o conhecimento necessário ao desenvolvimento de nossa sociedade.
O Brasil tem Exército, instituição nacional permanente, como a Marinha e a Aeronáutica, organizada com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e ele destina-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Isso é bom para todos os brasileiros, em qualquer situação.
*SÉRGIO PAULO MUNIZ COSTA é historiador. Foi delegado do Brasil na Junta Interamericana de Defesa, órgão de assessoria da OEA (Organização dos Estados Americanos) para assuntos de segurança hemisférica.
Fonte: Folha de São Paulo
Pelo menos o exército americano não tem história de golpismo em seu próprio país como o exército brasileiro a tem. Esse auto-louvor do exército brasileiro não tem fundamento histórico.
..poderiamos estar até melhor, as “comunidades” apresentam alto índices de míserabilidade e falta de…de tudo. É bem próximos de minha casa…
Wi… e nisso que creio..
E te digo mais… ja vivi por 5 anos em um pais que foi ex-republica comunista.. te digo uma coisa… quando voce ve o tipo de comportamento do povo de la…cheios de resquicios comunistas em sua pessima conducta diaria.. pensando e tratando a todos como maquinas… sem falar da decadencia generalizada pela falta de moral… eu penso..
Gracas a Deus nossas FAs deram o golpe em 64. Desculpem os mais sensiveis… mas estou convencido disso.
Saldacoes
Sr Carlos… Creia… a Europa esta cheia…mas.. MUITO CHEIA MESMO.. de lugares igualzinho aos que o Sr se refere.
Infelizmente isso nao e apenas um fenomeno Sul Americano.
Saldacoes
Destaco o trecho abaixo, para que fique claro como penso que nossas FA ( não só o Exercito…) devem atuar na vida da nação brasileira:
“O Brasil tem Exército, instituição nacional permanente, como a Marinha e a Aeronáutica, organizada com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e ele destina-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”
Não esqueçamos que esse “golpismo” foi resultado do clamor do sociedade à época que pedia socorro as suas FA (com o Exército na dianteira, como sempre). É só consultar os arquivos midiáticos do período. E que nunca o Exército Brasileiro, assim como as outras Armas estiveram dissociados da vontade nacional… Nunca tomaram nenhuma atitude visando a tomada do poder simplesmente pelo poder. Sempre houve em primeiro plano, os interesses do Brasil como Nação soberana. Prova disso foi a abetura gradual e voluntária, qd se havia meios para manter o poder à força… Ou alguém duvida quem era o dono dos da força do Estado? E também é útil lembrar aos deliberadamente desavisados que a preparação da esquerda radical e armada(diferente daquela que lutou pela via política, e registrou oficialmente na História suas intenções… na verdade fachada para a ala radical…)iniciou-se em 1961, dados fornecidos pela própria esquerda, portanto bem antes da Revolução Democrática…