Novas forças contra os idiotas

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A condenação, nos quatro cantos do planeta, ao ataque de Israel às seis embarcações que levavam ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza, resultando na morte de dez ativistas, é uma amostra de como o mundo vem se tornando pequeno e a interação entre os países, cada vez mais próxima. Praças públicas foram tomadas pela indignação espontânea de manifestantes em Londres, Madri, Bruxelas, Washington, Paris, Rabat, Istambul, Sarajevo uma multidão foi às ruas em Estocolmo. É um exemplo de que não há assunto que não diga respeito a todos os cidadãos do mundo e a seus representantes. É uma prova de que a crítica ao papel mais atuante da diplomacia brasileira em problemas até pouco tempo atrás considerados dos outros reflete uma visão estreita, provinciana.

O Oriente Médio, a exemplo de outras zonas de conflito como a das Coreias, é uma questão mundial. E os últimos acontecimentos indicam que o monopólio ou o oligopólio da mediação destes imbróglios pelas grandes potências, devido à sua inoperância, será desafiado por outras forças. Seja pelos governos de países emergentes como fizeram Brasil e Turquia em relação ao impasse sobre o programa nuclear iraniano. Seja pela presença de ONGs, novos atores que preenchem o vácuo de representação, agora em escala planetária. Em alguns países da África, na ausência do Estado, ONGs comandam largas regiões num trabalho que não distingue fronteiras nacionais.

A flotilha da ONG Free Gaza é o retrato desta opinião pública internacionalizada. A bordo, havia 700 pessoas , de 50 nacionalidades, entre elas a Nobel da Paz de 1976, Máiread Corrigan Maguire, da Irlanda do Norte, e o escritor sueco Henning Mankell.

Com sua atuação corajosa, porém pacífica, sem armas, a Free Gaza causou mais impacto na geopolítica do Oriente Médio do que muitos governos burocráticos e com poder de dissuasão sobre Israel, como o americano. A primeira reação dos Estados Unidos ao episódio foi de um gelo antártico. Apenas lamentou a morte dos ativistas e disse que esperava as investigações das autoridades israelenses sobre o caso. Bem melhor foi a postura do governo brasileiro, que condenou firmemente a invasão ao comboio e convocou o embaixador de Israel, em Brasília, para prestar esclarecimentos. O Itamaraty também cobrou investigação independente do episódio e o fim do bloqueio de Israel.

Há três anos, a população da Faixa de Gaza, com 1,5 milhão de palestinos, vive subjugada e carece de artigos de necessidade mais básica, como alimentos, produtos hospitalares, de higiene etc. A entrada de todo material é dificultada, sob o argumento de que o grupo Hamas poderia se fortalecer com a livre circulação de mercadorias.

Não se discute o direito de Israel à sua segurança desde que não fira as mais elementares noções de dignidade e direitos humanos. É preciso também definir o alvo do repúdio mundial, que não é contra o povo ou contra o Estado de Israel, mas contra os seus atuais governantes, chamados apropriadamente pelo jornal Haaretz de os sete idiotas no gabinete.

Fonte: JB via CCOMSEX

1 Comentário

  1. A segurança de um estado contra forças terroristas se sobrepuja a qualquer consideraçao politica. Esses comboios tem motivaçao apenas politica, somente de provocaçao.

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