A "outra China"

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O Partido Comunista Chinês desenvolve uma política de acomodação para manter o controle interno. E pensa 40 anos à frente para prosseguir no seu bem-sucedido programa de desenvolvimento.

Testemunhas verazes mostram que na China o debate de ideias em ambiente fechado (na academia) é relativamente livre. A situação muda radicalmente quando a contestação é pública ou organiza o pensamento dissidente. Até quando esse mecanismo vai funcionar numa sociedade cuja afluência cresce a olhos vistos, é uma questão em aberto.

Sobre o que se tem certeza é que os recursos naturais da China não serão capazes de sustentar a produção de bens e serviços necessários para uma população de 1,7 bilhão em 2050 (se a população crescer à taxa de 0,5% ao ano) com uma renda per capita da ordem de US$ 71 mil -em dólares de 2009 (se o crescimento per capita for de apenas 6%).

Isso, grosseiramente, representa quase 1,7 vez o PIB mundial de 2009! Sua simples menção mostra que, com sua população e seu “projetado” crescimento, a China não caberá na China! Não há água, não há solo, não há energia no território chinês para sustentá-lo. Ela precisará de outra China!

É exatamente isto o que ela está fazendo: transformando as suas extraordinárias reservas de dólares (mais de US$ 2,5 trilhões) em ativos reais.

Compra na América Latina e na África terras para cultivar cereais (e eventualmente biocombustíveis) e explorar recursos minerais (minério de ferro, cobre etc.).

Empresta a empresas petrolíferas com garantia de suprimento. O mesmo que fizeram as velhas metrópoles nas suas colônias e no mundo emergente. Mas há uma diferença importante: a exploração colonial era intermediada por empresas privadas sob a tutela soberana.

No caso da China, é o próprio Estado soberano que, por intermédio de empresas estatais, se apropria (pela compra ou por empréstimo) de ativos reais em outros países soberanos. É a isso que assistimos diariamente no Brasil!

Mas por que essa preocupação? Primeiro, porque é duvidoso que isso não viole a nossa Constituição.

Segundo, porque poderá vir a constituir uma limitação ao exercício de nossa política econômica, o que, eventualmente, poderá gerar graves contenciosos diplomáticos.

E, terceiro, porque, no longo prazo, oferecerá vantagem comparativa à China, que, sem intermediação dos mercados, fará uma ligação direta entre o suprimento e a sua demanda, certamente abaixo dos preços internacionais e em prejuízo do país fornecedor colonizado.

ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.

Fonte: FSP via CCOMSEX

8 Comentários

  1. Esses dois são responsáveis por grande parcela dos recursos naturais do mundo… Se até o início dos anos 50 a China não representava perigo, em breve, e consumindo como os americanos e europeus, estaremos em maus lençóis*.

    *Nós, mundo! Não teremos recursos suficientes para manter 7 bilhões de pessoas consumindo como os desenvolvidos. Ou os freamos, ou freamos nosso consumo…

  2. Tem que ter uma política de proteção de reservas naturais e setores estratégicos que não possam ser vendidos a estrangeiros e/ou seus representantes por aqui. Isto é algo que o próprio EUA, o maior devedor dos chineses, já faz, não permitindo que os chineses comprem terras com recursos considerados estratégicos, ou setores como o aéro portuario por exemplo e empresas estratégicas, com alta tecnologia então, nem se fala!

    Quer dizer, a tal pátria do liberalismo é altamente protecionista e pilantra, pois 1º entupe os chineses( e outros, como nós brasileiros) com sua moeda podre( via títulos do governo) para financiar suas guerras e depois impede os que compraram os títulos do seu governo de comprarem com estes recursos, qualquer bem de real valor lá dentro…Más comprar participação na falidas intituições financeiras estadunidenses, aí pode… eles oferecem tudo!

    A crítica fica pra a hipocrisia ( tá mais para malandragem mesmo… )de ficar exigindo abertura desregulamentação dos mercados externos, enquanto protege o seu.

    Porém esta proteção é a atitude correta a tomar para defender os interesses nacionais a longo prazo, sem isto, seremos expoliados e jamais veremos sequer a cor das riquezas imensas que este país possui.

    Podemos ter 3.000 caças de ultima geração, 100 subs nucleares , 50 porta-aviões, bomba atômica e o escambau, que não vai adiantar, tem que ter uma política séria de proteção das riquezas nacionais do assedio internacional, que já está aí… E que não vem e virá somente dos chineses.

    E esta política de proteção, só se dará através de um Senado e câmara dos deputados, majoritariamente nacionalistas, pois são estas “casas” que regulam e aprovam a legislação que pode nos proteger.Portanto , atenção com os entreguistas, verdadeiros lobistas de interesses extrangeiros com os que já estão lá no Senado e Camâra e com os que disputarão as novas vagas…

  3. Wi

    Temos que criar um Bando de Recursos Minarais Estratégicos, no qual é nosso, só nosso e de mais ninguém. E lembrando, somos 200 milhões também. Se ps Chineses não a prenderem a reciclar estaremos ferrados sim. Vai que a Águia e o Dragão se unem para tomar nossas riquesas um dia? Não sabemos onde vamos parar daqui a 100 anos, com Aquecimento Global e etc.

  4. É o caso dos 10 bilhões emprestados à Petrobras, em troca de petroleo por 20 anos e que o brasil já tá querendo mais 10 bilhões.

  5. Resta saber num futuro próximo se qual será o grande aliado da China “contra” o “imperialismo dos EUA. O meu medo no futuro é que devido ao surgimento de várias novas potência ao redor do mundo, crie uma nova Guerra Fria ou então algo pior que ela. =/

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